>Preview 2010-11 / Chicago Bulls

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O Boozer é muito mal, até tropeçar sozinho em casa e se contundir feio



Objetivo máximo: Semi-final de Conferência, ou seja, se enfiar no meio do grupinho dos fodões com Heat, Celtics e Magic

Não seria estranho: Perder na primeira rodada dos playoffs de lavada
Desastre: Não se classificar para os playoffs mesmo com todo mundo feliz e saudável
Forças: Um garrafão finalmente completo e um armador que saberá acioná-lo
Fraquezas: Um elenco com muitas caras novas e sem reservas na armação
Elenco:














……
Técnico: Tom Thibodeau

O Thibodeau é um dos raros casos de técnico nerd legítimo, daqueles que chegou à posição por ser um gênio, não por ser um ex-jogador. Desde 1989, quando entrou na NBA, Thibodeau já foi olheiro, assistente técnico, treinador de novatos e responsável pelo setor defensivo. Sua fama de gênio da defesa vem desde os tempos de Knicks, como assistente técnico do Jeff Van Gundy, que arrastou o Thibodeau junto quando foi treinar o meu Houston em 2003. Ao todo, Thibodeau passou 11 anos ao lado de Van Gundy aprendendo suas famosas táticas defensivas – ou, dependendo de com quem você conversa, ensinando ao Van Gundy como montar uma boa defesa enquanto o Van Gundy dizia que o trabalho era seu e ficava com o crédito. De um modo ou de outro, o Houston com os dois tinha uma das melhores defesas da NBA e a movimentação defensiva usada pelo time até hoje é aquela que Thibodeau ajudou a implementar. Quando foi para o Celtics ser novamente assistente técnico, a defesa implementada foi um pouco diferente, ainda mais eficiente graças ao material humano, e de novo quem levou o crédito foi o técnico da equipe, Doc Rivers, que ganhou o prêmio de Técnico do Ano apesar de ser um bunda que não saberia cortar as próprias unhas do pé. Apenas depois de ganhar o prêmio é que os vários críticos do Doc Rivers começaram a aparecer e alertar que o real responsável pela defesa da equipe, amplamente dada como a responsável pelo anel de campeão, era na verdade o Tom Thibodeau. Quanto mais famoso o assistente ficava recebendo autoria da defesa fantástica que colocou o Celtics de volta ao mapa, mais assediado por outras equipes ele passava a ser. Não demorou muito para que passasse a receber convites para ser técnico de verdade, não assistente, e por fim resolveu escolher uma equipe já montada, cheia de potencial, ao invés de começar do zero com equipes como o Knicks. Apesar de não ter o mesmo material humano, defensivamente falando, que o Celtics pode se gabar de possuir, vários reforços defensivos chegaram à equipe e é possível imaginar que Thibodeau seja capaz ao menos de montar uma defesa sólida como era a do Houston Rockets, o que já será suficiente para que o Bulls tenha a melhor defesa das últimas décadas. A dúvida permanece é do outro lado da quadra, no que se refere ao ataque, mas como o Bulls tinha um ataque bastante improvisado e estagnado, podemos lembrar do “teorema do Tiririca”: pior do que está, não fica. 
Quando o Bulls contratou Carlos Boozer, o Denis escreveu um longo post sobre a equipe que vale ser relido, e que copiarei longos trechos abaixos:
“A reação natural para os torcedores do Bulls depois da decisão de LeBron James de ir para o Miami Heat só pode ser de decepção. Não só porque ganhou um concorrente fortíssimo no Leste pelos próximos cinco anos, mas porque o time estava confiante de que ele poderia ser a bola da vez. O Bulls foi atrás dos três astros do Heat, Wade, Bosh e LeBron, com a esperança de conseguir pelo menos um. Não deu, perdeu os três, mas também não saiu de mãos abanando, contratou mesmo antes de LeBron anunciar a sua decisão um antigo companheiro de Cavs dele, Carlos Boozer. O contrato é de 75 milhões por 5 temporadas.
A segunda reação dos torcedores do Bulls é decepção. De novo. Pra quem sonhava com LeBron, Wade e/ou Bosh, ganhar Boozer não é lá muito espetacular. Mas pense bem, crianças, não é porque você achou que ia ganhar um carro no aniversário de 18 anos que um Playstation 3 não é legal. Eu não acho que o Carlos Boozer revolucione um time na NBA, que vá ter um jogo de 50 pontos nos playoffs e salvar a pele do Bulls contra um time difícil, mas ele vai dar 20 pontos, 10 rebotes, um ótimo posicionamento de quadra, poucos erros e uma boa defesa todos os dias. Lembra como o Bulls foi bom naquela série contra o Celtics quando o Tyrus Thomas acertou uma meia dúzia de arremessos de meia distância? O Boozer faz isso com a mesma dificuldade de respirar ou preparar um miojo.
Já escrevemos muitas vezes (muitas mesmo, é um tema básico do blog, tipo Artest, Yao Ming e Alinne Moraes) sobre como o Bulls peca por não ter um bom pontuador no garrafão. Falamos isso deles desde que o blog nasceu e o problema é ainda anterior a isso. Pensem bem, puxem da memória, qual é o melhor pontuador de garrafão da história recente do Chicago Bulls? Não estou falando jogador de garrafão, já que o Bulls teve bons defensores como o Tyrus Thomas, Joakim Noah e até um restinho mínimo da boa fase do Ben Wallace. Mas quero saber de ataque: Drew Gooden? Hakim Warrick? Malik Allen? O melhor jogador ofensivo da última década foi o Eddy Curry! Sim, o pivô gordo que demorou para embalar na NBA e embalou por tão pouco tempo que deveria tomar remédios para ejaculação precoce.
