>Preview da temporada – Divisão Atlântica

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E você se perguntando porque Kevin Garnett joga tão motivado

Continuando com nossa análise do que vale a pena ver na próxima temporada, analisamos dessa vez a Divisão Atlântica, muito provavelmente uma das mais divertidas para assistir. Seja para torcer a favor, seja para torcer contra, todo mundo vai querer dar uma espiadinha nesses times jogando.

Daqui a pouquinho teremos mais uma Divisão, correndo como uns loucos para repor o tempo perdido e entrar com tudo na temporada regular, que começa nessa terça-feira. Mande as crianças para a casa da vó, brigue com a namorada, repita no colégio. É hora de ler uma tonelada de posts no fim de semana e depois devorar os primeiros jogos da temporada, tudo enquanto amaldiçoa o horário de verão que aumentou em uma hora o fuso horário. Idiotas.

Boston Celtics

Motivos para assistir:
Os atuais campeões conseguem satisfazer a todos os fetiches do planeta. Para quem gosta de estrelas, três jogadores (Garnett, Ray Allen e Paul Pierce) serão futuros membros do Hall da Fama e são alguns dos mais talentosos seres humanos a já tentar brincar desse esporte. Para quem gosta de jogadores secundários mas esforçados, o time perdeu James Posey mas manteve Leon Powe, cada vez mais essencial nos momentos decisivos das partidas de pré-temporada. Se o fetiche é jogador jovem com potencial, Rajon Rondo dá os sinais de cada vez mais ser um clone do Jason Kidd (ou seja, corre pra burro, passa bem a bola, pega rebotes e não faz a menor idéia de como dar um arremesso), sem esquecer também de Tony Allen que teve uma pré-temporada sensacional. Para os que tem fetiche por jogadores jovens com potencial mas que fedem, tem o Patrick O’Bryant, o pivô que nunca jogou no Warriors desde que foi draftado porque o Don Nelson só coloca em quadra gente com menos de um metro e meio. Se o fetiche são apenas jogadores ruins, tem o Scalabrine. E se o fetiche é por pés, bem, tem um monte de pés por lá, isso eu garanto.

O Celtics é um time para todos os gostos, uma mistura muito eclética de talentos unida por um ideal (e pelos gritos de Kevin Garnett) que dá tudo de si em todos os jogos. O ataque é meio estático, a defesa é meio confusa, mas como não gostar de ver um ataque tão cheio de talento e uma defesa tão intensa com o Garnett escorrendo sangue noite após noite? Aliás, como não gostar de ver o Garnett jogando, sempre com aquela impressão de que será o último jogo de sua vida e basquete fosse a coisa lógica a se fazer no leito de morte?

Pode confessar, eu sei que você costumava falar que o Duncan era o melhor ala da história do planeta mas mal tinha visto o Garnett jogar porque o Timberwolves não é um time de verdade. Então aí está um motivo, veja o Celtics jogar porque um dos melhores alas de todos os tempos vai eventualmente se aposentar e você perdeu a maior parte de sua carreira, só porque ele estava na porcaria do time dos timberlobos.

Motivos para não assistir:
Bem, eles são os atuais campeões, o que já é motivo para ser boicotado por muita gente. Em parte porque assistimos mais jogos do Celtics na temporada passada do que vimos matérias sobre a Eloá, então uma hora enjoa. O time é interessante, cheio de talento, mas não joga de maneira especialmente atraente para os olhos, enfrenta milhões de adversários do Leste que fedem demais para que o jogo tenha graça e em geral as partidas são tão fáceis que os titulares acabam jogando poucos minutos. No fim da temporada, as estrelas se dão ao luxo de ficar no banco de reservas cutucando o nariz – um prazer secreto compartilhado por todos os seres humanos (ou você tem dúvidas de que o polegar opositor só serve para fazer bolinhas de meleca?). Ou seja, a temporada regular não vale nada para o Celtics, que deve ser o primeiro colocado absoluto do Leste, e já tendo em mente que veremos trocentos jogos deles nos playoffs, talvez seja melhor não esgotar nossa cota de paciência com o time logo de cara.

Philadelphia 76ers

Motivos para assistir:
Na temporada passada, compreender como um time completamente mediano conseguia resultados surpreendentes era o motivo que fez todos os fãs de basquete prestarem atenção no Sixers, afinal a equipe tinha sido completamente ignorada por todo mundo até então. Era quase playoffs quando alguém percebeu que o Sixers estava chutando traseiros e a mensagem foi se espalhando, no boca-a-boca, tipo “telefone sem fio”. A mensagem final que chegou aos meus ouvidos foi “o zíper peida”, o que depois compreendi ser uma versão de “o Sixers reina” – sempre tem uma velha da Praça é Nossa para estragar o telefone sem fio. Aqui no Bola Presa, assistimos a muitos jogos tardios do Sixers para tentar resolver o mistério, escrevi um punhado de posts a respeito e nunca compreendi inteiramente. O técnico era ruim (os fãs pediam sua demissão), o elenco era fraco, e não havia nenhuma estrela; de repente o técnico era chamado de gênio, os fãs pediram para ele uma extensão de contrato (que veio), o elenco era sólido e profundo e Andre Iguodala firmou-se como algo que lembra vagamente uma estrela. Como diabos isso aconteceu? Não dá pra perder jogo algum desse time com um fenômeno desses acontecendo, principalmente se você for ufólogo.

