[Resumo da Rodada] Rockets adia as férias; Raptors se vinga

Mais uma partida do Warriors sem Stephen Curry nesses playoffs, fora com seu tornozelo torcido. O bizarro é que Curry tinha tanta certeza de que iria jogar que sequer levou um TERNO para Houston, de modo que quando avisaram que ele não jogaria para poupar o tornozelo, ele sequer tinha como ficar no banco de reservas por não ter a vestimenta adequada.

O Warriors já provou que não precisa de Stephen Curry para atropelar o Rockets dessa temporada, então ganhar em Houston seria certamente um esforço épico para James Harden e seus amigos. Parte fundamental desse esforço é encontrar um estilo de jogo consistente e conseguir pontos fáceis no garrafão, algo que levou o Rockets às Finais do Oeste na temporada passada mesmo acontecendo de maneira intermitente. Pois bem: o esforço épico por parte do Rockets aconteceu nesse Jogo 3. Para minha TOTAL e completa surpresa, a equipe entrou em quadra tentando estabelecer Dwight Howard no ataque, depois de ter IGNORADO completamente o pivô nos dois confrontos anteriores, ao ponto de Howard não conseguir sequer segurar uma bola quando ela por sorte ia parar perto dele. Com três pontes-aéreas seguidas para o pivô, o Rockets mostrou que atacaria o garrafão e pontuaria por cima de Draymond Green e Harrison Barnes se o Warriors insistisse com sua formação mais baixa. A agressividade de Dwight Howard e do resto da equipe atacando a cesta tirou Andrew Bogut rapidamente com duas faltas numa das piores partidas que eu já vi defensivamente do pivô australiano. 

É nessas condições, sem Bogut em quadra e com os pivôs mais baixos do Warriors desesperados por não saberem se marcam o aro ou o perímetro, que James Harden pode finalmente se estabelecer como um dos melhores jogadores da NBA. É na indecisão da defesa que ele encontra espaços para arremessar e para infiltrar, e é com suas bolas caindo no perímetro que ele coloca defensores assustados em movimento para SE ARREMESSAR contra eles em infiltrações que geram lances livres. É claro que James Harden arremessou demais, mas foi justamente isso que causou bagunça na defesa do Warriors e permitiu pelo restante do jogo que o resto da equipe contribuísse. A partir daí o Rockets solenemente ignorou Dwight Howard de novo, apostando na versatilidade de Motiejunas e de Michael Beasley para pontuar e deixando no banco Josh Smith e Capela, um por arremessar ATÉ A MÃE num jogo que precisava de pontuadores precisos, e o outro por não conseguir contribuir no ataque. Na defesa, o Rockets apostou em Patrick Beverly para apertar o perímetro e em Trevor Ariza para GRUDAR em Klay Thompson, que errou todos os sete arremessos de três pontos que deu na partida. Dwight Howard também ajudou protegendo o aro e fez com que Draymond Green tivesse uma partida muito, muito difícil no ataque.

O Warriors, frente a um Harden inspirado e um Rockets jogando com muita intensidade, tanto no garrafão quanto na defesa, teve que encontrar outras maneiras de funcionar. A melhor solução contra o Dwight Howard foi colocar Marreese Speights em quadra, arremessando de longa e média distância e forçando Dwight para fora do garrafão. Já a melhor solução para a defesa de perímetro de Beverly e Ariza foi colocar Shaun Livingston para pontuar de costas para a cesta, como ele sempre consegue fazer contra os marcadores mais baixos de qualquer equipe. Speights e Livingston foram os grandes responsáveis por cortar a vantagem de 17 pontos do Rockets e encostar no placar a um minuto do fim.

Foi aí que começou a BAGUNÇA: passando a bola de um lado para o outro para gastar cronômetro, Beasley acabou perdendo a bola na linha de fundo – o que os árbitros, numa decisão polêmica, decidiram que foi através de um toque da defesa, não do Beasley. Na cobrança da linha de fundo, Ariza tentou acionar Beasley no garrafão e ele sequer chegou PERTO da bola, gerando um contra-ataque do Warriors que virou o placar a 14 segundos do fim. Detalhe: nesse segundo eu morri. Sem nenhum tempo para pedir, Harden simplesmente pegou a bola e correu para o ataque. Durante a partida ele abusou de Klay Thompson, infiltrando toda vez que o armador tentava lhe impedir o arremesso, e de Draymond Green, arremessando na cara dele para punir o excesso de espaço que ele lhe dava. Mas Andre Iguodala marcou o Harden o melhor possível, e era justamente Iguodala quem estava defendendo James Harden na investida final. Detalhe: morri de novo. Ainda assim, Harden parou a infiltração no meio, girou para longe da cesta e meteu um arremesso certeiro a menos de 3 segundos do fim do jogo. Detalhe: ressuscitei.

O Warriors ainda teve uma chance de vencer, mas Draymond Green simplesmente CHUTOU A BOLA PARA FORA, literalmente, com o pé mesmo. Detalhe: morri de rir.

Depois da partida ele assumiu toda a culpa da derrota, não apenas pelo turnover, mas pelos seus SETE turnovers do jogo, por não ter conseguido defender Harden ou Howard, por não ter envolvido os companheiros. Em sua defesa, seu segundo tempo foi muito superior ao primeiro, depois que o Warriors se adequou melhor à energia do Rockets e aos ataques ao garrafão, mas não foi suficiente.

