>Preview – 2010-11 / Miami Heat

>

Wade tem dor de barriga só de pensar no elenco do ano passado



Objetivo máximo: Ganhar um título e descobrir a cura para o câncer
Não seria estranho: Perder na final do Leste ou bater o recorde de 72 vitórias
Desastre: Não chegar à final de Conferência

Forças: Três carinhas lá que dizem que são bons e um técnico capaz de montar defesas monstruosas
Fraquezas: Um elenco de apoio limitado que parece ter sido escolhido em fim de feira e sofre de falta de entrosamento

Elenco: Se Odin existisse ele deixaria eu colar as planilhas aqui como fizemos nos primeiros previews. Mas pelo jeito estamos sem deuses nórdicos nesse mundo e vocês terão que clicar aqui para conferir a rotação do Miami Heat. Maldito Blogger instável!

Técnico: Erik Spoelstra

O Spoelstra é uma ninfetinha entre os vovôs. Com apenas 39 anos, é o técnico mais novo da NBA e também o mais descolado. Antes mesmo de assumir o time, já era famoso pelo seu trabalho inovador com tecnologias para análise de estatísticas e era o responsável por juntar dados e vídeos sobre as equipes adversárias. O ex-técnico do Heat, Pat Riley, sempre gostou do jovem nerd e foi cada vez mais aproximando o pirralho das quadras. O maior sucesso do Spoelstra foi no trabalho individual com os novatos, ensinando as movimentações ofensivas e defensivas, e sua fama de bom professor foi lhe rendendo cada vez mais espaço na comissão técnica – até que Pat Riley decidiu que seu jovem padawan estava pronto. Quando Spoelstra assumiu o Heat na temporada 2008-09, tudo que sabíamos sobre ele era que havia disponilizado todas as jogadas da equipe para seus jogadores num programinha para iPod. Era o modo dele de garantir que todos os jogadores teriam a lista de jogadas sempre à mão, e provou imediatamente que o jovem treinador sabia falar a mesma língua dos seus jogadores. Rapidamente tornou-se respeitado e compreendido por todo o elenco e levou um time limitadíssimo, beirando o ridículo, duas vezes aos playoffs. O segredo é um só: defesa.

Spoelstra é excelente treinador de pirralhos e desenha muito bem jogadas decisivas, mas a defesa que ele montou com aquele elenco de zé-ruelas é puro milagre. Na temporada passada, quando o Heat sofria com um ataque terrivelmente inconsistente e estava fora da zona dos playoffs, emplacou de repente uma série de vitórias depois do All-Star Game ganhando 18 de suas 22 últimas partidas e se classificando em quinto lugar no Leste, tudo com o discurso de que é a defesa que ganha jogos. No geral, o Heat foi o segundo melhor time em limitar os pontos do oponente (94.2 por jogo), o melhor em limitar o aproveitamento de arremessos do oponente (43.9% por jogo), e o quinto melhor em limitar o aproveitamento do perímetro (34.2% da linha de três pontos por jogo). O Spoelstra foca tanto na defesa que nunca teve medo de limitar os minutos de Michael Beasley só porque ele fede defendendo e sempre deu preferência ao seu quinteto defensivo (com Joel Anthony e Mario Chalmers) mesmo quando o ataque sofria por falta de talento. Por isso, desde que LeBron, Bosh e Wade se reuniram, em Miami só se fala em defesa (e em garotas de biquíni, mas isso é outra história).

Se tem uma coisa que aprendemos com o Celtics é que, ao juntar três grandes estrelas, não é necessário se preocupar com o resto do elenco. Ao contrário do que acontece com times com uma estrela isolada, jogadores veteranos são capazes de arrancar um braço pela oportunidade de jogar com três estrelas ao mesmo tempo, topando salários menores e papéis limitados na esperança de ganhar um anel de campeão. O Heat desmontou inteiramente seu time para tentar contratar LeBron, Bosh e Wade, um risco absurdo – que se tivesse dado errado seria uma baita burrice, mas já que deu certo é chamado “jogada de gênio” – que agora traz resultados. O elenco foi criado do zero apenas com gente louca pela chance de ser campeão em Miami: o Udonis Haslem recebeu ofertas mais lucrativas e com mais minutos, mas aceitou voltar para o Heat mesmo indo parar no banco em nome de “sua amizade com Wade”; Ilgauskas poderia continuar no Cavs onde é amado e idolatrado e os moradores de Cleveland lhe oferecem suas filhas para casar com ele, mas preferiu dividir o garrafão com o Bosh; Mike Miller foi um dos jogadores mais cobiçados da offseason mas rapidamente ficou claro que ele iria reforçar o perímetro do Heat; e o Eddie House, que já foi campeão com o Celtics e é um oportunista safado e sem vergonha, também pulou no barco. Mario Chalmers e Dwyane Wade vão ter trabalho para conhecer todos os rostos novos no vestiário de um time que, até a chegada de LeBron e Bosh, não tinha sequer 5 jogadores contratados.

