Prorrogações pra dar e vender

>A rodada de quarta-feira foi a rodada dos jogos apertados e das prorrogações. Vamos começar com o inimigo número um da humanidade, LeBron James. Num jogo muito físico e disputado, LeBron foi isolado nas três últimas posses de bola do Heat no quarto-período, deixou a marcação para trás e sofreu falta nas três vezes, acertando só um lance-livre cada vez. Alguns dizem que com um close da câmera dá pra ver o xixi escorrendo pelas perninhas do LeBron enquanto ele cobra os lances-livres, eu não devo ter percebido porque sou um modinha e estava ocupado me impressionando com a facilidade que ele tem de passar pela marcação. Os lances-livres errados foram o bastante para o Clippers conseguir levar o jogo para a prorrogação e fechar a fatura numa partida impecável do Chris Paul. O Clippers forçou demais o jogo, insistiu em isolar o Caron Butler, o Billups deixou o cérebro em Detroit e tentou arremessos tão idiotas que fariam JR Smith corar de vergonha, e mesmo assim o Chris Paul manteve o time controlado porque fez o que quis em quadra contra um Heat que está acostumado a impor seu ritmo de jogo. Foram 27 pontos, 11 assistências, 6 rebotes e só um desperdício para o Chris Paul. Se ele continuar fazendo isso, o David Stern vai ter que enviar um agente de volta no tempo pra mandar vetar essa troca também.

Em outra prorrogação da rodada, o Lakers conseguiu uma vitória apertadíssima contra a equipe-da-qual-não-falamos. Kobe continua deixando o Denis feliz da vida no novo esquema tático do Mike Brown, jogando sem a bola, se movimentando bem para receber os passes e arremessando de média distância. Ontem foram 40 pontos, acertando 14 dos 31 arremessos que tentou – apenas três no perímetro. O único problema é que na hora de decidir o jogo no quarto período, Mike Brown fez exatamente o que fazia no Cavs e colocou Kobe para trazer a bola para o ataque e decidir no mano-a-mano. Marcado por seu nêmesis, o Raja Bell (os dois se engalfinharam um bocado durante o jogo), Kobe deixou de fazer o que fez no jogo inteiro e tentou um arremesso idiota que acabou numa baita tijolada na tabela. Prorrogação adentro tivemos mais do mesmo: Kobe segurando a bola, dando cabeçada na defesa, completamente fora daquilo que tinha feito para dominar a partida até então. Por sorte, Bynum estava lá para trombar com o garrafão do Jazz (ops!) com um tapinha salvador num erro do Kobe na última posse de bola do Lakers e um toco perfeito no Al Jefferson na última posse de bola do Jazz para empatar o jogo. Destaque também para a bola de três pontos do Gasol na zona morta durante a prorrogação numa assistência do Kobe. Só acho que deveria ter sido justamente o contrário.

Mas se o jogo foi tão duro, o mérito tem que ir para o time-do-qual-não-falamos. O garrafão com Al Jefferson e Paul Millsap causou problemas para o Lakers no jogo inteiro, são fortes e trombadores, e ainda tem o Derrick Favors no banco que tem o mesmo estilo. O Lakers sofreu mesmo com Gasol e Bynum, então tem muita equipe que pode ser engolida viva só por esse garrafão jovem da equipe de Utah.

A noite teve ainda uma outra prorrogação, mas bem mais sem graça: meu Houston perdeu para o Spurs num jogo dominado do começo ao fim pelo Tony Parker. Mas é claro que na hora do aperto o Spurs levou o jogo para o garrafão e aí o Scola ofereceu mingau de aveia e mel pra todo mundo. Não dá pra levar meu time a sério.

Muito mais interessante foi o final apertadíssimo de Celtics e Mavs. O Garnett já é veterano na NBA, está ficando velho, mas isso ficou mais evidente do que nunca em sua decisão de como marcar Dirk Nowitzki na bola final do jogo: ele encostou o corpo o mais perto possível do corpo do alemão, umbigo-no-umbigo, e travou os pés. Lembram daquela época que bastava fazer isso para acabar com a raça do Nowitzki, que ficava incomodado mesmo por jogadores nanicos que fizessem isso, tentava bater pra dentro e tropeçava nas próprias pernas? Pois bem, o Dirk não é mais o mesmo faz uns anos, a maioria dos pivetes da NBA nem sabe que o alemão um dia teve essa dificuldade. O Garnett é velho, apostou na antiga estratégia, foi batido no drible e o Nowitzki acertou uma cesta na passada, sofrendo contato e ainda tomando uma falta do Brendon Bass que veio na ajuda. Eu também sou velho, sou do tempo em que o Dirk nunca, nunca, nunca ia conseguir marcar uma cesta final sofrendo contato. Mas agora ele faz com naturalidade e levou o jogo pra casa. Vale ver a jogada abaixo:

Pra sermos justos com o Garnett, a marcação dele incomodou o Dirk durante o jogo inteirinho, só não foi o bastante na jogada final. O Celtics já não consegue mais se garantir na defesa como fazia antes, e o ataque está mais capenga do que de costume com o Paul Pierce fora de forma depois da sua última lesão. Por sorte o Rajon Rondo é um gênio e dá um jeito, nem que seja na marra, desse time funcionar. Se eu tivesse hibernado na última década e acordasse hoje, teria certeza de que o Celtics é o time do Rondo e que ele tem alguns companheiros vovôs que até que são bonzinhos. Pois é, o tempo passa.

A rodada teve outros jogos disputados: o Blazers perdeu no finalzinho para o Magic, mesmo depois de uma reação bacanuda. O Magic estava num daqueles dias em que as bolas de três caíram, e o time é mortal nessas situações. O problema é que bolas de três são instáveis e quando elas deixam de cair, nem que seja por uns minutos, o adversário sempre arranja alguma reação. Ontem, o Magic acertou 16 bolas de três pontos (das 27 que tentou) e a reação do Blazers não durou muito. O bizarro é que, insisto nisso, o Magic só teve tanto sucesso nas bolas de três porque o Dwight não foi o foco do ataque. Pelo contrário, ele sofreu muitas faltas, pareceu sem ritmo, acertou apenas 3 dos 12 lances-livres que tentou (o que praticamente anula o poder de qualquer pivô) e começou a soltar a bola para os companheiros no perímetro. Foi uma vitória importante para o Magic não só porque o Blazers é um dos times mais duros de enfrentar e estava invicto em casa até ontem, mas também porque o Dwight teve papel reduzido e isso melhora sua equipe em quinhentos por cento.

Ainda assim o Blazers poderia ter ganhado o jogo se tivesse colocado a bola nas mãos do Jamal Crawford no final. Ontem ele teve sua jogada-de-4-pontos (cesta de três pontos sofrendo uma falta) de número 34, recorde absoluto da NBA, estava pegando fogo, e ainda assim não recebeu a bola na hora decisiva. Tem tanta gente boa nesse Blazers que eles ainda não sabem muito bem quem acionar na hora do aperto.

Sixers e Knicks também foi decidido no finalzinho. O Sixers sempre teve problemas para pontuar quando a defesa não funciona, o foco é sempre no contra-ataque, e ontem não tiveram Spencer Hawes para desafogar o ataque no garrafão, então o negócio foi feio. Chegaram a passar 7 minutos seguidos sem pontuar simplesmente porque não conseguiam parar o ataque do Knicks, que continua jogando como se não houvesse amanhã (e como se todo mundo tivesse déficit de atenção). O novato Iman Shumpert, que é o único que defende com gosto naquele elenco e se atira até contra caminhões pela bola, agora tá se achando o Carmelo Anthony e achando que no esquema do D’Antoni todo mundo pode ser estrelinha. Forçou arremessos absurdos ontem e mostrou que o esquema do D’Antoni é muito, muito legal – mas não para armadores que não conseguem nem fazer cruzadinhas no nível “É sopa!”. O pior é que o experimento de tornar Carmelo Anthony o armador dessa equipe vai de mal a pior, já que todos sabemos que Carmelo é fantástico mas não muito esperto. Quando se joga em velocidade tentando arremessar logo, é preciso que alguém saiba quem acionar em todas as horas, senão quem toca na bola vai arremessar sem critério. No fim, acabaram dependendo dos erros do Sixers no quarto período pra levar o jogo.

