[Resumo da Rodada] Mesma prorrogação, outro resultado

Segunda partida em Toronto da semi-final do Leste, segundo dia de PÂNICO para o Raptors. Na primeira partida uma bola espírita de Kyle Lowry levou o jogo para a prorrogação, que o Raptors perdeu vergonhosamente. Naquela mesma noite, Lowry passou a madrugada arremessando no ginásio para ver se seu aproveitamento MEDONHO em arremessos na pós-temporada tem cura.

Uma segunda derrota em casa seria não apenas a GLÓRIA dos conspiracionistas de maldições, mas também um atestado precoce de eliminação dos Playoffs. Nada além de uma vitória seria possível para o Raptors nesse Jogo 2, era uma partida para a equipe entrar para atropelar, para Kyle Lowry deixar para trás sua péssima fase e para colocar MEDO nos ossos do Heat. O que tivemos então? Mais uma prorrogação, claro.

O Raptors entrou melhor em quadra, tentando ser agressivo na defesa, e se aproveitou do fato de que o Heat virou uma máquina de cometer turnovers logo de saída. Foram 11 desperdícios de bola por parte do Heat só no primeiro quarto, contra apenas 2 do Raptors. Somando isso aos rebotes ofensivos que o Raptors resolveu finalmente atacar, com ajuda de um Valanciunas muito mais ativo, o Raptors deu CATORZE arremessos a mais no período inicial do que o Heat.

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Mesmo que os arremessos tenham sido forçados, que a pontaria de fora seja um desastre e que o Heat esteja mantendo um ótimo aproveitamento especialmente nas bolas de média distância, esse volume muito maior de arremessos foi suficiente para dar uma vantagem de 14 pontos no placar. Mas é claro que é O RAPTORS, NÉ, então essa vantagem é simbólica, não quer dizer nada no mundo real.

A partir daí, o jogo inteiro entrou numa MÁQUINA DO TEMPO e foi parar nos anos 80. Ninguém queria arremessar de três pontos e, quando arremessava, não acertava porcaria nenhuma. Goran Dragic e Dwyane Wade insistiram em arremessos próximos ao garrafão aproveitando o corta-luz de Hassan Whiteside, enquanto DeMare DeRozan desistiu de infiltrar para dar arremessos de média distância e floaters para tentar evitar os braços compridos do pivô do Heat, que alteram arremessos mesmo quando não toca na bola. Whiteside e Valanciunas fizeram uma briga DIGNA dentro do garrafão, com Whiteside conseguindo 4 rebotes ofensivos e Valanciunas conseguindo 6, limpando o aro de tanta tijolada. E para coroar essa viagem rumo aos anos 80, Goran Dragic levou uma cotovelada involuntária de DeRozan e aí seu dente ATRAVESSOU o lábio, gerando 3 pontos internos e 5 pontos do lado de fora. E o desgraçado voltou pra jogar, claro.

O mais engraçado é que foi a TERCEIRA VEZ, só NESSA TEMPORADA, que o Dragic engoliu uma cotovelada com resultados catastróficos. Ele já perdeu dentes com uma cotovelada do Al Horford, outro dente contra o Pistons, e agora seu dente resolveu criar uma porta e dar o fora dali porque não aguenta mais essa palhaçada. Curioso é que o Dragic tomou a cotovelada mas a falta foi marcada CONTRA ele, mesmo caso da vez em que o Al Horford o deixou banguela. Podemos dizer que o armador do Heat é um especialista em cometer faltas com a sua CARA, o que obviamente não é pra qualquer um.

