>Preview 2010-11 / New York Knicks

>

 Cadê a Alicia Keys?

Objetivo máximo: Vão dizer que é ir para os playoffs, eu finjo que acredito

Não seria estranho: Não passar nem perto dos playoffs
Desastre: Feder a ponto do Carmelo Anthony ou do Chris Paul desistirem de ir para lá
Forças: Um ataque veloz e equilibrado
Fraquezas: Não defendem nem ponto de vista e não tomam boas decisões em quadra
Elenco:















…..
Técnico: Mike D’Antoni

Pra variar, relembremos nossa tradicional “Semana dos Técnicos”:

O bigodinho mais famoso da NBA tornou-se praticamente uma lenda com a filosofia de “7 segundos ou menos”, ou seja, a idéia de que as melhores oportunidades para pontuar acontecem nos primeiros 7 segundos de posse de bola. Na prática, isso significa correr como um maluco e arremessar o mais depressa possível. Parece estranho mas é uma tática funcional e responsável por formar um dos times mais velozes e divertidos de se assistir nos últimos anos.

A tática de D’Antoni é especialmente efetiva contra times mais fracos, sem identidade, que acabam sendo pegos na correria e tentam devolver na mesma moeda. Marcando trocentos pontos num ataque balanceado, evita-se que times com menos talento consigam manter o mesmo ritmo, mesmo que não exista esforço na defesa. Com isso, o Suns de D’Antoni chutou centenas de traseiros na NBA, aniquilando com facilidade os adversários mais frágeis mas suando contra adversários de peso. Ao enfrentar equipes equilibradas que joguem de maneira lenta e cadenciada, protegendo a posse de bola, a técnica de correr e arremessar (run ‘n gun) de D’Antoni encontra graves problemas para funcionar. A encarnação na Terra da entidade cósmica do basquete lento e cadenciado é o Spurs de Gregg Popovich, que aniquilou ano após ano os “7 segundos ou menos”, até que o Suns resolveu seguir em outro caminho.

Sempre insisti que o ataque do D’Antoni não é uma farsa, um sonho de criança, por ignorar a defesa e tentar vencer só no ataque. Na verdade, o plano dos “7 segundos ao menos” camufla uma série de limitações defensivas de suas equipes, pois obriga os adversários a jogarem rapidamente e tomarem decisões piores no ataque. Quando seu time não tem nenhum grande defensor nem consegue colocar em prática uma defesa coletiva, o melhor modo de lidar com isso é atacando em velocidade e forçando o adversário a fazer o mesmo. As defesas de Suns e do Knicks seriam ainda piores se um técnico defensivo assumisse e estipulasse um ataque lento, como vimos no Suns de Terry Porter. No entanto, precisei concordar um pouco com os odiadores do D’Antoni quando o Amar’e disse que, no Suns, nunca havia feito um único treino defensivo com  seu técnico. Nenhum! Dá pra acreditar num troço desses? Uma coisa é deixar a defesa em segundo plano se o ataque for melhor negócio, outra completamente diferente é ignorar a defesa por completo, jogar na privada e dar descarga. Às vezes, quando vejo o Knicks jogando, dá pra imaginar que realmente eles nunca nem brincaram de defender nos treinos, mas prefiro acreditar que isso é apenas exagero do Amar’e e ruindade dos jogadores.

A tática ofensiva do D’Antoni, no entanto, é bem menos efetiva no Knicks do que chegou a ser no Suns. O problema principal que o técnico enfrenta é a incapacidade que o time tem de tomar boas decisões em quadra. Ao contrário do que se imagina, atacar o mais rápido possível não significa dar qualquer arremesso de costas no meio da quadra como seu colega débil mental que não sabe fazer bandeja fica tentando na aula de Educação Física. É preciso saber onde colocar a bola para que surja a oportunidade de arremesso mais simples e rápida, e ter paciência quando ela não aparecer. O Knicks às vezes parece entender bem a ideia da coisa, mas em outros momentos apenas se afoba e tropeça nas próprias pernas, em parte pela falta de um armador que possa ser a voz de D’Antoni em quadra. Essas dificuldades sempre colocam em questão a viabilidade do esquema tático do D’Antoni em qualquer equipe, e sua capacidade de tentar outra coisa e se adaptar. Na temporada passada, o D’Antoni já foi mais maleável com a correria e o Knicks já se focou menos nos contra-ataques e mais em jogadas individuais de meia quadra, com foco no pick-and-roll, mas é óbvio que o técnico usa isso como útimo recurso apenas porque o time não consegue manter em alto nível o projeto inicial. Mas a chegada de Amar’e, que sempre floresceu nesse esquema tático do D’Antoni, pode lhe dar uma boa sobrevida e é capaz que o técnico experimente voltar um pouco à correria.

