Resumo 7/5 – Vitórias no segundo quarto

Que as defesas são o forte da série entre Sixers e Raptors a gente já sabia; os dois ataques se mostrarem totalmente DISFUNCIONAIS no primeiro quarto, no entanto, foi novidade. Incomodados o tempo inteiro pela pressão defensiva, ambos os times apresentaram um basquete sofrível nos minutos iniciais. Pra termos ideia, foram 5 desperdícios de bola para o Sixers no primeiro quarto e outros 4 para o Raptors, 22 lances livres cobrados graças ao ritmo frenético e exageros defensivos, e um péssimo aproveitamento de arremessos para os dois lados – o Raptors acertou apenas 38% das bolas que tentou. Mais uma vez Joel Embiid não teve espaço para jogar dentro do garrafão, com marcação dupla frequente, marcação tripla próxima ao aro, trocas constantes de marcação em todo corta-luz para não lhe dar nem um passo de distância e tentativas agressivas de roubo de bola. Foram 3 desperdícios para ele no primeiro quarto e OITO ao longo da partida.

Do outro lado, quem não teve espaço mais uma vez foi Pascal Siakam, recebendo marcação dupla nas infiltrações e sendo deixado livre apenas para os arremessos do lado oposto da bola, onde seu aproveitamento é questionável. Ou seja, tirando os arremessos difíceis de Jimmy Butler e Kawhi Leonard, não sobrou muito para os dois times oferecerem.

O Raptors, no entanto, mostrou alguns ajustes ainda na etapa inicial. Kyle Lowry, que vem tendo dificuldade no basquete de meia quadra, ficou responsável por puxar os contra-ataques mais rápidos que conseguisse, levando a bola sozinho de uma cesta para a outra. A ideia, claro, é pegar a defesa do Sixers desprevenida, antes que ela possa se posicionar, mas também permitir que Lowry seja agressivo e cave faltas no processo sem ter que esperar seus companheiros acompanharem sua movimentação. Além disso Marc Gasol tentou um arremesso de três pontos assim que foi deixado livre por Embiid, como é de costume, e – PASMEM! – saiu de quadra quando Embiid foi para o banco também. Pela primeira vez na série o técnico do Raptors, Nick Nurse, ajustou os minutos dos seus jogadores para coincidirem com as entradas e saídas do quinteto adversário. Há alguma resistência em fazer isso porque alguns técnicos querem ditar a rotação dos jogadores ao invés de reagir à rotação do adversário, mas duas coisas ficaram evidentes nas últimas partidas dessa série: a primeira é que Embiid precisa ser marcado por Gasol o tempo inteiro individualmente para que as dobras possam acontecer; a segunda é que o oposto não se aplica, já que Gasol, assim como muitos dos seus companheiros, tem aberto mão de bons arremessos e facilitado com isso a defesa do Sixers.

Com isso no segundo quarto Gasol não apenas estava em quadra para tornar a vida de Embiid um inferno como também converteu sua primeira bola de três pontos:

O arremesso certeiro foi o primeiro bom indício de uma mudança de postura geral no Raptors. Danny Green passou a arremessar bolas de três pontos no instante em que recebia os passes, mesmo com os defensores rotacionando na sua direção; Serge Ibaka arremessou com confiança, forçando Embiid a ter que contestar suas bolas (e a cair em suas fintas); Kyle Lowry atacou a cesta em transição, conseguindo uma falta-e-cesta. Bem marcado, Kawhi Leonard acertou apenas um arremesso ao término do segundo período, recebendo dois corta-luzes consecutivos para ter espaço para infiltrar e mesmo assim enfrentando outros dois defensores embaixo da cesta, coisa de maluco:

Mas ainda que esse tenha sido o único arremesso convertido de Kawhi, nesse momento o Raptors já vencia o quarto por VINTE PONTOS, fechando o primeiro tempo com uma vantagem no placar de 21. O jogo já estava encerrado no segundo período.

Sem espaço para jogar, os únicos arremessos que Embiid tentou durante essa sequência destruidora do Raptors foram duas bolas erradas de três pontos, justamente o arremesso que o Raptors quer tanto que ele tente o jogo inteiro. Em sua ausência, o Raptors usou a mesma defesa montada para pará-lo em Greg Monroe, que se tornou uma importante rota de fuga para o Sixers nessa série. Nessas condições Monroe sequer conseguiu ficar em quadra e o ataque do Sixers se resumiu aos contra-ataques de Ben Simmons, novamente bem marcados (com exceção de um deslize ou outro), e arremessos difíceis de Jimmy Butler que, dessa vez, ele não converteu.

