[Resumo da Rodada] Os mandantes passeiam

Depois de apanhar do Heat e tomar um susto com Hassan Whiteside no quinteto titular, o Hornets resolveu apostar mais em Al Jefferson e ocupar o garrafão, atacando a cesta e alimentando jogadores embaixo do aro. De fato isso melhorou muito o ataque da equipe, com Kemba Walker sendo muito mais eficiente nas infiltrações do que no primeiro jogo e Al Jefferson mostrando que Whiteside não é suficiente para pará-lo quando o pivô do Hornets consegue usar seu corpo para estabelecer posição próximo à cesta. Além disso, a ênfase no garrafão fez o Hornets dominar os rebotes ofensivos (pegou 15, contra apenas 3 do Heat) e cavar muitas faltas no processo, pontuando da linha de lances livres quando o resto não estava funcionando. Parecia que o Hornets estava fazendo tudo certo, até a gente olhar pro placar e perceber que eles tomaram SETENTA E DOIS pontos só no primeiro tempo!

Al Jefferson é incapaz de defender o pick-and-roll do Miami e deixou que Dragic, Wade e Whiteside fizessem o que queriam no ataque. Wade dominou jogadores menores dentro do garrafão ofensivo e pontuou como quis, certeiro nos arremessos de média distância. E Wade e Whiteside revezaram papéis, um na cabeça do garrafão e o outro embaixo do aro, trocando passes e pontuando em cima de uma defesa completamente desestruturada. Além disso, lá estava Luol Deng de novo, dessa vez numa partida mais humana, ainda acertando um par de bolas de 3 pontos no lado oposto da bola, assim como Josh Richardson, para deixar a defesa do Hornets inteiramente incapaz de responder à altura. É verdade que o Heat teve dificuldade em lidar com as infiltrações adversárias e em parar Al Jefferson, mas a defesa do Hornets esteve em outro nível de incapacidade. Quando a defesa do Heat deu uma mínima apertada, o placar finalmente abriu e não parecia que o Hornets tinha condições de recuperar o estrago. Para isso não apenas a defesa precisaria ter algum tipo de resposta mas as bolas de 3 pontos precisavam estar caindo, afinal essa é a principal arma da equipe para criar espaços. Acertando apenas uma de DEZESSEIS bolas do perímetro, o Hornets não tem qualquer chance. Marvin Williams, um dos responsáveis pela boa fase da equipe no fim da temporada, errou TODOS OS DEZ ARREMESSOS que tentou. O Hornets melhorou um bocado com sua tática de atacar o garrafão, mas sem ajustar a defesa e acertar seus arremessos, vira uma piada. Pior: perdeu Nicolas Batum por um tornozelo torcido, talvez não volte mais para a série, e sem ele fica pior ainda. Enquanto isso, o Heat está podendo se dar ao luxo de só jogar defensivamente como precisa de vez em quando, aprendendo no processo a espaçar a quadra no ataque e entrosar Wade e Whiteside juntos. Quando isso aí der certo pra valer, vai ser muito, muito divertido.


Outro jogo que parecia apertado mas de repente deslanchou foi a vitória do Cavs em cima do Pistons. A equipe de Detroit dessa vez conseguiu se estabelecer no garrafão com uma partida bem mais dominante de Andre Drummond. Foram 5 rebotes ofensivos só para o pivô, 11 da equipe no total. Drummond dificultou muito a tentativa do Cavs de jogar com Kevin Love de pivô e de estabelecê-lo próximo ao aro no ataque, com Drummond marcando Love na cobertura e não deixando Tristan Thompson sequer tocar na bola. Se o Cavs tinha começado o primeiro jogo forçando Love no garrafão, dessa vez não foi assim tão fácil. Andre Drummond na defesa e no pick-and-roll com Reggie Jackson garantiu que o Pistons conseguisse manter uma vantagem digna no placar, forçando o Cavs a brigar por espaço no garrafão e forçando erros constantes de Love  e Kyrie Irving. A defesa na cobertura do Pistons tornou o garrafão um inferno, apostando em obrigar o Cavs a jogar no mano-a-mano e a fazer arremessos forçados por cima de múltiplos defensores. Até que o Cavs simplesmente passou a usar o espaço no perímetro gerado por essa escolha do Pistons.