Quando analisou a chegada de Raymond Felton e de Amar’e ao Knicks, o Denis escreveu um post detalhado e gigaaaaante sobre o time que deixo aqui para ser lido na íntegra e mesmo assim colo quase inteiro aqui embaixo para todos aqueles que tem preguiça de dar um mísero clique com o mouse:

Para muita gente o dia da decisão do LeBron James de ir para Heat foi o símbolo do fracasso do Knicks nos últimos anos. Todos sabem que o time de Nova York passou pelo menos as últimas duas ou três temporadas mais preocupado em abrir espaço na folha salarial do que pensando em basquete de verdade, com LeBron sendo o alvo principal do plano. E pior,Wade Bosh eram as opções seguintes! Depois de tanto tempo, ficar com sua quarta opção é foda. É como passar anos planejando o casamento com a Alinne Moraes e na hora colocar a aliança no dedo da Wanessa Camargo.
No caso do Knicks até que era uma mulher mais gatinha que a Uanessa, o Amar’e Stoudemire é uma mina bem firmeza pra falar a verdade, mas uma que enjoa rápido. Como já dissemos no post em que comentamos a sua contratação, o Knicks fez a sua parte em garantir pelo menos uma grande estrela para não passar em branco. Quem se arriscou mesmo foi o Stoudemire, que corria o risco de não receber ajuda e ficar mais longe de títulos do que estava em Phoenix. E no fim das contas foi o que aconteceu. O Knicks perdeu a maior parte dos seus alvos e teve que se esforçar para colocar pelo menos alguns jogadores decentes em volta da sua nova estrela.
A maior contratação foi o Raymond Felton. O armador fez boas temporadas no Bobcats nos últimos anos, mas eu fui uma das muitas pessoas que esperava muito mais dele depois de vê-lo ter grandes atuações no seu ano de novato em 2005-06. No seu primeiro ano ele teve média de quase 12 pontos por jogo, nada mal, mas nunca conseguiu superar a casa dos 14. Nas assistências subiu variou de 5 a 7. Ele nunca foi ruim, mas também não foi espetacular como parecia que poderia ser. E ainda falhou em ser o líder do Bobcats. Quando o Larry Brown chegou em Charlotte, quis fazer com que Felton fosse o que o Billups foi naquele time do Pistons que ele treinou e foi campeão em 2004, alguém que controlasse a bola, o ritmo de jogo e chamasse o jogo nos momentos decisisvos. Ele até tentou e chegou a ter bons momentos de quarto período, mas o time só deslanchou quando o Stephen Jackson foi contratado e assumiu esse posto. Na defesa o líder sempre foi Gerald Wallace. Ray Felton era, em suma, o terceiro melhor jogador de um time que nunca foi mais do que o sétimo melhor time da conferência mais fraca da NBA.
Outra questão importante sobre o Felton é como ele vai se encaixar no time do técnico Mike D’Antoni. Mas para isso a gente precisa saber qual vai ser o esquema que o D’Antoni planeja usar. No seu primeiro ano de NY ele mandou o time correr como fazia no Phoenix Suns, era o segundo time mais veloz da NBA com 97,6 posses de bola por jogo. Depois de algumas derrotas humilhantes, resolveu se controlar um pouco e na temporada passada o time era outro. Com um pouco mais de jogo de meia quadra e apelando mais para os pick-and-rolls do que para os contra-ataques, foi apenas o oitavo time mais rápido, com 94 posses de bola por jogo. O que ninguém sabe é se o D’Antoni fez essa mudança porque acredita mais nela ou porque não tinha as peças para fazer diferente. E agora com Felton e Amar’e, vai decidir voltar ao plano anterior ou manter um time ainda rápido, mas um pouco mais controlado?
