Resumo da Rodada 01/5 – O Raptors derrete

Impossível acompanhar o Jogo 1 entre Cleveland Cavaliers e Toronto Raptors sem levar em consideração um fato fundamental: o Cavs de LeBron James ganhou as últimas SEIS partidas de pós-temporada contra o Raptors. Ou seja, o time do Canadá é freguês de longa data. Mas a gente tenta relativizar a questão, afinal o Raptors desse ano é muito mais versátil, tem menos deficiências óbvias, possui o melhor banco da NBA e acabou de passar por momentos tensos na série contra o Wizards sem derreter nos momentos decisivos. É uma outra situação, novos tempos, uma chance do Raptors deixar o retrospecto de lambanças e pânicos paralisantes para trás. A gente quer acreditar, né?

O primeiro quarto reforçou nossa esperança de tempos melhores para a equipe de Toronto. DeMar DeRozan começou agressivo, atacando a cesta, e Kyle Lowry não errou um arremesso sequer, incluindo duas bolas de três pontos – e mais 5 assistências no quarto. OG Anunoby marcou LeBron muito bem, Kevin Love continuou errando QUALQUER COISA que não valha três pontos e Jonas Valanciunas dominou o garrafão, pegando rebotes ofensivos e finalizando no pick-and-roll. O estrago só não foi maior do que os 14 pontos de vantagem que o Raptors abriu por conta do excesso de desperdícios de bola do time da casa – foram 5 só no quarto inicial por conta da agressividade e da velocidade no ataque. Parecia apenas o começo de um atropelamento tão impactante que iria enterrar de vez quaisquer dúvidas que pudéssemos ter com essa equipe.

E a partir daí o Raptors foi ladeira abaixo. Por mais que Valanciunas estivesse sendo uma peça fundamental no ataque, ele rapidamente se tornou um problema defensivo: em todas as trocas de marcação, o Cavs fazia questão de deixá-lo marcando Kyle Korver ou JR Smith e conseguir com isso um arremesso de três pontos livre para seus especialistas. Quando Korver errou alguns arremessos, foi a vez do Cavs usar Jeff Green como pivô e lhe dar arremessos livres em cima de Valanciunas. Com LeBron bem marcado e tendo muita dificuldade de encontrar espaço tanto nas infiltrações quanto nas bolas de longe, o Cavs foi cortando a diferença graças ao elenco de apoio – e às escolhas defensivas do Raptors. Virou um cabo de guerra pra ver quem ia ceder primeiro: no terceiro quarto, o Raptors insistiu com Valanciunas e o pivô somou 13 pontos, cavou faltas e conseguiu um par de rebotes ofensivos, mas o Cavs devolveu do outro lado com 10 pontos de Kyle Korver, incluindo duas bolas de três pontos, quase tudo graças à defesa do pivô do Raptors. E quando Valanciunas parecia quente demais e o Cavs deixou de ver vantagem nessa dinâmica (chegando a perder o terceiro período por 2 pontos), foi a vez de Tristan Thompson entrar em quadra só para encher o saco. Forçou contato, incomodou Valanciunas (que nitidamente não se sai bem no jogo físico embaixo da cesta) e conseguiu seus rebotes de ataque para minar de vez o pouco que restava do jogo de contra-ataques do Raptors. Isso porque o Cavs praticamente não desperdiçou a bola para permitir o jogo em velocidade adversário, ao contrário do Raptors que teve 13 desperdícios e gerou 21 pontos para o Cavs no processo.

Com Valanciunas neutralizado no quarto período, o Raptors entrou em pânico no ataque. Com medo de desperdiçar ainda mais bolas e temendo a defesa agressiva do Cavs no garrafão, Kyle Lowry achou que seria uma boa ideia ENROLAR até o jogo acabar. Começou a gastar o cronômetro e tentar arremessos (forçados, claro) apenas quando estritamente necessário. Pegou a sua vantagem no placar, que era de 11 pontos no último período, e achou que ela seria suficiente para SENTAR NA CALÇADA e esperar o fim chegar. Aos poucos, claro, o Cavs foi tirando a diferença – só não foi mais rápido porque, minha nossa, o Cleveland também sofreu para vencer a defesa adversária. Um bom exemplo do quarto período é o vídeo abaixo, com os times trocando tocos como se fossem figurinhas da Copa do Mundo:

E quando tinha espaço, o Cavs muitas vezes simplesmente não conseguia acertar o arremesso. Kyle Korver acabou o jogo com 19 pontos e 5 bolas de três pontos convertidas, mas fez MUITA COISA errada: pisou na linha um punhado de vezes na hora de arremessar e errou muitos, muitos, muitos arremessos completamente livres. Cheguei a cogitar se o Raptors não estava deixando ele livre de propósito, temendo que JR Smith (com 20 pontos no jogo e 5 bolas de três pontos em 6 tentativas) fizesse ainda mais estrago do que seu companheiro. Ainda assim, a RECUSA do Raptors em fazer qualquer coisa no ataque foi o bastante para o Cavs fazer uma sequência de 11 pontos sem tomar nenhum na cabeça nos últimos 4 minutos de jogo. A 30 segundo do fim, LeBron James foi lá e converteu uma cesta dificílima, girando de costas para a cesta, para empatar o jogo pela primeira vez desde o zero a zero.

