Resumo da Rodada 9/5 – Celtics de volta às Finais do Leste

Quando o Sixers venceu o Jogo 4 com uma estratégia quase inteiramente focada no garrafão, parecia que tinha descoberto a receita mágica para mudar a dinâmica da série. O sucesso foi tanto que já tinha gente, principalmente na franquia, sonhando com a virada histórica: nunca nenhum time se recuperou depois de estar perdendo por 3 a 0, mas o Sixers não se importa com nada. É difícil dizer para adolescentes empolgados o que é que eles podem ou não podem almejar, especialmente quando eles já estão realizando seus sonhos um atrás do outro.

Dada a empolgação, foi natural que o Sixers entrasse em quadra no Jogo 5 exatamente como saiu do jogo anterior. Das 19 bolas que o time arremessou no primeiro quarto, só 3 foram de três pontos – JJ Redick e Marco Belinelli entraram em quadra, deram arremessos, e NENHUM deles foi do perímetro. Joel Embiid até saiu do garrafão, mas foi só para deixar Dario Saric se posicionar perto do aro e passar para ele finalizar de costas para a cesta. Dos primeiros 16 pontos do Sixers no jogo, DOZE vieram de dentro do garrafão – o resto veio da linha de lances livres. Tirando uma bola de 3 pontos de TJ McConnell, o primeiro arremesso fora do garrafão que caiu foi uma bola de meia distância de Embiid, quando só restava um minuto para o final do quarto. Muito se falou nessa série sobre a “mão forte” de Brad Stevens nas jogadas do Celtics, mas dessa vez foi a vez de vermos o plano de Brett Brown ser levado a risca.No segundo quarto, JJ Redick e Belinelli receberam bolas após sair do corta-luz, que eles tradicionalmente arremessariam do perímetro, mas continuaram o movimento rumo ao aro para tentar bandejas. Dario Saric tornou-se um jogador IRRECONHECÍVEL, gastando praticamente seu tempo inteiro de costas para o aro com imenso sucesso. É um desses casos de jogador que teve que se REINVENTAR no meio de uma série por necessidades táticas e deu conta de tudo aquilo que se pediu dele. E Embiid, que CONTINUA com dificuldades de jogar embaixo da cesta marcado por Al Horford e Aaron Baynes, fez o ajuste dando alguns poucos passos para trás e se limitando a dominar a meia distância no mano-a-mano.

Contra essa insistência no garrafão, o Celtics passou pela TENTAÇÃO de tentar acertar algumas bolas de três pontos em sequência e abrir uma vantagem, mas quando essas bolas não caíram a constância do Sixers é quem prevaleceu, o que fez com que o time passasse a maior parte do primeiro tempo na frente do placar. Brad Stevens então começou a tentar convencer seus jogadores de que eles “não deveriam tentar um home run“, ou seja, não deveriam tentar vencer o jogo num punhado de arremessos difíceis, e que deveriam optar pelas bolas simples, aos poucos, com paciência, que o placar iria mudar devagarinho. A referência ao baseball foi claramente audível durante um dos seus tempos técnicos e, a partir dali, o Celtics mudou de postura: voltou a passar a bola com calma, se aproveitando da defesa exageradamente agressiva do Sixers para conseguir, eventualmente, arremessos fáceis.

Bastou Embiid errar uma bolinha de meia distância, Ersan Ilyasova errar a bandeja mais fácil da sua vida e Robert Covington forçar (e errar) uma bola de três pontos sem motivo e o Celtics, buscando com esmero os melhores arremessos possíveis, abriu uma vantagem sem precisar de bolas extravagantes no perímetro. E aí no estouro do cronômetro, se aproveitando do momento DENTE DE LEITE de Covington, Terry Rozier converteu uma bola de três pontos para fechar o primeiro tempo com o Celtics 9 pontos à frente no placar.

No terceiro quarto, a defesa do Sixers entrou mais ligada, disposta a MOER CARNE. O Celtics, por sua vez, tentou ocupar mais o garrafão defensivo, tentando interceptar os passes curtos do Sixers no garrafão. O resultado? A maior quantidade de trombadas e cabeçadas dessa série. Ao todo foram VINTE E OITO lances livres cobrados no período (16 para o Sixers, 12 para o Celtics), as únicas bolas fáceis que qualquer um encontrou em quadra. Com o jogo brigado e tumultuado, o Celtics deixou de encontrar passes simples, passando a driblar demais e tentando resolver as coisas em arremessos longos contra a marcação. Já o Sixers, mesmo com dificuldade de mover a bola, continuou encontrando os arremessos de costas para a cesta que queria graças a passes objetivos para o garrafão. A partir do meio do terceiro quarto até o final do jogo, o Celtics começou a tentar cometer faltas em qualquer bola “fácil” que o Sixers conseguisse, preferindo ceder lances livres do que as bandejinhas embaixo do aro. Ainda assim, Saric e Ben Simmons se alternavam conquistando posição no garrafão e impondo o plano de jogo, enquanto Embiid atraía a marcação de Al Horford para fora do garrafão.

