Resumo da Rodada 24/4 – Sixers e Warriors avançam

Foi bonito, um ato simbólico de resistência e determinação, mas acabou ontem a campanha do San Antonio Spurs nessa pós-temporada. A missão, especialmente para esse Jogo 5, era praticamente impossível: venceras limitações de elenco de sempre, ter mais uma partida incrível, torcer para o Warriors errar muito outra vez, jogando FORA DE CASA e novamente não poder contar com o técnico Gregg Popovich no banco de reservas, em luto pelo falecimento de sua esposa.

Se o começo do jogo foi brigado, com o Spurs dando sinais de que poderia brigar de igual para igual e até tomando a liderança do placar de tempos em tempos, não demorou muito para que algumas bolas difíceis de Klay Thompson bastassem para levar a vantagem do Warriors para a casa dos 10 pontos. A partir daí, o Spurs entrou num bonito porém frustrante trabalho de ENXUGAR GELO. Patty Mills jogou bem, acertando bolas de três pontos importantes que apenas impediam o Warriors de deslanchar no placar. A luta era para manter a diferença em 9 pontos – depois, aos pouquinhos, era para manter o jogo na casa dos 10, depois para manter na casa dos 13, até que no fim do terceiro quarto a diferença já era de 16 pontos.

O Spurs, especialmente na defesa, fez tudo certinho – absolutamente tudo que lhe era possível. Contestou todos os arremessos, trancou o perímetro, confiou no plano de deixar apenas Draymond Green arremessar e manteve o Warriors com um aproveitamento de apenas 18% nas bolas de três pontos. O problema, claro, foi transformar essa defesa em pontos do outro lado, dadas as limitações do elenco e o fato de que o Warriors tem uma das melhores defesas da NBA. LaMarcus Aldridge demorou para encontrar um espaço eficiente na quadra, recebendo continuamente dupla marcação; Rudy Gay recebeu a marcação dedicada que deveria ter recebido no meio do jogo anterior; Tony Parker foi deixado livre para as bolas de três pontos, que ele se nega a chutar, e foi incapaz de finalizar os contra-ataques mesmo quando o Spurs conseguia roubar bolas e confiava no francês para correr no mano-a-mano na quadra aberta. A falta de elenco da equipe de San Antonio ficou evidente: Aldridge não conseguia pontuar, mas quando foi para o banco o Warriors pegou 3 rebotes ofensivos consecutivos NA MESMA JOGADA em arremessos longos; Patty Mills era o único que estava acertando arremessos, mas aí na defesa era ENGOLIDO VIVO por Shaun Livingston, uns bons quatro andares mais altos do que ele. É cobertor curto: o que funciona de um lado acaba deixando o outro exposto.

O Warriors entrou no quarto período vencendo por 14 pontos e o Spurs precisava tentar uma virada histórica. Patty Mills foi marcar pressão quadra inteira, Aldridge tentou jogar mais próximo do garrafão forçando contato e a defesa jogou talvez seus 12 melhores momentos na série, tudo movido a DESESPERO. No começo do período o Warriors acertou apenas um dos 10 arremessos que deu, e tinha acertado apenas 2 em 12 quando Kevin Durant voltou para a quadra para tentar salvar as coisas. Mas mesmo com essa sequência defensiva incrível, o Spurs pouco fez para diminuir a liderança adversária no placar – tudo porque o ataque cometia erros e encontrava dificuldade demais em fazer pontos fáceis. Foi com bolas difíceis de Aldridge que a diferença caiu para 2 pontos no minuto final, e aí a defesa do Spurs pressionou a ponto de Draymond Green ser obrigado a pedir um tempo técnico para não perder a bola. Precisando impedir a cesta para ter uma chance de empatar, a defesa do Spurs manteve sua disciplina e intensidade – e não adiantou nada, porque Kevin Durant acertou uma bola longa de dois pontos perfeitamente contestada quase no estouro do relógio para matar o jogo.

 

A defesa do Warriors manteve o jogo minimamente no controle apenas para que Durant pudesse garantir os pontos do outro lado. Especialmente no segundo tempo, o time dependeu muito de suas jogadas individuais na meia distância, quando o perímetro estava muito bem marcado. Do outro lado a defesa do Spurs se saiu bem, mas fechar o perímetro abriu espaços (que Livingston e David West aproveitaram em momentos cruciais em boas movimentações ofensivas embaixo da cesta) e parar Durant exigiria alguém com mais físico, alcance e PODERES MUTANTES do que o plantel tem disponível.

