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Três coisas que são sempre importantes de ressaltar: 1. A Alinne Moraes tá gatinha demais na novela nova
2. Beijar ex-namorada de amigo só com autorização prévia por escrito ou escondido
3. Pré-temporada é pelada. Rachão com os amigos!
Estou me divertindo demais com a pré-temporada, é legal demais ter qualquer tipo de jogo de NBA depois de tanto tempo de abstinência, mesmo jogos pouco disputados e cheios de reservas. Mas devo admitir, é como aquele pão velho com fandangos que parece gostoso só porque faz 8 horas que você tá parado no carro no trânsito. Pré-temporada é rachão, é pelada levada um pouquinho mais a sério.
Se você duvida, eu provo isso quase que cientificamente. Busquei 10 características típicas do rachão e vou tentar encontrar elas na pré-temporada para determinar o quanto da pré-temporada é pelada e o quanto é jogo sério.
Em toda pelada…
1. o jogo não importa mas vencer importa
2. alguém esquece o placar do jogo e dá briga
3. tem briga
4. tem um mané ruim querendo se mostrar
5. um cara muito bom não joga tudo o que sabe para não correr risco de passar vergonha
6. aparece um cara que você nunca viu na vida
7. o jogo fica chato quando todo mundo cansa
8. acontece uma contusão bizarra por causa do cansaço
9. tem revisionismo histórico
10. não tem juiz e nem técnico
Agora analisemos essa cadeia hereditária para acabar com essa situação precária:
1. o jogo não importa mas vencer importa
Jogo de pelada não vale pra campeonato algum, nem o da pré-temporada. A derrota não vai ficar te perseguindo para o resto do campeonato, sendo aquele número que faz falta no final. Mas na hora do jogo todo mundo esquece isso e joga pra valer. Quer prova melhor do que o jogo em Taipei que a ESPN transmitiu? Como o jogo não valia nada o Denver jogou desinteressado e tomou um sarrafo do Pacers, mas no fim do jogo, com o placar já batendo os 130 pontos, a televisão não parava de mostrar o banco do Nuggets infestado de caras de bunda. Perder incomoda.
Nível de pelada: Alto
2. alguém esquece o placar e dá briga
Se você já jogou um 21 uma vez na vida sabe que isso acontece o tempo todo. Na sua cabeça o jogo tá 12 a 12, pro seu companheiro de time tá 12 a 10 e pro adversário tá 19 a 12. Sempre pra ele, claro. Aí começa a recontagem egoísta: “Eu fiz duas cestas e um lance livre, o resto eu não sei”, “eu fiz sete bandejas e todos os lances livres”, “Eu enterrei de costas enquanto ninguém estava olhando e apertei a bunda daquela gostosa”. Um questiona o placar, o nerd calcula quanto dá 7 bandejas e o outro diz que a gostosa é sua namorada. Vai dar briga.
Na pré-temporada da NBA a coisa foi um pouco mais fina. No jogo entre Bucks e Pistons o Ilyasova sofreu uma falta e cobrou dois lances livres, depois de mais de um minuto de jogo os juízes reviram a jogada e decidiram que o arremesso era de três, então bora o turco arremessar mais um. Aí o Pistons foi vencer no grito lembrando de uma regra que diz que o limite para a correção é de 24 segundos e assim o ponto foi retirado. Um bom episódio para lembrar que em pelada sempre tem o cara que ganha todas no grito.
Nível de pelada: gritante
3. tem briga
Está para nascer o sociólogo capaz de explicar porque o basquete causa tantas brigas. Todo esporte tem briga, todo ramo da nossa sociedade contemporânea tem briga, mas o basquete ganha de todos. Qualquer maldita pelada tem uma falta mais forte que vira pancadaria. Por que não podemos ser como o futebol onde existe apenas o bom e velho bate boca com a testa grudada? Tão mais fino…
A pré-temporada já teve até dois caras suspensos. A ninfeta Jonas Jerebeko e o zumbi Jamal Magloire entraram numa briga logo no primeiro jogo, com direito a soco na cara e tudo, e foram suspensos por dois jogos da temporada de verdade. O novatão sueco do Pistons já disse que com ele não tem essa história de baixar a cabeça por ser novato, se provocou ele vai reagir. A câmera não pegou mas logo depois ele mijou na quadra para marcar território.
Aliás, a câmera não pegou nada. No maior estilo LeBron James, a NBA sumiu com os vídeos da briga rapidinho.
Nível de pelada: violento
4. tem um mané ruim querendo se mostrar
Um clássico do basquete de rua, o falso-craque. Ele tem pose de basqueteiro, a roupa, a ginga, mas é um pedaço de carne disforme e imprestável. Tem um arremesso que faz o Shawn Marion dar risada e mesmo assim faz questão de chutar toda vez que a bola chega na sua mão. Dribla na velocidade do Yao Ming e quer passar no meio do time inteiro. E pior, quando ele joga a bola pro alto e ela cai na cesta ele sai gingando e balançando a cabeça como se fosse o dono da quadra.
Por sorte na NBA não chegam caras tão ruins assim, mas os Damon Jones da vida estão aí para provar que o espírito do falso-craque está em todo lugar. Na pré-temporada os falsos-craques desfilam por aí achando que é a chance deles se consagrarem, os caras se animam e tentam roubar o show das verdadeiras estrelas. Aí vemos espetáculos como o Alex Ajinca e o Daniel Gibson como jogadores que mais arremessaram em um jogo.
