>Punidos

>

O Rose só está sorrindo porque ainda não olhou pra trás
Com a data limite para trocas se aproximando, o Chicago Bulls foi um dos times que se mexeu para conseguir dinheiro e tentar contratar uma estrela na temporada que vem. São tantas estrelas terminando contratos ao fim dessa temporada que até minha mãe está juntando uns trocados pra ver se consegue trazer alguma delas para ajudar na cozinha. O plano, no entanto, é bastante complicado. Já escrevi aqui sobre como o Knicks, que está apostando todas as suas fichas nas próximas contratações, tem grandes chances de ficar chupando o dedo (e chance nenhuma de contratar o LeBron, por exemplo). Não é das melhores ideias confiar tanto numa grande contratação, especialmente quando você tem algo a perder. Se for o Nets, aí tudo bem, deixa eles até demolirem o ginásio pra tentar contratar alguém que saiba jogar basquete. Mas quando você se livra de um jogador bom, que ajuda o seu time, apenas para ganhar umas verdinhas e investir temporada que vem, colocando em risco essa temporada que acontece agora, aí o deus do basquete pune.
O Jazz, por exemplo, se livrou do ótimo novato Eric Maynor e do então titular Ronnie Brewer só para salvar umas moedas no porquinho. Eles vão para os playoffs, é bem possível que até tenham mando de quadra, mas esse lance de se livrar de jogadores a troco de nada não vai sair barato. Se não rolar uma eliminação na primeira rodada dos playoffs, pode apostar que o Boozer vai embora na temporada que vem e o Jazz não vai conseguir contratar ninguém com o dinheiro, pra aprenderem a não ser idiotas (e a não ter torcedores tão chatos, mas isso não vem ao caso). Já o Bulls está sendo punido pelo deus do basquete de maneira mais imediata: sequer vai aos playoffs esse ano.
Primeiro foi a troca do Tyrus Thomas, que mesmo tendo enfrentado várias contusões ao longo da temporada, pelo menos era um corpo atlético no garrafão do Bulls distribuindo tocos e enterradas a torto e a direito. No seu lugar, vieram dois armadores (Flip Murray e Acie Law) que não seriam nem figurantes na “Turma do Didi”. Depois veio a troca que merecia mais punição: John Salmons foi para o Bucks enquanto o Bulls recebeu os contratos expirantes de Hakim Warrick e Joe Alexander. O Warrick é até bom, não me entendam mal, mas ele é um tanto baixo e não defende bulhufas, enquanto o Joe Alexander sequer jogou na temporada graças a uma série de contusões. O coitado do John Salmons não merecia ser mandado embora só pra economizar 5 milhões, dinheiro que hoje em dia não compra nem um Big Mac com batatas grandes e um suco de frutas vermelhas (o McDonald’s fica cada vez mais caro, é ridículo, e só paro de difamá-los quando resolverem mandar dinheiro para minha conta – é tipo quando a máfia cobra por proteção, só que na área da propaganda).
O John Salmons já pode fazer parte oficialmente do “Clube Drew Gooden” para bons jogadores que, apesar de serem valiosos para qualquer time, são mandados de time para time como se fossem uma gonorreia que ninguém quer pegar. O Salmons tinha chutado traseiros no Kings com a contusão do Kevin Martin na temporada passada, mas assim que o Martin voltou lá foi o Salmons de volta para o banco, quase nem entrando mais em quadra. Lembro de ler uma reclamação do Salmons na imprensa, ele não pedia mais minutos, exigia simplesmente “respeito”. Bonito. Loguinho foi mandado para o Bulls com uma cartinha de “era um ótimo jogador mas nossos planos são outros”. Porque, claro, os planos do Kings são perder.
No Bulls o Salmons foi a garantia de que o time poderia manter o poder ofensivo mesmo com a saída da porcaria do Ben Gordon, que agora foi feder em outro lugar, e ainda tinha o bônus do Salmons saber defender, pegar rebotes e passar a bola (ou seja, ele é um mamífero bípede que joga basquete, não um anão com compulsão por arremessos). Não é espetacular em nada, mas é um bom pontuador e tem atuações sólidas, constantes. Nem que fosse pra ter no banco, era uma peça valiosa para o elenco muitas vezes inconstante e cheirando a bunda de bebê do Bulls. Mas não, apesar de jogar bem durante toda a temporada, foi mandado para o Bucks que precisava de alguém para substituir o Redd, contundido.
