Resumo da Rodada 6/5 – Sem emoções

Na primeira posse de bola do Jogo 4 entre Houston Rockets e Utah Jazz, Rudy Gobert já distribuiu dois tocos certeiros. Foi o bastante para que eu começasse a suar frio: será que veríamos, mais uma vez, um Rockets que não consegue fazer bandejas (como foi contra o Wolves) e que ainda assim se recusa a usar a meia distância? Meu medo durou pouco, no entanto. Rapidamente James Harden se tornou uma máquina de infiltrar, por vezes enfrentando com sucesso Gobert embaixo do aro, cavando contato, por vezes apenas usando um tantas vezes negligenciado floater, aquele arremesso de uma mão de meia distância por cima da marcação. Foram 14 pontos para o Harden só no quarto inicial (dos seus 24 pontos no jogo), suficiente para dar ao Rockets 7 pontos de vantagem ao fim desse período.

Na defesa, o Rockets não entrou com aquela intensidade ABSURDA do jogo anterior, mas teve energia suficiente para deixar o ataque do Jazz sem espaços para os arremessos no perímetro. A ausência de Gobert para “arrumar os erros” de quaisquer arremessos também não ajudou, já que o pivô abriu completamente mão dos rebotes ofensivos no começo do jogo para tentar impedir os contra-ataques de Clint Capela. O único sucesso do Jazz contra a defesa do Rockets veio nas infiltrações ousadas e nem sempre muito sensatas de Dante Exum. Se o técnico Quin Snyder afirma que o principal problema de Exum, depois de tantas lesões, é ter confiança no ataque, por esse jogo não seria possível de perceber: foram 5 infiltrações, 4 acertos e a garantia de que o Rockets não abrisse uma diferença no placar como aquela que matou o Jogo 3 logo de cara.

No segundo quarto, quem assumiu esse papel de infiltrar sem medo para escapar da forte defesa de perímetro do Rockets foram Donovan Mitchell e, quem diria, Royce O’Neale. Os dois causaram encrencas no garrafão, contornando os defensores e atacando o aro sem parar. O’Neal, com espaço, deixou um presentinho para Capela:

Donovan Mitchell, por sua vez, retornou às infiltrações com giro (que tanto lembram as de LeBron James) que foram mortais contra o Thunder e que bizarramente tinham sumido nessa séria contra o Rockets. Foram duas em sequência, as duas sofrendo falta para um lance livre extra:

A dupla Mitchell e O’Neale foi responsável por 21 dos 25 pontos que o Jazz marcou no segundo período, uma marca impressionante, mas que não foi suficiente para igualar o poder de fogo adversário. Bastou um arremesso errado do Rockets seguido de rebote ofensivo e bola de três convertida na mesma posse de bola para provar um ponto: qualquer erro do Jazz, seja um rebote defensivo perdido, um desperdício de bola no ataque ou uma falha na troca de marcação, é duramente punido com um contra-ataque certeiro ou uma bola de três pontos. Mesmo longe dos seus melhores dias, o ataque do Rockets é daqueles que vai minando sua auto-estima e te força a sempre estar correndo atrás do resultado. Chris Paul foi destruidor o jogo inteiro na meia distância, acertando arremessos seguidos naquele espaço que o Jazz estava disposto a conceder (foram 27 pontos no jogo), e quando Gobert passou a fechar esse espaço pressionando até o perímetro, Chris Paul fez isso aqui:

Ao fim do primeiro tempo, apesar dos momentos sensacionais de Mitchell a liderança do Rockets se mantinha em 10 pontos. No terceiro quarto, aí a coisa desandou de vez: primeiro Dante Exum sentiu a coxa e saiu mancando para o vestiário, percebeu que a jogada não parou, voltou mancando para a quadra, arremessou uma bola de três pontos errada, e aí mancou de volta para o vestiário em definitivo. Depois, contra uma defesa mais intensa do Rockets, as infiltrações do Jazz começaram a gerar roubos e mais roubos de bola. Foram 6 desperdícios que o Rockets transformou em contra-ataques mortais. A diferença no placar só não foi maior do que os 19 pontos porque a equipe de Houston errou um número gigante de arremessos de três pontos livres – e porque Raulzinho, que teve que entrar em quadra já que nem Ricky Rubio nem Dante Exum estavam disponíveis, converteu uma bola certeira de três pontos.