Nível de pelada: Moderado mas não modesto
5. um cara muito bom não joga tudo o que sabe para não correr risco de passar vergonha
Outro personagem das quadras de rua do submundo do basquete. Todo mundo sabe que ele é “federado”, que enterra passando a bola embaixo da perna e já jogou entre os profissionais, mas chega na hora do jogo e ele só da jumper de meia distância, bandeja e ao invés de correr, trota.
Não precisa ser um gênio pra perceber que ele faz isso pra se poupar de possível humilhação. Imagina ele ir com tudo pra enterrada e errar, ou pior, tomar toco. Ou perder na corrida para um pivete folgado? Nem pensar. Melhor fazer tudo sem esforço e pagar de gostosão que só se cansa quando a ocasião merece.
Em seus últimos jogos o LeBron fez 11 pontos e o Kobe 15. Precisa falar mais que isso? Pagar de gostosão e não fazer nada é a coisa mais pré-temporada de todas.
Nível de pelada: Extravagante
6. aparece um cara que você nunca viu na vida
Tá lá na quadra você, o cabelo, o bigode, o montanha, o alemão, o Rafael Mindoretti, o potranca e o pentelho. O pessoal de sempre que bate uma bolinha e reveza no time que enfrenta os camaradas do Jardim Satélite. Eis que então surge um cara que ninguém nunca viu na quadra, na rua, na fazenda e nem na casinha de sapê (até porque você não sabe o que é isso). No dia seguinte o cara não aparece e some do mapa.
Se você não reconhecer os nomes a seguir é porque isso é muito pré-temporada: Luke Nevill, Dontell Jefferson, Brandon Bowman, Vincent Grier.
Nível de pelada: Desconhecido
7. o jogo fica chato quando todo mundo cansa
Isso é típico de pelada que não tem time de próximo. São sempre os mesmos neguinhos na quadra e depois que já passou a fase da empolgação, de posições definidas e de contar o placar vocês só estão jogando por jogar, a arte pela arte. Nesse momento tem arremesso quase do meio da quadra, ninguém nem pensa em dar toco e puxar contra-ataque é motivo de xingamento.
Na pré-temporada o pessoal tem um preparo físico um pouco melhor que o nosso, já que a mãe deles não deve fazer um feijão tão bom, e então eles correm mais. Mas mesmo assim no fim dos jogos tá todo mundo querendo ir logo pra casa postar no Twitter e tá pouco se fodendo pra partida. Não são poucos os últimos períodos de fazer você pensar em desistir de tudo e fazer algo um pouco mais legal, como depilar a virilha ou ver um jogo de baseball.
Nível de pelada: Extenuante
8. acontece uma contusão bizarra por causa do cansaço
Por culpa do feijão da mamãe, do doce da vovó, da cerveja dos amigos e nunca sua, você e todo mundo vão jogar uma pelada completamente fora de forma. O saldo de cada partida são línguas mordidas, cãimbra em músculos que você não conhecia e pisão do amigo gordo na unha encravada do dedão. Pelada é o lugar pra contusões bizarras e não pro bom e velho joelho esfarelado dos profissionais.
Só no jogo do Cavs contra o Bobcats o Jamario Moon não entrou em quadra porque tirou o dente do siso e o desconhecido Daniel Green foi listado com “dores nos glúteos”. Nos glúteos! Foi um eufemismo para “está deprê porque tomou um pé na bunda”?
Nível de pelada: Baixo, bem baixo.
9. tem revisionismo histórico (termo emprestado do genial Basketbawful)
Tava lá você com seu amigo jogando num dia qualquer e ele faz uma bandeja para fechar o jogo, 21 a 14, parabéns. No dia seguinte, na hora do almoço com outros colegas, você descobre que na mente do seu amigo o jogo estava 19 a 19 e ele fez uma bandeja de mão esquerda sobre três marcadores enquanto caía para trás e tomava um soco nas costas. A torcida vai ao delírio.
Não tem jeito, somos mentirosos e queremos parecer grandes astros da NBA nem que precisemos de mentiras cabeludas para isso. Ao invés de corrigir seu amigo apenas diga que o passe, picado e com efeito, foi seu.
Isso não é culpa dos jogadores, mas sim dos blogueiros, torcedores e da imprensa. Um joguinho mais ou menos na pré-temporada vira, para esse grupo de idiotas, uma prova irrefutável de que o cara finalmente está pronto para brilhar na NBA e será um All-Star já nesse ano. Só lembrar do desempenho impressionante do Greg Oden na pré-temporada passada e de como nós do Bola Presa ficamos babando ovo em cima do cara.
Nível de pelada: Histórico
10. não tem juiz e nem técnico
Pelada com juiz não daria certo. Alguns minutos depois o juiz estaria morto, ligando o carro pra ir embora ou entrando no time sem camisa. Na pelada toda falta é resolvida no grito, é o que fazemos para nos sentir mais homens. Técnico nem pensar! Se eu não puder ser fominha e brincar de pivô com 1,70m na pelada, eu vou fazer isso onde?
Juiz, mesmo sendo um bando de substituto que marca 90 lances livres por jogo, e técnicos, os únicos que levam tudo isso a sério, existem na pré-temporada, não tem como escapar.
Nível de pelada: Inexistente
Agora, com a nossa ajuda, está provado cientificamente: pré-temporada é pelada com juiz e técnico. Em breve tem post pagando pau pro Greg Oden de novo.