O Rockets sobreviveu por pouco a muitos perigos: Speights e Livingston trazendo problemas insolucionáveis, Dwight Howard sofrendo faltas propositais e errando tudo nos minutos finais da partida, bolas de 3 pontos não caindo com a frequência necessária. Mas a intensidade defensiva e o ataque à cesta foram suficientes contra um Warriors fora da zona de conforto, sem as bolas de desafogo do Curry e com Klay Thompson engolido por Ariza sem os valiosos corta-luzes do seu colega de armação. Achei que não dava, achei que meu coração apenas seria despedaçado em milhões de pedacinhos, mas no fim o impossível aconteceu. No domingo tem mais, com Rockets tentando manter o plano e, esperamos, usar mais o Dwight Howard do que nunca. Mas Stephen Curry estará de volta e aí só um milagre. Detalhe: morri de novo, de desesperança.


Nas outras partidas da rodada, nenhum membro do Bola Presa morreu múltiplas vezes no processo. O Thunder simplesmente atropelou o Mavs de novo, depois daquela partida INEXPLICÁVEL em que o Mavs saiu com a vitória mais improvável dos playoffs. Dessa vez sem Deron Williams, fora com uma hérnia que pode lhe tirar de toda a série, o Mavs não encontrou espaço para arremessar e a equipe errou 10 das suas primeiras 12 bolas de três pontos. O único momento de alívio na partida foi quando, na base de um par de boas jogadas de defesa, o Mavs conseguiu estabelecer Dirk Nowitzki no ataque em situações favoráveis, num arremesso de média distância, num contra-ataque e num pick-and-roll fortuito. Fora isso, Dirk não teve espaço para jogar, JJ Barea e Raymond Felton tiveram dificuldade em encontrar seus companheiros e acabaram sendo atropelados por um adversário jogando mais rápido, mais forte e com mais intensidade do que qualquer um. Se o Mavs brilhou num trecho do terceiro período através da defesa foi porque ali tiveram energia para tanto; no resto do jogo não conseguiram sequer correr atrás de Durant e Westbrook no ataque de meia quadra.

O engraçado é que Kevin Durant deixou bem claro que depois da derrota para o Mavs fazia questão de não mudar NADA no seu jogo: iria continuar com os mesmos arremessos, o mesmo posicionamento, o mesmo plano tático. Só iria fazer tudo MELHOR. Esse Thunder não é previsível só porque é burro ou limitado, é também por ESCOLHA PESSOAL, por filosofia de equipe. A parte triste, ao menos para quem esperava que esse Thunder fosse um time um pouco mais inteligente, é que a melhora de intensidade e execução de Durant e Westbrook são suficientes para tirá-los de uma derrota rumo a uma vitória ESMAGADORA. Durant teve 34 pontos, Westbrook 25 pontos com 15 assistências, e tudo isso aí na base da correria, do contra-ataque e da força física. Até quando os dois saíram e o banco de reservas assumiu a história foi a mesma: Dion Waiters e Enes Kanter tiveram muito mais energia do que o Mavs inteiro. Parece que o time de Dallas não tem pulmão, pernas nem ALMA para resistir ao Thunder, mas aí vão e conseguem uma vitória nada a ver. Não dá pra saber o que esperar.


Pra fechar a rodada, o Raptors conseguiu roubar com a maior facilidade do mundo um jogo na casa do Pacers para recuperar mando de quadra. Depois de terem acertado apenas UM arremesso de três pontos em 17 tentativas somadas, Kyle Lowry e DeMar DeRozan precisavam mudar de plano. DeRozan simplesmente desencanou do perímetro e foi para os arremessos de média distância, evitando infiltrações contra toda a defesa e arremessos de três pontos com pouca confiança e defesa no cangote. Foi ali ao redor da cabeça do garrafão que ele abriu uma vantagem para o Raptors que nunca mais foi embora, mesmo depois quando ele começou a ser mais contestado. A produção dele abriu um pouco de espaço para o Lowry, que meteu 4 bolas de três pontos e aumentou a vantagem. Nenhum dos dois teve uma partida óoootima, mas foram bem melhor do que nas partidas anteriores e foi o suficiente para o Raptors ter um ataque mediano. Associado a uma defesa bem forte e erro atrás de erro do Pacers, o jogo ficou bem fácil. Paul George sofreu defesa bem mais física, muito mais trombadas, e eventualmente começou a errar até os arremessos mais fáceis em transição, quando a defesa do Raptors não acompanhava. O Pacers só marcou 36 pontos no primeiro quarto, ou seja, um Lowry e um DeRozan meia-bocas são o bastante pra vencer disso aí. O ataque estava tão ruim que os passes começaram a ficar estúpidos e desperdiçar a bola só piorou a causa.

Ainda fico curioso de ver que nos momentos em que o ataque do Raptors parecia quase tão ruim quanto o do Pacers, Cory Joseph e Patrick Patterson salvavam tudo. Cory no lugar de DeRozan e Patterson no lugar de Luis Scola fazem o ataque fluir muito melhor, ao menos contra esse Pacers. Talvez se o Raptors aceitasse isso, a série se mostrasse fácil como deveria. Até lá, ainda somos obrigados a ver o Raptors vencendo por 15 e FICANDO EM PÂNICO porque a vantagem é curta demais para o time mais assustado da NBA. Parece que, taticamente, a série acabou, mas vai saber o que pode acontecer quando os jogos voltarem para Toronto. Acompanhemos.

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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