O time mais rápido passa por um armador rápido. Não tenho dúvidas de que um dos motivos (impossível saber todos) que fez o D’Antoni repensar o seu plano tático foi a incapacidade de fazer o Chris Duhon render em alto nível. Jogar na velocidade não é só ser rápido na corrida, é pensar, passar, driblar, infiltrar e tomar decisões inteligentes enquanto se corre. Steve Nash é o melhor da NBA nisso, Duhon era um rapazinho esforçado. O Felton é um meio termo. Ele sabe jogar na transição, fazia muito bem essas jogadas de contra-ataque com o Gerald Wallace no Bobcats, mas não é um jogador veloz. Eu vejo ele agindo bem em situações típicas de contra-ataque, como bolas roubadas ou tocos, mas não acho que ele tem a capacidade de fazer como o Nash de transformar qualquer posse de bola em um contra-ataque só com um pique e alguns passes longos e precisos.
Se o D’Antoni pensar como eu, o Knicks do ano que vem deve ser mais parecido com o da temporda 2009-10 do que com o de 2008-09, um time mais devagar. Espero que isso tenha sido levado em consideração na hora da contratação do Felton, que é mais um daqueles jogadores que são bons se você souber o que pedir deles.
Mas se a questão do tempo do jogo é um problema, o pick-and-roll não é. (…) Essa é a jogada que fez o Amar’e fazer 80% dos seus pontos na carreira, é onde ele mostra o seu melhor jogo. E nos últimos anos ainda foi capaz de fazer o pick-and-pop, que é quando, ao invés de correr para a cesta, quem faz o corta-luz fica parado para realizar o arremesso. Quando comentamos a sua contratação, pedimos um armador que soubesse fazer bem essa jogada, e Felton sabe. Sendo um bom passador (mas espere passes mais óbvios que os do Nash) e sendo, ao mesmo tempo, uma ameaça na infiltração e no arremesso vindo do drible, ele tem as ferramentas para fazer a jogada mais básica do basquete.
A outra conquista do Knicks nessa offseason foi ter conseguido um sign-and-trade com o David Lee. Um sign-and-trade é quando você assina com um jogador que era seu e virou Free Agent, caso do Lee com o Knicks, e logo depois o troca para o time que o jogador desejava ir. É um jeito do time não perder o seu jogador por nada e do time que recebe o jogador de abrir mais espaço salarial para receber um novo jogador. A troca foi com o Golden State Warriors, que mandou Kelenna Azubuike (eleito por mim no nosso formspring o jogador mais bonito da NBA), Ronny Turiaf (o melhor dançarino) e Anthony Randolph, um ala que já disputou duas temporadas da NBA e nunca foi citado numa frase sem a palavra “potencial” do lado. Típico caso do jogador que mistura partidas ótimas com outras medíocres e deixa todo mundo com um gostinho de que de lá pode sair alguma coisa interessante. Darius Milesestá aí para mostrar o perigo de jogadores assim, e Rajon Rondo para mostrar que de vez em quando os caras deslancham mesmo, e vão até mais longe do que se imaginava. Escolha o seu lado.
Para o Knicks, de novo, foi só uma saída para não sair com nada. Eles tiveram a chance de manter o Lee desde o ano passado, mas sempre se recusaram a oferecer uma extensão de contrato decente para que isso não prejudicasse o espaço salarial do time, agora pagam por isso. Perderam seu melhor jogador nos últimos anos, alguém que poderia jogar ao lado do Amar’e Stoudemire e que já se sabia que se dava bem em qualquer esquema do D’Antoni, para ganhar um monte de resto do Warriors. Azubuike, além de gatinho, sabe fazer seus pontos. Acho bem possível que ele acabe até virando titular nesse time, por falta de opções na posição 2, mas não deve estar para os planos em longo prazo do time.
