[Resumo da Rodada] San Antonio Spurs educa

O placar de 124 a 92 – uma diferença de 32 pontos entre os times – engana aquele torcedor incauto que não assistiu à partida. A diferença entre os times foi AINDA MAIOR do que a distância no placar indica. O quarto período inteiro foi aquilo que chamamos de garbage time, quando o resultado do jogo já não tem mais como mudar e apenas os jogadores mais secundários entram em quadra pra matar tempo. Quando o período final começou, a diferença no placar era de 39 pontos, de modo que o fundo de banco do Thunder conseguiu camuflar um pouco o desastre. As médias da equipe e os números históricos foram ligeiramente embaçados pelo fato de que o Spurs não poderia se importar MENOS com os 12 minutos finais da partida, descansando a defesa mais insanamente dominante que o Thunder já viu jogar nos Playoffs.

Não é exagero: a defesa do Spurs, que toma 7.4 pontos a menos do que a média da NBA a cada 100 posses de bola, é de fato a melhor defesa que o Thunder já enfrentou numa pós-temporada e o resultado desse embate foi impressionante. Russell Westbrook foi implacavelmente marcado por Kawhi Leonard, jogador de defesa do ano, enquanto Kevin Durant foi defendido por um Danny Green em seus melhores dias. Além disso a ajuda defensiva do Spurs foi impecável, com o garrafão saindo para contestar cada corta-luz e voltando imediatamente para defender o o aro, como uma sanfona. Usaram defesa por zona no garrafão, com o perímetro recebendo marcação individual de Green e Leonard. Westbrook e Durant não encontraram nenhum espaço e pareciam verdadeiramente surpresos com a defesa de zona morta do Spurs, que é a melhor da NBA: passar a bola na linha de fundo para a zona morta oposta, como o Thunder tanto gosta de fazer, faz o Spurs rotacionar todos os seus jogadores para cobrir o arremessador e, no próximo corta-luz, organizar toda a defesa para o estado original. Assim, o único modo que Durant e Westbrook encontraram de acionar o perímetro foi com Serge Ibaka nas diagonais, reduzindo o coitado a um simples arremessador destreinado. Se a surra não foi ainda mais categórica foi porque Ibaka acabou acertando 3 dos 6 arremessos de três pontos que tentou, e o Spurs parecia plenamente confortável em manter esse arremesso de pior aproveitamento acontecendo. Mesmo nos raros momentos em que o Thunder parecia ter conseguido uma marcação favorável – Westbrook sendo marcado por Tony Parker, Steven Adams por Danny Green – a defesa por zona do Spurs no garrafão impediu que esses duelos desfavoráveis fossem aproveitados, com marcação dupla ou até tripla impedindo as jogadas de acontecer e forçando o Thunder a recomeçar.

A defesa do Spurs foi tão dominante que o Thunder já havia IMPLODIDO com 6 minutos de jogo. Russell Westbrook já estava tão frustrado de não conseguir infiltrar que em dado momento arremessou Danny Green no chão numa disputa de rebotes; a equipe começou a cometer desperdícios de bola ridículos, incluindo uma cobrança de lateral que foi parar lá na outra lateral, fora da quadra, sem que ninguém tocasse nela; jogadas individuais forçadas começaram a virar um prato cheio para que o Spurs colocasse um par de mãos a mais na marcação e conseguisse um roubo de bola.

Enquanto isso – e essa é a parte mais inesperada da coisa toda – o Spurs estava dando uma AULA de como se movimentar no ataque, e o Thunder, já abalado, preparou rapidinho uma AULA de como não defender. O Spurs executou com perfeição, com um pick-and-roll impecável levando Leonard a enterrar já na primeira jogada, e um pick-and-pop perfeito levando LaMarcus Aldridge a converter um arremesso simples de tudo de média distância logo na segunda jogada da noite. A cada corta-luz ficava óbvio que o Spurs podia escolher entre infiltrar ou passar para um arremessador inteiramente livre. Quanto mais o Thunder era machucado com infiltrações, mais tentava responder ao corta-luz por baixo, com os defensores recuando para barrar o caminho para a cesta, e mais os arremessadores do Spurs ficavam livres. Chegou a um ponto tal que o Spurs podia fazer um par de corta-luzes que sequer utilizava no garrafão e isso era suficiente para criar bolsões de espaço na altura da cabeça do garrafão para QUALQUER UM entrar e arremessar inteiramente sozinho. Esse espaço deixou Danny Green recuperar sua confiança nas bolas de três pontos, Tony Parker interromper suas infiltrações no meio para arremessos de média distância, e LaMarcus Aldridge ter o jogo mais fácil da sua vida. Vejam: como torcedor do Rockets, já vi Aldridge DESTRUIR minha equipe com 46 pontos num jogo de Playoff em 2014, mas foram todos arremessos contestados, difíceis, por cima dos defensores. Contra o Thunder, pelo contrário, Aldridge acertou 18 de 23 arremessos para 38 pontos em apenas 29 minutos, e praticamente todos eles foram arremessos simples, livres, sem nenhum defensor a menos de dois passos de distância. Mas quando teve que dar arremessos forçados – incluindo um arremesso espírita enquanto caía no chão – converteu da mesma maneira. Deixar um jogador desse nível esquentar é loucura.