Mas o que se dizia desse time é que faltava um pontuador de verdade dentro do garrafão, um cara que exigisse marcações duplas. Bem, Elton Brand foi vira-casaca e topou jogar pelo time mais intrigante da NBA. (Perceba que intrigante é a palavra que você usaria para definir uma garota bonita que talvez seja um homem.) Por via das dúvidas, pretendo ver muito esse time jogar e analisar como Elton Brand irá interferir na química da equipe. Eu recomendo.

Motivos para não assistir:
Bem, eles não são exatemente um time empolgante com várias estrelas dominando jogos. Iguodala tem “ajudante” escrito na testa, todos os outros são peças sólidas mas que não fazem muito barulho, e o Elton Brand é provavelmente a estrela mais silenciosa da NBA. Ele tem passado a vida fazendo 20 pontos, pegando 10 rebotes e dando 2 tocos todos os jogos (tudo com apenas 2,06m de altura), mas faz isso de uma forma tão discreta que não seria sequer reconhecido na rua. O Duncan é famoso por não ser famoso, ele é descolado por não ser descolado, ele é louvado por ter um estilo que não é louvável. Ou seja, um paradoxo que atormentará a filosofia ocidental pelos próximos anos. Mas o Elton Brand não é famoso por não ser famoso, ele simplesmente não é famoso e pronto. Passar a última temporada inteira contundido não ajudou muito também. Então, no fundo o Sixers não tem ninguém que chame atenção, ninguém que será certeza de emoção e de vitórias. O jogo mais coletivo nas mãos de jogadores ditos “de apoio”, que é como o Pistons costumava ser antes de todo mundo por lá ser chamado de estrela, pode não ser uma das coisas mais tesudas de assistir e talvez não dê pra competir com o Superpop. Mas para quem gosta ou, ao menos, tem a curiosidade, esse motivo é uma besteira.

Toronto Raptors

Motivos para assistir:
Depois da novela mexicana “O Favorito” estrelada por Jose Calderon e TJ Ford, o Raptors finalmente escolheu deixar o time nas mãos do armador espanhol e se livrar do TJ o mais depressa possível. O Calderon joga demais, tem um dos arremessos mais tecnicamente impecáveis da NBA e nunca deperdiça a bola, foi cotado para ser All-Star na temporada passada e dessa vez terá todos os minutos que quiser. Perder isso na TV seria loucura, essa temporada é a grande chance de ver o Calderon finalmente alcançar a fama que merece.

Enquanto isso, o Chris Bosh vai poder pela primeira vez em sua existência deixar de jogar como pivô, posição da qual ele nunca foi lá muito fã. Isso porque Jermaine O’Neal está saudável e assumindo imediatamente o garrafão do Raptors. Os dois formam, pelo menos no papel, uma das melhores duplas de garrafão da NBA, atlética, técnica e, portanto, imperdível. Um time com novidades interessantes na armação e no garrafão tem nossa atenção garantida por uns tempos, no mínimo, só pelo fator novidade. Copiar um pouco o estilo veloz do antigo Suns também conta.

Além disso, o ala Andrea Bargnani teve uma ótima pré-temporada e dessa vez deve até mesmo ficar alguns segundos em quadra quando o jogo estiver valendo, já pensou? Para quem acha que os italianos são bigodudos de macacão vermelho que comem uns cogumelos e começam a achar que precisam salvar princesas das garras de dinossauros verdes, o Bargnani é um ótimo motivo para acompanhar o Raptors, principalmente se ele se tornar realmente o novo Nowitzki, só que menos feio.

Motivos para não assistir:
Bosh e Jermaine é uma das duplas mais bacanudas da NBA, fato, mas também é uma das mais amaldiçoadas desde Pepê e Neném. O Bosh sempre tem problemas no pé e o Jermaine O’Neal era saudável na época em que o Atari tinha gráficos de ponta (quem não exclamou, fascinado em plenos anos 80, que o céu do jogo Enduro era “foto-realista”?). Então eventualmente um dos dois (ou os dois) vai acabar virando farofa, o que vai tirar muito a graça do time.

Por mas divertido que o Raptors seja, sem Bosh ou Jermaine o time volta a ser basicamente o que era na temporada passada, ou seja, um time instável e frágil, perdendo jogos tolos e nunca sendo realmente empolgante de assistir. A culpa deve ser provavelmente do Sam Mitchell, o pior técnico da NBA, e quem diabos quer ver o pior técnico fazendo merda sentado num pinico? Bem, talvez seja um fetiche do qual nem mesmo o Celtics pode dar conta, consigo imaginar uns malucos mais escatológicos assistindo ao Sam Mitchell trabalhar só pelo prazer da coisa. Mas com todo mundo saudável, acho que não tem como o resultado ser uma merda completa e vale ao menos uma assistida esporádica. Assista enquanto estão saudáveis. Ou seja, assim que a temporada começar, depois estamos nas mãos do Acaso.

