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“É a TUA mãe, aquela…”
Objetivo máximo: Uma final de Conferência
Não seria estranho: Se classificar no sufoco para os playoffs e rodar na primeira rodada
Desastre: Perder Carmelo Anthony e afundar na tabela
Forças: Um ataque muito forte
Fraquezas: Uma defesa capenga e um banco duvidoso, sem profundidade
Elenco:
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Técnico: George Karl
A passagem de Karl pelo Nuggets é cheia de altos e baixos. Sua fama foi sempre de treinar grandes ataques, equilibrados e com muitas armas ofensivas, mas só teve sucesso quando conseguiu montar defesas pelo menos decentes (como o Bucks de Glenn Robinson) e às vezes espetaculares (como o Sonics de Gary Payton). No Nuggets, teve muitos problemas de equilibrar o ataque, que era extremamente individualista (do tipo “quem pegar chuta”), e nunca conseguiu nada que sequer lembrasse uma defesa na equipe. Quando lidou com o Nuggets de Carmelo Anthony e Allen Iverson, a incapacidade de deixar os dois jogadores felizes e equilibrar as movimentações ofensivas fez com que perdesse o controle do time. Dizem que ninguém ouvia mais o técnico, JR Smith estava cansado de ficar no banco e ser mal aproveitado (já que o treinador não suportava seus arremessos sem critério), e o emprego do George Karl ficou por um fio. Apenas com a saída de Iverson e a chegada de Billups os engravatados e os jogadores resolveram dar uma última chance ao Karl, deixar que ele tentasse começar de novo. Com a liderança de Billups em quadra, Karl conseguiu montar um time mais organizado capaz de respeitar seu plano de jogo, JR Smith passou a ser bem utilizado em momentos importantes (e tirado do jogo quando seus erros custavam muito caro) e até a defesa ficou ao menos respeitável.
Quando foi diagnosticado com câncer na garganta, o carinho e a admiração dos jogadores do Nuggets ficaram muito claras em suas homenagens. O Nuggets passou a agir como um grupo que havia resistido às maiores adversidades e agora estava pronto para ser campeão, e grande parte do mérito estava no fato de que George Karl nunca parou de aprender, tanto na parte tática quanto no seu relacionamento com os jogadores. Seu plano de jogo agora é mais maleável, mas ele também é mais respeitado. Seu Nuggets estava em segundo lugar do Oeste quando Karl teve que se auxentar para tratar o câncer, e a pancada no time inteiro foi monumental: despencaram na tabela e foram eliminados dos playoffs. Já não se questiona mais a importância do técnico, que parece cada vez mais atingir com a experiência o equilíbrio ideal entre ataque e defesa, mas tem sempre que se virar com o excesso de contusões de seus jogadores também experientes (que é eufemismo para “velhinhos de joelho frágil”).
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Mais uma vez, recorro a um post bem recente do Denis sobre o Nuggets e a possível saída de Carmelo:
“Enquanto a maioria dos times gastou seu precioso tempo de offseason buscando novas contratações, o Nuggets se preocupou basicamente em segurar Carmelo Anthony. Ao contrário dos seus companheiros de Draft de 2003, Dwyane Wade, Chris Bosh e LeBron James, quando Carmelo fez seu último contrato, fez um maior que o dos amiguinhos. Dá pra entender, enquanto os outros três estavam em franquias que naquela época despertavam dúvidas, o Melo estava muito bem no Nuggets, que é no mínimo um bom time desde sua chegada.
Isso quer dizer que se todos viraram Free Agents agora, Melo será somente daqui a um ano e ver todos esses grandes jogadores mudando de time para ter a chance de ganhar um título deve ter dado um cagaço monstruoso no time de Denver. Já ofereceram mais de uma vez extensões de contrato de mais 3 anos e 65 milhões de dólares.
(…)
Entre os times que devem ir pra cima do Melo com tudo estão o New York Knicks e o New Jersey Nets. O Knicks não gastou tudo o que podia nesse verão americano e para a temporada que vem ainda tem, finalmente, o fim do contrato do
Eddy Curry, que só não é maior do que a barriga do pivô. Já o Nets também não gastou tudo o que podia e
acabou de trocar por Troy Murphy, cujo contrato também se encerra na próxima temporada. E não é só porque os dois podem pagar que eles são fortes concorrentes, tem também o apelo emocional. Carmelo Anthony nasceu em Nova York, gosta da cidade e até fez universidade em Syracuse, lá pertinho. Ir para qualquer um dos time seria voltar para casa. O Knicks é o time mais famoso, glamuroso e conhecido, e o Nets deve se mudar para o Brooklyn dentro de alguns anos, exata região onde nasceu Melo.
Deu pra entender porque o Nuggets está desesperado para conseguir essa extensão, né? Faz muito sentido ele sair após a próxima temporada. E ainda tem mais: o Nuggets é um time experiente, com jogadores que ou estão no auge ou já estão passando dele. Nenê ainda está em plena forma com 28, mas Kenyon Martin e Chauncey Billups, dois pilares da equipe, não são garantia de saúde e jogo em alto nível por muito mais tempo.
Por essas tentações de novos ares é que eu acho que o Carmelo não deve e nem vai assinar essa extensão, criando no Nuggets uma sensação de urgência parecida com a que existiu no Cavs no ano passado. E também, como o time do LeBron no ano passado, existem chances reais de título, embora vá ser bem difícil.
Depois da dificuldade que deram para o Lakers na final do Oeste de 2009, o Nuggets entrou como um dos favoritos na temporada passada. Durante meio ano sustentou esse título por ficar em segundo no Oeste, ganhando de vários outros times grandes da liga, incluindo o próprio Lakers em Los Angeles. Mas no meio da temporada a maionese desandou. Primeiro foi a contusão do Kenyon Martin, o melhor jogador de defesa do time e grande reboteiro. Depois foi a volta do câncer do treinador George Karl, que teve que se ausentar durante muitas partidas, inclusive toda a série de playoffs contra o Jazz, quando tomaram uma surra de 4 a 1.
