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Elton Brand, feliz da vida por abandonar o time mais macumbado de toda a NBA

Hoje foi o primeiro dia em que os times puderam abrir as carteiras e contratar Free Agents (não sabe o que significa isso, então dê uma olhada na aulinha da tia Juliana Silveira). Como sempre, os times não perdem tempo e tacam contratos multimilionários pra tudo quanto é lado, tornando o primeiro dia sempre confuso e movimentado. Como única certeza, ao menos na minha cabeça, estava o fato de que Baron Davis e Elton Brand se uniriam no time mais amaldiçoado da NBA, o Los Angeles Clippers. Como escrevi uns dias atrás, o Brand é um sujeito simpático e camarada que, após passar toda a última temporada contundido, deu todos os sinais possíveis de que continuaria no Clippers como “retribuição”. Diz a lenda que ele, pessoalmente, disse esperar que seu time fosse atrás de Baron Davis para que os dois pudessem jogar juntos, e essa foi a primeira coisa que o time de Los Angeles fez. Com Baron Davis na equipe e uma oferta de mais de 70 milhões, tudo levava a crer que Brand ia se manter no mesmo time, certo? Certo? Errado. Esqueça todas as minhas alegações sobre o caráter do Brand, sobre sua lealdade com o time que deve estar em cima de um cemitério indígena, esqueça minha idéia de tomar um cafezinho com o sujeito “porque ele parece um cara legal”. Algumas horas e 82 milhões de dólares depois, Elton Brand já estava tirando fotos com a camiseta do Philadelphia 76ers.

Oras, não tem como culpar o cara. Dedicou os melhores anos da sua carreira a uma equipe amaldiçoada demais para conseguir sequer se classificar para os playoffs, e suas médias altíssimas ficaram apagadas, isoladas do grande público porque ninguém dá a mínima para o Clippers. Talvez pudesse haver gente chamando Elton Brand de um dos melhores alas de força de todos os tempos se ele não tivesse gastado tanto tempo no primo pobre do Lakers. Ir para o Sixers é uma escolha coerente, interessante, e traz para o Brand um destaque merecido. Mas, diabos, não precisava ter iludido o pobre coraçãozinho do Clippers! Tá bom, você pode ir embora, falar que arranjou outra mulher, mas não precisa passar a última semana com sua futura ex dizendo que a ama e que vai passar o resto da sua vida com ela, né? Isso é um bocado cruel.

Não consigo deixar de sentir pena do Clippers. Faz parte da natureza humana torcer pelo mais fraco (por isso sempre digo que os torcedores do Spurs não são humanos) e finalmente a franquia menos favorecida de Los Angeles dava sinal de que daria a volta por cima, com chances de fazer barulho no Oeste. Parecia bom demais para ser verdade uma equipe formada por Baron Davis, o novato Eric Gordon, o segundo-anista Al Thornton, Elton Brand e Chris Kaman. Preocupado com a maldição do Clippers, eu já estava pensando nas contusões de Baron Davis, num acidente de avião, na explosão do ginásio da equipe. Mas aconteceu algo pior: Elton Brand caiu na real e deu o fora de lá antes que algo pudesse der errado.

Se por um lado é triste deixar um time jovem com Baron Davis e Chris Kaman, por outro lado Elton Brand está indo para um time com reais chances de escalar até o topo do Leste. Primeiro, porque é o Leste, oras, e lá até o Fluminense tem chance. Segundo, porque o time também é jovem, cheio de potencial, e liderado pelos Andrés, o Andre Miller e o Andre Iguodala. Quer dizer, isso se o Iguodala continuar no Sixers, o que deve acontecer mas, hoje em dia, não tem como ter certeza de nada. Se ficar, o Iggy poderá finalmente ser o Robin, cargo que lhe pertence. Não porque ele usa cuecas por cima da calça ou porque parece que vai posar para uma revista de pedofilia gay, mas porque ele é um jogador completo incapaz de criar o próprio arremesso. Com Elton Brand, Iggy não tem mais a obrigação moral de fazer tudo sozinho, de carregar o time nas costas, e pode descansar um pouco na cadeira. Tudo com um salário de estrela, claro, porque disso ele com certeza não abre mão. As viúvas do Iverson podem começar a salivar: um armador consciente em Andre Miller, um reserva explosivo em Louis Williams, um dos melhores carregadores de piano em Iguodala, um dos melhores alas de força de todos os tempos em Elton Brand (sim, eu acho, mas não espalhem por aí porque vai gerar polêmica), um ala jovem e competente em Thaddeous Young, e um pivô completamente sem talento mas bom defensor em Dalembert (oras, não se pode ter tudo!). Se eles deram trabalho pra burro nos playoffs sendo completamente medianos, como podem se sair com uma verdadeira estrela fazendo pontos no garrafão?

