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Parecia reprise. O primeiro quarto começou e o Lakers foi logo destruindo, humilhando, pisando e zoando as irmãs do Celtics, igualzinho ao jogo 4. Só percebi que não era reprise porque ao invés do Odom estar no comando, quem liderou o massacre do Lakers foi o Kobe Bryant, que marcou 15 pontos (com 4 bolas de 3!) só nos primeiros 8 minutos de jogo. Parecia que o Lakers queria passar um recado, queria provar que podia abrir 20 pontos de novo e que dessa vez não ia perder o jogo.
Mas na verdade provou que é um time capaz de desperdiçar lideranças gigantes em todo jogo que joga, deve ser um talento herdado depois de tantas séries de playoff contra o Phoenix Suns, time especialista em jogar grandes vantagens no lixo.
Talvez o Celtics estivesse relaxado demais, talvez eles quisessem ganhar o título só em casa ou, o que pareceu às vezes, eles estavam brincando. Algo como deixar seu irmão mais novo começar o 21 com 15 pontos e a posse de bola e mesmo assim você vai lá e ganha dele de 21 a 17. Dessa vez o Celtics não conseguiu arrancar a vitória e, pra mim, o principal motivo foi o orgulho dos jogadores do Lakers.
Assim como nos outros jogos, o Boston pareceu melhor defensivamente e mais calmo ofensivamente. Assim como nos outros jogos, parecia, independentemente do placar, que era o Lakers que estava correndo atrás e que o Boston fazia o que bem entendia, mas, de alguma forma, o Lakers sempre achava uma forma de não deixar o Boston pegar a liderança e arrancar. Foram lances livres, umas bandejas à força e uns arremessos que apareciam na hora certa. Mesmo com o Kobe marcando apenas 10 pontos nos últimos 3 quartos de jogo somados, o time de LA ganhou outra vitória, como eu disse da vitória no jogo 3, uma vitória na marra.
O que me lembrou de outra vitória que aconteceu ontem, também meio que na marra.
Assim como no jogo de ontem de Brasil e Cuba no pré-olímpico feminino de basquete, que o Brasil venceu e se garantiu em Pequim, o jogo 5 da final foi um jogo nervoso e cheio de erros. Tanto o Brasil quanto Cuba, quanto o Lakers e o Celtics, todos, podem se juntar e fazer um livro do tamanho de uma lista telefônica (Lista telefônica está tão out desde que a internet surgiu) de todos os erros que eles cometeram. O Brasil não pegava rebote, Cuba não aproveitava os rebotes que pegava, as jogadoras do Brasil erraram bandejas livre, andaram com a bola. O Lakers deixava o Paul Pierce infiltrar quando bem queria e o Boston ficou em problema de faltas com vários jogadores durante todo o jogo e de novo deixou o Lakers abrir 20 antes de começar a jogar. Isso pra citar algumas coisas, daria pra falar mais até, mas é mais legal falar do que deu certo.
A vitória de ontem foi dos times de amarelo, tanto o Brasil quanto o Lakers venceram porque se entregaram completamente para conseguir a vitória e foram recompensados com ela. A raça, embora não ganhe sozinha séries de 7 jogos ou uma olimpíada, deve ser valorizada e aplaudida.
Quando o outro time parece melhor ou no mesmo nível que o seu, a raça é uma das coisas que podem fazer a diferença. Ficou bem claro isso no caso do duelo entre Pau Gasol e Kevin Garnett. É um consenso (pelo menos fora da Espanha, lá eu não sei) que o Garnett é muito mais jogador que o Gasol, mas não é por isso que o Gasol deve simplesmente aceitar esse fato e ir pra casa, o esporte é legal porque não é sempre que o melhor ganha. Em um mundo em que o Paraguai pode dar um baile no Brasil no futebol, o Gasol dar uma surra no Garnett não é nada. Não foi exatamente uma surra, mas foi um certo domínio, o KG não conseguiu marcar o espanhol sem fazer faltas e Gasol, além de fazer seus pontos, pegou 13 rebotes e deu 6 assistências, melhor jogo dele nas finais.
Aliás, apesar do primeiro quarto brilhante e das duas roubadas de bola cruciais no quarto período de Kobe Bryant sobre Paul Pierce, Gasol foi o melhor jogador do Lakers no jogo de ontem.
Essa duas roubadas que o Paul Pierce sofreu foram seus dois únicos erros comprometedores no jogo todo, de resto ele estava carregando o time nas costas. Afinal, vamos dar uma olhada nos outros jogadores:
Rajon Rondo – Ele entrou?
Ray Allen – Acertou bonitos arremessos mas foi discreto, 16 pontos.
Kendrick Perkins – Não jogou porque está machucado.
Kevin Garnett – Jogou poucos minutos pelos problemas de falta e errou uma bandeja de rebote ofensivo e três lances livres nos últimos minutos de jogo.
PJ Brown – Bom na defesa mas jogar com ele é jogar com 4 no ataque.
Tony Allen – Tony Allen? Sério?
Eddie House e Sam Cassell – Não jogaram mal, mas são dois mini Zach “Buraco-Negro” Randolph. O que chega neles não volta mais, vira arremesso.
Com um elenco de apoio ruim assim, o Celtics só teria chance se o Paul Pierce fizesse 38 pontos e destruisse praticamente qualquer um que tentasse marcá-lo. Que foi o que aconteceu, só por isso o Celtics ficou tão perto do título. Mas sério, por um momento eu fiquei envergonhado de assistir ao Luke Walton tentar marcar o Paul Pierce, é como ver pessoas se humilhando publicamente, a gente sente vergonha por elas. Se o Celtics confirmar o título amanhã, não resta nenhuma dúvida de que o MVP das finais será o Paul Pierce, ele está sobrando muito e só não terá uma atuação monstruosa amanhã se o Kobe Bryant roubar a bola dele em toda jogada e acabar com uns 15 roubos no jogo.
Se o Tony Allen em quadra já foi meio bizarro (mesmo não sendo a primeira vez), nada foi mais estranho que o Phil Jackson colocando o Chris Mihm em quadra ao invés do Ronny Turiaf. É aquela história, se o cara entra e joga bem foi uma carta que ele tinha na manga, se joga mal foi desespero do técnico. Eu sempre gostei do Mihm, ele era bom antes de se machucar, mas ele já perdeu a temporada passada inteira com uma contusão e essa também, voltou pouco antes dos playoffs, jogou alguns minutos e nos playoffs não tinha entrado em quadra nenhuma vez! É absurdo!
Em um momento do segundo quarto estávamos vendo times esquisitíssimos em quadra. Quem, alguns meses atrás, poderia imaginar ver uma final entre Sam Cassell (Clippers), Pau Gasol (Grizzlies), PJ Brown (Aposentado) e Chris Mihm (machucado e no fim fo banco do Lakers)? Em final vale tudo mesmo.
Para o próximo jogo não espere muito de caras bizarros. Na hora de jogos assim, quem deve decidir mesmo são as estrelas, meu palpite são bons jogos de Pierce e Garnett para liderar os verdinhos para o título em seis jogos.