>Preview 2010-11 / Milwaukee Bucks

>

Você também não odeia toda vez que seu cotovelo vai parar onde não deveria?

Objetivo máximo: Ganhar uma série de playoff no Leste
Não seria estranho: Sequer chegar aos playoffs, mas por pouco

Desastre: Ficar nas últimas posições do Leste e o Bogut quebrar o outro braço
Forças: Umas das melhores defesas da NBA
Fraquezas: Jogo de garrafão e falta de coletividade na parte ofensiva
Elenco:
…..

Técnico: Scott Skiles
Vale reciclar o que falamos do Skiles em nossa “Semana dos Técnicos”:
“O Skiles é a esposa que ninguém quer ter: faz uma comida deliciosa mas critica o marido o tempo todo e em todo lugar, na cozinha, na cama, no banheiro e na frente dos amigos. Grita o tempo todo, cola na geladeira a lista de regras da casa (se não levantar a tampa da privada antes de mijar, tem que pagar 50 flexões) e nunca dá o braço a torcer. Ou seja, Scott Skiles é um divórcio sempre esperando para acontecer.

Poucos técnicos são tão bons estrategistas quanto ele, é verdade. Se eu tivesse que escolher alguém para desenhar a jogada final de uma partida que levasse à cesta da vitória, escolheria o Skiles. Mas vá ser pentelho assim no inferno! A palavra principal com ele é “disciplina”. O que ele exige do time não é talento, mas obediência irrestrita. Grita com os jogadores de forma exigente, o que pode ser até motivador a princípio, mas quando ele grita por qualquer coisa, critica os jogadores o tempo inteiro e não tem vergonha de esculachar seus jogadores quando está falando com a imprensa, está criando um clima insuportável em seu elenco.

Sua especialidade é a defesa e é exatamente isso que ele cobra de seus jogadores sem parar, integralmente. Quem não defende não tem vez, vai parar no banco, assim como quem não obedece. 


(…)

Diz a lenda que, desde seus tempos de Phoenix Suns, o Skiles não grita mais. Mas isso não quer dizer que ele não reclame o tempo todo, não cobre o impossível e não castigue seus jogadores fisicamente. No Bulls, sob seu regime, quem não atinge o padrão “paga 100”, e uma visão comum por lá é um bando de jogadores crescidos correndo ao redor da quadra porque erraram uma bandeja. Eu sei, tem gente que adora esse tipo de coisa, que acha que basquete se aprende na porrada, que criança se educa no chicote. Mas a fama do Skiles no Bulls é o bastante para fazer jogadores free agents evitarem jogar pra ele. Ninguém quer ficar sofrendo só de alegre, a não ser masoquista, mas é melhor nem entrar nesse assunto.

Quando o Ben Wallace chegou ao Chicago Bulls como a grande esperança de tornar o time um real candidato ao título, acabou trombando de frente com Skiles. Logo de cara, o Skiles obrigou os jogadores a enfaixarem seus tornozelos antes de treinos e partidas, algo que o Big Ben nunca tinha feito e assumidamente achou uma merda ter que botar em prática. Além disso, estava em voga no elenco uma lei idiota que proibia o uso de faixas na cabeça. Quando o Big Ben entrou em quadra com uma, o Skiles colocou ele no banco assim que percebeu. Todos os assistentes técnicos foram falar com o Wallace, pedir para ele tirar, mas ele não obedeceu. Só tirou a faixa no fim do primeiro quarto e, segundos depois, sem falar nada, Skiles colocou ele de volta em quadra. No segundo tempo, Ben Wallace voltou com a faixa do vestiário e nem foi colocado em quadra. Assim que tirou para coçar a cabeça, foi colocado em quadra. Tudo um jogo de crianças, uma brincadeira de mentes entediadas, uma vontade grande demais de ter poder. Por que alguém se importaria com faixas de cabeça? Que vontade é essa de ser obedecido que faz ele só colocar o Ben Wallace nos segundos em que ele tira a maldita faixa da cabeça? Freud explica, algo a ver com falos e mães.

O clima com o Ben Wallace ficou insuportável e ele teve que ser trocado. Mas quando o clima com o resto do time ficou insuportável, não dava pra trocar o time inteiro, a não ser que mandessem eles para Seattle. O jeito foi mandar o Skiles pro olho da rua e aguardar alguém apaixonado por seu estilo “obedece essa merda e defende direito” dar uma chance para o rapaz. Rapidinho ele se tornou o novo técnico do Bucks.”