O massacre no segundo quarto deixou claro que o Sixers não tem respostas ofensivas suficientes para parar uma sequência ofensiva do adversário. O tipo de defesa que o Sixers aplica envolve fechar o garrafão e, quando possível, pressionar os arremessadores através de rotações, ou seja, com defensores em movimento. Isso significa às vezes chegar atrasado em alguns arremessos ou simplesmente NÃO CONTESTAR bolas em que a rotação não possa ocorrer, quando Embiid não pode deixar o garrafão, por exemplo. Se Danny Green, Marc Gasol e Pascal Siakam estão acertando esses arremessos, paciência – é um preço baixo a se pagar para manter Embiid, o melhor defensor de aro da NBA, dentro do garrafão, e tentar dificultar ao máximo a vida de Kawhi Leonard. Quando essas bolas estão caindo o que resta ao Sixers, então, é responder do outro lado da quadra com PONTOS. Ao não conseguir pontuar nessa sequência de cestas adversárias, a diferença saltou para 20; quando o ataque praticamente desistiu no quarto período, a diferença foi catapultada para QUARENTA.

Ver que Joel Embiid acertou metade dos seus arremessos no jogo (5 em 10 tentativas) pode parecer um bom número, especialmente dada a defesa que ele teve que enfrentar na partida e todas as suas condições médicas recentes, enfrentando uma infecção respiratória. O problema, no entanto, é o baixo volume de arremessos, as circunstâncias em que esses arremessos foram tentados e o impacto NULO de suas jogadas na defesa adversária e nos espaços dos seus companheiros. Mesmo quando acertou duas bolas de três pontos no terceiro quarto, a defesa do Raptors não passou a contestá-lo no perímetro, se negando a abrir espaço para infiltrações e a temida ENTERRADA DO AVIÃOZINHO. Pelo contrário: a defesa se manteve firme em contestar as vezes em que Embiid colocou a bola no chão para o drible, impedindo que ele desse passes para fora. Os 13 pontos de Embiid foram difíceis, suados, sofridos e não geraram nada além desses mesmos pontos – foram jogadas isoladas que não responderam a sequências adversárias, não facilitaram a vida de seus arremessadores e não abriram caminho para Jimmy Butler ou JJ Redick, por exemplo. A defesa do Raptors está totalmente no controle desse duelo com Embiid e, portanto, da série nesse momento – se Butler não acertar arremessos difíceis, resta pouco de repertório ofensivo para o Sixers.

Do outro lado, com Kyle Lowry tendo finalmente um papel mais definido no ataque e Danny Green e Marc Gasol somando 8 bolas de três pontos, o que não falta é repertório mesmo contra a forte defesa adversária: o Raptors resistiu à pior partida de Kawhi Leonard nesses Playoffs, ao baixo aproveitamento de arremessos de Pascal Siakam, e ainda assim venceu por 36 pontos. Fica difícil não se animar com as chances do time de fechar a série no Jogo 6 agora que finalmente o elenco não parece ter medo de arremessar a bola e Kawhi pode, enfim, ter o apoio que merece.


Assim que o Jogo 5 entre Nuggets e Blazers começou, já pudemos perceber que a equipe de Portland queria CORRER. Puxar contra-ataques se tornou uma questão central para a equipe de Portland dada a dificuldade de conseguir arremessos de três pontos livres, a pressão defensiva em cima de Damian Lillard e CJ McCollum e quão baqueado está Enes Kanter no garrafão – o ombro dele já está quase chamando um táxi e voltando pra casa, porque não é obrigado.

Na primeiríssima posse de bola, o Blazers tentou dobrar em Jamal Murray para interceptar um passe, cortar a linha de passe entre ele e Nikola Jokic com um terceiro defensor e cortar a linha de passe entre Jokic e Gary Harris com um quarto defensor. Ou seja, quando nenhuma dessas tentativas virou um roubo de bola, não sobrou muita gente para DEFENDER A CESTA:

Atacar linhas de passe é uma tática defensiva arriscada, mas o Blazers sentiu que era a rota a ser tomada tanto pelos possíveis contra-ataques quanto para impedir que Jokic seguisse dominando o jogo na cabeça do garrafão, sem ter que se aproximar do aro. O único problema é que nessas situações o Nuggets se mostra um dos melhores times da NBA: eles são especialistas em responder a adversários em movimento, recompensar quem está livre com um passe certeiro e utilizar as trocas de marcação que surgem dessas defesas agressivas. Não que o Nuggets não tenha errado passes ao ser pressionado, mas foram poucos deslizes e uma infinidade de oportunidades ofensivas que vieram em troca. Jokic se aproveitou de ter defensores tentando interceptar seus passes para bater para a cesta, Jamal Murray usou os defensores em movimento para costurar a defesa e Paul Millsap se tornou a jogada de segurança da equipe, jogando no mano-a-mano quando as ajudas defensivas estavam preocupadas demais com as possíveis assistências para o garrafão e o perímetro.