A rodada ainda teve alguns jogos mais fáceis. O Hawks, pra variar, continua incompreensível e eu desisto de falar deles. Ontem perderam para o Pacers num jogo em que não tiveram nenhuma chance. Quem acompanha o blog há algum tempo sabe que eu acho esse Hawks uma porcaria (e prometo um post maior a respeito em breve), ainda que eles tenham possibilidade de roubar uma partida de qualquer equipe da NBA. Mas não dá pra ir longe se o seu time pode tanto ganhar do Bulls humilhando quanto perder do Cavs de lavada. Ontem o Hawks mostrou bem que aquilo que funciona contra o Bulls (pressionar o armador, dobrar marcação, fazer a troca depois do corta-luz) não funciona contra equipes de jogo mais coletivo como o Pacers. E, pra piorar, o garrafão de mentirinha do Hawks (que é feito de jogadores improvisados) foi exposto em suas dificuldades contra o Roy Hibbert, que é um dos pivôs mais habilidosos da NBA e simplesmente dominou o garrafão durante todo o jogo. Em dado momento chegou a dar dois tocos seguidos no Al Horford, que desmontou de vergonha e chegou até a se lesionar no processo, deve passar um tempo fora.

Com o garrafão dominado e a defesa não surtindo efeito, podemos ver o verdadeiro Hawks: jogadas individuais no perímetro e arremessos longos do Josh Smith – que, como o Denis mostrou, são o pior lado do seu jogo. Ontem no terceiro período Josh Smith mostrou seu lado mais irracional e o Pacers fez 27 pontos tomando apenas 9, foi um massacre.

Por falar em Bulls, ontem enfrentaram o Wizards sem Derrick Rose, que está com um dedo machucado. No seu lugar entrou John Lucas, que foi armador no meu Houston durante algum tempo e sempre fez um ótimo trabalho no ataque, só se complicando mesmo na parte defensiva. O cara não é nenhum gênio, mas temos que lembrar que o Bulls é montado ao redor do armador, que tudo é construído para favorecer o Rose, que a base da equipe é uma forte defesa que deixa o armador brilhar do outro lado. John Lucas simplesmente entrou dentro desse esquema tentou 28 arremessos (vinte e oito!) mesmo só acertando 11 deles, e terminou o jogo com 25 pontos, 8 rebotes e 8 assistências. Foi o bastante para o Wizards não dar nem pro cheiro. O legal de ver o John Lucas assumir a armação foi ver como o Derrick Rose é favorecido pelo esquema – mas também como ele faz falta nesse Bulls com seu poder de marcação, seus arremessos de três e sua capacidade (recente, aliás) de envolver mais seus companheiros no ataque. John Lucas quebra um galho, mas Rose deve voltar logo.

Em Toronto, Leandrinho teve sua primeira grande partida da temporada se aproveitando do jogo em velocidade que o novo Kings permite desde que Paul Westphaul foi demitido. Leandrinho marcou 24 pontos, comandou o ataque de transição, mas o Raptors não teve nenhuma resposta para DeMarcus Cousins. Agora que ele é um homem livre, sem o velho treinador para chatear, continua dominando garrafões como se todo o planeta fosse efeito de anões. Ontem foram 21 pontos e 19 rebotes com uma facilidade absurda. Se ele não cometesse tantas faltas e não perdesse a cabeça no meio dos jogos, seria um gênio. Ontem quase se descontrolou depois de levar uma falta técnica ao comemorar uma enterrada. Precisa tomar maracujina. Mas não é só ele o homem livre do elenco: Isaiah Thomas vem ganhando mais minutos e está se mostrando um armador espetacular encontrando os companheiros, pode até ser armador em tempo integral se o Tyreke Evans topar jogar segurando menos a bola.

Pra finalizar a rodada, o Nuggets teve mais um jogo coletivo (e divertido) marcando 123 pontos contra o Nets, e o Thunder venceu seu quinto jogo em seis dias, dessa vez contra o Hornets que insiste em Kaman e Okafor juntos. Talvez se unissem os dois no mesmo corpo, quem sabe.

Fotos da rodada

 – Foi ele, tio!
 Calderon resolve tirar um cochilo no meio da infiltração
Gang bang: três contra um
 Dwight Howard achou que o Ray Felton tinha 4 metros de altura
 Blake Griffin tem um derrame cerebral no meio da jogada
Josh Howard mostra como defender pivôs com 2,13m de altura
Shawn Marion e Paul Pierce voltam breacos da balada
 Hora das artes marciais: Jermaine dá um nocaute em Vince Carter…
… Gasol mostra seu kung-fu garça
… e Spoelstra mostra sua pose “karatê kid”

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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