>Preview 2010-11 / Sacramento Kings

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 Tyreke Evans é bom porque faz vudu

Objetivo máximo: Brigar até o fim por uma vaga de playoff
Não seria estranho: Melhorar em relação ao ano passado mas entrar de férias em abril
Desastre: Não apresentar melhoras em relação ao time do ano passado

Forças: Tyreke Evans, Tyreke Evans e o cara da foto do pôster do meu quarto, o Tyreke Evans
Fraquezas: Muitos dos bons jogadores do elenco ainda estão longe de serem tão espetaculares quanto Tyreke Evans

Elenco:

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Técnico: Paul Westphal

O Paul Westphal foi o um dos meus técnicos favoritos na temporada passada. De todos os times que ficaram longe dos playoffs, só dois tinham uma identidade clara, um jeito de jogar típico deles e que seus jogadores sabiam o que estavam fazendo. Era o Warriors porra-louca do Don Nelson (que o “saber o que fazer” era fazer o que bem entender) e o Kings do Westphal. Infelizmente saber o que está fazendo não quer dizer que o time vencia tudo, longe disso, mas foi normal. A base do time eram os novatos Evans e Omri Casspi e o elenco tinha falhas, como um garrafão fraco na defesa e um banco de reservas irregular. Sem contar as contusões, como a do importante Francisco Garcia.

O estilo do Kings imposto pelo Westphal lembra um pouco o do último grande time do Kings, o de Rick Adelman no começo dos anos 2000. Não é a mesma coisa, mas traz muitos dos conceitos daquele time, é uma equipe que consegue ter paciência no ataque ao mesmo tempo que joga em velocidade. Os 24 segundos de posse de bola deles parecem um filme iraniano de tão longos para a defesa, de tantos passes que trocam e movimentações que realizam. Infelizmente às vezes eles perdiam a paciência se a bola não caía e se perdiam na individualidade, acontece com qualquer criança.

Mas queria usar esse espaço dado para o Westphal para falar um pouco da história dele. O Westphal tem uma carreira de sucesso como jogador e técnico e participou de dois dos momentos mais marcantes da história dos playoffs da NBA.

Como jogador, nos anos 70, ele foi draftado pelo Boston Celtics e foi campeão lá em 1974. Mas depois foi trocado para o Phoenix Suns, onde foi um dos maiores cestinhas da NBA por uns anos e levou o time do Arizona para a final da liga para enfrentar o seu ex-time. Eis que o jogo 5 da final de 76 entre Celtics e Suns é considerado por muita gente como o melhor jogo da história da NBA e até tinha uma matéria sobre essa partida ontem mesmo na NBA.com, dizendo que não tem como outro jogo superar a emoção daquele embate.

A série estava empatada em 2 a 2 e o jogo 5 era em Boston. O Boston Garden estava lotado, o Celtics (com John Havlicek, Dave Cowens, Jo Jo White, Paul Silas e cia.) estava inspiradíssimo e a difereça chegou a estar em 20 no primeiro tempo. Mas aí o Suns de Westphal começou a reagir e empatou o jogo no final, levando a partida para a prorrogação. Lá as defesas começaram a pegar fogo, jogadores começaram a sair do jogo com seis faltas e o tempo extra acabou em 6 a 6. Segunda prorrogação.

Na segunda etapa o Celtics chegou a abrir diferença, mas o Suns encostou de novo e virou o jogo numa sequência épica de acontecimentos. Primeiro o Phoenix diminuiu a diferença do Celtics por um ponto com uma cesta de Dick Var Arsdale, na saída de bola Westphal rouba a laranja das mãos de Havlicek, manda para Curtis Perry que, a cinco segundos do fim, deixa o Suns na frente por um. Os verdes pedem tempo, Havlicek recebe a bola, faz a cesta da vitória e todo mundo invade a quadra. O que eles não tinham percebido é que ainda tinha um segundo de jogo no relógio. O Suns teria um fundo-bola e um segundo para fazer alguma coisa. E é aí que Westphal entra com uma jogada arriscadíssima que deu muito certo.

Sem ter mais tempos para pedir, Westphal pede um tempo ao árbitro, que acata o pedido com uma punição de falta técnica. O Celtics acerta o lance livre, aumenta a diferença para dois, mas deixa o adversário com o tempo para armar uma jogada e sair do meio da quadra (essa regra mudou no ano seguinte). Com um passe simples e um arremesso de arco altíssimo (à la Derek Fisher), Gar Heard empatou a partida. Terceira prorrogação.

No último período, times exaustos. O Celtics, liderado pelo seu banco de reservas, em especial Glenn McDonald, um jogador de pouquíssimos minutos por jogo que fez 6 pontos na terceira prorrogação, abriu seis pontos de diferença. Mas Westphal, com cestas dignas de Kobe e Wade (tem no vídeo, vejam) cortou a diferença para dois. Infelizmente não deu tempo para mais nada e o Celtics conseguiu segurar a vitória nos segundos finais. Na partida seguinte os verdes venceram o Suns e faturaram mais um título.

