>Quase lá (Quase!)

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Essas crianças…

No preview que fizemos do Oklahoma City Thunder alertamos sobre a maldição do técnico do ano. Sempre quem ganha o prêmio é demitido pouco tempo depois. Os fantasmas já começaram a assustar nas primeiras semanas da temporada quando o Thunder, candidato de muita gente a ser Top 3 no Oeste, não parecia empolgar tanto assim. Nos primeiros 9 jogos foram 5 vitórias e 4 derrotas, entre esses jogos alguns resultados bem desanimadores: Ganharam do Detroit Pistons só com uma cesta no último segundo, foram o único time a conseguir perder para o Clippers até agora, tiveram derrotas elásticas para Spurs e Jazz e sofreram mais do que um time de elite deveria para passar pelo Sixers.

A primeira questão que me passou pela cabeça foi se estávamos analisando o real Oklahoma City Thunder, aquele que se classificou em oitavo no ano passado e praticamente não mudou o time para esse ano, ou o Thunder que a gente esperava ver nesse ano. Precisamos separar as nossas expectativas e ver o que é uma piora do time em relação ao time do ano passado e o que é simplesmente coisa da nossa cabeça. Afinal, um dos grandes motivos de demissão de técnicos após o prêmio de melhor do ano é a expectativa de crescimento. Geralmente o vencedor leva o maior número de votos por fazer muito com um time limitado e depois não é capaz de ir além desse limite.

Uma coisa que parece ter atingido o seu limite é o ataque do Thunder. Desde a temporada passada eles são muito limitados na criação das jogadas. As variações são:
1. Isolar o Kevin Durant e deixar ele fazer o que quiser.
2. Deixar o Russell Westbrook segurando a bola até o Durant conseguir espaço para o arremesso
3. Infiltração do Westbrook
4. Alguém fica livre para arremessar depois que o outro time descobre que só precisa marcar dois jogadores

Não que dê exatamente errado. Foi assim que tiveram o 12º melhor ataque da temporada passada e tem o 6º melhor nesse ano, com a dupla Durant/Westbrook sendo a que mais pontua na NBA, à frente de outras potências como Ellis/Curry, Kobe/Gasol e LeBron/Wade. O problema está na previsibilidade e no problema que uma contusão poderia causar. Imagina se o Durant se machuca? Pois bem, ele se machucou e ontem eles pegaram o Celtics fora de casa, parecia uma derrota certa. Até Jeff Green, o terceiro cestinha do time com impressionantes 18 pontos por jogo, está machucado. Mas bizarramente venceram. Foi um jogo estranho: no primeiro tempo eles jogaram pela primeira vez como um time, envolvendo todos os outros jogadores e até executando jogadas. Mas no segundo tempo voltaram ao seu normal e só derrotaram os verdes porque estes fizeram o seu pior jogo no ano, conseguiram perder mesmo com o Thunder não fazendo nenhuma cesta nos últimos 9 minutos de jogo! Foram 9 longos minutos assistindo o Westbrook forçar arremessos que até o JR Smith perceberia que são idiotas. Eram 23 segundos batendo bola no meio da quadra esperando o nada acontecer. Infelizmente esse quarto período estático é mais comum do que o primeiro tempo inspirado e coletivo.

Não esqueçamos de algumas culpas individuais também: James Harden, terceira escolha no Draft do ano passado, teve um ano de novato bem discreto mas eficiente, já nesse ano, ao invés de melhorar, despencou de qualidade. Não tem acertado as suas bolas de longe e é inseguro e afobado nas infiltrações. Não é o desafogo ofensivo do banco de reservas que o técnico Scott Brooks esperava e ontem, na primeira vez que foi titular na carreira, teve uma atuação horrível.

O grande trunfo deles para conseguir ter um ataque tão bom mesmo com um sistema tão pobre tem sido os lances livres. Eles cobram 31 lances livres por jogo, lideram a NBA nesse aspecto e, o mais surpreendente, lideram também em aproveitamento de lances livres, com 87,6%! Sério, eu nunca vi um time acertar tanto na minha vida! O recorde da história da NBA é 83% pelo Celtics de 1989-90. Ontem foi esse o segredo para bater o Celtics, cobraram 32 lances livres, acertaram 27 e só daí tiraram seus pontos na segunda metade do terceiro quarto e no decisivo último período. O time inteiro é agressivo e procura o contato, coloca os adversários em problemas de falta logo e todo mundo, do armador ao pivô, tem bom aproveitamento. A velha teoria do “faça faltas, não dê bandejas de graça e faça eles merecerem os pontos no lance livre” que tanto treinador e comentarista por aí prega não funciona direito contra o Thunder.

Uma grata surpresa no ataque do Thunder tem sido o Air Congo, o ala de força Serge Ibaka. Ele foi draftado há dois anos, passou uma temporada na Europa por ser ainda muito cru para a NBA e no ano passado entrou para a NBA. Rendia bem nos poucos minutos que atuava mas ainda era fim de banco, se destacou na série de playoff contra o Lakers e nesse ano ganhou uma chance de ouro quando seus dois concorrentes por minutos, Jeff Green e Nick Collison, se machucaram. Como titular tem tido médias de 13 pontos, 8,5 rebotes e 2,7 tocos por jogo! A média geral dele de tocos, contando os jogos como reserva, é de 2,4, o que o coloca em sétimo lugar em toda a NBA, na frente de caras como Emeka Okafor e Tim Duncan.

Antes de entrar na NBA comparavam o Ibaka com o lendário Shawn Kemp. A comparação era, acima de tudo, pelas enterradas. E abaixo está um ótimo exemplo.

