Resumo da Rodada 9/5 – Rumo ao Jogo 7

O que é mais importante para o Sixers do que Joel Embiid marcando 30 pontos num jogo? Resposta: um Embiid que NÃO cometa 8 desperdícios de bola que se transformem em contra-ataques para o Raptors, como ocorreu na partida anterior. Nesse decisivo Jogo 6, Embiid só foi converter seu primeiro arremesso – uma bola de três pontos – com o segundo quarto já avançado; seu primeiro arremesso de dois pontos só veio no terceiro período, e foi um arremesso longo, apenas um passo à frente da linha de três. Dessa vez o pivô do Sixers não se enfiou no garrafão, não tentou enfrentar a marcação dupla ou tripla que recebe e passou quase todo o seu tempo no ataque transitando pelo perímetro. A ideia era impedir que o Raptors conseguisse roubar a bola nas infiltrações e conseguisse pontos fáceis na transição. No Jogo 5 vimos todos os jogadores secundários do Raptors contribuindo no ataque, mas isso depois de contra-ataques já terem construído uma vantagem capaz de tirar a carga de pressão dos arremessos do elenco de apoio. Será que Marc Gasol, Danny Green e Serge Ibaka acertariam seus arremessos – ou sequer TENTARIAM esses arremessos – se o Sixers não entregasse uma vantagem no placar para o adversário logo de cara? Se Embiid não perdesse a bola e focasse toda sua energia na defesa?

Pois bem: depois que o Sixers abriu uma vantagem de 8 pontos no placar nos minutos finais do primeiro quarto desperdiçando menos a bola do que o adversário, o Raptors NUNCA MAIS se recuperou. Precisando cortar a diferença, eis que o Raptors voltou aos seus momentos de recusa de bons arremessos, com o elenco de apoio sumindo da partida e toda a responsabilidade recaindo nos ombros de Pascal Siakam e Kawhi Leonard mais uma vez.

O papel de Embiid para abrir essa vantagem inicial e impedir que o Raptors cortasse a distância foi fundamental. O pivô não marcou NENHUM ponto no primeiro quarto e apenas 3 pontos no segundo período, mas além de só perder a bola uma vez nessa primeira metade do jogo, foi também o responsável por fazer a dobra de marcação em Kawhi Leonard o TEMPO TODO, em qualquer posse em que Kawhi tocasse na bola. A estrela do Raptors até tentou usar essa dobra para acionar seus companheiros, mas como os arremessos não vinham – Marc Gasol estava num dos seus dias “passadores”, tentando encontrar alguém livre no garrafão que, claro, não podia ser ele – eventualmente Kawhi passou a desafiar a marcação dupla e dar os próprios arremessos. No vídeo abaixo dá pra ver ele cortando na direção em que Embiid está vindo, o que acaba criando um corta-luz involuntário do pivô em cima de Tobias Harris, que estava na marcação original do adversário:

Não foi sempre que Kawhi conseguiu esse espaço para arremessar, entretanto. A marcação dupla constante de Embiid foi poderosa, tirou o ritmo de Kawhi e nos melhores momentos criou inclusive contra-ataques que viraram pontos fáceis no placar. No vídeo abaixo vemos Embiid dobrando assim que Kawhi parte para a cesta e mesmo que o jogador do Raptors tenha criado alguns passos de vantagem, Embiid ainda consegue vir por trás para um toco avassalador:

Mas a torcida não comprou logo de cara esse papel de Joel Embiid, não. O ginásio começou eufórico depois de boas jogadas de Ben Simmons (jogando mais perto do garrafão do que em qualquer outro momento da série, já que Embiid esteve EXCLUSIVAMENTE no perímetro), arremessos difíceis de Jimmy Butler e bolas de três de Tobias Harris, mas foi só Embiid ter uma oportunidade de bater para o garrafão e preferir um arremesso (errado) de três pontos que o ginásio inteiro começou a VAIAR. A mesma coisa aconteceu numa das raras reações do Raptors no jogo, quando a equipe fez uma sequência de 10 pontos consecutivos no segundo quarto e a torcida ficou indignada – mesmo que naquele ponto o Sixers ainda VENCESSE o jogo por 7. Uma das grandes dificuldades de se manter um plano de jogo na Philadelphia é ter que lutar contra a própria torcida: eles querem Embiid perto do aro e não se conformaram que Danny Green e Pascal Siakam tenham acertado arremessos livres no segundo quarto mesmo que a ideia seja DEIXÁ-LOS arremessar de longe.

