>Poderia ser melhor (mas já tá bom!)

>

Amém

A reação natural para os torcedores do Bulls depois da decisão de LeBron James de ir para o Miami Heat só pode ser de decepção. Não só porque ganhou um concorrente fortíssimo no Leste pelos próximos cinco anos, mas porque o time estava confiante de que ele poderia ser a bola da vez. O Bulls foi atrás dos três astros do Heat, Wade, Bosh e LeBron, com a esperança de conseguir pelo menos um. Não deu, perdeu os três, mas também não saiu de mãos abanando, contratou mesmo antes de LeBron anunciar a sua decisão um antigo companheiro de Cavs dele, Carlos Boozer. O contrato é de 75 milhões por 5 temporadas.
A segunda reação dos torcedores do Bulls é decepção. De novo. Pra quem sonhava com LeBron, Wade e/ou Bosh, ganhar Boozer não é lá muito espetacular. Mas pense bem, crianças, não é porque você achou que ia ganhar um carro no aniversário de 18 anos que um Playstation 3 não é legal. Eu não acho que o Carlos Boozer revolucione um time na NBA, que vá ter um jogo de 50 pontos nos playoffs e salvar a pele do Bulls contra um time difícil, mas ele vai dar 20 pontos, 10 rebotes, um ótimo posicionamento de quadra, poucos erros e uma boa defesa todos os dias. Lembra como o Bulls foi bom naquela série contra o Celtics quando o Tyrus Thomas acertou uma meia dúzia de arremessos de meia distância? O Boozer faz isso com a mesma dificuldade de respirar ou preparar um miojo.
Já escrevemos muitas vezes (muitas mesmo, é um tema básico do blog, tipo Artest, Yao Ming e Alinne Moraes) sobre como o Bulls peca por não ter um bom pontuador no garrafão. Falamos isso deles desde que o blog nasceu e o problema é ainda anterior a isso. Pensem bem, puxem da memória, qual é o melhor pontuador de garrafão da história recente do Chicago Bulls? Não estou falando jogador de garrafão, já que o Bulls teve bons defensores como o Tyrus Thomas, Joakim Noah e até um restinho mínimo da boa fase do Ben Wallace. Mas quero saber de ataque: Drew Gooden? Hakim Warrick? Malik Allen? O melhor jogador ofensivo da última década foi o Eddy Curry! Sim, o pivô gordo que demorou para embalar na NBA e embalou por tão pouco tempo que deveria tomar remédios para ejaculação precoce.
Essa peça que faltava comprometeu o Bulls em diversos momentos das últimas tentativas do time em ser grande. É difícil demais ganhar jogos, especialmente séries de playoff, sem alguém para pontuar perto da cesta. É um preceito básico do basquete. Alguém no garrafão tenta arremessos de aproveitamento maior e tira a defesa do perímetro, facilitando a vida dos outros jogadores. Pouquíssimos times na história da NBA tiveram sucesso sem uma boa presença ofensiva na área pintada. Uma exceção, curiosamente, foi o próprio Bulls nos últimos três títulos do Jordan. Mas a falta de um jogador nato para isso era compensado pelo próprio Jordan, que atuava mais perto da cesta, mais ou menos como o Kobe fez no começo do ano passado quando o Gasol estava machucado.
O Bulls também pode ficar mais tranquilo porque eles, talvez junto com o Clippers, eram os times menos desesperados por uma mega estrela. Acho que o Knicks sabe que não irá muito longe só com a dupla Amar’e e Gallinari. O Nets já viu muito bem onde chegou com a dupla Devin Harris e Brook Lopez, mas o Clippers ainda tem o Blake Griffin para jogar suas esperanças. Já o Bulls tem as suas esperanças no Derrick Rose, um jogador que parece que muita gente não acredita que pode ser o líder de uma franquia da NBA, mas que vem provando o contrário nos seus dois primeiros anos de NBA. Ele é um armador que sabe jogar em velocidade (é, talvez, o jogador mais rápido da NBA), sabe jogar em meia quadra, sabe criar oportunidades para os companheiros de time e cria seu próprio arremesso. Isso é muito raro e o Bulls tem em mãos. Falta ele melhorar mais o arremesso e a parte de criar arremessos para os outros, é verdade, mas ele ainda está começando e, claro, nunca teve um jogador de garrafão para ajudá-lo. Assim como Boozer deitava e rolava com os pick-and-rolls ao lado de Deron Williams, pode fazer até cansar com Derrick Rose. Uma jogada dessa era tudo o que o time precisava naqueles momentos em que o ataque está estagnado e tem que se apelar para o básico.
Ao lado de Boozer o Bulls já tem o Joakim Noah, que tem melhorado ano a ano e na última temporada se mostrou um dos melhores reboteiros e defensores da NBA. Dá pra deixar o Boozer com a finesse e o Noah com o trabalho sujo. E, por fim, ainda há o Luol Deng, que o Bulls tanto tentou trocar para abrir mais espaço salarial para contratações e hoje deve agradecer aos céus por não ter conseguido. Talvez ele receba mais dinheiro do que deveria, mas é um dos melhores (se não O melhor) arremessadores de meia distância na NBA.
