>Preview 2010-11 / San Antonio Spurs

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 Ele é como qualquer um de nós

Objetivo máximo: Mais um título. O ano é ímpar, afinal.
Não seria estranho: Chegar longe mas perder para Lakers ou Mavs
Desastre: Cair na primeira rodada e ver os cabelos brancos nascerem na cabeça do Duncan

Forças: Time entrosado, técnico espetacular, defesa bem montada e Tim Duncan
Fraquezas: Parte do time está ficando velha demais e a outra parte ainda parece muito inexperiente

Elenco:

…..
Técnico: Gregg Popovich

Eu sempre entro na nossa página da semana dos técnicos para ver o que podemos aproveitar de novo aqui. E o texto do Popovich feito pelo Danilo está perfeito! Como a gente tinha bem menos leitores naquela época e já faz dois anos, acho que vale a pena a reciclagem completa:

“O técnico que todos amam odiar, o técnico que não cansa de ganhar, que faz os nerds das pranchetas terem orgasmos múltiplos e coloca para dormir todo o resto da civilização ocidental contemporânea. Tudo porque Popovich foca seus esforços na defesa enquanto tem fama de ser um dos técnicos mais severos e controladores no ataque (ele é tipo mulher ciumenta). Tente dar um arremesso que Popovich não planejou com antecedência de 48 horas e você será colocado no banco. Para conseguir arremessar uma simples bola, Tony Parker precisa preencher um formulário e autenticar em três vias – seja lá o que isso significar. Mas a verdade é que os jogadores no Spurs apenas obedecem o que está instituído, colocando em prática um ataque maquinal e absurdamente funcional. Duncan estará sempre em posição para seu clássico arremesso usando a tabela, Tony Parker sempre poderá infiltrar e passar a bola para a zona morta e Bruce Bowen sempre estará livre por aquelas bandas, pronto para arremessar de três e ser um bundão. Apenas Ginóbili é inesperado porque ele faz as mesmas coisas de modos extraordinários, com aquelas passadas malucas e destrambelhadas que, segundo o próprio Popovich, matam ele do coração.

Quando falo do Popovich, sempre uso como exemplo sua relação com Tony Parker. O francês tinha uma cota máxima de arremessos que podia dar de trás da linha de 3 pontos (sem brincadeiras!) e, quando começou sua sua carreira no Spurs, era obrigado a passar a bola para fora do garrafão ao invés de fazer as bandejas que hoje lhe são marca registrada. Com o tempo, foi ganhando mais liberdade com o técnico – o que equivaleria a uma mãe dizer que a filha não pode ir para a balada, mas que agora pode passar maquiagem dentro de casa. Para nós, fracassados que perdemos para o Spurs a torto e a direito, sua relação ditatorial com o time, respostas mal humoradas e cara de quem está com uma eterna apendicite nos fazem odiar Gregg Popovich como poucos no mundo. Mas tem mais: “Pop” (como alguém tão mal encarado pode ter um apelido tão fofucho?) era dirigente do Spurs, demitiu injustamente o técnico do time e se auto-proclamou o novo treinador, cargo que exerce desde então. Se ele não fosse um branquelo em um time texano, provavelmente o presidente Bush iria colocar o exército para intervir na questão. E o mais engraçado é que Popovich disse que deve se aposentar assim que acabar o contrato de Tim Duncan, ou seja, provavelmente não quer testar como seriam seus resultados sem um dos melhores jogadores de todos os tempos ao seu lado. Bem, se pudesse escolher, eu também não testaria.

E não adianta me dizer que estou com dor de cotovelo porque sim, estou com dor de cotovelo. O Gregg Popovich ganhou demais na vida, deixa pelo menos um blog na internet dar a entender que o cara é fracassado, tá legal?”

O que eu posso acrescentar é que nos últimos dois anos anos o Popovich ganhou um desafio novo. Ele teve que lidar com jogadores muito jovens que, por serem jovens, oras, não tinham a disciplina e inteligência tática que todos os comandados do Spurs nos últimos 10 anos tiveram. Ele precisou de paciência extra e voltou aos seus tempos de professor para conseguir lidar com DeJuan Blair, George Hill e Roger Mason, que de uma hora para outra viraram peças fundamentais em um time sem a profundidade que já tivera no passado. Mas ele fez um bom trabalho e a pivetada está dando resultado, é de se esperar que ele também tenha paciência e sucesso com o Tiago Splitter, que não é pirralho mas precisa de tempo para se adaptar ao jogo americano.

……
O sucesso na evolução dos pivetes que eu citei acima e o fato do Splitter ser um jogador já bem rodado são os motivos que me fazem pensar que essa temporada é a que o Spurs tem mais chance de voltar ao título desde que disputaram a final do Oeste contra o Lakers em 2008. As últimas duas temporadas serviram apenas para o Duncan parecer mais velho, para o Ginobili e o Parker se machucarem várias vezes e para a pivetada errar bastante e deixar o Pop louco da vida vendo o Roger Mason forçar bolas de três.

