[Resumo da Rodada] Raptors na Final do Leste

A série que fez nossos olhos SANGRAREM finalmente atingiu seu limite: após o Jogo 7, só pode haver um time vencedor. Se deixassem essa série continuar rolando, é bem possível que aos trancos e barrancos o número de jogos chegasse às duzias antes de um dos times se mostrar claramente superior ao outro. Mas, pelo bem do basquete bem jogado, do basquete bonito e dos NOSSOS OLHOS, é melhor que tudo acabasse no sétimo jogo mesmo.

Esse jogo final era a hora das duas equipes mostrarem seu melhor basquete para atingir uma improvável Final de Conferência, e tudo isso em Toronto aos olhos de milhares de canadenses empolgados compondo a torcida de basquete mais FUTEBOL da NBA. Levando em consideração o histórico psicológico do Raptors, isso não parecia bom sinal: o mando de quadra não costuma ser tão generoso assim com a equipe, e a pressão dos torcedores notoriamente interfere na performance das suas maiores estrelas. Ainda assim, mesmo tendo perdido o Jogo 6 quando o Heat colocou em prática um small ball radical, sem nenhum jogador levemente parecido com um pivô, o Raptors parecia rumar para esse jogo derradeiro em bom tom: Kyle Lowry e DeMar DeRozan tiveram boas partidas, conseguiram impor seu jogo, atacar a cesta e acertar arremessos importantes. Tirando os ajustes necessários para enfrentar o small ball – já que a solução óbvia, Jonas Valanciunas, continua fora por lesão – o bom jogo da dupla já deveria ser suficiente para deixar o coração dos canadenses quentinhos e conseguir vislumbrar chances de vitória.

No Jogo 7, Lowry e DeRozan começaram novamente agressivos, atacando o aro e tentando criar espaço na marra, com Lowry trombando mais e DeRozan apostando naqueles arremessos e floaters de curta distância por cima de defesa. O Heat, novamente com o nanico Justise Winslow de apenas 2 metros de altura como pivô, sofreu com as infiltrações e precisou de um esforço coletivo para tentar proteger o garrafão e garantir os rebotes. Mas o Raptors, já avisado de que a norma seria o basquete-nanico, entrou em quadra com a missão de acelerar o jogo, gerar rebotes com o Heat fora de posição, e atacar os rebotes como se não houvesse amanhã. Fica difícil dizer que a tática funcionou de maneira vistosa, já que o Raptors arremessou uma quantidade CONSTRANGEDORA de airballs e bolas que só deram bico de aro, mas a velocidade na transição permitiu que muitos desses arremessos porcaria se tornassem rebotes de ataque que viraram pontos mais fáceis. Foi aos poucos, mas até o fim da partida o Raptors conseguiu VINTE REBOTES DE ATAQUE contra apenas 7 do Heat, um número obsceno e indicativo de que a bola não entrou muito dentro do aro. No total, o Raptors pegou 20 rebotes a mais do que o Heat na partida, prova de que jogar sem pivôs não funcionou contra uma equipe que atacou cada arremesso errado com agressividade, velocidade e Bismack Biyombo. O congolês acabou o jogo com 16 rebotes, 6 deles de ataque, e somou 17 pontos – a maioria em infiltrações estabanadas de Kyle Lowry que ele desistiu no meio e acionou o pivô ou em rebotes ofensivos mesmo. A capacidade de Biyombo de incomodar o garrafão do Heat aparece no número de lances livres que bateu: foram 12, incluindo um par de faltas do Wade que limitaram um pouco os minutos do armador no começo do jogo.

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O Heat até conseguiu se beneficiar do elenco mais baixo para criar jogadas no ataque, mas a finalização foi um desastre. A defesa individual do Raptors mais uma vez tornou a partida um pesadelo, Dragic foi muito mais incomodado defensivamente especialmente pela ausência de um companheiro para o pick-and-roll, e a maior parte de suas jogadas foram infiltrações que geraram passes limpos para o lado oposto da bola em arremessos de Joe Johnson, Josh Richardson e Luol Deng. Como o trio somou 2 acertos em 9 tentativas, o Heat foi mais uma vez vítima de sua falta de arremessadores. Nos momentos em que a defesa do Raptors encaixou, só restava ao Heat trocar passes no perímetro na certeza de que ninguém iria acertar um arremesso daquela distância, rezando pra sofrer alguma falta. O Wade até fez algo mais além de rezar:

Conforme o Heat foi apanhando por conceder muitos rebotes ofensivos, o time foi tendo que lutar mais pelos rebotes e como consequência não conseguia correr para o contra-ataque. Isso permitiu que a defesa do Raptors tivesse mais tempo de se posicionar e escolher as melhores marcações individuais, forçando o Heat a tirar arremessos malucos de dentro da cartola. No terceiro período, mesmo com o ataque do Raptors longe de ganhar qualquer prêmio de eficiência, a diferença no placar já era de 17 pontos para o time da casa.