É um quarteto muito bom, com características que se encaixam e eles ainda podem ter uma dupla de jogadores All-Star em Rose e Boozer. O time dos sonhos do Bulls era épico, mas o da realidade está longe de ser motivo de lamentações. Eu estaria feliz demais se torcesse para o Chicago! O Bulls já montou bons times várias vezes nos últimos anos e eu me animei mais do que devia com alguns deles, mas nenhum tinha a perspectiva de dois jogadores nível All-Star e nem um jogador forte no garrafão.
Nesse time com boas perspectivas só há uma coisa a se lamentar: todo o esforço gasto em abrir espaço salarial. Era muito time se desfazendo para poucas superestrelas. E como várias foram para o mesmo time o desastre fica mais evidente. É arriscado demais ficar perdendo jogadores à toa com a esperança vaga de atrair grandes jogadores. Trocar bons jogadores só por contratos expirantes e negar bons atletas só por conta de seu salário é muito arriscado. Queimar anos de NBA pela chance de negociar com um atleta é muito pouco.
O Bulls perdeu os direitos de renovar mesmo extrapolando o teto salarial com John Salmons e Tyrus Thomas trocando-os no ano passado e trocou Kirk Hinrich no dia do Draft junto com a escolha 17. Exagero. Eles poderiam ter mantido Hinrich para ser o segundo armador e especialista em defesa desse novo time do Bulls, além de pegar um sexto homem como Jordan Crawford ou Eric Bledsoe com a escolha 17. Ainda assim sobraria espaço para Carlos Boozer.
Agora para essa ótima contratação do Boozer ser um acerto ainda maior, precisam corrigir os erros. Compensar todas as trocas de talento por vento em contratações que completem o elenco de maneira satisfatória. O elenco do Bulls hoje é assim:
PG: Derrick Rose
SG:
SF: Luol Deng / James Johnson
PF: Carlos Boozer / Taj Gibson
C: Joakim Noah
Para o buraco na posição 2 o Bulls tem ido atrás de jogadores que mais tem cara de reservas do que de titulares: Kyle Korver, JJ Redick e Anthony Morrow são os nomes mais cotados. Eu sou fã do Redick, acho que ele daria ao Bulls mais um jogador inteligente, de bom posicionamento e que sempre joga no seu limite, o cara é incasável. O problema dele e até dos outros dois possíveis escolhidos é o mesmo: defesa. São todos fracos demais para tentar parar Dwyane Wade, Vince Carter ou até Joe Johnson em eventuais encontros na pós-temporada.
O Kirk Hinrich defendia bem, era um arremessador decente e ainda servia para ser reserva do Rose. O Bulls vai sentir tanta falta dele que chega a ser ridículo. Hoje para a reserva de Rose sobram opções como Jordan Farmar e Kyle Lowry, bem menos talentosos. Para o garrafão ainda há a esperança de convencer Brad Miller a ficar no time, seria ótimo não só porque ele é um bom reserva atualmente, mas também porque Celtics e outros rivais diretos do Leste já demonstraram interesse nele.
Se eu fosse o Bulls focaria o restante do espaço salarial em três contratações pequenas: Ronnie Brewer (bom defensor, bom no contra-ataque com Rose), JJ Redick (sexto homem perfeito para o time) e Brad Miller (já tem entrosamento e dá conta do recado mesmo velho). Mas nada garante que os três tem interesse em ir para o Bulls, claro. Faz parte do risco de se apostar tanto na Free Agency.
Essas ou outras boas contratações serão as que vão definir o sucesso da offseason do Bulls. Carlos Boozer foi um ótimo começo, não conseguir LeBron ou Wade um tropeço no meio do caminho. Falta o desempate.
Pensando só no Boozer também acho que a escolha foi boa. Já fazia tempo que ele namorava a possibilidade de sair do Jazz, o que dá a entender que não estava completamente satisfeito por lá. Agora ele mudou para outro time forte, que o pagou bem e onde ele terá espaço para jogar sem nenhuma sombra. Também acho que ele vai ficar mais feliz enfrentado os alas de força do Leste do que os do Oeste. Enquanto no Leste podemos listar Kevin Garnett ficando velho, Chris Bosh, Josh Smith e Amar’e como os top de linha, no Oeste a lista é interminável: Pau Gasol, Tim Duncan, Dirk Nowitzki, David West, David Lee (acaba de ir para o Warriors), Zach Randolph, Kenyon Martin e até os que nunca chegaram em All-Star, tipo o Luis Scola e o LaMarcus Aldridge, todos metem mais medo que a maioria da conferência oposta. Vai ser mais fácil para ele se destacar e fazer mais diferença.
Sobre o assunto LeBron, recomendo dois textos do site da revista Dime:
O primeiro é escrito por um torcedor do Cavs, morador de Cleveland, e explica a relação do time com o ídolo e porque a partida dele foi tão dolorosa.
O segundo é de um colunista do site que não vê problema na decisão de LeBron. Nas palavras dele “Quando você está numa pelada você sempre tenta escolher os melhores para o seu time, foi o que ele fez. Vamos começar a condenar um jogador por querer vencer?”

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