O mais triste dessa história é que o Cavs jogou fora trocentas chances de vencer a partida de vez. Antes do empate rolou falta de ataque ridícula do Kevin Love dando cotovelada na boca de DeMar DeRozan, LeBron fazendo falta num arremesso de três pontos de Serge Ibaka e muitos arremessos fáceis errados. Por conta disso, o Raptors chegou à última posse de bola do quarto período tendo a chance de vencer o jogo. E aí aconteceu isso aqui:

DeRozan abriu mão da bandeja, por ter perdido o momento de explodir, passando para um arremesso de três pontos do reserva Fred VanVleet, que ainda está sentindo o ombro lesionado e erra a bola (aliás, guarde esse momento na sua cabeça, porque você vai VER UM PADRÃO AQUI). Depois DeRozan pega o rebote ofensivo mas erra o novo arremesso, CJ Miles pega o rebote ofensivo e erra mais uma tentativa, e por fim Valanciunas erra o tapinha MAIS FÁCIL do jogo (parece o Kevin Love, a máquina-humana-de-errar-tapinhas). São 4 arremessos errados seguidos, na mesma posse de bola, para vencer o jogo (talvez 5 se você considerar que CJ Miles pode ter tentado duas vezes). Estava ali consolidado, confirmado, registrado, carimbado e assinado em duas vidas o DERRETIMENTO do Raptors. Para celebrar o momento, Valanciunas derreteu DE VERDADE:

Com 0.6 segundos restando no cronômetro, o Raptors ainda me fez o favor de conseguir uma PÉSSIMA jogada defensiva (tentando trancar o perímetro) e deixar LeBron livre numa bola de dois pontos, que errou um arremesso necessariamente apressado. Prorrogação.

Se a gente começou o jogo achando que o Raptors era um novo time, nova situação, novos tempos, e se o primeiro quarto confirmou essa superioridade, o quarto período nos ajudou a ENTERRAR qualquer esperança. Como um time que está vencendo o jogo no quarto final, com o Cavs errando arremessos fáceis, resolve que vai desencanar do ataque para esperar o jogo terminar? Como DeRozan abre mão do arremesso decisivo? Como Valanciunas me erra esse tapinha? Se alguém apostou no Raptors para vencer a prorrogação, certamente come cocô.

Somando os 4 minutos finais do quarto período e mais a prorrogação inteira, o Raptors acertou 3 de 18 arremessos e errou todas as bolas de três pontos que tentou:

O Cavs até tentou fazer sua parte e perder a prorrogação. O ataque continuou uma lástima, LeBron bem marcado e com 46 minutos de jogo nas costas errou todos os arremessos que tentou e só uma bolinha de três pontos para Korver e outra pra JR Smith salvaram a pátria. Por conta disso, o Raptors teve outra vez a posse de bola final para vencer o jogo. E OLHA O PADRÃO AÍ: DeMar DeRozan infiltrou e, sei lá porque raios, desistiu de subir para a bandeja contra a defesa do Cavs, abrindo mão do seu arremesso para dar um passe todo torto para VanVleet. Mais uma vez bola decisiva nas mãos do reserva lesionado porque DeRozan se livrou da bola, mais um erro, mais um fracasso na conta do Raptors.

A gente quer acreditar, né? Mas fica difícil. LeBron teve uma noite difícil contra a defesa e mesmo assim deu um jeito de arranjar um triple-double, com 26 pontos, 11 rebotes e 13 assistências. Valanciunas DESTRUIU o Cavs, e mesmo assim eles deram um jeito de usar isso para incluir no ataque Korver e JR Smith, e até ressuscitar Tristan Thompson, que somou 14 pontos e 12 rebotes. A defesa do Raptors teve grandes momentos, então o Cavs usou até o malignizado Jeff Green como pivô, rumo a 16 pontos. Parece que pra tudo dá-se um jeito. Mas o Raptors teve a noite de 21 pontos e 21 rebotes de Valanciunas, 22 pontos de DeRozan e 18 pontos com 10 assistências de Kyle Lowry e conseguiu transformar em isso em FRACASSO basicamente por conta do pânico nos momentos finais. Parece que o padrão se repete. Será que VanVleet vai ter que tentar mais bolas decisivas durante a série?