O Turiaf pode dar certo demais no time. Basta uma de suas danças típicas depois de uma enterrada do Amar’e, para que ele vire um favorito da torcida e alguns tocos e rebotes ofensivos para que se torne a primeira opção do banco de reservas entre os jogadores de garrafão. Já o Anthony Randolph pode dar muito certo se conseguir ser mais regular nos seus melhores dias. Ele é bem alto, tem 2,10m, mas uma mobilidade e velocidade absurda. Para ele, sem dúvida alguma, seria melhor que o time fosse o mais veloz possível, pouquíssimos jogadores da sua altura conseguem acompanhá-lo na transição, e ele ainda é muito fraco tecnicamente para criar jogadas próprias no 1 contra 1 no jogo de meia quadra.
Outro problema é que ele joga na posição 4 e não tem chance alguma de ser pivô por ser muito magrelo. Se ele for ser titular, força Amar’e a jogar de pivô, coisa que ele já fez mas que reclamou de fazer a vida inteira, não seria surpresa se tivesse uma cláusula no contrato dele exigindo que ele fosse um ala de força. Isso sem contar a total incapacidade do Stoudemire de marcar jogadores mais altos que ele. Minhas dúvidas sobre como os dois podem funcionar juntos me fazem achar que Randolph vai vir do banco e que esse banco, se achar o armador certo, pode ser um time mais rápido que a equipe titular.
Talvez já pensando em um pivô que não seja o Eddy Curry para atuar ao lado de Amar’e, eles contrataram o russo Timofey Mozgov, que jogava no Khimki Moscou e na seleção russa. Eu não conhecia nada do jogador, mas pesquisando eu vi vários vídeos dele e recomendo esse que mostra os melhores momentos dele pela seleção russa enfrentando a Grécia. Acho que esse vídeo resume bem que é o Mozgov, um jogador que consegue ser ágil para o seu tamanho, 2.16m, tem um bom tempo para o toco, mas que dificilmente fará pontos na NBA que não sejam de rebotes ofensivos. Talvez o Knicks só queira ele para isso mesmo, um parceiro defensivo para o Amar’e, alguém para jogar 20 minutos por jogo. Se o plano foi esse, parece que foi uma boa contratação, mas melhor esperar para ver uns jogos dele antes.”
Vale acrescentar ao post do Denis que o preview do Knicks e do Nuggets não foram os dois últimos porque não gostamos dos times ou algo parecido. Apenas enrolei os dois ao máximo porque a qualquer momento o Carmelo Anthony poderia ser trocado e ir parar em New York, e eu é que não ia ficar fazendo preview de novo, nem dei conta de lidar com esses aqui! Mas o ponto principal é que o Knicks não consegue ficar satisfeito. Sonhavam com LeBron, Wade, Amar’e, conseguiram só o terceiro. Abriram mão das últimas temporadas para concertar uma série de erros financeiros da última década e achavam que poderiam começar de novo com novas estrelas – que não vieram. Agora, frente a essa fracasso (ainda que a equipe já tenha melhorado muito), já sonham com Carmelo e com Chris Paul e se dizem dispostos a trocar qualquer um da equipe para que isso aconteça. O primeiro passo para isso já foi dado: Eddy Curry, o pivô gordo que literalmente desapareceu nas férias e botaram a polícia para encontrá-lo (como alguém perde um gordo daquele tamanho?), já recebeu parte do seu salário anual adiantado para que seja mais fácil trocá-lo ou mandá-lo embora. Seu contrato termina ao fim da temporada e enfim o Knicks vai ter dinheiro novamente para ir atrás de Carmelo, Chris Paul e o diabo a quatro. 

Por melhor que seja esse Knicks de agora, ele está me cheirando a bagunça (jogadores que precisam correr junto com jogadores que rendem melhor correndo menos, etc) e a temporada jogada no lixo para, pra variar, esperar os jogadores que podem ser conseguidos na temporada seguinte. Se o Carmelo deixar o pessoal do Knicks chupando o dedo, será que uma hora eles aprendem a se concentrar no presente e tentar montar um time com as peças disponíveis?

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.