New York Knicks

Motivos para assistir:
A raça humana, depois da Guerra Fria, se divide em dois pólos: os que estão torcendo a favor do novo Knicks e os que estão torcendo contra. Eu, por exemplo, estou torcendo a favor, mas não sou um militante fanático, veja bem. Já vi o novo Knicks jogar e achei uma porcaria, mas o time vem melhorando aos pouquinhos, entendendo o esquema de jogo e ficando mais capacitados fisicamente para aguentar a correria (menos o Eddy Curry, claro, que está ficando mais capacitado para aguentar a crise dos alimentos, estocando comida debaixo da pele). Eu pessoalmente não acho que o Knicks vá dar certo, ao menos não nos moldes atuais, mas aí está o maior motivo para assistir aos jogos: descobrir se eles vão feder ou se vão se recuperar.

Não tem erro, não importa para qual lado você esteja torcendo, não dá para perder os jogos dos pupilos do técnico Mike D’Antoni. O Suns já era uma das coisas mais insanamente divertidas de se ver, então se o Knicks der certo a diversão está garantida. Se der errado, bem, todo mundo vai querer dar uma olhada na piada para poder criticar e ter o que falar nas conversas de bar enquanto não começa o novo Big Brother Brasil e não rola nenhum sequestro ou criança voando pela janela.

Motivos para não assistir:
Quem não gostava do estilo do Suns não tem muitos motivos para ver o Knicks jogar. É como não gostar do Elvis e ir assistir a um show de um cover gordinho do sujeito, sofrimento puro. É que o Suns não defendia e parecia jogar no ataque sem pensar muito, coisa que ofende o pessoal que tem fetiche por basquete lento e defesa forte. É justo, nos tempos modernos a gente respeita todo mundo, pode até comer cocô.

Se o Knicks começar a perder, aí é que surgem mais motivos ainda para deixar esse estilo porra-louca para lá na hora de escolher que jogo ver. A graça da coisa é que com um basquete veloz os jogos variam muito, diferenças gigantes de pontos são abertas e perdidas em questão de poucos minutos, toda partida está aberta e é emocionante. Se o Knicks faz isso e perde sempre, os jogos vão ser um porre. E o Marbury vai pirar de um dia para o outro, dizer que quer jogar na Finlândia e sumir uns dias, só pra deixar o clima da equipe bem bacana, bem “Família Scolari”.

New Jersey Nets

Motivos para assistir:
Em geral, times em reconstrução são a coisa mais chata da Terra, só perdendo para shows de mímica. É estranho, então, dizer que o maior motivo para assistir ao Nets é justamente eles serem um time em reconstrução. Sem Kidd e com Richard Jefferson recentemente trocado para o Bucks, quem sobrou no barco (furado) foi o Vince Carter, que parece atrair esse tipo de situação, coitado. Mas acontece que o Carter parece ter abraçado bem o papel de estrela experiente que ajuda a pirralhada, e o berçário de New Jersey é um dos mais interessantes e divertidos da NBA. O Devin Harris tem tudo para ser um All-Star e pode levar esse time nas costas, Vince Carter ainda é um excelente pontuador, Yi Jianlian costuma feder mas tem toneladas de potencial, os homens de garrafão são todos talentosos mas ainda não fazem a barba, e até o novato da equipe, Brook Lopez, é um poço de talento bruto e destruiu na pré-temporada.

Pode ser questão de gosto pessoal, mas enquanto fujo de times ruins que estão tentando reconstruir a equipe, estou ansioso para ver o Nets jogar. Eles vão feder, vão ter seus traseiros chutados, mas o elenco é irresistivelmente jovem e inegavelmente cheio de talento. É tipo ficar amarradão naquela garota gorda sabendo que, por trás de todo aquele tecido adiposo, existe uma garota maravilhosa escondida. E eu tô amarradão. No Nets, por favor, não numa gorda.

Motivos para não assistir:
Por mais simpático que seja acompanhar um monte de crianças talentosas buscando seu lugar num mundo de gente grande (parece roteiro de Seção da Tarde), uma hora enche o saco ver um time que só apanha. Os caras talentosos começam a parecer burros porque vão sempre cometendo os mesmos erros, o excesso de derrotas vai acabando com o ânimo da equipe e aí fica aquele clima de “preferia ter um caso com a Preta Gil do que estar aqui nessa budega”. E de deprimente basta a vida, ninguém quer ficar vendo um time fracassado lamentando pelos cantos, a não ser depois de acabar namoro porque aí é hora de curtir uma fossa, ouvir música emo e assistir ao Nets choramingar as derrotas.

Outro motivo para fugir do Nets é seu técnico, o Lawrence Frank. Ele é um nerd de basquete, estudioso e bem preparado, que não consegue fazer nada que funcione e tem as rotações mais idiotas possíveis. Então é bem provável que vários jogadores com potencial fiquem sentados no banco, contra toda a lógica e o bom senso, e assistir ao Nets seja uma completa tortura.

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