Essa impulsão e abertura de pernas não lembra muito a famosa “Lister Blister“, a primeira enterrada do insano vídeo abaixo do Kemp? (Ela é, diga-se de passagem, a minha enterrada favorita em todos os tempos)

Mas mesmo com as enterradas sendo a parte mais empolgante do seu jogo, Ibaka ganhou seus minutos em quadra com seus tocos e seus arremessos de meia distância. O pivô Nenad Krstic só é titular porque dá essa opção de arremesso, mesmo sendo inútil no resto do jogo, imagina como foi a grata surpresa de todos ao ver que esse cara que todo mundo só via como uma máquina de enterrar desenvolveu um toque suave para arremessos também. São impressionantes 67% de aproveitamento em bolas longas de 2, muito acima dos 39% do ano passado. Ele ainda acerta 57% dos arremessos curtos e 73% (contra 61% do ano passado) das finalizações no aro. É o jogador perfeito para sobrar livre e arremessar depois dos ataques de Westbrook e Durant, ontem o Celtics pagou um preço caro por deixá-lo arremessar quando bem entendesse.

Dá pra dizer com alguma certeza que a presença do Ibaka no time titular e a calma do time em decidir jogos mesmo quando estão jogando mal é a razão para eles estarem com 8 vitórias e 4 derrotas. Estranho e impressionante um time tão jovem ter essa qualidade de vencer mesmo quando não está jogando o seu melhor basquete.

O problema do Thunder que não é herança do ano passado é a defesa. Na temporada passada foram a 9ª mais eficiente da NBA, mas depois desses primeiros 12 jogos são a 6ª pior! Eu cheguei a achar que o ataque muito precipitado e mal armado pudesse proporcionar muitas chances de contra-ataque, mas não é isso, eles são um dos melhores times da NBA em evitar pontos assim. Em compensação são o 5º pior time em ceder pontos dentro do garrafão. A presença de Serge Ibaka no lugar de Jeff Green ajudou a melhorar essa situação, mas ainda é muito confortável para os adversários atacar Nenad Krstic, sem contar que Ibaka às vezes é meio Marcus Camby, imperssiona nos tocos mas nem sempre se posiciona no lugar certo e sua afobação por conseguir o próximo bloqueio às vezes só atrapalha.

O Thunder é o terceiro time que mais toma pontos em cestas de dois pontos e o quinto que menos toma cestas de três. Essa disparidade tem duas razões: Westbrook e Thabo Sefolosha, os melhores defensores da equipe, jogam no perímetro. E depois porque quando se tem espaço no garrafão o natural é até tentar menos cestas de três e ganhar os pontos lá dentro, é contra o Thunder que os times menos tentam arremessos de longe, 14 tentativas de bolas de 3 por jogo. Não coloco Durant na lista dos bons defensores do time porque acho que ele não tem feito um bom trabalho nesse ano, tem um número que mostra como o time defende melhor sem o KD e de como mesmo assim ele é indispensável: Com ele em quadra o Thunder toma 18 pontos a mais a cada 100 posses de bola se comparado com as outras formações que tem o Durant no banco. Em compensação quando ele joga o time faz 27 pontos a mais no ataque. É uma senhora compensação.

Um dos jogadores que fazia a diferença no ano passado no setor defensivo e que fez falta até agora foi o Nick Collison. Ele faz, pelo menos na minha opinião, junto com Anderson Varejão e Glen Davis, a trinca de melhores cavadores de falta de ataque da NBA. Eles estão sempre no lugar certo na hora certa para tomar a trombada, em um time que sofre com tantas infiltrações ele é essencial. Sem contar que tem o QI defensivo que o Ibaka ainda está longe de encontrar.

Para o Oklahoma City Thunder se tornar a potência do Oeste que a gente sonhava antes da temporada começar, algumas coisas tem que mudar. A primeira é a defesa, que não pode ser tão fraca, isso é o ponto central. E a segunda é o próprio elenco. O Jeff Green é um jogador versátil e muito bom, mas completamente dispensável nesse time. Ele é bom demais para ser um reserva com poucos minutos, sua presença como ala de força só atrai mais ataque ao garrafão e mina os minutos do promissor Ibaka. Na posição três já tem Durant. Deveriam aproveitar que o Green é muito bom e simplesmente trocá-lo. Eles podem muito bem usar esse ótimo talento como isca para buscar mais arremessadores de três e uma presença defensiva no garrafão, talvez até um cara com mais experiência.

O Nuggets está cada vez mais próximo de trocar o Carmelo Anthony, mas o Melo quer ir para Nova York e uma troca direta com eles não vai acontecer, eles estão apenas procurando um terceiro time para fechar a conta. Como o Denver quer um cara para repôr Melo, que tal Jeff Green? Jovem, talentoso, pode fazer 20 pontos por jogo numa boa. Aí era só caçar algum jogador de garrafão no Nuggets e/ou no Knicks para fortalecer a defesa do Thunder. É só uma idéia no ar, mas o Thunder pode estar a um bom defensor de garrafão da elite em que a gente imaginava que eles já estavam.

…..
Curiosidade tola: Lembram que o Dikembe Mutombo, o congolês mais famoso da história da NBA, tinha um nome gigantesco? Era Dikembe Mutombo Mpolondo Mukamba Jean-Jacques Wamutombo. O seu compatriota Ibaka não fica muito longe, seu nome completo é Sergeballu LaMu Sayonga Loom Walahas Jonas Hugo Ibaka. Transborda de tanta força nominal! Arrasa lá, Hugão!

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