Por sorte, a sequência com que o Sixers terminou o primeiro tempo foi tão matadora que não tinha mais como a torcida ficar insatisfeita: Jimmy Butler converteu dois arremessos difíceis seguidos, pegou rebote de ataque, sofreu falta e ainda conseguiu um roubo de bola das mãos de Kawhi no que seria o último arremesso do Raptors no segundo quarto e o transformou num contra-ataque sem contestação. A ponte aérea de Jimmy Butler para Ben Simmons também ajudou a elevar os ânimos:

Com a diferença de 15 pontos no placar ao final do primeiro tempo, o jogo nunca mais saiu do controle e o time não foi mais alvo de críticas.

No terceiro quarto, quando o Raptors entendeu que Embiid não queria ter nada a ver com o garrafão e o pivô tinha acertado mais uma bola de três pontos, Marc Gasol caiu naquela CILADA de passar a correr para contestar seus arremessos. No vídeo abaixo dá pra ver o desastre que é essa estratégia:

Marc Gasol é facilmente batido no drible, Siakam é obrigado a fazer a cobertura e aí Ben Simmons, que para todos os fins foi o pivô “de fato” da equipe, está lá para um rebote ofensivo. O grande medo dessa configuração com Embiid no perímetro e Ben Simmons no garrafão é que dessa maneira nós não temos o “melhor Embiid possível”, é uma versão diluída que só tem à disposição os seus arremessos de pior aproveitamento e depende dos defensores tentarem contestar essas bolas em movimento para que ele possa infiltrar. Mas o que o Sixers tão bem mostrou nesse Jogo 6 é que eles não precisam do melhor Embiid possível no ataque – especialmente quando Tobias Harris e Mike Scott acertam algumas bolas de três pontos, como foi o caso na noite de ontem. O que o Sixers precisa pra valer é um Ben Simmons ativo perto do aro, porque lá ele não pode receber marcação dupla sob pena de dar os melhores passes do planeta para arremessadores livres, e um Embiid ativo na defesa.

Joel Embiid marcou 14 dos seus 17 pontos no segundo tempo, mas foi quando a defesa do Raptors já havia quebrado e o jogo já parecia fora do controle para o time de Toronto. É necessário paciência – aquela que a torcida não teve – para perceber que Embiid pode ser o jogador mais impactante da partida mesmo quando não pontua diretamente. Ao final do jogo, seu time fez 40 pontos a mais do que o adversário enquanto ele estava em quadra (isso mesmo, um plus-minus de impensáveis +40 num jogo decisivo dos Playoffs), algo que só foi possível porque ele não estava dando cabeçada contra três defensores embaixo da cesta. No derradeiro Jogo 7, será que ele terá a mesma paciência e disciplina para manter sua contribuição longe do aro? Marc Gasol terá a disciplina necessária para deixar Embiid arremessar de fora tranquilamente? E o elenco de apoio do Raptors, terá a coragem necessária para continuar arremessando caso o time fique atrás no placar novamente?


Nesse ponto da série, indo para um Jogo 6, já estamos mais do que cansados de saber que o Blazers não tem qualquer resposta para enfrentar Nikola Jokic: a equipe de Portland não consegue dobrar a marcação nele no garrafão sem tomar bolas de três pontos no perímetro, não consegue defender o jogo de pick-and-roll entre ele e Jamal Murray, não consegue impedir a bola de chegar nas suas mãos, não consegue parar nem seus arremessos de longe nem suas infiltrações. E é claro que nada disso mudou.

No vídeo abaixo vemos o resultado da tentativa de dobrar a marcação em Jokic próximo ao aro, para felicidade de Jamal Murray:

E abaixo, em mais um vídeo, o pick-and-roll impecável entre Jokic e Murray com os dois em movimento rumo à cesta:

Parar Jokic nessa série parece cada vez mais impossível. O que cabia ao Blazers nesse Jogo 6, então, era se focar naquilo que eles PODEM fazer. Primeiramente, parar Paul Millsap de alguma maneira. Depois, responder no ataque com aquilo que nem o Nuggets nem ninguém na NBA é capaz de parar: um Damian Lillard quente do meio da quadra. E as duas coisas aconteceram.