O Spurs saiu de cabeça erguida, tendo feito o melhor com o que tinham disponível. Triste, apenas, é que podemos ter visto a última partida de Manu Ginóbili, que decidirá sobre sua aposentadoria nos próximos meses. Steve Kerr, técnico do Warriors, tentou fazer sua parte para manter o argentino jogando: contou para ele, ao fim do jogo, sobre um encontro com Roger Federer, que teria dito que continua jogando apenas porque ama o esporte. “Se você ama, continue jogando”. Manu, um tanto constrangido, ouviu o conselho e correu para os vestiários – talvez por uma última vez.


Não foi só o Warriors que avançou para a próxima fase. Num jogo que fez nossos OLHOS SANGRAREM, o Sixers garantiu uma vitória contra o Heat em casa para encerrar a série em 5 jogos. O principal motivo para os nossos olhos terem sofrido de hemorragia é que o Sixers decidiu que o mais importante era se impor fisicamente, enquanto o Heat só tinha o vigor físico como chance de se manter vivo na série frente à superioridade do adversário. O ataque do Heat é uma GRACINHA, mas passou a temporada inteira com dificuldades para pontuar mesmo assim, por conta da ausência de arremessadores talentosos e jogadores capazes de criar espaço e forçar as defesas adversárias a se mexerem. Contra a defesa de elite do Sixers, então, o negócio ficou ainda mais feio. Nesse Jogo 5, o Heat teve 38% de aproveitamento nos arremessos, com 28% de aproveitamento nas bolas de três pontos e a tradicional dificuldade do time de cobrar e, principalmente, de converter lances livres.

O Heat tentou compensar com uma defesa inteligente, que expôs algumas limitações do Sixers que não conhecíamos: Ben Simmons continuou com dificuldades no contra-ataque por receber marcação pressionada e os arremessadores do Sixers continuaram tendo que arremessar apressados e desequilibrados para não serem contestados pela movimentação defensiva no perímetro.

Nessa duelo de defesas, o Heat venceu uma partida com jogadas individuais numa partida heroica de Dwyane Wade que, infelizmente, não se repetiu novamente na série. O Sixers, por sua vez, venceu jogos pontuando especialmente no garrafão, na força bruta, com Simmons forçando espaços de infiltração e Joel Embiid mostrando quão pequenos e frágeis são os pobres mortais. A receita no Jogo 5 foi a mesma:

Para tentar parar esse jogo físico, o Heat decidiu que seria físico também, tirando das entranhas alguma resistência à potência adversária. Daí para transformar o jogo em BRIGA DE BAR é um pulinho. Rolou James Johnson mandando o Belinelli para a arquibancada, por exemplo:

Goran Dragic achou, SEI LÁ O MOTIVO, que uma boa estratégia para marcar o Ben Simmons no contra-ataque era um PESCOTAPA:

Foi assim, meio na unha, que o Heat foi para o vestiário empatado no placar. Mas bastou o time dar uma cansada e a defesa do Sixers ENGATAR A MARCHA, especialmente no quarto período, para a diferença deslanchar: chegou a 18 antes do Heat tentar uma resposta desesperada nas costas de Wade e Olynyk. Duas bolas de três pontos de JJ Redick depois, no entanto, qualquer possibilidade de resposta já havia morrido. Quando o Sixers acerta seus arremessos, parece imparável.

O Heat tomou algumas decisões estranhas com elenco, tentando segurar e recompensar os jogadores secundários que toparam ficar na franquia nos momentos difíceis, mas agora simplesmente não tem elenco para segurar as potências do Leste mesmo quando o plano de jogo está há anos-luz da concorrência. É difícil perceber que o Heat está jogando melhor quando nenhuma bola entra na cesta e o Sixers parece mais eficiente e inteligente só por ter caras mais atléticos e talentosos na quadra, tanto na defesa quanto no ataque. Assim como aconteceu com Ginóbili, talvez tenhamos visto a última partida de Dwyane Wade, que também prometeu que não “apressará sua decisão” de aposentadoria, mas de um modo ou de outro a franquia terá que encontrar maneiras – sem espaço salarial nenhum – para coletar algum talento.