Desde que o Salmons chegou no Bucks, o time ganhou 14 partidas e perdeu apenas duas, disparando com certa folga para o quinto lugar do Leste. O Denis escreveu sobre como o Bucks é uma das maiores surpresas do ano e um dos times mais embalados dessa fase final de temporada (o que contrasta com a gente, que nesse final de temporada fica desinteressado, esperando os playoffs, e o Bola Presa ganha algumas teias de aranha porque a vida aperta – somos como formigas fazendo as coisas correndo antes do inverno dos playoffs chegar, com a diferença que ao invés de trabalhar juntando comida, em geral vamos dormir. Talvez a melhor comparação fosse com ursos hibernando, mas enfim, deixa pra lá).
Já o Bulls sem Salmons e Tyrus Thomas tomou em cheio uma punição divina: Luol Deng (que poderia ser substituído pelo Salmons) se contundiu e deve ficar fora o resto da temporada; Joaquim Noah, último pivô da equipe, após a saída do Tyrus Thomas, com menos de 400 anos de idade (Brad Miller, estou olhando pra você) passou 9 jogos contundido; e como cereja do bolo de merda o Derrick Rose ainda passou 4 jogos fora.
O Bulls perdeu todos os 4 jogos sem o Derrick Rose e todos os 9 jogos sem o Noah. Ao todo, foram 10 derrotas seguidas, algo que não acontecia desde 2001, quando o Eddy Curry ainda era novinho e não tinha engolido as Torres Gêmeas do World Trade Center (ele engoliria no final daquele ano, os aviões foram só computação gráfica). O recorde total sem o John Salmons é de 5 vitórias e 11 derrotas, o bastante para que eles sejam chutados para fora da zona de playoff sem muitas chances de retorno – principalmente porque o Salmons está num concorrente direto ganhando partida atrás de partida.
Alguém precisa me explicar porque jogadores tão valiosos, que cumprem bem suas funções, são tão menosprezados e mandados embora de seus times o tempo inteiro. Parece que a NBA se tornou um pouco obcecada demais com estrelas. Mais do que montar bons times e ganhar dinheiro indo para os playoffs, lotando ginásios com times vencedores, a NBA agora prefere investir em grandes estrelas que rendam camisetas, outdoors, lotem ginásios – e percam mesmo assim. Até mesmo do ponto de vista empresarial, pensem em quanta grana o Bulls não vai perder ao deixar de ir para os playoffs. Seriam várias transmissões de TV, ginásios lotados, torcedores empolgados comprando produtos e enfiando cachorro-quente nas orelhas (costuma acontecer depois da terceira cerveja). O Bobcats pode ser o time mais sem graça do mundo, mas eles provavelmente estarão nos playoffs e sua maior estrela é o dono, na arquibancada, balançando a cabeça em desaprovação com as cagadas da equipe (vi o Jordan no ginásio, indignado, nas últimas duas partidas da equipe – duas derrotas). O Houston sem estrelas estaria nos playoffs se estivesse no Leste, mas aí é só dor de cotovelo mesmo, que meu time não vai conseguir alcançar o Blazers no Oeste nem fodendo. Mas o ponto aqui é que nesse desespero por tornar as equipes da NBA rentáveis em período de crise, talvez fosse mais prudente montar times sólidos com bons carregadores de piano e um bom técnico do que ficar economizando grana para dar um contrato biliardário para alguém na temporada que vem e torcer para ganhar dinheiro com propaganda de suco com bolhas dentro. Isso, claro, se as estrelas que querem contratos biliardários toparem ir jogar por lá. Se fosse pra escolher um time, eu iria preferir o Bucks (com um jovem núcleo e experiência nos playoffs) do que o Bulls, capengando pela tabela. O mesmo vale para o Knicks, claro, por que uma estrela se sujeitaria a um time tão pelado, sem jogador nenhum em nenhuma área? A essas equipes, resta apostar no poder da cidade, do mercado, do jogador querer ganhar uma grana com propagandas, lotar ginásios mesmo com um time que fede. Essa seria a única chance do Knicks, afinal, como mostra esse vídeo aqui, Cleveland é uma cidade tão porcaria que virou até piada. Mas, como diz o vídeo, ao menos eles não são Detroit. O mesmo vale na NBA: pior do que ter dinheiro guardado e rezar para uma estrela ir jogar pra você, é ter gastado todo o dinheiro num par de jogadores mequetrefes. Pois é, Bulls e Knicks: pelo menos vocês não são o Detroit.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.