>Sabadão com o Gugu

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Faz carinha de quem tá gostando

(História bizarra do dia: Não sabíamos que nome dar ao post. Danilo pensou em “Sabadão Sertanejo” e eu disse “Ou Sabadão com o Gugu, que era o nome do programa depois que não era mais só sertanejo. Mas se for assim temos que colocar frases do Chico Xavier nos intervalos”. Eis que então damos uma Googlada e descobrimos que demos esse mesmo nome no All-Star Saturday Night de 2008! Como bem disse o Danilo pra fechar, somos uma sátira mal feita de nós mesmos)

Esse fuso horário ainda me mata! Ontem fui dormir à uma da manhã no horário cipriota para depois acordar às 3 para assistir ao famoso sábado do All-Star Weekend. Quase não sobrevivi na primeira meia hora de papinho besta da transmissão gringa até que começasse tudo de verdade. Mas quer saber, quando acabou tudo às 6 da manhã eu estava tão excitado com o que tinha acabado de assistir que aí não conseguia nem pensar em ir para a cama. Melhor campeonato de enterradas de todos os tempos? Nos perguntaram isso já, acho que não, mas nem tudo precisa ser o melhor da história para ser do caralho.

O primeiro evento da noite foi o torturante Shooting Stars, que já teve algumas edições divertidas mas que em geral é um porre. Tão chato que eu juro que não está no nosso bolão porque eu esqueci completamente da sua existência, a gente tenta apagar da cabeça as coisas ruins, saca? Dependendo dos ex-jogadores que eles escolhem para participar é até divertido ver o cara lá em ação, brincar de nostalgia e de explicar para os leigos que assistem do seu lado quem é quem. Mas nesse ano escolheram a porcaria do Rick Fox e o resto são todos comentaristas da TV americana, uma panelinha tola e desnecessária. Seria fazer um All-Star do futebol brasileiro e na hora de chamar ex-jogadores só teria Casagrande e Caio Ribeiro.

Sem contar que, como disse o Danilo no Twitter ontem, o Shooting Stars é um jogo no estilo Passa-ou-Repassa. Não importa o que acontece durante todo o programa, vence o todo quem vence a última prova que vale 1 milhão de pontos. Nesse caso vence quem acerta mais rápido a bola do meio da quadra, um arremesso que ninguém treina, que não é divertido de assistir e que na verdade só me lembra pessoas que não jogam ou gostam de basquete. Quem joga de verdade nunca fica chutando do meio da quadra, é coisa do seu amigo que só joga futebol e aparece uma vez na vida na quadra tentando fazer algo impossível. É tão coisa de escola que até chamam meninas para participar, pra ver se impressionam alguma jogando basquete (sério, não funciona!). O time vencedor tinha a musa Coco Miller, o comentarista da NBA e ex-jogador mais ou menos Steve Smith e o Al Horford.

Depois dessa palhaçada veio o Skill Challenge, a disputa do sábado que mais atrai jogadores de nome além do jogo de domingo. Se nas bolas de três vemos uns role players aleatórios e no de enterradas já tivemos até o Gerald Green ganhando, no de habilidades é só estrela de verdade. Não sei porque isso acontece, mas até o amarelão do LeBron, que nunca teve as bolas de ir para o de enterradas, já participou da brincadeira. Nesse ano estavam lá Chris Paul, Russell Westbrook, Stephen Curry, John Wall e Derrick Rose.

Acabou sendo meio que uma decepção porque muitos erraram vários passes e arremessos, então mesmo sendo alguns dos armadores mais rápidos da NBA, tudo ficou meio empacado. O ápice da noite foi quando o CP3 errou a bandeja inicial do circuito, algo absolutamente inédito (e patético) na competição. O nível foi tão baixo na primeira rodada que o Steph Curry foi para a final contra o Westbrook mesmo depois de errar bastante. E aí na decisão finalmente algo digno de um cara rápido e com arremesso preciso como ele, passou por todos os obstáculos voando, acertou o tãaao temido arremesso de meia distância, o passe longo e fechou o circuito em 28.2 segundos, o melhor tempo do torneio desde que Deron Williams fez o recorde de 25.5 em 2008.

Parecia que o sábado não era mesmo o dia de grandes atuações quando começou o torneio de três pontos. Na primeira rodada o Daniel Gibson, que era a minha aposta para o Cavs finalmente ganhar algum troféu antes do LeBron James, passou vergonha e fez apenas 7 pontos, chegando a errar 10 bolas em sequência. A piada dele errar 26 em sequência ficou coçando na garganta durante todo o evento. Pelo menos para ele não se sentir sozinho o Kevin Durant, que nem deveria estar lá por não ser um especialista em três pontos, também fez papelão e mostrou que, repito, nem deveria estar lá por não ser especialista em três pontos, diacho. Até quem parecia em uma noite boa, como o Dorrell Wright, esfriou mais que aquela sua ex-namorada frígida depois dos primeiros arremessos. O nível baixíssimo deixou Paul Pierce, mesmo indo mal, ir para a final contra James Jones e Ray Allen.