No Jogo 2 entre New Orleans Pelicans e Golden State Warriors tivemos o aguardado retorno de Stephen Curry. Como será que o armador, sem jogar durante toda a pós-temporada, se saiu depois de mais de um mês parado? Simplesmente acabando com o jogo, claro. Seu primeiro arremesso já foi uma bola de três pontos certeira, com Jrue Holiday ficando no caminho graças a um corta-luz:

E ainda no primeiro quarto, quando perdeu o controle da bola numa posse que parecia perdida, meteu casualmente uma bola de três pontos na fuça do Solomon Hill:

Antes de Curry entrar no jogo (ele começou no banco de reservas), o Warriors estava sofrendo para pontuar: acertou apenas 4 dos seus primeiros 14 arremessos, com Jrue Holiday passando a marcar Kevin Durant ao invés de Klay Thompson, já que correr em círculos rumo a um corta-luz anula sua capacidade de marcar individualmente. Contra Klay, a ideia foi tentar fazer trocas em todo corta-luz e eventualmente tentar dobrar a marcação quando havia tempo. Com o Warriors errando bastante e Jrue Holiday ultra-agressivo no ataque, mesmo errando muito, o Pelicans assumiu logo de cara uma vantagem de 8 pontos no placar. Mas quando Curry entrou, a balança inverteu: nos 27 minutos em que ele esteve em quadra, o Warriors marcou VINTE E SEIS PONTOS A MAIS DO QUE TOMOU. Foram 28 pontos para Curry, incluindo 5 bolas de três pontos e a vitória na sua conta.

O resultado é até triste porque o Pelicans fez absolutamente tudo que podia. Forçou Klay Thompson a acertar apenas 4 em 20 arremessos, Durant sofreu para conseguir seus 29 pontos, Rajon Rondo foi deixado COMPLETAMENTE LIVRE para arremessos de três pontos e acertou 3 das suas 4 tentativas no perímetro (somando 22 pontos, 7 rebotes, 12 assistências e 5 roubos de bola), Anthony Davis dominou os rebotes ofensivos se aproveitando dos arremessos do Pelicans em transição, E’Twaun Moore e Nikola Mirotic acertaram suas bolas de três pontos e o time assumiu a liderança no placar inúmeras vezes ao longo do jogo. Ao todo foram 11 empates e 13 trocas de liderança, com o Pelicans apenas um pontinho atrás no meio do quarto período. Só não foi o bastante. O começo do FIM foi no quarto período, com o Pelicans perdendo por 2 pontos, o time tentando sobreviver ao Anthony Davis no banco e o plano de deixar Draymond Green livre para arremessar funcionando bem até ali. Mas aí Green foi lá e meteu duas bolas de três pontos CONSECUTIVAS:

Talvez não tenha sido uma boa ideia Rajon Rondo ir bater boca com Green no intervalo, dando aquelas clássicas cabeçadas de DUELO DE CABRAS, e nem esfregar seu PRÓPRIO SUOR na bola antes do Draymond Green cobrar um lance livre:

Quando Green está nesse nível de intensidade e EMPUTECIMENTO (foram 20 pontos, 9 rebotes, 12 assistências e 2 tocos) fica muito difícil pra qualquer equipe criar uma vantagem. E quando, perdendo por apenas 3 pontos, o Pelicans perde uma bola e Andre Iguodala faz uma enterrada mesmo ERRANDO A ENTERRADA, aí só resta sentar e chorar mesmo:

Sempre um pouquinho atrás no placar, chegou uma hora que o Pelicans precisava de bolas de três pontos para cortar a vantagem, começou a forçar vários arremessos de longe e, quando três ou quatro deles não caíram, o Warriors vencia por 13 pontos e não dava mais tempo de virar o placar.

O mais legal do jogo, no entanto, foi que mesmo sem chance nenhuma de vitória no final do quarto período, o Pelicans continuou tentando. Foi cortando a diferença com defesa pressionada, roubando bolas com marcação dupla, acertando bolas de três pontos mesmo com um minuto para o fim e a diferença na casa dos 10. Rajon Rondo ficou ENLOUQUECIDO no final do jogo porque, perdendo por 5 pontos e a dois segundos do fim, ele queria que o árbitro tivesse marcado uma bola presa entre ele e Kevin Durant. Achei bonito para mostrar que eles vão continuar tentando e vão tentar bater de frente em termos de defesa e intensidade, com chances de vitória até o fim. Só falta, agora, combinar direitinho com Stephen Curry, claro.

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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