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Jogar numa Divisão em que você é marcado pelo Johan Petro é como tirar férias no Havaí

Quem me conhece um pouco costuma dizer que eu reclamo demais. Sempre me dizem coisas como “por que você reclama tanto do Rafer Alston, ele é um bom armador!”, ou “pra que ser tão cruel com o Zach Randolph, ele está jogando bem!”, ou ainda “deixa de reclamar tanto da Alinne Moraes não sair do seu pé, ela até que é bonitinha”. Mas eu insisto que, sendo ranzinza ou não, sempre tenho meus motivos.

Se você é bem desocupado e lê bastante o Bola Presa, já está acostumado com nossas reclamações sobre a temporada regular da NBA ser longa demais, continuar separada em Conferências muito discrepantes tecnicamente e ter ainda a separação por Divisões. O Denis fez recentemente um post ótimo sobre isso tudo e que eu assino embaixo. Mas acho que tem muita gente que nem pára para pensar no problema das Divisões porque o negócio é complexo demais e pensar faz a cabeça doer. Então como estou tanto didático quanto estou com vontade de reclamar, vou explicar como isso funciona utilizando laranjas. Imagine que apenas 8 laranjas podem ir para a venda. Você então separa todas em três caixas diferentes e decide que a mais doce de cada caixa vai ter lugar entre as quatro primeiras que você vai enviar. A laranja mais doce de uma caixa cheia de laranjas azedas vai garantir no mínimo sua quarta colocação, mesmo que todas as outras laranjas das outras caixas sejam mais doces do que ela. Ou seja, você é um imbecil completo por separar as laranjas em caixas e deveria parar de experimentá-las para saber se estão doces porque nenhuma venda do mundo vai aceitar laranja já chupada.

O que isso significa na prática? Significa que, já que a divisão Noroeste fede um bocado se comparada com as outras (já que é composta por Nuggets, Jazz, Blazers, Wolves e Sonics), o campeão desse grupinho acaba garantindo a quarta vaga. Mas em geral dá na mesma. Porque o quarto colocado enfrenta o quinto nos playoffs, e como o quinto tem mais vitórias do que o quarto, tem portanto mando de quadra. Eu, que sempre passei de favor em matemática, também tenho problemas para entender, mas dessa vez não vou usar laranjas. O que rola é simplesmente uma inversão ridícula e inútil na tabela, do quarto com o quinto, que não vale nada na parte prática para os playoffs. Aliás, não vale para coisa alguma, tipo rodapé de parede.

Por que eu vou reclamar de uma coisa que na prática não faz diferença? Por que eu vou reclamar do Rafer Alston se “ele é um gênio incompreendido?” Tudo tem seus motivos. O que acontece é que esse lance do campeão de sua Divisão ter lugar garantido entre os 4 primeiros não fazia diferença antigamente, nos tempos saudosos de 2007, quando não havia inflação e dava para atravessar a rua sem ter que olhar para os lados. Agora, no ano futurista de 2008, as coisas são outras e o Oeste é completamente diferente, mais difícil do que aturar hino gospel da Mara Maravilha. Agora, Lakers, Suns e Rockets estão praticamente empatados. E ao invés de ocuparem, respectivamente, as posições 3, 4 e 5 da tabela, somos obrigados a engolir o Jazz de intruso ali no meio. Finalmente essa regra idiota faz a diferença da maneira mais injusta possível. O meu Houston deveria ser quinto, não sexto. O Jazz deveria ser sexto, não quarto. A diferença não é mais uma simples inversão na tabela que será desfeita nos playoffs, agora é a diferença (para o Houston) de enfrentar o Lakers ou o Suns. Sinceramente, nem sei quem eu prefiro enfrentar, e até acho que o Houston nem tem chances mesmo de qualquer modo, mas o que me emputesse é uma regra imbecil decidir quem o meu time irá enfrentar.

Reclamamos bastante sobre tamanho da temporada, salários, contusões, divisão, mas sabemos que nada disso será mudado. Reclamamos, como diria o Chaves, “só por esporte”. As divisões, no entanto, são ofensivas, patéticas, esdrúxulas, e tão ridiculamente fáceis de serem extintas. Deveriam mudar já, pra ontem! Garanto que em duas semanas ninguém sequer perceberia que as Divisões não existem mais, ocupadas em discutir se o Chris Paul é melhor que o Deron Williams. Como sempre, o David Stern simplesmente não tem bagos para lidar com a questão. Só teria se torcesse para o Houston e ficasse encarando a tabela de classificação, ranzinza, antes de escrever um post para seu blog brazuca.