E aí, pela primeira vez na temporada, deu Heat. Pierce foi mais ou menos, James Jones fez sólidos e bons 20 pontos e o Ray Ray mostrou que só é bom em quantidade de bolas de três pontos (opa, polêmica!). Brincadeira, ele só mostrou que não venceu uma brincadeira. O dia que essas brincadeiras de All-Star provarem alguma coisa a ciência se mata com um tiro na cabeça. O título de James Jones premia o jogador com a estatística mais bisonha da NBA: Ele tem 357 pontos na temporada e NENHUM foi feito dentro do garrafão. Isso tem que ser um recorde!

Ai chegou o campeonato de enterradas. A parte mais esperada da noite que é a mais legal de assistir e a mais chata de ler no dia seguinte, mas vamos nos esforçar para não sermos chatos como a maioria. Porque eu morro um pouco por dentro a cada campeonato mais ou menos em que alguém diz “Não é a mesma coisa como antigamente que tinha Michael Jordan e Dominique Wilkins” e tenho vontade de arrancar meus olhos fora quando depois de um campeonato bom dizem “O torneio de enterradas está de volta!!!”. É como o rock ser salvo a cada nova boa banda que aparece. Não há nada para ser salvo e, surpresa, em alguns anos vai ser legal e em outros não. Não é biologia molecular, é fácil de entender.

Agora é hora de comentar cada enterrada, mas não vou fazer isso sozinho, o Danilo vai me ajudar. Uma por uma, jogador por jogador.

Serge Ibaka: O melhor último colocado da história! Até no antológico campeonato de enterradas do ano 2000 a gente teve gente ridícula como o Larry Hughes, mas nesse ano foi só alto nível.

Denis: Foi do lance livre MESMO, antes da linha pra dizer a verdade, não pisando em cima como o Jordan ou o Julius Erving! O problema foi que a enterrada não saiu muito forte, então o final foi um pouco decepcionante para um salto tão fantástico. Não foi inovadora, mas fez melhor do que quem havia tentado antes, merecia mais que os 45 pontos que recebeu.

Danilo: Achei uma das enterradas mais mal-amadas da noite, merecia nota máxima. Acertou de primeira, não precisou ir até Joanópolis pra pegar distância, não colocou fita-crepe no chão pra marcar a passada, e o mais importante: não pulou nem muito antes da linha (porque aí erraria) e nem muito depois como todo mundo faz porque acertar os passos é o diabo. Fez direitinho uma enterrada difícil pra burro, e daí que já tinham feito antes? Se valer só enterrada nova, vamos ter que voltar ao pessoal enterrando com roupa de sex-shop.

Denis: A segunda enterrada dele foi criativa e acabou por decidir o campeonato de enterradas. JaValle McGee disse que chegou ao fim do torneio sem idéias porque a sua para fechar a noite era fazer exatamente isso. Funhé. Ela foi bem impressionante também, a coordenação para tudo isso e a altura do salto são coisas de outro planeta. Mas mais legal foi ver que o pirralho de corte de cabelo patético não saiu do seu papel nem por uma fração de segundo!  Aproveita e já continua em Los Angeles, pivete!

Danilo: Foi bem executada, pena que não foi de primeira. Foi a primeira enterrada com teatrinho, personagens e falas no campeonato. Como eu comentei no Twitter, agora só falta ter anões e mulheres de biquini. Fora essa bobagem, também merecia mais carinho.

DeMar DeRozan: Se teve algum injustiçado na noite de ontem foi o DeRozan, embora eu ache que essa é uma palavra muito forte para uma brincadeira de enterradas.


Denis: Enterrada por baixo da perna vindo da lateral da quadra, não dá pra pedir muito mais do que isso. Se não é para nota máxima é para chegar perto.

Danilo: O legal é que saiu plasticamente bonita a enterrada, movimentação bacana no ar.

Denis: Essa foi simplesmente a melhor da noite! Não tem o que dizer. Foi de primeira, foi sem frescura, sem parafernalha, sem historinha, só jogou a bola pra cima, deu um salto lindo, fez uma pegada difícil e enterrou com força. Impecável.

Danilo: Saiu tudo perfeito, absolutamente tudo, é a enterrada que todo mundo deveria dar de exemplo para o campeonato desse ano.

JaValle McGee: A grande surpresa da noite. Ele dá enterradas legais durante o jogo, mas é sempre em ponte aérea, muitas delas bem desengonçadas. Não esperava absolutamente nada do gigante que quase se tornou o mais alto vencedor da história do torneio de enterradas.

Denis: É impressionante, é difícil de fazer até se você tiver duas cesta de só 2 metros de altura pra treinar no quintal de casa e jogar uma das bolas na tabela foi o charme estético que faltava. Perfeita. (Dwight Howard que parece não ter gostado muito…)

Danilo: Só dá pra fazer se você for o Dhalsim. Ou seja, genial.