O problema é que essa gente nova precisa aprender as movimentações ofensivas, os padrões defensivos, como cada jogador se comporta em quadra, qual a filosofia do técnico. É por isso que, desde o primeiro dia de treinamentos, o foco tem sido integralmente na defesa. Novamente, é uma lição tirada diretamente do livro do Boston Celtics: com tantos jogadores talentosos no ataque, dá pra jogar improvisando desde que a defesa seja impecável. Wade e LeBron estão dispostos a provar que são dois dos melhores defensores da NBA e, com isso, passar uma forte mentalidade defensiva ao resto do time. Nos jogos de pré-temporada a defesa do Heat errou muito, ainda existem muitos desentendimentos e falhas de marcação, mas dá pra perceber que o foco do Erik Spoelstra é, como sempre, marcação muito forte. Com o tempo, quando os jogadores estiverem acostumados ao estilo e uns com os outros, esse Heat tem tudo para ser uma das três defesas mais fortes da liga.

Se a defesa funcionar, o Heat será um excelente time em contra-ataques, área em que LeBron realmente brilha e na qual Dwyane Wade se sai tão bem. No contra-ataque não é preciso ter jogadas ensaiadas, dá pra contar com a velocidade e o talento dos jogadores, com a visão de jogo de LeBron James, e não se preocupar com o treinamento ofensivo. Quando o contra-ataque não funcionar e o Heat precisar de um jogo de meia-quadra, mais lento, podemos esperar – assim como acontece com o Celtics – muitas isolações e improviso. Mas quem deve chamar as jogadas na imensa maioria das vezes é mesmo LeBron James. Como abordamos em nosso texto sobre a ida de LeBron ao Heat, o jogador sempre preferiu jogar, desde seus tempos de colegial, como um passador. Nos jogos de pré-temporada tem passado bastante tempo na posição, com Mario Chalmers jogando como armador apenas na defesa e Carlos Arroyo, quando entra na posição, agindo mais como um segundo armador e se focando nos arremessos. Quando Dwyane jogar, deve assumir um pouco a posição, de modo que Chalmers e Arroyo possam se focar naquilo que sabem ao invés de terem que jogar como armadores puros, coisa que não são. Acredito que aos poucos LeBron firme-se cada vez mais como o armador da equipe e é capaz que Mike Miller entre como titular para melhorar os arremessos de perímetro. Se vier do banco, Miller também pode armar o jogo com bastante eficiência, de modo que não prevejo Chalmers e Arroyo carregando muito a bola na próxima temporada.

A defesa será o foco da equipe, o ataque deve funcionar nos contra-ataques, nas isolações e na armação de LeBron e Wade. Mas é no garrafão que o Heat sentirá mais dificuldade. Bosh tem horror à ideia de ter que jogar de pivô novamente, e o Erik Spoelstra já disse que usará ele na posição o mínimo possível, com moderação. Para ser parceiro de garrafão do Bosh não sobra muita gente: Udonis Haslem, que é muito bom, não tem altura para marcar os pivôs adversários e prefere jogar de ala; Ilgauskas é o melhor pivô puro do elenco mas se movimenta como se estivesse debaixo d’água e terá dificudades no estilo de contra-ataques do Heat; e Joel Anthony quebra um bom galho na defesa mas no ataque parece que sofreu um derrame cerebral. Tem mais gente pra função, tipo o Jamal Magloire, mas eu prefiro me focar em analisar os jogadores de basquete, não qualquer mamífero bípede que sentar no banco. O mais provável, principalmente em caso de contusão, é que Erik Spoelstra opte por escalações mais baixas, com LeBron de ala de força (mesmo armando o jogo), Udonis Haslem jogando bastante de pivô, e é claro que com isso vai acabar sobrando constantemente para o Bosh a tal posição que ele tanto odeia. Se estiverem ganhando, é bem capaz de que ele não se importe, mas enquanto a armação está tão bem servida, a defesa tem as peças necessárias e os arremessos de três estão tão bem garantidos (até o James Jones, que eu acho tão bom arremessador, topou voltar ao Heat), o garrafão é a parte frágil. O Bosh, repito, é melhor do que a maioria das pessoas pensa e vai ganhar vários jogos sozinho, mas na defesa embaixo do aro o negócio vai ser feio quando enfrentarem Lakers e Celtics, por exemplo. Pode ser uma missão dura demais para o coitado do Joel Anthony, que mal consegue amarrar os próprios cadarços.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.