O jogo ficou especialmente físico e com cara de jogo velho porque o perímetro não é uma opção viável para nenhuma das duas equipes. O Raptors arremessou 14 bolas de três pontos na partida, acertando apenas 5, enquanto o Heat arremessou 18 com míseros 4 acertos. Várias jogadas quebradas acabaram nas mãos de Kyle Lowry, que acertou apenas uma bola de três pontos em 7 tentativas, e do lado do Heat quem tentou resolver de longe foi Joe Johnson, que errou todas as suas 6 bolas de três. Lowry teve muito mais sucesso tentando encontrar espaço no garrafão – não acertando arremessos, não vamos exagerar, já que ele acertou apenas 7 das 22 tentativas, mas criando “Kobe assists“, rebotes ofensivos que colocam jogadores do seu time em boas situações porque a defesa inteira sai para contestá-lo. Joe Johnson também melhorou muito quando ficou mais próximo ao aro, jogando de costas para a cesta e punindo DeRozan, fazendo cestas na marra. Embora todo mundo no Heat tenha contribuído ofensivamente, Joe Johnson foi o pontuador mais confiável da equipe até o quarto período, quase sempre em jogadas individuais explorando seu tamanho e seu jogo de garrafão.

Do lado do Raptors, quem contribuiu foi DeMarre Carroll, que finalizou batendo para dentro uma série de jogadas quebradas da equipe e conseguiu incomodar a defesa de garrafão do Heat e descolar alguns lances livres. Além dele, Valanciunas mostrou seu valor desafiando Hassan Whiteside no mano-a-mano. Ao contrário do que ocorreu na série contra o Pacers, Valanciunas consegue passar pelo garrafão do Heat com seus giros e criar espaço para arremessos de curta distância. Fica evidente a deficiência defensiva de Whiteside contra pivôs que atacam a cesta, já que sua especialidade é a defesa de cobertura que dá calafrios para os armadores do Raptors. Por isso mesmo foi tão importante que Valanciunas tenha atacado a cesta e assumido a maior parte da pontuação da equipe no quarto período, quando o Heat já havia, pouco a pouco graças ao aproveitamento nos arremessos, recuperado a vantagem no placar.

Levando em conta que o Heat cometeu 21 desperdícios de bola, o Raptors deveria ter tido uma noite muito mais fácil. Mas o ataque continua tão estagnado, a quantidade de jogadas quebradas é tão grande e o medo de Whiteside nas infiltrações é tão desproporcional que o Raptors chegou até a tentar um quinteto minúsculo para colocar a bola na cesta: Lowry e DeRozan, claro, com a ajuda de Cory Joseph, que melhora muito o ritmo da equipe, apoiados por DeMarre Carroll e apenas Bismack Biyombo no garrafão. Se o ataque melhorou um pouco, a defesa piorou tanto que não deu para manter o quinteto por muito tempo. Goran Dragic, boca arrebentada e tudo, teve liberdade para relembrar seu mestre Steve Nash e passar continuamente por trás da cesta batendo bola, como se fosse jogo de hockey, para encontrar seus companheiros livres ou criar espaço para arremessos curtos.

A coisa só não ficou pior para o Raptors porque o Heat conseguiu errar 6 arremessos SEGUIDOS nos 2 minutos finais de partida, a maioria culpa de um Joe Johnson exausto, tentando criar espaço de costas para a cesta e gerando arremessos cansados, curtos, aqueles de bico de aro. Depender da altura e da força contra a defesa individual do Raptors cobra seu preço. Cestinha do Heat com 8 arremessos feitos em 16 tentativas até o quarto período, Joe Johnson acabou o jogo com 8 convertidos em 22 tentativas e o Heat entrou num apagão.

O Raptors se aproveitou disso e no minuto final DeRozan sofreu uma falta polêmica de Luol Deng para poder desempatar o placar. Adivinhem: errou OS DOIS lances livres (acabou o jogo com 6 erros nos 8 que tentou), e só não tomou sapatadas da torcida porque Valanciunas inventou um tapinha de rebote bizarro que colocou o Raptors na liderança. Logo depois disso, Kyle Lowry foi DESAFIADO pela defesa do Heat a arremessar. Assim que ele fez um corta-luz com Valanciunas, Whiteside resolveu ficar marcando o pivô – por medo de mais uma “Kobe assist“, mais um rebote ofensivo, mais um tapinha – e Lowry ficou livre na cabeça do garrafão para o arremesso. Converteu.