Destaque também para a troca que o Sixers teve que fazer para arrumar espaço salarial para tacar essa oferta na cabeça do Elton Brand. Mandaram para o Wolves o reserva Rodney Carney, o pivô veterano e imprestável Calvin Booth, uma escolha de primeira rodada de draft e ainda uns tufos de grana em troca de uma escolha de segunda rodada. Você leu bem, um pacote recheado em troca de uma mísera escolha de segunda rodada. Imagino o telefonema do Sixers: “Pelamordedeus, aceita esses jogadores aqui, a gente faz qualquer coisa, te mando até minha mulher, mas se a gente demorar mais cinco minutos podemos perder o Elton Brand.”

Tá bom, o Sixers pode dar espetáculo nos playoffs do Leste. Mas e o Clippers, como fica? Elton Brand deu o fora e o reserva Corey Maggette, de quem eu gosto tanto, acabou de assinar um contrato de 5 anos por 50 milhões com o Warriors. O time de Golden State não precisava do milésimo ala, mas roubar um bom jogador do time que lhes roubou o Baron Davis deve ter um gostinho todo especial. Maggette tem um talento mutante para cavar faltas e criar pontos mesmo quando tudo mais está dando errado, o que é muito diferente do fetiche maluco de todo mundo no Warriors por ficar arremessando do meio da quadra, e por isso mesmo sua ajuda para a equipe será grande. Mas o time ainda não tem um armador (nem titular, nem reserva) e continua parecendo um time de pigmeus. Além disso, perdeu o reserva Mickael Pietrus.

O francês Pietrus era “o Jordan francês” quando foi draftado e não poupou declarações nos últimos anos reclamando não só da mentalidade derrotista da equipe mas também de seu papel de reserva. Por ser um bom defensor, Pietrus devia ser encarado no Warriors como aquele gordinho cheio de espinhas que senta no fundo da sala de aula jogando Pokémon. Com um contrato de 4 anos e 25 milhões de doletas oferecido pelo Magic, Pietrus finalmente poderá ser titular, arremessar de trás da linha de 3 pontos como sua origem em Golden State exige, e ainda jogar na defesa e não ser criticado por isso. Baita negócio pro francês.

Outro que mudou de time foi James Jones, que estava no banco do Blazers. O rapaz é um dos melhores arremessadores de 3 pontos de toda a NBA, mas seu arremesso é bastante seletivo, ele não chuta como um débil mental, e isso é raro. Acho uma pena o Blazers perder um arremessador como esses já que eles vão ser campeões da NBA pelos próximos 15 anos, mas eles têm talento o bastante para compensar essa perda. Para o James Jones, a ida para o Heat (com um contrato de 22 milhões por 5 anos) é uma chance de ter mais minutos, ser uma peça importante do elenco e, porque não, continuar vencendo. Esse novo Heat tem tudo para chutar uns traseiros. Para quem está acompanhando a Summer League de Orlando (seja ao vivo, seja aqui na nossa cobertura do Bola Presa), Michael Beasley começou com tudo e o também novato Mario Chalmers está parecendo um dos melhores calouros do ano. Amanhã, o Bola Presa continua de olho nele e nos outros participantes da primeira Liga de Verão do ano para você não perder nada!

Agora, depois de um primeiro dia tão movimentado no mundo dos Free Agents, poucos jogadores ainda estão sem equipe. O caso mais interessante é o Josh Smith, uma das estrelas do surpreendente Atlanta Hawks. Smith estava sendo agressivamente abordado pelo Sixers, incluindo visitas à Philadelphia, conversas com o prefeito, passeios pelas dependências da franquia. Com a chance de agarrar Elton Brand, o Sixers gritou um belo “foda-se o Josh Smith, quem precisa de mais um cara que só sabe defender e enterrar?” e deixou o fedelho para lá. Nos próximos dias, devemos descobrir o que acontecerá com ele. Continuará no Hawks ou será o bilionésimo ala do Warriors? O que você acha?

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