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A moda agora é, além de namorar pelado – como diria o poeta -, fazer trocas imbecis para liberar espaço salarial e contratar alguma mega estrela ultra-poderosa que mudará o equilíbrio do mundo e descobrirá a cura para o câncer. Enquanto nos dedicávamos a analisar a grande Final, a vitória do Lakers, o draft e cada uma das escolhas, e explicar como funcionam as regras de teto salarial na NBA pra todo mundo poder acompanhar as novas contratações, um monte de pequenas trocas aconteceram. A imensa maioria apenas para isso, diminuir a folha de pagamento pra então bancar uma, duas, até três estrelas juntas e tornar o time uma espécie de Liga da Justiça, mas sem os pentelhos dos Supergêmeos e aquele macaquinho desnecessário, por favor. Algumas poucas foram trocas sem motivações financeiras, e por isso são as menos imbecis, sem um time mandando cocô e conseguindo uma Alinne Moraes. Vamos dar uma olhada em todas essas trocas:
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Na minha opinião, uma das trocas mais engraçadas que eu já vi e perfeita para exemplificar o desespero das equipes por espaço salarial, na ânsia por contratar uma renca de estrelas. Resumindo, o que o Heat fez foi pegar sua escolha de primeira rodada de um draft bastante profundo e interessante, juntar com o melhor arremessador de três da equipe (poderíamos até mesmo dizer que era o único) e que nem ganhava tanto dinheiro assim, e mandá-lo em troca de um jogador obscuro da segunda rodada com problemas de peso e que muito provavelmente nem vai jogar pela equipe. Ou seja, o tipo de troca que você só faz se está afim de ser demitido.
O que o Heat quer é apenas economizar: o contrato do Eric Bladsoe, armador escolhido na primeira rodada, é garantido – basta draftar para você ser obrigado a lhe pagar salário todo ano. Dexter Pittman, escolhido na segunda rodada, não tem salário garantido e pode ser mandado embora, sem multas, caso o Heat prefira. Daequan Cook era bom nos arremessos mas um tanto limitado, foi trocado para o Heat não ter que arcar com suas despesas. E o resultado foi que a equipe de Miami ficou com apenas 3 jogadores com contrato para a temporada que vem: Michael Beasley, o ala que começou sua carreira na NBA fumando maconha após a palestra de “bem-vindos novatos” e até agora não mostrou serviço; Mario Chalmers, o armador com nome de encanador que tem “reserva” escrito na testa mas foi obrigado a ser titular porque não tem ninguém melhor; e James Jones, arremessador de três atlético que não joga nada mas sempre ganha uma chance em algum lugar por parecer ter bastante potencial (e força nominal). Parece um absurdo ter apenas três jogadores garantidos para a temporada seguinte, e o Heat concorda, porque depois dessa troca, a primeira coisa que fizeram foi mandar o James Jones embora, pagar as multas e não ter mais que lidar com isso. Agora são, oficialmente, apenas DOIS jogadores na equipe. Todo o resto da grana pode ir para as estrelas disponíveis, montando um time do zero. Sorte do Thunder que, espertinho, usou o espaço salarial limitado que tinha guardado para contratar um pivô e preferiu usar para fazer trocas com times desesperados pela febre “oh meu deus, preciso contratar o LeBron James“. Tanto Bladsoe quando Cook tornarão o banco do Thunder, que era bem meia-boca, algo digno de nota.
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Nets manda Yi Jianlian e verdinhas para o Wizards em troca de Quinton Ross
Não tenho como mentir, sou um fã do Yi Jianlian. Pode ser o fetiche por chineses com mais de 2,10m de altura, pode ser o fetiche por asiáticos com cara de bobo, não sei exatamente, mas sou fascinado pelo Yi a ponto de nem perceber que ele é uma farsa. Basta vê-lo treinar para ficar encantado: o chinês é veloz, atlético, tem bom trabalho de pernas, uma mecânica de arremesso maravilhosa que dá inveja até no Nowitzki, arremessa de três com precisão, joga de costas para a cesta, distribui tocos, corre com a bola. Mas basta vê-lo num jogo de verdade para ficar horrorizado: toma decisões idiotas na quadra, defende como se seu corpo fosse feito de gelatina, tem fobia de entrar no garrafão, comete faltas bobas e vive machucado (todos os asiáticos da NBA devem ser contrabandeados de Taiwan). É uma excelente ideia ter o Yi Jianlian no seu time, ele é um bom jogador, com muito potencial, alto para a sua posição, excelente arremessador. Só que é uma péssima ideia colocá-lo em quadra, porque ele não rende nada. Além disso, ganhará mais de 4 milhões na próxima temporada. O Nets cansou do chinês, está com medo do produto quebrar de vez na sua mão, e trocou por um defensor experiente que ganha apenas 1 milhão. Na prática, isso significa mais espaço para assinar com uma estrela (eles ainda sonham com LeBron) e a vaga de titular garantida para o novato Derrick Favors. Seria mesmo bem idiota deixar qualquer um deles no banco de reservas, porque tanto Yi quanto o pirralho precisam de minutos para evoluir.