Quando escrevemos isso, Skiles ainda não havia feito sua estreia pelo Bucks. Na sua primeira temporada, o time esteve sem Michael Redd e sem Andrew Bogut, era um dos piores elencos da NBA e não conseguia pontuar nem em ginásio vazio, um jogo contra o Bobcats acabaria um a zero, com gol cagado ou de pênalti. Mas em sua segunda temporada com o Bucks, com a defesa entrosada, os jogadores obedientes e o Bogut em boa forma física, levou o time para os playoffs. Todo mundo esperava que eles fossem um dos piores times do Leste, e de repente emplacaram sequências de vitórias, tudo na base da defesa, arrumaram o John Salmons meio que no susto pra ajudar no ataque, se classificaram em 6o lugar no Leste e levaram o Hawks para um Jogo 7 em meio a gritos alucinados (especialmente aqui no Bola Presa) de “fear the deer”, ou em português bolapresístico, “tema a rena”. Tudo mérito da defesa do Scott Skiles, que tirou água de pedra nesse elenco limitadíssimo e só não foi técnico do ano porque o Thunder era mais legal de se ver e fica difícil dar um prêmio para um time que toda vez que vai para o ataque te dá vontade de vomitar. Não seria legal se o Bucks fosse, no ataque, tão bom quanto o Scott Skiles era nos seus tempos de jogador? É dele, por exemplo, o recorde de assistências numa partida, são 30. Isso mesmo, trinta. T-R-I-N-T-A. Tá bom que o jogo foi uma correria ridícula, parecia Suns contra o Warriors, ninguém defendia, mas o recorde é absurdo, vale assistir a todas as assistências do Skiles no vídeo abaixo:
…..
O Bucks chegou tão longe na temporada passada somente à base da defesa. Mesmo quando o Andrew Bogut se contundiu pouco antes dos playoffs, deram muito trabalho para o Hawks dobrando marcações, congestionando o garrafão, fazendo a rotação defensiva e contestando cada arremesso. Com o Bogut em quadra, teriam grandes chances de ter ganhado aquele Jogo 7. Aliás, pra quem não se lembra e quer causar pesadelos na irmãzinha menor, aí vai o vídeo da contusão terrível do Bogut:
A lesão foi tão grave que o Bogut não espera voltar ao normal nessa temporada. Disse ainda ter várias dores e estar com toda a mobilidade do braço comprometida. Segundo ele, ainda que ele melhore durante a temporada, ainda assim estará “em 85%, 90%” do que poderia jogar. Será um longo processo de ajuste e recuperação, então o Bucks não poderá contar muito com ele no garrafão (onde Drew Gooden deverá assumir) e nem para carregar todo o ataque da equipe como acontecia em vários jogos da temporada passada. Jennings terá que continuar a melhorar seu arremesso, tornando-o agora mais consistente, mas todos os reforços da equipe são focados em ajudar na parte ofensiva: John Salmons reassinou com a equipe e é ótimo nas jogadas de isolação, Corey Maggette é um dos melhores jogadores da NBA em atacar a cesta e cavar faltas com isso (dia desses fez 17 pontos em apenas 14 minutos de jogo errando todos os dois arremessos que tentou, mas acertando 17 dos 20 lances livres que cobrou), Chris Douglas-Roberts é uma máquina de pontuar desde o universitário e só deve ter problemas mesmo é na parte defensiva, e Earl Boykins é um anão mas sua especialidade é na parte ofensiva do jogo (e eu estou muito feliz de ver ele de volta à NBA!). Parece que Scott Skiles percebeu que a defesa é sólida e levará o time longe, mas para vencer nos playoffs será preciso muita ajuda no ataque – foco total das contratações. Curiosamente todo mundo que chegou tem um perfil bastante individualista, são jogadores focados em isolações e em bater para dentro, mas talvez seja justamente o que o Skiles queria. Ao invés de envolver o time em trabalhosas movimentações ofensivas, basta que alguém consiga criar seu próprio arremesso se a defesa segurar a onda. Maggette, Douglas-Roberts e Boykins teriam sido o bastante para vencer o Hawks na temporada passada, mas provavelmente essa limitação de estilo de jogo não será suficiente contra as melhores defesas.
O Bucks não será um time maravilhoso de ver, o ataque ainda deve ser truncado, mas existem atrações. Brandon Jennings teve uma temporada espetacular e, mais acostumado com o resto do time e chamando cada vez mais o jogo, deve dar espetáculos nessa temporada. Grande parte do sucesso do Bucks está em suas mãos, não necessariamente na armação do jogo, mas principalmente em seus arremessos. Na defesa, o destaque vai para a “Lady Gaga da NBA”, o Ersan Ilyasova, que vem de um bom campeonato mundial pela Turquia e tem um estilo completamente bizarro mas eficiente de defender. O elenco tem sua parcela de jogadores bem jovens que evoluirão durante a temporada e os veteranos que precisam segurar o ataque fluindo. Devem voltar aos playoffs, mas o sucesso que terão lá depende exclusivamente de que os novos jogadores abracem a defesa (e a chatice) do Skiles o bastante para ficarem na quadra e garantam, no ataque, seus lugares na rotação. Michael Redd até poderia dar essa força, mas não há relatos de que tenha condições físicas e, mesmo quando tiver lá pra fevereiro, dificilmente entraria em quadra (como aconteceu com o T-Mac em Houston quando ele voltou à forma) para não estragar o clima e o entrosamento do elenco. No máximo, será trocado, mas assim que seu contrato acabar a grana deve ir para o Jennings e as novas estrelas do time.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.