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O jogo, no entanto, começou num alto nível ofensivo e o Celtics mostrou quem é sua maior arma: o armador Rajon Rondo. Tinha uns outros caras de verde lá também, uns tais de Garnett, Allen e Pierce, mas não me lembro direito deles e acho que a torcida nem deve ter percebido que estavam ali. Depois que o Rondo fez 10 pontos seguidos no início do primeiro quarto, com direito a um par de jogadas absurdas, os outros jogadores de verde começaram a esquentar. Mas aí já era tarde e a torcida de Boston já comentava nas arquibancadas: “esses amiguinhos do Rondo aí jogam bem, né?”
Naquele time absurdo do Lakers, o Fab Four com Payton, Kobe, Malone e Shaq, lembro do Devean George dizendo que, como o quinto titular da equipe, ele seria para sempre uma pergunta difícil de quiz sobre a NBA. Aquele cara que seus netinhos não vão se lembrar e você vai poder parecer fodão quando forçar a memória pra falar da juventude (e dizer que, na sua época, a NBA era muito melhor, que tinha mais talento, que os jogadores tinham fundamento, essas coisas de velho).
Mas o Rondo não parece estar muito interessado em ser o cara que completa o time. Com tanta atenção sendo dedicada a defender aqueles outros carinhas, o Rondo se sente à vontade para atacar o aro. Mas não à vontade o bastante para chutar insanamente como o Marbury faria, claro.
Graças ao Rondo e seus amiguinhos, o Celtics não teve problemas em liderar a partida inteira. No entanto, a equipe adversária era o Pistons e, sabe como é, com eles perdendo por 10 eu poderia jurar que vi o Billups dar um bocejo em quadra quando olhou para o placar. Mesmo perdendo, mesmo errando, parecia que o Pistons iria vencer quando bem entendesse. Bastava o Billups ameaçar um arremesso e depois dar o corpo para ser atingido por algum maluco de verde e ir cobrar seus lances livres. O Billups foi atingido por Rondo (várias vezes), Pierce, Tony Allen e até por um piano.
Faltando pouco para o fim do jogo, o Pistons apertou a marcação e tomou a liderança. Graças a uma bola de 3 pontos do Ray Allen e um erro bobo do Billups, no entanto, o Celtics teve o direito de dar o último arremesso da partida com o jogo empatado. O Rondo estava no banco com 5 faltas porque foi abusado pelo Billups, mas o amiguinho dele, o Ray Allen, estava quente como o diabo e deveria dar o último arremesso.
Parênteses: alguém se lembra do Arenas dizendo que, nos segundos finais de um jogo contra o Celtics, basta marcar o Paul Pierce porque todas as bolas irão nele? Digam o que quiser sobre o Arenas falar demais, mas o homem tem razão. Segundos finais, jogo empatado, bola no Pierce (que tinha acertado 5 de seus 15 arremessos). Bateu para o lado, numa jogada estranha, e deu um arremesso forçado que não entrou – com 2 segundos restando para o fim do jogo.
O Pierce deve pensar que, por estar naquele time capenga aguentando há mais tempo do que os outros, merece ter seu showzinho particular e um pouco da glória da vitória. Tudo bem, dêem isso para ele. Mas peçam, por gentileza, para ele usar um pouco do cérebro! Com um arremesso no último segundo errado, o jogo iria para a prorrogação com o Celtics jogando em casa. Que tal saber usar todo o cronômetro?
Dois segundos de posse de bola para o Pistons e o técnico do Boston, Doc Rivers, deve ter queimado uns neurônios pensando em quem colocar para marcar o Billups. Rondo, que foi abusado e depois vai ter que passar na delegacia? James Posey que, diz a lenda, até sabe defender? Um torcedor da platéia escolhido por sorteio? Um gorila treinado com uma banana? Pois o Doc Rivers deveria ter colocado o gorila ao invés do Tony Allen.
Não precisa ser um PhD para imaginar como o jogo terminou. Billups fingiu que ia arremessar pela milésima vez e Tony Allen decolou para cima dele como se nem imaginasse que aquilo pudesse acontecer. Pulou alto como se o Billups fosse o Yao Ming arremessando, e sequer conseguiu olhar para o Billups antes de se chocar com ele grotescamente causando a falta. Agora matemática, crianças: Billups + lances livres + segundos decisivos = vitória. Pode colocar isso na sua prova de recuperação de álgebra sem medo.
Acho que não adianta muito ter Rondo e uns amigos futuros Hall da Fama se todo o resto ainda usa fralda e vai pular no pescoço do Billups quando ele usar a manha mais chata e manjada da NBA.
Sequência de vitórias do Celtics interrompida e agora o time mais quente da Liga passa a ser o Blazers, com 9 vitórias seguidas. Venceram ontem o Raptors mesmo com o LaMarcus Aldridge de volta ao time. Ou seja, ele pode ter sido ensinado pelo Randolph, mas quando volta para a equipe ainda assim não faz o time perder. Tá bom, justiça seja feita, o Randolph fez o Knicks ganhar do Cavs ontem, mas a melhor jogada do Randolph foi esse drible absurdo que ele tomou do LeBron James!
Agora, nos resta ver como o Celtics se sai contra as outras pedreiras que, enfim, irá enfrentar. E quanto tempo o Blazers consegue ficar em oitavo no Oeste. Se depender do meu Houston (que tem T-Mac machucado mais uma vez), o Blazers consegue a vaga fácil, fácil.
– Nota triste mas importante: Alonzo Mourning se contundiu na partida contra o Hawks. Como ele já havia dito que iria se aposentar no ano que vem e essa contusão de joelho deve deixá-lo uns 6 meses de fora (com sorte, e sem contar o tempo para retomar a forma), provavelmente assistimos ao fim da carreira de Zo. Para o Heat a notícia é devastadora porque hoje em dia eles não conseguem ganhar nem par-ou-ímpar, mas é muito mais triste para o próprio Zo que merecia um final mais digno para sua carreira depois de ter vencido tantos problemas físicos. Também é consideravelmente triste para mim, que acabo de me ferrar mais ainda no fantasy.