Diferença de quase 20 pontos, no terceiro quarto de um Jogo 7 dentro de casa com a torcida enlouquecida. Já pode comemorar a vitória, né? Já pode pensar no jogo em Cleveland, né? Poderia, se não fosse o Raptors, o time especialista em ENTREGAR PAÇOCAS. Sabe aquele sorrisinho nervoso que você percebe no torcedor que comemora por obrigação, mas que no fundo sabe que toda essa alegria pode ruir a qualquer momento? Era a cara de todo fã do Raptors no ginásio. Não que o Heat desse qualquer sinal de que tinha chances de virar o jogo, já que a aposta no elenco baixo deu errado mas apostar num elenco alto estava além das possibilidades reais, sem Chris Bosh (talvez pra sempre?) e sem Hassan Whiteside (por quase toda a série). Mas o Raptors consegue entregar uns jogos sozinho, sem qualquer envolvimento do adversário, então nunca se sabe.

Foi aí que Tyler Johnson entrou em quadra para armar o jogo para o Heat, com Dragic e Wade tendo partidas muito difíceis contra a forte defesa e visivelmente cansados com a correria imposta pelo adversário. Um roubinho de bola do Tyler Johnson aqui, uma bolinha de três pontos dele ali, e um monte de erros do Raptors entre esses dois lances foi suficiente para o Heat cortar a vantagem para apenas 6 pontos a segundos do fim do terceiro quarto. Era tudo que precisava para o Raptors DERRETER, implodir, desaprender a jogar basquete. Mas aí o DeRozan simplesmente foi para o outro lado da quadra, driblou o coitado do Justise Winslow e converteu um arremesso para jogar um balde de água fria no Heat para acabar o quarto. Foi a primeira vez que vi a equipe mostrar calma, compostura e eficiência num momento difícil da pós-temporada. Parecia que os tempos haviam mudado.

Ainda não tinha um fã capaz de comemorar antes da hora, mas a bola do DeRozan já mostrava uma clara diferença para aquele time assustado, sem confiança nos arremessos que perdeu o primeiro jogo em casa na série. O quarto período começou com 8 pontos de vantagem para o Raptors, mas 2 minutos depois a diferença já era de DEZESSEIS PONTOS. Um Heat cansado, devastado por perder tantos rebotes, não soube o que fazer contra um Raptors bizarramente tranquilo e atacando a cesta sem parar. Quando finalmente parecia que não havia perigo de perder mais o jogo, teve de tudo: coadjuvantes acertando as bolas como fizeram tantas vezes na temporada regular, Kyle Lowry dominando o jogo e até a torcida desafiando a ZICA e já pedindo pelo Cleveland:

Faltando 7 minutos para acabar o jogo, a diferença já era de 20 pontos. Confesso que eu ainda fiquei esperando o Raptors perder por milagre, mas foi só o costume. Jogaram muito bem no último período, colocaram uma marcha que o Heat nem sabia que existia, a vantagem chegou em 28 pontos e só não foi mais porque o Heat jogou a toalha. Foi a primeira vitória fácil do Raptors nesses Playoffs, algo até ontem impensável. Já conseguiram deixar a maldição para trás, alegraram sua torcida, alcançaram a primeira Final de Conferência da história da franquia e podem dormir tranquilos. Mas não, disseram em alto e bom som que tudo isso É POUCO, que querem vencer o Cavs. Então beleza, vamos ver no que vai dar. Para o Heat a derrota é chata porque enfrentar LeBron era um SONHO PRÓXIMO, mas sem Bosh e Whiteside, tendo que tirar uns jogadores DA ORELHA para competir em Jogo 7, voltar para casa não é nenhuma vergonha. Agora é ver como esse time pode se montar para o futuro.


RODADA DO DIA

OKC Thunder @ Golden State Warriors (22h, SporTV)


CALENDÁRIO MAIA DO DIA

A gente aqui pensando que o problema do Raptors era uma questão psicológica, tática ou de falta de experiência, mas não: era apenas o horário em que os jogos eram marcados. O Raptors NUNCA tinha ganhado um jogo nos Playoffs que tivesse começado antes das 16h – foram 14 partidas, 13 derrotas e ontem a única exceção, uma que os levou às Finais do Leste. Nem o calendário da NBA pode pará-los agora!


MOMENTO CLIPPERS DO DIA

Aqui no Bola Presa já usamos “Clippers” como sinônimo de VAI DAR ERRADO muitas vezes no passado. Uso numa frase: “Até vou tentar fazer esse trabalho direito, mas com certeza no final vai acabar dando Clippers”. Se você ainda não entende o motivo (mesmo depois que o Clippers perdeu Chris Paul e Blake Griffin AO MESMO TEMPO nesses Playoffs), aqui vai um dado legal: com o Raptors finalmente vencendo esse Jogo 7, os únicos times a nunca jogarem uma Final de Conferência em suas histórias são o Charlotte Hornets (nessa versão Bobcats), o New Orleans Pelicans (recém-nascido) e o Los Angeles Clippers. Parabéns aos envolvidos!

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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