O ataque do Rockets não entrou num ritmo o jogo inteiro, dependendo basicamente dos arremessos de Chris Paul dentro do garrafão, das jogadas de mano-a-mano de Harden e dos contra-ataques que o Jazz foi tão bonzinho de conceder. Mas a defesa garantiu que os contra-ataques fossem a tônica do terceiro período e impediu a reação do Jazz no período final. Raulzinho tentou assumir o papel de Exum e infiltrar, Donovan Mitchell acertou uma bola de três, roubou a bola das mãos de Harden no mais puro mano-a-mano e chegou a diminuir a diferença no placar para 5 pontos. Só que a defesa do Rockets continuou roubando bolas (foram outras 4) para puxar contra-ataques e salvar o ataque, e nos momentos finais, quando o Jazz ainda tinha alguma esperança, Clint Capela virou uma máquina de dar tocos – já que a única preocupação eram as infiltrações. Foram 4 tocos seguidos nos três minutos finais de jogo, o primeiro jogador a fazer isso nas últimas 20 temporadas num jogo da NBA. Rolou até o tradicional dedinho do Mutombo:

Não foi o ataque mais encantador do Rockets na pós-temporada, mas puniu os erros, usou a meia distância e se aproveitou do que a defesa, essa sim numa das suas melhores apresentações, lhe rendeu. O Jazz teve seus lances bonitos e até tentou uma reação final, mas a verdade é que nunca liderou a partida e não conseguiu sequer empatar o jogo um segundinho sequer. Sem muitas emoções, o Rockets volta para Houston com uma vantagem de 3 a 1 na série, pronto para fechar essa etapa na terça-feira – mas sem excesso de confiança, porque Chris Paul lembrou na entrevista ao fim do jogo que já esteve nessa situação e as coisas podem DAR MERDA muito rápido.


Vindo de uma derrota MAIÚSCULA no Jogo 3, o Warriors entrou em quadra contra o Pelicans ontem também decidido a ter um jogo sem emoção. O plano? Não deixar o Pelicans sequer SONHAR. Nos primeiros minutos de jogo, o Warriors já marcou 16 pontos e tomou apenas DOIS. O primeiro quarto teve todos os indícios de que não adiantava nem o Pelicans tentar: Draymond Green acertou duas bolas de três pontos só pra mostrar que o plano de deixar ele livre é inviável, Stephen Curry acertou outras duas pra mostrar que está saudável, e Kevin Durant fez 10 pontos em arremessos de meia distância só pra mostrar que Jrue Holiday é bem intencionado, mas pequeno demais para marcá-lo. Frente a isso, o que RAIOS o Pelicans poderia fazer? No máximo, botar em ação um ataque fantástico que deixasse o placar minimamente parelho, mas não foi o que aconteceu porque a defesa do Warriors NÃO DEIXOU. Dobraram em Anthony Davis sempre que possível, foram perfeitos na defesa de transição e aprenderam que não dá pra ceder espaço para o Rajon Rondo, porque ele usa esse espaço para passar a bola.

O Pelicans tentou uma pequena reação no fim do segundo quarto (graças a um conjunto de faltas muito questionáveis marcadas e algumas boas infiltrações de Jrue Holiday) que, junto com a jogada abaixo do Pelicans, foram o auge do time na partida:

Mas foi muito pouco contra um Warriors que quase não cometeu deslizes e que preferiu, para não ter surpresas, INVENTAR POUQUÍSSIMO. Kevin Durant está dando certo arremessando por cima de Jrue Holiday que parece uma criança de pé ao lado dele? Então continuem dando a bola para Durant. Anthony Davis marcou pouco Durant, graças ao fetiche de Alvin Gentry por mantê-lo no garrafão para os tocos a todo custo, mas a verdade é que quando tentou contestar os arremessos, apesar de ser mais alto, também não conseguiu incomodar um Durant que já estava no modo automático. Como último recurso, Jrue Holiday passou a marcar apenas a VISÃO de Durant, colocando a mão na frente dos seus olhos, e não adiantou nadinha. Foram 38 pontos para o ala do Warriors, com os demais jogadores do time abrindo mão da bola para manter seu ritmo. Stephen Curry não arremessou tão bem, mas no segundo tempo se dedicou quase exclusivamente a fazer corta-luzes para Durant (um PESADELO para qualquer defesa), uma jogada rara que o Warriors parece estar tentando implementar para o futuro. Ganhando por 26 pontos, é normal que sobre tempo para ficar experimentando – desde que o resultado fosse o simples e direto ARREMESSO DO DURANT.

O Pelicans não ficou nem triste, o atropelamento foi tão imediato e sem esperança que não houve sequer espaço para se frustrar. O Warriors também lidera agora por 3 a 1 e pode fechar a série em casa na terça-feira. Talvez comecemos a quarta-feira que vem já com uma Final de Conferência garantida entre Warriors e Rockets. Tá bom ou quer mais?

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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