Do outro lado, Dwyane Wade cortou a vantagem para um ponto com mais uma bola de três pontos depois de ter passado a temporada inteira sem arremessar do perímetro. E nem foi uma bola planejada, foi uma jogada inteiramente individual que ele tirou da cartola ali na hora. Nos últimos 4 jogos, Wade acertou as 4 bolas de três pontos que tentou. Nos 56 jogos antes disso, errou TODAS as 21 tentativas. Wade é o anti-Lowry, é nos Playoffs que ele faz acontecer.

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Jogada seguinte, o Raptors fez a mesma coisa, pra testar o nível de confiança da defesa do Heat contra o Lowry – e do próprio Lowry pra arremessar, claro. De novo, Whiteside ficou no Valanciunas, Lowry ficou livre e acertou outro arremesso. Parecia o fim de uma maldição, o fim de uma vergonha, o fim de uma era. Menos de um minuto, vantagem em 3 pontos, arremesso decisivo pro Lowry. Aí o Raptors empolgou: apertou o Heat de uma maneira imprudente na defesa, DeMarre Carroll foi dobrar numa jogada NADA A VER, e Dragic empatou o jogo com uma bola de três pontos.

Última posse, bola nas mãos de Kyle Lowry, hora de se consagrar. Pois o armador deixou o cronômetro quase morrer, pareceu que ele sequer iria tentar alguma coisa antes do jogo acabar, e no estouro do cronômetro inventou uma bola de três pontos PATÉTICA que não bateu sequer no aro. O Raptors parecia tão satisfeito com o empate que nem queria tentar o arremesso da vitória.

Mais uma prorrogação é exatamente aquilo que esperamos para ver o psicológico do Raptors tremer como gelatina. Mesmo quem torce contra a equipe de Toronto deve ter DÓ deles nessas horas, uma torcida tão bacana, gente tão simpática, o dinossauro Barney em várias camisetas, e eles derretendo como coração de menino de 13 anos. Primeiras posses de bola da prorrogação e Lowry já deu um monte de passes forçados e imbecis pro garrafão, era óbvio que ia dar ruim, se não fosse o Heat ser incapaz de segurar a bola depois de interceptar esses passes. De novo vimos um Heat atrapalhado, fazendo as maiores lambanças quando tinha tudo para vencer o jogo. Rolou até bagunça em cobraça de lateral DE NOVO, com o Deng mandando um passe de futebol americano que foi de uma lateral para a outra da quadra, dando sorte de ter triscado na mão do Carroll antes de sair de quadra. Aí na hora de cobrar a nova lateral, o Deng demorou milênios para fazer a cobrança mais fácil do mundo e o técnico Erik Spoelstra quase teve um ANEURISMA no processo:

Luol Deng já é oficialmente o pior cobrador de laterais do planeta. Engraçado que no próximo tempo técnico que o Heat pediu, quem cobrou a lateral foi o Dwyane Wade. Mesmo com a desvantagem de perder o poder ofensivo do Wade ao receber a bola, pelo menos ele sabe COLOCAR A BOLA NA QUADRA. Mas não foi suficiente: cansado, com Joe Johnson errando tudo e fazendo lambanças, o Heat passou longos minutos sem pontuar na prorrogação enquanto Valanciunas criava seus pontinhos coletando LIXO. Foi mais um alívio do que uma vitória, mas o Raptors não está morto. Essa série-anos-80 vai longe, e se continuar assim talvez mudemos o foco para as trapalhadas que o Heat anda fazendo na hora que importa. Será que em Miami também vai ser assim?


MOMENTO DESCONFORTO SOCIAL

O coitado do segurança do ginásio de Toronto tentou cumprimentar Kyle Lowry ao fim do jogo. Mal sabia ele que Kyle Lowry não estava lá: ELE ESTÁ MORTO POR DENTRO. Segue a prova incontestável. Já pode enterrar, por favor.

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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