Ao todo foram 38 arremessos de três pontos para o Cavs, com 28 convertidos. Para se ter uma ideia, OITO jogadores diferentes do Cavs acertaram pelo menos uma bola de 3 pontos. Só o JR Smith arremessou 11 vezes, com 7 convertidos, e parecia até meio confuso com tanto espaço para arremessar. LeBron James ficou tão livre na linha de três, com Marcus Morris praticamente desafiando ele a arremessar, que depois de converter a bola LeBron voltou para a defesa fazendo caras INDIGNADAS e apontando incrédulo para o Morris:

LeBron, aliás, tenta amenizar a rivalidade com o Pistons no discurso, dizendo que não se importa, que está lá só pra jogar basquete, mas é óbvio que os dois times querem se ver mortos. O banco do Cavs não para de encher o saco berrando durante toda a partida, o Stanley Johnson já falou que os reservas parecem cheerleaders de tanto que dançam e não jogam, e LeBron ganhou um par de cotoveladas daquelas pra você se lembrar de noite:

Mas a história não tem muitos mocinhos. Vale dar uma olhada na ombrada que o Stanley Johnson ganhou do LeBron por motivos de COISA NENHUMA num pedido de intervalo. Ela é tão aleatória que a cara de confusão do Johnson vale o dia:

Num jogo tão físico, tão brigado, de placar apertado e com o Pistons se propondo a dominar o garrafão, simplesmente NÃO DÁ para Andre Drummond cobrar 16 lances livres e converter apenas QUATRO. Some isso a 20 bolas de três pontos e fica claro que dominar o garrafão dessa maneira não vai ser suficiente para derrotar o Cavs, que tem opções demais ofensivas para que seja possível abrir mão de defender todas elas. O Pistons tem um cobertor curto em mãos: cobriu as orelhas, dormiu morrendo de frio nos pés.

 


Um jogo que não deu nem pro cheiro foi Blazers e Clippers. Curioso que falamos tanto de como Chris Paul domina jogos e quem deveria defendê-lo, de como Blake Griffin foi agressivo no primeiro jogo mesmo todo estabanado e que ninguém soube marcá-lo, mas o Blazers tem MEDO MESMO é do DeAndre Jordan. O pivô do Clippers anda em direção à cesta e TODO O TIME DO BLAZERS já está correndo para o aro tentando impedir uma ponte-aérea, mesmo que ela não esteja nem perto de ser lançada. O resultado desse pavor – fruto da inexistência de alguém capaz de marcar o DeAndre Jordan, já que Maurice Harkless herdou a posição de pivô com apenas 2,03m de altura – faz com que Chris Paul tenha os jogos mais fáceis de sua breve vida. Todo corta-luz ele sobra livre para arremessar, toda infiltração ele sobra livre de média distância porque a defesa acompanhou o Jordan, toda vez que ele para no perímetro tem tempo e espaço para decidir o jogo.

Se não marcou mil pontos a mais foi só porque não acertou o que poderia – e porque ficou pouco em quadra, perto do que está acostumado. Isso porque o banco do Clippers DESTRUIU com o jogo, especialmente na parte defensiva. Desde as últimas semanas da temporada regular, quando o banco passou a ganhar mais minutos e chegaram a jogar um jogo inteiro, vencendo apertado no final, estão jogando com muito mais entrosamento e competência na defesa, o que tem dado ótimos frutos no ataque.

Enquanto isso, o Blazers não recebeu ajuda do banco nem de ninguém, McCollum teve uma partida melhor mais ainda está sofrendo demais com a defesa pesada e a marcação dupla do Clippers, e Damian Lillard parece ter tido sua confiança drenada por um ralo. Teve vários arremessos livres ao longo do jogo, intercalados com defesa pesada, e parece que a pressão de ter que acertar quando finalmente estava livre fez com que errasse quase tudo. McCollum também errou uma ou outra bola bem livre em pequenos erros de transição do Clippers e faltou confiança para converter, os dois já estão naquele ponto em que em todo oportunidade questionam se deveriam estar arremessando mesmo a cada oportunidade. Os dois são MÁQUINAS DE ARREMESSAR, se eles questionarem cada bola não vão ter chance nem de chegar perto no placar. Lillard já avisou que está confiante com a ideia de jogar em casa, que lá os arremessos tendem a cair, mas não sei se o lar será suficiente para retomar sua metralhadora de bolas de três. Essa série está cheirando a passeio.

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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