Foi assim, mais uma vez tornando o jogo uma BAGUNÇA e retomando o basquete de costas para a cesta que o Sixers assumiu a liderança no quarto período, parecendo inteiramente no controle enquanto o Celtics não encontrava as “rebatidas simples” que carregaram o time até ali. Foi aí que Brad Stevens pediu mais um tempo técnico e o jogo, outra vez, mudou completamente. A ideia foi começar a punir o Sixers por estar jogando com Saric no garrafão: ele poderia até marcar pontos no ataque, mas teria que ceder pontos na defesa para que o Celtics voltasse a ter bolas fáceis ao invés de só arremessos desesperados. Na primeira jogada voltando do tempo tático, o Celtics INTEIRO saiu do garrafão, chamando toda a defesa para o perímetro, e Al Horford ficou isolado contra Saric no garrafão para pontuar tranquilamente. Jogada seguinte, exatamente o mesmo resultado. Na defesa, Al Horford dobrou em Saric, conseguiu um roubo de bola e puxou um contra-ataque. Embiid, percebendo a mudança na dinâmica do jogo, tentou uma TIJOLADA de três pontos. E aí, numa piscada de olhos, o Celtics tinha feito 10 pontos consecutivos e transformado um déficit de 4 pontos numa vantagem de 6 pontos no placar.

O Sixers até deu alguns arremessos forçados de pura frustração (aos poucos parecia que as faltas do Celtics foram entrando na cabeça do adversário), mas quando possível manteve o plano de jogo. Para evitar a dobra de marcação, Saric começou a finalizar o mais rápido possível, mesmo que fosse LITERALMENTE de costas para a cesta:

Com bolas seguidas de Saric e Ben Simmons de costas para a cesta, o Sixers voltou à liderança, e mais uma vez o Celtics respondeu com Al Horford em cima de Saric, dessa vez numa jogada incrível para ponte-aérea:

A partir daí, com o jogo empatado, começou o “clutch time”, os momentos finais de uma partida de placar apertadíssimo. E nesses momentos não apenas ninguém executa melhor do que o Celtics como também chega a hora de justificar o salário de Marcus Smart, que está em quadra para fazer jogadas de PURA RAÇA nessas horas de tensão em que o cérebro racional falha e quem assume é o CÉREBRO REPTILIANO. Primeiro, Marcus Smart resolveu marcar Saric de costas para a cesta e o armador do Celtics DESABOU com o primeiro contato, tentando cavar uma falta de ataque mas desequilibrando o ala do Sixers no processo, gerando um roubo de bola. Depois, com Embiid se negando a deixar Al Horford livre depois das três cestas seguidas do pivô do Celtics, Ben Simmons teve que sair na cobertura e errou a movimentação, deixando Jayson Tatum completamente livre embaixo da cesta:

Perdendo por dois pontos, Brett Brown pediu um tempo e resolveu que era uma boa ideia, como jogada final, isolar Joel Embiid no garrafão – a única jogada de garrafão que o Sixers não teve sucesso para implementar durante o jogo inteirinho. Como era de se esperar, deu ruim:

Baynes não cedeu posição e Terry Rozier deu um tapa na bola, que desviou em Embiid antes de sair, depois do rebote ofensivo. Rozier acertou os lances livres do outro lado após a falta intencional do Sixers para parar o relógio, e aí perdendo por 4 pontos o Sixers decide por outra jogada que NÃO ERA O PLANO o jogo inteiro: uma bola de três pontos. Mas dessa vez, JJ Redick acertou:

Com menos de 4 segundos no relógio e perdendo por um ponto, o Sixers precisou cometer uma falta novamente, dessa vez em Marcus Smart. O armador do Celtics – aquele do CÉREBRO REPTILIANO – errou um dos lances livres, mas compensou em seguida na PURA UNHA: sem tempos técnicos pra pedir, perdendo por dois pontos, o Sixers precisou arriscar um passe de quadra inteira que Marcus Smart, claro, interceptou como se estivesse salvando a mãe de uma bala de canhão:

O Sixers impôs seu plano de jogo, dominou mais uma vez o garrafão, liderou o placar por vários momentos incluindo o final do quarto período e, quando Saric e Simmons brilharam, pareceu ser um time com mais talento individual do que o Celtics. Mas com o placar apertado nos minutos finais o Celtics simplesmente FAZ MELHOR: tem jogadas para deixar seus jogadores livres, pontua imediatamente saindo de tempos técnicos, conseguiu Jayson Tatum totalmente sozinho embaixo da cesta. Enquanto isso, na hora mais importante da temporada tudo que o Sixers conseguiu fazer foi uma jogada para Embiid no garrafão contra toda a defesa do Celtics, que o engoliu vivo.

Três dos cinco jogos dessa série tiveram liderança de menos de 5 pontos nos 5 minutos finais ou prorrogação, e o Celtics venceu TODOS, incluindo 53% de aproveitamento nos arremessos nesses momentos e apenas 2 desperdícios de bola:

Foram jogos disputados e por várias vezes o Sixers pareceu o melhor time, mas o Celtics EXECUTOU melhor as jogadas decisivas, encontrou saídas nos momentos cruciais em jogadas impecáveis, magistralmente desenhadas. Sem suas estrelas, lutando contra as adversidades, o Celtics volta às Finais da Conferência Leste um ano depois – coisa que a franquia não fazia desde os anos 80 – com um elenco totalmente reformulado. Nesse momento, mesmo com LeBron James do outro lado nas Finais de Conferência que se aproximam, ninguém em sã consciência é capaz de desconsiderá-los. E se os jogos contra o Cavs todos estiverem com diferenças de menos de 5 pontos no placar a 5 minutos do fim, quem não apostaria neles?

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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