>Rivalidades de segunda com gosto de primeira

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O Jordan pode até ser melhor, mas por acaso ele tacava pó para cima?

Sabe de uma coisa? Estou convencido de que os caras que acham os astros da NBA “superestimados” não assistem aos jogos. Já cansei de me enfiar em alguma conversa sobre o Yao Ming ser um pivô medíocre e argumentar “mas ontem ele jogou tão bem, você assistiu ao jogo? E o jogo da semana passada, e aquele contra o Magic, e aquele contra…” A resposta é sempre a mesma: “Não, esses jogos eu não pude ver. Mas eu vi o jogo em que o Yao tomou o toco do Nate Robinson.”

Sei, sei. Claro que viu. É sempre assim. Nas quinhentas boas atuações, os odiadores estavam ocupados levando o lixo para fora, limpando as unhas ou assistindo paredão de Big Brother. Com o LeBron James rola um lance parecido. Existe um belo punhado de pessoas por aí que acha que o LeBron fede, que ele não tem nenhum talento, que é superestimado. Essas pessoas viram a Final do Cavs contra o Spurs e não conseguem entender que o Cavs é uma porcaria de time que não tem Rodman e Pippen em quadra.

Eu tenho que concordar, nunca existiu e nem existirá outro Jordan. Mas a verdade é que nunca existiu nem existirá outro LeBron James. E é por isso que deveríamos ser todos bem gratos por estar vendo o fedelho jogar, compreendendo que cada nova partida dele é um adendo a mais na Wikipedia, uma linha a mais na história. Já é hora de parar de odiar, parar de levar o lixo para fora e parar de limpar as unhas (vamos ficar todos bem porcos, playoffs não permitem frivolidades como limpeza pessoal ou banho). Tem jogo do Cavs nos playoffs hoje para assistir? Jogue sua vida pessoal no lixo, hoje é dia de ver história sendo feita. Mesmo que você não goste do LeBron. Mesmo que a história seja um jogo feio pra burro.

escrevi um post recentemente sobre a rivalidade entre Cavs e Wizards, que é uma das minhas favoritas na NBA. Sei que tem gente que acha isso ridículo, porque são dois times mequetrefes, mas é justamente isso que faz a rivalidade tão sensacional. São dois times limitados que se odeiam, que lutam para ver quem erra menos, quem fede menos, mas com personagens mais interessantes do que a maioria dos confrontos “de nível” da NBA. DeShawn Stevenson e LeBron James têm um ódio delicioso um pelo outro. LeBron e Arenas combatem cabeça a cabeça para ver quem é mais decisivo nos segundos finais. E, acima de tudo, o Wizards é um time que não consegue ficar de boca fechada. Seja com Stevenson chamando LeBron de “superestimado” (ele se acha o “LeBron stopper“, do mesmo modo que uns anos atrás o Ruben Patterson se auto-entitulou “Kobe stopper” e fez o universo gargalhar), seja com o Arenas dizendo que o LeBron pode ser decisivo no final do jogo mas que o “Agent Zero” é decisivo no final de todos os períodos. Nós vivemos tempos em que o “politicamente correto” impera soberano, em que usar bermuda gera multas na NBA e em que um jogador chamar o outro de “bobo” ou de “feio” é anti-profissional e completamente inapropriado. Então, não me culpem por achar divertido alguns jogadores de times mais-ou-menos em pleno Leste trocando farpas a cada entrevista. Não me culpem por ter gargalhado quando LeBron James acertou meia dúzia de arremessos seguidos e fez o gesto de “não consigo sentir meu rosto” para o DeShawn, passando a mão na frente do rosto como seu marcador faz sempre que está quente.

A partida de sábado entre Cavs e Wizards foi um bom resumo para quem ainda não tinha assistido a um confronto entre as equipes: um jogo muito divertido, com rivalidade até o osso, provovações, atuações memoráveis e baixo nível técnico. Quem disse que o jogo precisa ser de altíssimo nível para ser bacanudo? Vai me dizer que você também não se divertia com aqueles joguinhos de Atari em que os personagens eram simples pontos coloridos e quadriculados? A partida começou com DeShawn e sua barba (que nessa altura da aposta com o Drew Gooden já é um ser à parte, uma bioesfera singular, com fauna e flora próprias) infernizando a vida de LeBron. Por vários minutos, ele pareceu ser realmente um dos melhores defensores da liga, enquanto LeBron parecia estar numa jornada pessoal para marcar 80 pontos, forçando arremessos um bocado, mas errando tudo. Levou um tempo até que o Stevenson fosse relembrado de que LeBron não precisa ficar dando arremessos de fora porque ele é forte pra burro e pode partir para a cesta levando a defesa no muque. Seu físico também permite alcançar umas ponte-aéreas mal feitas, coisinha pouca. Por essas e outras é que o jogo poderia ter acabado bem antes, com quinhentas infiltrações à força de LeBron, mesmo com o Ben Wallace sendo completamente incapaz de pegar qualquer rebote que quicasse em sua cabeça. Como alguém pode desaprender seu jogo de maneira tão gritante e absurda e deixar tantos rebotes para a equipe do Wizards afanar (né, Jamison?). Mas o jogo não acabou mais cedo por um simples motivo: Gilbert Arenas é semi-humano.