O desespero do Thunder em contestar esses bolsões de espaço levou a defensores desesperados chegando atrasados nas bolas de perímetro e cometendo faltas constantes em arremessos de três pontos. Ainda no primeiro tempo, o Spurs esteva na situação confortável de cobrar 3 lances livres por três vezes, de modo que a pontaria de longa distância nem precisava estar tão calibrada assim. Mas o pior é que estava: o Spurs acertou 82% dos seus arremessos no primeiro quarto, marcando 43 pontos no período – recorde da franquia – e levando a diferença no placar a 23 pontos. Some a isso os também 6 tocos que o Spurs conseguiu na etapa inicial e dá pra ter ideia de como o Thunder estava sendo dominado dos dois lados da quadra.

O jogo já estava praticamente decidido quando começou o segundo quarto, mas Westbrook e Durant começaram a tentar resolver a partida. As bolas de três pontos forçadas de Westbrook, que geraram rebotes longos, o Spurs conseguiu transformar em contra-ataques. Toda vez que o Thunder errava a transição defensiva nos contra-ataques, tinha alguém no perímetro para puni-los, especialmente Danny Green, que meteu 5 bolas de três pontos na partida. E quando a situação era o contrário – Russell Westbrook usando um raro rebote defensivo para correr e tentar pegar a defesa do Spurs fora de posição – a equipe de San Antonio usou à vontade o movimento defensivo mais clássico do Ginóbili: FAZER UMA FALTA, dar um tapinha qualquer no Westbrook, forçar o jogo a parar para retomar a defesa. Ainda no segundo quarto, acho que cheguei a ver o Westbrook ESPUMANDO PELA BOCA, mas não tenho certeza.

Com o fim do primeiro tempo, Kawhi Leonard e LaMarcus Aldridge somavam 45 pontos – mais do que o Thunder INTEIRO! Foram 39 assistências do Spurs no jogo, mais do que o Thunder teve de ARREMESSOS CONVERTIDOS. O terceiro quarto já foi burocracia, e acabou com 39 pontos de diferença – uma diferença que chegou a QUARENTA E TRÊS PONTOS. Poucas vezes vi uma defesa tão dominante por parte do Spurs, e poucas vezes vi uma defesa tão RUIM por parte de qualquer um como vi desse Thunder. Não acertaram UMA ÚNICA defesa de corta-luz no jogo inteiro, e o Spurs é o melhor time do planeta para expor os erros defensivos do adversário.

O placar ficou tão elástico que minha mente chegou a abandonar o meu corpo por uns minutos e viajar para o futuro: Kawhi Leonard fazendo pick-and-roll e pick-and-pop com LaMarcus Aldridge por anos a fio vão formar uma dupla simplesmente IMPARÁVEL que manterá esse Spurs na elite da Liga até que o planeta se desintegre quando os polos magnéticos da Terra se inverterem e toda a vida desaparecer. Até lá, o Spurs vai ser sempre o time a ser vencido, e não parece que o Thunder possa fazer nada para impedir isso. É claro que Durant e Westbrook não vão entrar tão INOCENTES em quadra para a próxima partida, mas vimos o Spurs num nível tal que seria loucura acreditar que o resultado desses embates possa ser diferente. É melhor o Thunder fazer como eu e começar a olhar para o futuro. Porque a derrota de ontem não foi a primeira desse tipo, e nem vai ser a última. O Spurs foi responsável pelas TRÊS piores derrotas da carreira de Kevin Durant nos Playoffs. Se esse número aumentar, quem ficará surpreso?


JOGOS DE HOJE

Charlotte Hornets @ Miami Heat (14h, SporTV)

Portland Trail Blazers @ Golden State Warriors (16h30, League Pass)

Indiana Pacers @ Toronto Raptors (21h, SporTV)

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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