Um fato curioso dessa partida é que nela jogaram oito (OITO!) futuros técnicos da NBA: Pat Riley, Don Nelson, Dave Cowens, Paul Silas, Paul Westphal, Garfield Heard, Dick Van Arsdale e John Wetzel. 

Alguns bons anos depois, em 1993, Westphal estava ainda em Phoenix, mas como técnico. E liderou um time que estava em plena decadência no fim dos anos 80 a virar uma potência do Oeste, vencendo o título de conferência nesse ano e pegando o Chicago Bulls de Michael Jordan na final. E o que aconteceu no jogo 3? Mais uma prorrogação tripla! Michael Jordan começou o jogo pegando fogo, acabou com 44 pontos, mas esfriou a partir do quarto período e o Bulls deixou a vitória escapar, 129-121 para o Suns.  Não impediu que o Bulls vencesse o título do mesmo jeito depois de 6 jogos, mas pelo menos o Westphal teve o gostinho de vencer pelo menos uma prorrogação tripla em finais na sua vida.

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Eu não acho que o Kings vai brigar por vaga nos playoffs. E acho isso só porque o Oeste tem muitos times fortes, não porque acho que o time não vai evoluir, muito pelo contrário. Vão crescer e eu vou estar lá com balde de pipoca na mão vendo todos os jogos!

No ano passado, a partir da segunda metade da temporada, todo mundo começou a cair de produção na equipe, em especial os dois novatos que carregavam o time nas costas no começo do ano, Tyreke Evans e Omri Casspi. O primeiro continuou jogando bem porque é fora de série, mas sem fazer a mesma diferença que fazia nos primeiros meses, e o israelense simplesmente desapareceu. Não é incomum isso acontecer, muitos novatos sofrem com isso porque é difícil se acostumar com um calendário de 82 jogos quando se está acostumado a jogar às vezes menos da metade disso no basquete universitário ou na gringolândia.

Como também é comum, os dois vão voltar bem maiores e mais fortes do que no ano passado e provavelmente vão dar conta do recado durante todo ano. Outra melhora do time deve ser no garrafão, onde eles sofriam por não ter um pontuador nato e por serem fracos nos rebotes e na defesa (foi mal, Spencer Hawes, no fundo você é um Mehmet Okur piorado). O Jason Thompson é bom, mas é uma espécie de LaMarcus Aldridge e vive dos arremessos de longe e acha que o garrafão é feito de lava. Já para esse ano eles vão ter por toda a temporada o Carl Landry e seu jogo na marra que eu nunca vou entender, o novato DeMarcus Cousins que é gigante e tem feito bons jogos na pré-temporada e Samuel Dalembert, o cara que vai reconstruir o seu país natal, o Haiti, antes de ser capaz de dar uma assistência ou de criar um arremesso, mas que faz o que é pago para fazer, pegar rebotes e dar tocos.

O garrafão com Jason Thompson, Dalembert, Landry, Cousins e um clone do Dalembert, o novato Hassam Whiteside, é bastante promissor e a briga vai ser boa pelas vagas de titular. Thompson e Dalembert começam a temporada nas duas vagas segundo Westphal, mas é só por serem veteranos, nada está garantido para a segunda semana de temporada. Mesma coisa na armação, Beno Udrih começa ao lado de Tyreke Evans, mas o treinador não descarta usar Evans de armador principal e usar Francisco Garcia ou Antoine Wright ao seu lado. Na posição de ala disputa 100% em aberto entre Casspi e Donte Greene.

Dou ênfase nessas disputas porque ao contrário do Wolves, o Kings não está muito interessado em dar minutos para todo mundo jogar e deixar os pirralhos crescerem para jogar bem daqui alguns anos. O Tyreke Evans já jogou em nível de All-Star no ano passado e é um cara que pode levar o time nas costas desde já, se tiver o elenco de apoio certo o Kings volta para os playoffs em pouco tempo. O que interessa para eles então é colocar todos esses bons jogadores para se matar, se superar, brigar no treino e provar que podem ser titulares em um time vencedor num futuro próximo. Se jogarem mal não vão receber mais chances para pegar o jeito, provavelmente vão ficar de lado. Vai ser um ano de muitos testes de fogo para essa pirralhada e vai ser divertido assistir quem é promovido a grande jogador.

O time já tem uma identidade, um “franchise player” e bons jogadores em todas as posições batalhando ferozmente por uma vaga no time. Acho que estamos presenciando um Oklahoma City Thunder parte 2 aqui e veremos esse time nos playoffs em breve. Até lá um susto ou outro em grandes times, só pra ninguém esquecer deles.

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