Essa peça que faltava comprometeu o Bulls em diversos momentos das últimas tentativas do time em ser grande. É difícil demais ganhar jogos, especialmente séries de playoff, sem alguém para pontuar perto da cesta. É um preceito básico do basquete. Alguém no garrafão tenta arremessos de aproveitamento maior e tira a defesa do perímetro, facilitando a vida dos outros jogadores. Pouquíssimos times na história da NBA tiveram sucesso sem uma boa presença ofensiva na área pintada. Uma exceção, curiosamente, foi o próprio Bulls nos últimos três títulos do Jordan. Mas a falta de um jogador nato para isso era compensado pelo próprio Jordan, que atuava mais perto da cesta, mais ou menos como o Kobe fez no começo do ano passado quando o Gasol estava machucado.
(…)
Ao lado de Boozer o Bulls já tem o Joakim Noah, que tem melhorado ano a ano e na última temporada se mostrou um dos melhores reboteiros e defensores da NBA. Dá pra deixar o Boozer com a finesse e o Noah com o trabalho sujo. E, por fim, ainda há o Luol Deng, que o Bulls tanto tentou trocar para abrir mais espaço salarial para contratações e hoje deve agradecer aos céus por não ter conseguido. Talvez ele receba mais dinheiro do que deveria, mas é um dos melhores (se não O melhor) arremessadores de meia distância na NBA.
É um quarteto muito bom, com características que se encaixam e eles ainda podem ter uma dupla de jogadores All-Star em Rose e Boozer. O time dos sonhos do Bulls era épico, mas o da realidade está longe de ser motivo de lamentações. Eu estaria feliz demais se torcesse para o Chicago! O Bulls já montou bons times várias vezes nos últimos anos e eu me animei mais do que devia com alguns deles, mas nenhum tinha a perspectiva de dois jogadores nível All-Star e nem um jogador forte no garrafão.”
Realmente, a animação do Denis é justificada. Já faz muito tempo que o Bulls sofre por não ter uma jogada de segurança, uma bola simples para os momentos mais complicados. Em geral, cabia ao Ben Gordon dar um jeito de pontuar com seu cérebro pouco desenvolvido (e ele em geral conseguia), mas desde que ele deu o fora, cabe ao Derrick Rose forçar uma jogada estabanada. Boozer e Derrick Rose serão muito mais eficientes juntos, e Boozer será o responsável pelas bolas de segurança que Rose deverá colocar em suas mãos. Tenho uma certa birra com o armador (para horror de tantos dos nossos leitores) porque o Derrick Rose nem sempre toma as melhores decisões, força muito o jogo, e é previsível por ter um arremesso muito inconstante. Mas preciso ser justo com ele: seu jogo só fica previsível e só é preciso forçar tanto o jogo porque não havia alguém a que a bola pudesse ser plenamente confiada no ataque. A presença de Boozer camuflará várias das dificuldades de Derrick Rose, inclusive permitindo que ele penetre mais quando o Boozer quiser ficar apenas nos arremessos de média distância.
O único problema do time, segundo o post, era a posição 2, e o Denis aconselhava o Bulls a colocar suas economias no Ronnie Brewer. Batata, o Brewer tem tudo para ser titular em nome da defesa que Thibodeau está tentando implementar e será companheiro de Derrick Rose nos contra-ataques, que são seu ponto forte. Para os arremessos de três, que sofreram tanto com a saída de Ben Gordon, o time adicionou Kyle Korver (que será o Sexto Homem ideal para esse elenco) e CJ Watson, além de Keith Bogans que é excelente arremessador da zona morta e ainda é especialista defensivo. Foram várias contratações acertadas que tornam o banco do Bulls bastante versátil e ajudam em dificuldades que ficaram muito óbvias nesse time durante a temporada passada. Mas ainda há um enorme buraco nesse elenco: a armação. O garrafão tem Taj Gibson para os arremessos, Kurt Thomas para dar cabeçadas, até o turco Omer Asik nos rebotes, e o perímetro tem um belo mix de arremessadores e defensores, mas não há um único armador reserva na equipe. A função de levar a bola pro ataque acaba ficando com Brewer ou CJ Watson, por vezes até com o Kyle Korver, e se você ainda não morreu de dar risada pode esperar que uma hora o óbito virá. Não dá pra levar a sério uma equipe em que, quando sua estrela vai para o banco de reservas, não tem um armador para acalmar o jogo. O desespero por abrir espaço salarial para conseguir LeBron, Wade ou Bosh está cobrando juros agora, já que para isso se livraram do armador Kirk Hinrich que cairia como uma luva para esse time. 
Por enquanto, o Bulls pareceu um time paciente e disposto a rodar a bola, mas ainda comete enganos muito engraçados na defesa, típicos de jogador que faz merda e já sai correndo para tentar concertar porque sabe exatamente o que deveria estar fazendo. Vai demorar um tempo para essa defesa se entrosar, especialmente sem um líder defensivo no elenco, e o ataque vai continuar sem uma jogada de segurança até o Carlos Boozer voltar de sua contusão só em dezembro – ele tropeçou numa mala em casa e quebrou a mão, típica contusão do Los Angeles Clippers. Dá pra esperar grandes coisas desse Bulls, mas até tudo estar funcionando direitinho, entrosado, pode ser tarde demais para pegar uma vaga no topo do Leste, o que pode ser terrível caso Derrick Rose chegue aos playoffs sem mando de quadra e muito cansado – algo muito provável enquanto ele não tiver um reserva à altura e tenha que voltar à quadra sempre que um armador improvisado fizer merda ou o time desandar.

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