Para desafiar Millsap a arremessar do perímetro ao invés de jogar de costas para a cesta contra defensores menores, a ideia do Blazers foi colocar Enes Kanter em sua marcação sempre que possível, com Zach Collins assumindo a função nos momentos restantes. Os dois tentaram defender o caminho de Millsap para a cesta e aproveitar para, dada a proximidade do aro, participar da cobertura de Jokic. O plano funcionou: Millsap não conseguiu explorar esses duelos, teve vida difícil, acertou apenas 4 dos 15 arremessos que tentou e deixou de ser a bola de segurança de que o Nuggets tanto precisa. Kanter, que além do ombro lesionado está no Ramadã, feriado religioso que impõe restrições de alimentação, foi mais uma vez inexpressivo no ataque, mas cumpriu mais do que bem seu papel na defesa e, claro, nos rebotes de ataque. Mas o mérito mesmo vai para Zach Collins, que fez um excelente trabalho defensivo nas coberturas do Jokic e ainda ajudou a criar uma possibilidade de passe para Lillard e CJ McCollum ao acertar algumas bolas de três pontos após o corta-luz, o famoso pick-and-pop. No vídeo abaixo, dá pra ver as duas coisas, tanto a defesa quanto o ataque do pivô:

A boa defesa no garrafão do Blazers pagou o preço usual, no entanto: assim como era o plano do Spurs na série anterior contra o Nuggets, os arremessadores da equipe de Denver foram desafiados a acertar suas bolas de fora. Foram 12 bolas de três convertidas, incluindo as 3 de Jamal Murray que estatisticamente deveriam ser suficientes para levar o seu time à vitória (o Nuggets venceu quase todas as partidas em que isso ocorreu na temporada regular). Some a isso um Jokic imparável e fica evidente que o Blazers precisou produzir alguma coisa no ataque para vencer a partida.

Foi aí que as bolas de longa distância de Damian Lillard foram fundamentais. Para escapar da marcação pressionada ele continuou arremessando bem de trás da linha de três pontos, recebendo um corta-luz ainda no meio da quadra. E para evitar as dobras que vinham assim que ele colocava a bola no chão, passou a arremessar SEM DRIBLAR:

Foram 6 bolas de três pontos para o armador e, o mais importante, uma injeção de ritmo e confiança que ainda não havia acontecido nessa série para ele. Caçado no perímetro no terceiro quarto, Lillard começou a infiltrar, parar a infiltração no meio antes de se chocar com Jokic e Millsap, e aí dar arremessos livres de meia distância. Assim como acontece com Jokic, essas bolas do LOGO e os arremessos de meia distância freando as infiltrações são indefensáveis e as defesas adversárias se veem obrigadas a viver com isso. É por essa razão que Lillard precisa continuar arremessando essas bolas mesmo quando elas não estão caindo – e, claro, contar com a ajuda de algum dos seus pivôs (Zach Collins nesse Jogo 6, no caso) para não ser tão punido pelas dobras de marcação e ter ao menos a chance de tentar esses arremessos difíceis.

Lillard, no entanto, fez apenas 11 dos seus 32 pontos no primeiro tempo, sofrendo mais com a marcação e cedendo ao Nuggets uma vantagem no placar que chegou a 10 pontos. Quando foi para o banco de reservas, o medo era que, assim como vimos nos Playoffs passados, a vantagem do Nuggets disparasse e aí não haveria arremesso do logo que pudesse dar conta de recuperar. Mas não: resgatado do abismo da irrelevância, eis que Rodney Hood voltou a ser protagonista de uma partida liderando os reservas. Hood é simplesmente grande demais para o banco do Nuggets e, mais importante ainda, é CORAJOSO demais também: ele tenta qualquer arremesso, joga de costas para a cesta ou no perímetro e nunca recusa uma boa oportunidade. Foram 14 pontos no primeiro tempo para manter o Blazers vivo e criar espaço para CJ McCollum, o titular que assume o grupo de reservas na quadra, poder brilhar também. Graças à dupla os reservas do Nuggets foram destroçados e quando Lillard voltou pra quadra o Blazers já estava à frente no placar, com o armador descansado o bastante para acertar os arremessos difíceis no terceiro quarto que não apenas venceram o jogo como serviram como resposta constante a qualquer bola que Jokic acertava. O timing dos arremessos às vezes é essencial: acertar bolas de três pontos difíceis como resposta à tentativa de empatar o jogo do adversário vai derrubando a moral do oponente. No quarto período, independente do placar – a vantagem do Blazers nunca ultrapassou os 14 pontos – a equipe de Lillard parecia totalmente no controle da partida graças à confiança, frieza e pontaria do armador.

Que Jokic e Lillard seriam decisivos e imparáveis a gente já suspeitava, e os dois tiveram partidas incríveis na noite de ontem. Mas quem imaginaria que o BANCO do Blazers, com Rodney Hood e Zach Collins, seria fundamental para forçar a série a um decisivo Jogo 7? Nesse jogo final, os dois times já sabem o que não podem parar um no outro, resta agora ver quem conseguirá acertar esses arremessos imparáveis. Lillard será capaz de dominar mais um jogo com os pés no logo do Nuggets, lar da maior vantagem de quadra de toda a NBA?

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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