Para o Sixers, só alegria: o PROCESSO finalmente se realiza com uma ida para as semi-finais da Conferência, parecendo um time dominante e mais talentoso, coletivamente, do que qualquer outro elenco do Leste. Nos bastidores, rolou muita comemoração e o discurso de que “o time ainda está aprendendo”, que “ainda há muito para melhorar nos próximos anos”, mas acho difícil deixar de considerar o Sixers seriamente para as Finais já nessa temporada. O potencial é ilimitado.


 

Enquanto as outras duas séries terminaram, Celtics e Bucks ainda vai longe – não apenas na série, mas nas DISCUSSÕES NA INTERNET também. O jogo, feio e brigado, acabou sendo decidido nos detalhes, situação na qual os erros de arbitragem acabam tendo mais impacto e, portanto, causando mais barulho na boca dos torcedores.

A primeira polêmica se deu com uma violação de meio de quadra, com Malcom Brogdon passando a bola para atrás após – supostamente – já ter cruzado o meio da quadra rumo ao ataque, o que é proibido. Mas o que aprendemos com essa situação é que NINGUÉM conhece essa regra direito: pelo jeito o que importa não é o corpo do jogador, mas onde a BOLA está, é ela que não pode cruzar a linha do meio da quadra e voltar. Só que quando a bola está sob a posse de um jogador, seu corpo INTEIRO é considerado a bola. Então se Brogdon pisou com um pé, adeus, não pode mais passar a bola para trás. A arbitragem acertou.

A segunda polêmica foi no final do jogo. Com a defesa do Bucks desesperada precisando impedir a cesta para ter chances de empatar o jogo, conseguiram forçar um estouro de cronômetro num arremesso de Al Horford. Acontece que os árbitros NÃO VIRAM que o cronômetro havia estourado e deixaram a jogada continuar, gerando um rebote ofensivo para o Celtics e falta do Bucks na sequência. Os árbitros pararam para analisar no replay mas o problema está no que eles são capazes de MUDAR. O replay só pode ser usado caso o arremesso dado no estouro do cronômetro ENTRE na cesta, não caso ele erre, de modo que o replay que os árbitros usaram só poderia servir para determinar algo sobre a falta posterior – no caso, se ela era flagrante ou não. Os juízes perceberam que fizeram merda de não notar o estouro do cronômetro mas não podiam fazer nada. Para quem quiser, tem o vice-diretor das Operações de Árbitros e Replays da NBA explicando a situação:

 

O erro deu uma broxada na reação bacana do Bucks, que só chegou nos minutos finais com alguma chance porque Giannis Antetokounmpo acertou arremessos difíceis e deu assistências IMPRESSIONANTES no segundo tempo para colocar o ataque minimamente em movimento. Sem ele, o Bucks sofreu DEMAIS nas mãos da forte defesa do Celtics, especialmente graças ao retorno de Marcus Smart, que em 25 minutos foi um PESADELO para os adversários. O Bucks saiu do jogo com 36% de aproveitamento nos arremessos e 27% nas bolas de três pontos, simplesmente medonho. O desastre só não foi maior porque o Celtics não conseguiu ser muito melhor: foi uma das piores partidas ofensivas do Celtics que eu já vi, certamente a pior da série até aqui, ninguém acertou arremessos difíceis, ninguém entrou numa sequência nem conseguiu qualquer tipo de ritmo e o time cometeu 17 desperdícios de bola. Se o Celtics conseguiu algumas bolas fáceis foi só porque Eric Bledsoe é oficialmente um desastre defensivo. O que dizer disso aqui embaixo?

Nâo rola nem uma corridinha SIMBÓLICA na direção do arremesso. Ele está apenas interessado em interceptar as linhas de passe para correr para o ataque, e aí quando o Celtics se tocou nisso começou a rolar isso aqui:

E, como se não bastasse, sua relação ESTRANHA com Terry Rozier agora tem PANCADARIA:

Se o Bucks tivesse mais tempo no relógio, talvez a história fosse outra porque quando Antetokounmpo encontra espaço, o resto do time responde surpreendentemente bem. Na próxima partida o Celtics pode fechar a série em casa, mas a verdade é que se o grego conseguir jogar com a liberdade que teve no segundo tempo desse Jogo 5 e o ataque do Celtics não responder de novo, qualquer coisa pode acontecer.

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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