Aliás, já comentamos ao longo da série que não há ninguém no Blazers com o perfil adequado para marcar Paul Millsap, e finalmente o técnico Michael Malone resolveu que ele seria o motor central desse ataque. O jogador, que teve uma temporada ofensiva mais apagada do que deveria graças aos problemas de encaixe com o time, pareceu enfim FAZER PARTE: jogou de costas para a cesta, recebeu passes no garrafão e ainda arremessou do perímetro sem pensar duas vezes quando teve oportunidade. Foi ele que o Nuggets procurou no primeiro quarto para responder a cada bola de Damian Lillard e manter o time da casa no controle.

Lillard, aliás, sem poder contar com um Enes Kanter praticamente disfuncional e contestado mesmo nas bolas mais longas, resolveu que ele mesmo encontraria pontos no garrafão, infiltrando continuamente contra a defesa do Nuggets e tentando levar seus adversários a darem algum espaço no meio da quadra para que ele pudesse encontrar um ritmo de arremesso. Foram arremessos difíceis, mas que mantiveram o Blazers vivo no jogo – até o fatídico segundo quarto.

Foi no segundo período que Jamal Murray fez 11 dos seus 18 pontos costurando a defesa, batendo para a cesta e puxando contra-ataques, que Will Barton veio do banco para converter duas bolas de três pontos, e que o garrafão do Nuggets ficou completamente fechado graças principalmente à defesa de Paul Millsap. Sem as bolas de segurança de Enes Kanter no pick-and-roll, o Blazers não conseguia responder ofensivamente e de repente a diferença no placar já era de 18 pontos. Assim como aconteceu entre Raptors e Sixers, o jogo também acabou ali.

O terceiro quarto era tudo ou nada para o Blazers, dada a diferença gigante no placar. Damian Lillard tentou 5 bolas de três pontos e o técnico do Blazers, Terry Stotts, tirou Kanter de quadra para dar uma chance a Meyers Leonard, que arremessou outras 4 bolas de três no período. Dessas 9 tentativas, tivemos apenas UM acerto – e das mãos de Leonard, não de Lillard. Não que o Nuggets tenha ido muito melhor (errou todas as suas 8 tentativas do perímetro no quarto), mas enquanto o Blazers não tinha mais NADA ofensivamente para oferecer, o Nuggets continuou encontrando jogadas com Millsap e Jamal Murray e, mais importante, não perdeu a bola apesar da pressão nas linhas de passe. Ao fim desse quarto período HORROROSO de se assistir, a vantagem do Nuggets já era de 31 pontos e Damian Lillard, Enes Kanter e CJ McCollum sequer voltaram para a quadra, mergulhando em seus respectivos potes de formol.

A defesa do Nuggets é uma das melhores da NBA, mas o Blazers se julgava capaz de responder a qualquer coisa graças a Jusuf Nurkic e Enes Kanter se apresentando como opções no pick-and-roll, de costas para a cesta e nos casos de dobra de marcação em Lillard ou McCollum. Sem Nurkic pelo resto da temporada e com Kanter em estado de calamidade, o Blazers é subitamente um time previsível, sem bolas de segurança e dependente demais do seu perímetro. Some isso à incapacidade de lidar com Paul Millsap e uma tentativa IMBECIL de defender Nikola Jokic lhe dando espaço para infiltrar e o resultado foi um passeio no parque para o Nuggets.

O próximo jogo já será quinta-feira, e ao invés da preocupação com o físico de Jokic, com a imprensa desesperada com quão cansado ele estará com esse calendário puxado, a única coisa capaz de definir essa série é como estará até lá o ombro de Enes Kanter – sem ele, infelizmente o Blazers precisará de uma atuação verdadeiramente épica de Damian Lillard, algo que parece ter ficado para trás na já distante série contra o Oklahoma City Thunder.

 

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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