Denis: Levar a mãe lá pra dar beijinho nos juízes foi apelação! Imagina o dia que o Kris Humphries levar a Kim Kardashian para pedir votos, ele vai ser um All-Star no ano que vem. Mas a enterrada foi boa! Três de uma vez eu juro que achava impossível! Apenas acho que é mais difícil do que bonito.

Danilo: O McGee é a versão cult desse campeonato de enterradas. O que ele faz é difícil, inviável, vai contra as leis do espaço-tempo. Depois que ele enterra você senta no chão e se questiona sobre a viabilidade da Física moderna. Vale nota máxima só porque é impossível. Mas a enterrada não é bonita, não é espetacular, não é nada além de prazer intelectual.

Denis: Todo ano tem uma enterrada como essa, que você olha e diz “legal, daria um 9” e quando você vê no replay diz “Puta que pariu dá um 11 e mais um carro pra ele”.

Danilo: É bem isso, incrível como a enterrada do McGee é feita para ver no replay em câmera lenta, com a cabeça desviando da porrada na tabela. De novo, uma enterrada para apreciar intelectualmente depois, na hora pareceu normal.

Denis: Essa é pra usar em palestra empresarial dizendo: Sempre tenha um plano B.

Danilo: Funhé.

Blake Griffin: Deixar o voto popular decidir já deixava bem claro quem levaria o prêmio para casa. Griffin não foi mal, muito longe disso, mas ao mesmo tempo acho que a maioria esperava um pouco mais.

Denis: Essa é no meu estilo, sem efeito técnico, só algo diferente e bem executado. Foi a minha favorita dele em toda noite! Mal eu sabia que no fim das contas ele é quem ia fazer mais teatro no fim das contas.

Danilo: Talvez a enterrada mais plástica da noite, a mais bonita de ver quando aconteceu. E com um discurso de que “não tinha frescura”, completamente oldschool.

Denis: A cara dele após a enterrada diz tudo, não era o que ele queria. Mas quando esse é o seu plano B que você faz quando não tem mais tempo é porque você é um jogador até que razoável. A primeira que ele tentou e errou era para acabar o campeonato na hora, porém, seria linda.

Danilo: Quando ele tentou da primeira vez e errou, com um giro fantástico, a torcida foi ao delírio e ele não conseguiu conter o riso, a enterrada era foda. Mas a água bateu na bunda e ele foi para um plano B bem melhor do que o do McGee, né?

Denis: O “Vince Carter revisited” dito pelo narrador já diz tudo. Foi o que Carter havia feito já em 2000, mas agora em um passe vindo da tabela. Não foi a melhor da noite, mas assim como Ibaka no lance livre ele pegou algo que já haviam feito antes e fez melhor.

Danilo: Quem é que tinha tentado fazer igual num campeonato de enterradas uns anos atrás e enfiou só a mão pra dentro, foi ridículo, e ainda quase tomou um capote? O Griffin fez com explosão um troço difícil e bonito de ver.

Denis: Quando me perguntam porque eu gosto de jornalismo eu costumo dizer que é porque a vida real sempre dá um chute no meio da bunda da ficção. Podemos criar quantas histórias de mentirinha a gente quiser, com dragões, ETs ou qualquer merda, mas no fim sempre alguma coisa bem real vai aparecer na nossa frente e deixar a gente boquiaberto. Um carro? Um coral? O clima no ginásio, todos de pé, a gritaria e todos correndo dentro da quadra foi um show surreal. Prefiro as enterradas mais simples, mas tenho que admitir que isso foi bem divertido e um ótimo encerramento de festa.

Danilo: Tem uma coisa importante sobre o campeonato de enterradas: ele é ao vivo. Não dá pra tentar pra sempre até acertar e depois editar o vídeo, não pra cortar você se esborrachando no chão tentando pular uma cadeira. O que conta é o que você faz na hora, na pressão, sendo visto por gente do mundo todo, num ginásio lotado. E como você empolga ou não essas pessoas com os recursos que tiver na hora. Depois a gente para e pensa que o coral foi brega, que ele pulou a parte mais baixa do carro, mas na hora foi um espetáculo, foi tão exagerado que ficou épico. O Blake Griffin tinha que acertar de primeira, não dava pra errar e tentar de novo, e ele não podia se arriscar a pular de costas ou por cima da parte mais alta do carro e quebrar os dentes em rede mundial. Pra começar, ele joga no Clippers e já é azarado o bastante, e além disso ele volta pro trabalho na segunda-feira, não dá pra arriscar muito, seria burrice. O Griffin já foi burro o bastante colocando o Baron Davis dentro do carro para lhe passar a bola, porque o passe poderia vir na hora errada, na altura errada, e tudo estaria perdido. Dava pra ter sido melhor? Dava. Ao vivo, com uma tentativa só, no ginásio de pé e berrando? Provavelmente não dava. Foi o clima perfeito, foi o bastante, e deu muito certo.

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