Mas depois de dois anos parece que está tudo certo. O Tony Parker chegou a ser envolvido em boatos de troca e falaram por aí que ele estava interessado em ir para o Knicks, mas ele sempre foi bem fiel ao Spurs e acredito que não tenha nenhum problema em ficar lá. Sem contar que pode ir para o Knicks quando for Free Agent e quando o time de NY estiver um pouco melhor, melhor jogar ao lado de Duncan e Manu enquanto ainda pode. O argentino já havia melhorado muito na segunda metade da temporada passada e depois de descansar durante toda a offseason ele deve estar inteiro fisicamente, é o que basta pra ele ser o homem do quarto período no time.

Já Duncan recebeu muitos elogios de Gregg Popovich. “Ele está mais magro e mais bem condicionado. Mais magro do que estava no meio da temporada passada”. E completou com as razões para esse esforço extra, “Ele está levando tudo isso muito a sério. Ele quer voltar a vencer”. Por mais cara de bundão que o Duncan tenha, ele não é bundão. Ele até foi legal e sincero o bastante para dizer que essa nova regra sobre as faltas técnicas é um exagero e um erro da NBA. A derrota para o Suns no ano passado marcou apenas a segunda vez na carreira que Duncan passou três temporadas em sequência sem título! E caras acostumados a ganhar não encaram muito bem derrotas, muito menos depois de tomar uma varrida de um time que até pouco tempo atrás era seu maior freguês. Vamos ver o Duncan a fim de jogar como há tempos não vemos.

Com o trio em forma e motivado o Spurs vai longe, não há dúvida em relação a isso. Mas até aí nada de mais, o Lakers tem seu trio, o Mavs tem elenco forte, assim como Blazers, Nuggets (pelo menos até o Carmelo parar de dar piti) e pelo menos três ou quatro times do Leste. A diferença vai ser nos detalhes: entrosamento, preparo físico e principalmente o elenco de apoio.

Eu fiquei bem encafifado quando o Spurs pagou uma boa grana para reassinar o Richard Jefferson mesmo depois dele milagrosamente ter optado por sair do seu contrato milionário. Talvez tenha sido um pensamento de “ruim com ele, pior sem ele” ou talvez um voto (caro) de confiança. Quando o Richard Jefferson jogou bem no ano passado o Spurs era um time difícil de parar, como foi na série contra o Mavs, mas muitas vezes ele era um Bruce Bowen que não defendia e nem acertava bolas de três, ou seja, um pedaço de carne que se movia. Qual será o que vai entrar em quadra nesse ano? Não sei, mas na pré-temporada ele tem jogado muito bem, inclusive acertando 50% das suas bolas de 3! Se ele for um arremessador de três confiável o Spurs já pode comemorar por ter feito a decisão certa em mantê-lo. Outro que pode ajudar nesse quesito que fez falta no ano passado é o novato James Anderson, embora também não seja nenhum especialista.

No garrafão o Duncan vai contar com a ajuda de Tiago Splitter e DeJuan Blair. O brazuca, em teoria, deixaria o TD jogar mais fora do garrafão, onde eu acho que ele é melhor e daria mais altura para o time, valorizando o lado defensivo. Já o DeJuan Blair deixa o time mais veloz, muito mais forte no rebote ofensivo (o cara nasceu pra fazer isso), mas obriga o Duncan a jogar na posição 5 e às vezes compromete na defesa. Na pré-temporada o Splitter não jogou e o Blair empolgou com médias de 13 pontos e quase 9 rebotes em míseros 25 minutos por jogo. Por isso acho que o brasileiro começa a temporada no banco, mas isso vai ser irrelevante ao longo da temporada, os dois devem revezar nas duas posições do garrafão junto com Duncan e Antonio McDyess e eventualmente até jogar juntos. Tudo depende de treino, de entrosamento e do adversário que vão enfrentar.

Richard Jefferson e James Anderson podem ser a resposta para os problemas de arremesso de três da equipe, Blair e Splitter para o garrafão, mas o Spurs não arranjou ninguém para atuar como defensor de perímetro. Alguns especialista em basquete universitário até apontaram o James Anderson como alguém que pode virar um grande defensor em nível profissional, é esperar para ver. No ano passado eles às vezes colocavam o baixo George Hill para marcar jogadores da posição 2 e 3 só porque ele é o melhor defensor de perímetro do elenco. Era melhor que nada, mas não é solução de problema. Se cruzarem nos playoffs com pontuadores mais altos como Kobe Bryant e Kevin Durant, a coisa pode engrossar pra eles.

No ano passado o Spurs pagou toda aquela grana para o Richard Jefferson e passaram pela primeira vez em muito tempo do limite salarial. Como justificativa disseram que queriam usar os últimos anos de carreira do Duncan e do Ginobili para ir com força total atrás de outro título. Estão certos. Com os dois em forma e com a ajuda do resto do time, que tem chance de ser o melhor elenco de apoio nas últimas 3 temporadas, as chances de voltarem a ser o time chato, pentelho, sonolento e vencedor que a gente conhece são bem grandes. Como disse nessa análise bem mais detalhada sobre o Spurs há uns dois meses, o Spurs ainda não voltou, mas pode voltar.

E pra quem acha que o Spurs não é empolgante, saca só que show é o Duncan!!! Showtime, baby!

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