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Gasol no Lakers: mais apelação do que jogar Street Fighter com controle turbo

Então é isso, meninos e meninas. É o fim da temporada regular. Hora de todo mundo lembrar das previsões que fez há meses atrás, durante a pré-temporada, e esfregar na cara dos outros tudo aquilo que acertou. Ninguém quer lembrar, no entanto, daquela vez em que disse que o Bulls iria ser campeão do Leste, que o Celtics ia ter duelos de ego e demorar para engrenar, que o Houston sem Yao Ming ia ficar de fora dos playoffs, que o Shaq ia arruinar o Suns, que o Darius Miles ia finalmente voltar da sua contusão (ao contrário, ele foi mandado embora ontem depois que testes médicos provaram que ele não tem mais como continuar sua carreira) e coisas assim.

Com isso, vou fingir que me esqueci de todas as previsões furadas que eu fiz ao longo da temporada (façam a gentileza de não me relembrarem na caixa de comentários, por favor) e vou me ater apenas a uma, em especial, que acertei. Na época, fui criticado, aloprado, tacaram tomates em mim quando eu saia pelas ruas. Um certo leitor até apostou uma certa camiseta nos comentários daquele post. (ainda se lembra disso, LPS?) Mas do que se tratava a coluna, afinal?

É que, depois do terceiro jogo do Lakers na temporada, eu afirmei que o time de Los Angeles parecia se encaminhar para o topo do Oeste num futuro bem próximo. Isso, naquele momento, com Lamar Odom machucado, sem Bynum ter ainda mostrado seu potencial de dominar um punhado de jogos, e sem a troca mamão-com-açúcar do Gasol ter acontecido. Ou seja, se eles chutaram uns traseiros sem Odom e sem Gasol, não é surpresa alguma que tenham se mantido no topo do Oeste ainda que alternando contusões de todos os principais jogadores.

O elenco do Lakers se mostrou, desde o primeiro jogo, mais profundo e mais sólido do que se podia imaginar. O Kobe pediu tanto por ajuda e a ajuda veio, mas não da forma que se esperava. Ninguém novo surgiu em Los Angeles, mas as velhas peças, novas em idade, simplesmente evoluíram de uma temporada para outra. O Bynum mostrou que toda a confiança nele demonstrada pelos dirigentes tinha fundamento, bastando apenas alguns anos para que ele seja um dos pivôs mais dominantes da NBA. O banco de reservas se mostrou, subitamente, cheio de peças importantes capazes de manter o nível do elenco: Farmar, Vujacic, até o ogro do Turiaf. A gota d’água foi que até o Radmanovic, que havia se esquecido de como amarrar o cadarço do tênis, se lembrou de como jogar basquete. Claro que tudo isso tem a ver com treinamento, potencial, esforço, mas – méritos para quem merece – também tem muito a ver com o poder de um ano a mais sob a tutela de Phil Jackson. No terceiro jogo da temporada, contra o Suns, era óbvio que, seja qual jogador do Lakers estivesse em quadra, se encontrava plenamente inserido e à vontade com o sistema de triângulos do legendário técnico zen. Um elenco em que todos são capazes de entrar e contribuir, sentindo fazer parte de um esquema englobante, faz com que as contusões não sejam tão sentidas. O time se segurou sem Lamar Odom, e depois se segurou (como deu, claro) sem Andrew Bynum. Tinha tudo para ficar no topo do Oeste, mas com topo eu quero dizer, segundo meu próprio dicionário: “topo, substantivo masculino: região geral de elevação, que no caso da NBA engloba todas as posições que mantém mando de quadra nos playoffs, ou seja, as quatro primeiras de cada conferência.” Eu esperava um Lakers lutando até os últimos jogos pela quarta colocações no Oeste, o que fazia muito sentido para um time completo, surpreendente, mas combatendo contusões. A vinda de Trevor Ariza para o Lakers, uma troca sutil e maravilhosamente inteligente, pouco rendeu resultados porque o bicho da contusão mordeu o pobre do Ariza mais rápido do que mosquito da dengue no Rio de Janeiro.

Com tantas contusões, nem o “Kobe versão 81 pontos” poderia segurar as pontas. Era preciso um time equilibrado em que todos fossem envolvidos, e o Kobe também sabe jogar assim. Estava tudo lindo, uma bela história Hollywoodiana para um filme em que o Kobe seria interpretado pelo Will Smith: um time considerado fadado a ficar de fora dos playoffs se supera, com o esforço de todos, a estrela da equipe passa a jogar um basquete mais coletivo, ganha o prêmio de MVP e, apesar das contusões e dificuldades, seu time consegue mando de quadra no último jogo da temporada, recebendo a admiração mundial e com todo mundo esquecendo o tal caso de estupro. Já estou até enxugando as lágrimas.

Mas aí o filme foi por água abaixo. Foi como estar bem num jogo de videogame e aí usar um código pra ter vida infinita mesmo assim (código para os vovôs, como eu, e GameShark para a novíssima geração): Pau Gasol foi mandado para Los Angeles. Se ele ainda tivesse demorado para se encaixar no time, teria até dado graça. Mas não, o sujeito caiu para o Lakers como uma luva, absorveu os conceitos táticos com uma inteligência tal que chega a ser constrangedor para o Kwame Brown, que até hoje deve estar tentando entender que um triângulo tem três lados.

Sim, o Gasol também se contundiu, porque a temporada do Lakers tinha que ser épica mesmo assim. Mas a sensação geral é de que sem Gasol o time de Kobe e seus amigos não teria chegado ao primeiro lugar do Oeste. E é essa impressão, arbitrária mas impossível de descartar, que deve levar o Kobe a perder muitos votos para o prêmio de MVP, que aliás, como eu já disse há um tempo atrás, é um prêmio idiota e que pouco importa. Os torcedores do Lakers deveriam se preocupar menos com isso do que a gente se preocupa com o que aconteceu com aquele participante gordinho da segunda edição do Big Brother. Sabe o que realmente importa? Ser o primeiro colocado do Oeste. Enfrentar a defesa patética do Denver Nuggets nos playoffs, tendo mando de quadra. Aguardar a volta de Andrew Bynum. Sonhar com o título da Conferência Oeste. Se preparar para o Celtics.

E mais do que isso: imaginar como vai ser esse time para a próxima temporada, com mais um ano de Phil Jackson na cabeça de todo o elenco, e salivar com a idéia de ter Kobe, Odom, Gasol e Bynum em quadra desde o primeiro dia, na primeira partida. Se não houver contusões, há alguma dúvida de que o Lakers é o favorito para escalar o Oeste novamente? E, caso as contusões voltem, será o bastante para desestabilizar uma equipe que provou, nessa temporada, que pode passar por cima de tudo?

Mas não pense que os playoffs se resumem apenas ao Lakers em primeiro do Oeste. Preparem-se para uma cobertura doentia dos playoffs aqui no Bola Presa, com toneladas de posts por dia, cobertura ao vivo e novidades incríveis muito em breve! Aguardem, mais rápido do que vocês ouvirão “menina-Isabela” mais 30 vezes, uma análise da rodada de ontem e dos principais confrontos nos playoffs que já estão dando água na boca. Nham! Os playoffs começam no sábado, então não desgrudem o olho do computador!

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