[Resumo da Rodada] O estraga-prazeres

Depois de não liderar a série com o Warriors até aqui nem por UM SEGUNDINHO SEQUER, o Jazz finalmente conseguiu sentir o gostinho de estar na frente do placar ao jogar em casa na noite de ontem. Terminaram o primeiro tempo vencendo por um ponto e começaram o segundo tempo empolgados, numa sequência de 7 pontos a 2 para esticar a vantagem no placar, incluindo uma raríssima jogada de transição para o Jazz:

Quando o jogo começou, parecia que o Jazz novamente iria amargar outra partida inteira correndo atrás do placar. Perdeu o primeiro quarto por 10 pontos, errando muitos arremessos livres. Mas no segundo quarto, Draymond Green começou a ficar pirado com a arbitragem. O plano do Jazz era acionar Rudy Gobert O TEMPO INTEIRO, esperando ele estabelecer posição próximo ao aro para tentar passes rápidos e precisos que o pivô não conseguia finalizar sem alguém do Warriors pular em cima e cometer uma falta. Gobert foi a base do jogo de pick-and-roll do Jazz e abandonou um monte de corta-luzes no meio para já correr para a cesta tentar alguma posição vantajosa para um passe. Aliás, Rudy Gobert lidera a liga disparado em corta-luzes, com 34 por partida. A estratégia fez Draymond Green se complicar com as faltas e, se sentindo injustiçado, tentou engolir os árbitros vivos. Nunca entenderemos como é que ele não tomou uma falta técnica ainda em quadra; Stephen Curry, visivelmente sem paciência – talvez porque estivesse errando tantos arremessos simples – praticamente arrastou Draymond Green para fora da quadra e apontou para o banco de reservas substituí-lo imediatamente. Green até saiu, mas saiu COM ESTILO, como se fosse vilão de luta-livre americana, indicando o placar da série com os dedos:

Mesmo fora de quadra, Draymond Green não parou de falar e tomou uma falta técnica SENTADO NO BANCO DE RESERVAS. Stephen Curry foi lá e quase arremessou seu companheiro para fora da quadra, no limite do saco cheio.

A falta técnica acabou fazendo a torcida de Utah pegar fogo e o time do Jazz desencantou: conseguiu uma sequência de 22 pontos contra 9 do Warriors, causando turnovers, estabelecendo Gobert no garrafão ao lado de Boris Diaw e com Gordon Hayward, sempre muito contestado, enfim convertendo os arremessos de fora do garrafão. Além disso, o Jazz soube limitar ao máximo os contra-ataques do Warriors, fazendo faltas quando necessário para frear a transição adversária. Na meia quadra, Stephen Curry não encontrou muito espaço e simplesmente não conseguia converter arremessos, não encontrou um ritmo e errou arremessos mesmo quando a defesa chegava atrasada. Terminou o jogo acertando 6 de 20 arremessos, um desempenho muitíssimo abaixo do esperado. Sua primeira bola de três pontos veio só no segundo tempo, num raro contra-ataque que surgiu com mais um dos já frequentes tocos na tabela de JaVale McGee. A vantagem do Jazz, que só não era maior porque Gobert acertou apenas 7 dos 15 lances livres que cobrou, foi aos poucos diminuindo conforme Curry e Durant iam esquentando no jogo.

Mas no quarto período, aquele gostinho de liderar o placar foi desaparecendo da boca do Jazz. Kevin Durant, que iniciou a recuperação do Warriors, entrou em um outro nível: jogou agressivamente tanto no ataque quanto na defesa. Tomou um tranco de Gobert e não pensou duas vezes, devolveu na mesma moeda – com o bônus dos dois braços nas costas:

O mais engraçado desse lance é ver David West, o cara da NBA que mais gosta de TOMAR PANCADA, que vivia no Spurs de ficar trombando com todo mundo, ter um dos dias mais felizes da sua vida com o empurrão do Durant:

Perguntado sobre o lance, Durant disse que achou tudo completamente normal, que ele tomou uma pancada e deu outra, segue o jogo, segue a vida, não precisava ter marcado uma falta intencional. E ainda terminou dizendo que esse excesso de zelo dos juízes é o motivo da NBA ser considerada cada vez “mais soft”, mais molengona.

No ataque, Durant fez aquelas jogadas que ele sempre faz – os arremessos de média distância que ele insiste em fazer parecer simples porque é mil vezes mais alto e longo do que seus defensores – mas dessa vez foi acionado com muito mais frequência e arriscou bolas difíceis PRA CARAMBA, contestadas, sob forte marcação. Aqui dá pra ver o jogo inteiro do Durant pra entender como não existe arremesso complicado pra ele:

E aqui dá pra ver o GRAU DE DIFICULDADE dos arremessos que ele converteu no quarto período, incluindo esse arremesso sob pressão, no estouro do cronômetro, com Gordon Hayward no seu cangote, e usando a tabela num misto de talento e CAGADA:

A reação de Durant, que ao acertar esse arremesso havia sepultado em definitivo quaisquer chances do Jazz de vencer a partida em casa, foi impagável: ele fez o gesto universalmente aceito de “fazer o que, né, amiga?”:

Com a diferença em 10 pontos a um minuto do fim, já podia ir todo mundo pra casa. Dos 38 pontos que Durant marcou em menos de 39 minutos (além de 13 rebotes), 11 deles vieram só nos 9 minutos em que esteve em quadra no quarto período. Foram 5 acertos em 7 tentativas no período final, abrindo espaço para Curry matar as duas bolas de três que tentou no quarto.

Durant queria tanto MATAR AQUELE JOGO que no quarto período ele até mandou o mascote do Jazz DAR O FORA DA QUADRA pra ele fazer seu trabalho:

O plano do Jazz até deu certo: conseguiram uma liderança no placar, tiveram o docinho na boca, usaram Rudy Gobert à exaustão no garrafão, tiraram Draymond Green com excesso de faltas, bloquearam a maior parte dos contra-ataques do Warriors e tiveram Curry (6 acertos em 20 tentativas) e Klay Thompson (1 acerto em 9 tentativas) errando seus arremessos mesmo quando livres. Não dava pra ter sido melhor. Gobert saiu de quadra com 21 pontos, 15 rebotes, 4 assistências e 2 tocos. Mas MESMO ASSIM não foi suficiente para a vitória. Kevin Durant existe. A série está 3 a 0 e simbolicamente encerrada. O que é que se pode fazer, não é mesmo?

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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