Para o Wizards, que conseguiu uma grana enorme para gastar com jogadores graças à decisão de se livrar de todo mundo no meio da temporada passada, o Yi Jianlian é mais do que um jogador com potencial que pode dar certo um dia: ele garante audiência. Se o Wizards quer se livrar da fama da “Era Arenas“, começar de novo e dar uma nova cara à equipe, nada melhor do que ter o novato John Wall para atrair os fãs ocidentais, e o Yi Jianlian para atrair os fãs que jogam Pokémon. A China é tão apaixonada por seus jogadores que chegaram a criar um canal apenas para transmitir os jogos do Bucks (do Bucks, meu deus, do Bucks, aquele time que nem os moradores de Milwaukee assistem!), então o que não vai faltar para o Wizards serão camisetas vendidas e jogos televisionados tanto nos Estados Unidos quanto no resto do planeta.
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Nets manda Chris Douglas-Roberts para o Bucks por uma escolha de segunda rodada em 2012
Olha o Nets se livrando de mais gente a troco de nada! O Chris Douglas-Roberts era um daqueles casos estranhos de jogador que chuta traseiros no universitário mas que todo mundo desconfia de que não dará certo na NBA. Nunca entendi muito bem o motivo, mas a verdade é que ninguém nunca entendeu também, nem mesmo os próprios times que preferiram não draftá-lo. O rapaz demorou um pouco para pegar o jeito no Nets, porque a posição era de Vince Carter, mas quando o processo de reconstrução saiu do armário (a gente sabe que eles estão se refazendo faz uns 10 anos, mas só agora decidiram assumir para a mamãe e pro papai), Douglas-Roberts teve mais oportunidades e mostrou todo o potencial que tem como pontuador nato. O problema é que ele teve incidentes com o técnico, chegando a acusar o Lawrence Frank de amador (oras, ele apenas foi sincero), reclamou demais da situação calamitosa do Nets, e pra piorar ele ainda ganha um salário – ainda que de menos de 1 milhão – num time que quer se livrar de todo mundo pra poder contratar as estrelas badaladas. Perfeito para o Bucks, que aproveitou a chance de conseguir um excelente pontuador para a posição mais deficiente da equipe (já que Michael Redd está sempre de cadeira de rodas e John Salmons provavelmente deixaria o time). Como trocaram também por Maggette e John Salmons deve renovar o contrato, o Bucks foi de não ter nenhum desgraçado para pontuar na posição para ter três carinhas que só sabem fazer isso da vida. Nada mal, aproveitaram muito bem a “febre LeBron James”.
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Wolves manda Luke Babbitt (escolha 16 do draft) e Ryan Gomes para o Blazers em troca de Martell Webster
O Blazers precisava de Martell Webster para arremessar de três, pegar rebotes e ser o titular da equipe, mas é como dizem: foi se contundir, perdeu o lugar. Quando voltou, o coitado do Webster encontrou uma infinidade de armadores e alas que faziam a mesma coisa que ele, mas a maioria tinha dois joelhos. A troca foi óbvia, porque ele era descartável para a equipe e o Wolves é um time burro de dar pena que está, aparentemente e sem que saibamos o porquê, colecionando jogadores da mesma posição com as mesmas características. Funhé.
A única cagada dessa troca, por parte do Blazers, foi mandar o Ryan Gomes embora. O ala é um dos meus jogadores favoritos, joga muito bem nas duas posições de ala, improvisa como pivô se necessário, e faz absolutamente um pouco de tudo. Em algumas escalações comicamente horríveis, de dar vontade de ir no banheiro, já vi o Ryan Gomes armando o jogo, passando bem a bola, tendo que pegar todos os rebotes, se tacando no chão, arremessando de três, jogando de costas para a cesta, jogando só na defesa, jogando só no ataque, e cozinhando um molho de abóbora. Ele é um dos típicos jogadores “carregadores de piano”, mas sem ser brutamontes. Ao invés de engolir ônibus escolares no café da manhã como Carl Landry, Jason Maxiell ou Paul Millsap, o Ryan Gomes é fino e educado, inteligente e cheio de finesse. Um lorde. O Blazers se livrou dele apenas porque, se demitido antes da próxima temporada, não teria que pagar multas, e a tentação de economizar dinheiro foi grande demais para um time que já é profundo. Mas o Ryan Gomes brilharia justamente num time profundo que seja vencedor e queira ser campeão. Fica minha torcida para que ele arrume um emprego entre os candidatos a título.
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