Que ele tem um blog divertido (e polêmico), tudo mundo sabe. Que ele é mais biruta por treinar do que o Goku, um punhado de gente sabe. Mas que ele treinou insanamente até ter um arremesso consistente mesmo vários passos atrás da linha de 3 pontos, muita gente (e muitos defensores) parecem esquecer. Arenas já ganhou algumas partidas arremessando tranquilamente quase do meio da quadra porque seus defensores acham que ele vai se aproximar mais antes de arremessar. Bem, é bom que o pessoal do Cavs saiba usar o YouTube. O alcance do Arenas é de outro mundo:

Gilbert Arenas veio do banco e simplesmente não conseguia errar um arremesso sequer. Parece que ele passou mais tempo treinando arremesso do que jogando videogame, quem diria. Com 12 minutos em quadra, já tinha 14 pontos marcados em quatro bolas certas de 3 pontos. Ter mais pontos do que minutos deve causar um sério estrago na ordem do Universo e deveria ser proibido. Por sorte, Arenas começou a forçar demais o jogo, voltou para o banco, não foi capaz de retomar o ritmo quando enfim retornou para a quadra e acabou com mais minutos do que pontos, mantendo nosso Universo intacto. Mas, ainda assim, foi uma atuação incrível e eu aposto toda a fortuna em ações da Bola Presa Corp. em que o Arenas vai ser titular na próxima partida.

Outra rivalidade meio de segunda que rolou ontem foi Rockets e Jazz. Não que o confronto não seja bacana e que a história recente de embate nos playoffs passados não dê um gosto especial para o jogo. Mas é que, do jeito que o Houston está, parece que está faltando alguma coisa para a rivalidade realmente dar gosto. Mesmo que o jogo esteja disputado, não ver Yao Ming na quadra contra Okur e Boozer (além de Rafer Alston no banco, se recuperando de contusão) faz parecer que é apenas um jogo-treino com o Rockets B, meio de segunda categoria.

A falta que fez Yao nem preciso comentar, mas os pontos do Rafer Alson realmente fizeram falta. Quer dizer, isso supondo que se o Alston estivesse em quadra ele estaria fazendo pontos, o que é meio absurdo. Para todos nós, coitados torcedores do Houston, é bem claro que ele poderia estar em quadra e ter tacado a partida fora ainda mais cedo, com uns quinze arremessos errados do meio da quadra. O que complicou tudo foi que o Bobby Jackson, que jogou em seu lugar, teve sua pior partida pelo Houston desde que veio do Hornets, o que não ajudou nem um pouco a liberar espaço no garrafão que, como previsto, foi dominado pelo Jazz. Como eu comentei, bastaria um jogo bom de Kirilenko para o Jazz se tornar grande demais para os limites defensivos do Houston, e foi justamente o que aconteceu logo de cara, bem na primeira partida. Bem, sendo realista e prevendo que o Rockets não deve ganhar na casa do Jazz, acho que essa série lascou-se. Mas nunca se sabe, talvez os Monstars batam na porta do Kirilenko de novo.

A outra rivalidade de sábado foi de primeiríssima, muito provavelmente a melhor de todas na atualidade, entre Spurs e Suns. Mas esse jogo épico (que nós comentamos ao vivo através de nosso Twitter) ainda não foi totalmente digerido aqui pela equipe Bola Presa, a gente vai ter que tratar desse jogo com calma já, já. Aliás, se você quer ser avisado sobre nossas atualizações (e saber quando você pode ver a gente resmungando sobre a bola decisiva do Ginobili), basta assinar o nosso feed RSS! Um fã do Bola Presa que me encontrou pessoalmente por acaso (mundo pequeno, esse!) me exigiu isso faz um tempo e só agora tive a cara-de-pau de atender o pedido. Bom, está aí. É um bom meio de aguardar nossos vários posts de playoffs que virão. A gente volta já!

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