Os dois estão de volta para essa temporada, por isso não existe razão para não dizer que o time vai continuar sendo um dos melhores, mas a saída deles evidenciou algumas deficiências do time. Chauncey Billups já foi considerado o melhor armador da NBA na sua época de Pistons, mas claramente começa a viver a sua vagarosa decadência. Ele ainda é fora de série, mas no meio do caminho tem jogos discretíssimos, ele não consegue ganhar jogos quando dá na telha como fazia no Pistons, e na defesa, onde sempre foi ótimo, as pernas não acompanham mais. É só ver o baile que ele tomou do Deron Williams na última pós-temporada. Já que os dois são sempre comparados, foi o equivalente do Deron para o que o Chris Paul fez com o pobre vovô do Jason Kidd nos playoffs de 2008. Pois é, uma hora a juventude nos alcança e é hora de virar comentarista de TV, Chris Webber tá na NBA TV todo dia pra comprovar isso.
Em vários jogos em que o Billups não dava conta do recado, o Ty Lawson deu. Quando suas bolas não caíam, o JR Smith dava os arremessos mais imbecis da história do basquete (e eventualmente acertava) para dar a vitória ao Denver. Isso mostra que o time é bom, grande, mas que eventualmente depende de jogadores não muito confiáveis. É um time forte, mas como o Billups de hoje em dia, deixa sempre aquela dúvida no ar.
Outra questão que a contusão do K-Mart deixou clara foi a falta de profundidade do garrafão. Nenê, Chris Andersen e Kenyon Martin são o trio mais físico, tatuado e mal encarado da NBA na atualidade. Fazem uma rotação interessante e todos jogam nas duas posições do garrafão, mas e quando alguém se machuca? Dois são titulares e acabou. Sem banco para cobrir alguém cansado ou com problemas de falta. Isso machucou muito a equipe na temporada passada e para resolver o problema contrataram dois jogadores, o Shelden Williams e o Al Harrington.
Tem gente que até gosta do Shelden Williams, acho que o Danilo é um deles, mas eu acho um cara que não sabe fazer porcaria nenhuma numa quadra de basquete. A intenção de contratar um cara de garrafão foi boa, a escolha péssima. Sem querer pegar no pé do Shelden só porque o formato da sua cabeça me ofende, mas o DJ Mbenga seria mais útil. Já o Al Harrigton foi uma ótima adição. Ele arremessa de três e abre o jogo como o Linas Kleizafez tão bem pelo Nuggets naquela campanha de 2009, sabe jogar de ala de força e quebra um galho nos rebotes. Não sei se gostaria de ver ele de titular em algum time, mas como reserva e em especial nesse time veloz que é o banco do Nuggets, ele é pefeito. Imagina eles correndo com Ty Lawson, JR Smith, Al Harrington e Chris Andersen ao mesmo tempo? Tem tudo para dar dor de cabeça para os bancos das outras equipes.
O Nuggets fez pouco para essa temporada, mas as peças estão lá para irem longe de novo. O armador experiente, o garrafão forte, um bom defensor de perímetro (o ótimo Arron Afflalo), o banco de reservas talentoso, um técnico experiente e que conhece o time e a estrela/cestinha, Carmelo Anthony. Fácil esquecer deles depois dos playoffs ridículos do ano passado, mas vamos dar mais uma chance. Embora seja, provavelmente, a última.”
Aproveito a deixa para defender o Shelden Williams, que para mim é um bom reboteiro, se posiciona bem na quadra, e poderia render muito melhor no ataque se tivesse a oportunidade. Na pré-temporada ele rendeu muito bem, e disse que o George Karl lhe incentivou a ser mais agressivo e atacar a cesta, coisa que ele não fazia desde os tempos de faculdade e que por isso seu cérebro tem dificuldade de associar as palavras “bola” e “pontuar”. É legal ver o George Karl disposto a dar minutos, oportunidade e confiança até para jogadores mais-ou-menos que são tacados de um lado para o outro por aí. Se o Shelden Williams render um pouco, torna a rotação de garrafão do Nuggets ainda mais forte e versátil. Ele pode jogar de pivô, assim como Al Harrington pode jogar de ala de força, e o Nuggets ganha um time absurdamente veloz e ofensivo para quando a defesa já estiver na merda mesmo. A equipe é inteligente, os jogadores agora sabem que papel desempenham, e há mais espaço para novos jogadores cheguem para tapar os buracos na rotação da equipe assim como o Ty Lawson fez na temporada passada. Dá pra aproveitar a experiência do elenco para chegar a uma Final do Oeste se não houverem contusões ou cânceres à vista, mas a situação do Carmelo pode colocar tudo a perder.
Como disse antes, deixei o preview do Nuggets por último porque o Carmelo pode ser trocado a qualquer momento agora. Ainda há a esperança de convencer o jogador a ficar, mas tudo isso depende dos resultados no começo da temporada. A chance de que a situação do Carmelo incomode os outros jogadores, fazendo-os pensar que a temporada não vale pra nada porque ele vai dar o fora de lá, é enorme. Se for o caso e o time começar a desandar, aí é que o Carmelo vai querer se pirulitar dali e a temporada vai mesmo pro saco. O ideal seria essa situação ser resolvida logo, mas se não trocarem o Carmelo vão ter que torcer para que vitórias iniciais animem o elenco. Mesmo que convençam Carmelo a ficar, essa pode ser uma das últimas chances de título desse elenco como o conhecemos, então vamos torcer para que dê tudo certo.