>Spurs em busca do equilíbrio

>

Splitter já sorriu mais que o Duncan em sua carreira pelo Spurs

O Spurs já foi o time mais odiado de muita gente. Eu, por exemplo, já torci mais contra o time do Texas do que a favor de outros durante anos. Os motivos eram, basicamente, três:
1- Eles ganhavam demais. A gente sempre quer ver o time mais forte perder para algum que seja mais fraco e simpático.
2- Na época que eles eram o grande time da NBA eu não era lá muito fã de times muito defensivos, fui começar a ver graça nisso um tempo depois.
3- O Tim Duncan, a estrela do time e um dos melhores jogadores da história do basquete, não é lá o cara mais carismático e que dá espetáculo. Preferia ver meus outros ídolos ganhando campeonatos.
Com o tempo isso foi caindo por tabela. Apesar do Duncan ainda não ser tão carismático, ele passou a ter mais graça dentro dessa nova geração de jogadores que gostam tanto de tatuar os próprios nomes nas costas e usar correntes com cifrão pendurados no pescoço. Ele é tão diferente do padrão da liga que passou a ser mais legal. Também passei a gostar muito mais dele quando foi um dos poucos jogadores a se revoltar contra a decisão do David Stern, em 2005, de criar um código de vestimenta na NBA, obrigando todos os jogadores a abandonarem as roupas que costumavam usar (incluindo aí até as correntes com cifrão que o Duncan nem usava) para se apresentarem sempre com roupas sociais. Paul Pierce, Allen Iverson e Stephen Jackson também se manifestaram contra, mas deles eu esperava a revolta, do Duncan não. Ele mostrou, finalmente, a pessoa que existe por trás da poker face.
Hoje também não dá pra odiar eles por vencerem demais. Não ganham um título desde 2007 e nos últimos três campeonatos só chegaram uma vez perto, indo para as finais do Oeste em 2008. Estão sempre entre os melhores, mas não ganham, aí viraram o Dallas e ninguém odeia o Dallas, seria como odiar a Portuguesa.
Por fim, tem a questão da defesa. No seu auge o Spurs era um time defensivo que servia apenas para arruinar com nossos sonhos de ver times lindos como o Suns vencer um título, era o bastante para nos irritar. Hoje acho até bem legal ver como um time monta sua defesa e não me incomodo com times focados nesse lado da quadra. E mesmo se ainda me incomodasse, o Spurs não é mais aquele ferrolho. Nos últimos três anos, na média de pontos a cada 100 posses de bola, eles caíram do terceiro lugar para o quinto, e ano passado foram oitavos. Nesse tempo Bruce Bowen se aposentou, o Duncan não consegue ser mais efetivo como antes e eles até usaram o Matt Bonner como titular.
Em plena decadência, com muitos jogadores acima de 30 anos e com outros se aposentando, o Spurs chegou à hora de tomar uma decisão difícil. Sai trocando todo mundo e monta um time jovem ou tenta juntar mais gente velha em torno dos antigos jogadores para montar um time que se perder vai ser chamado de velho e se ganhar, de experiente?
Não dá pra dizer qual das duas formas é certa e qual é errada, as duas já deram todo tipo de resultado. Depende de quem são os veteranos, quem são os pivetes por onde passa a renovação, se os treinadores sabem lidar com esse tipo de time e muitas outras coisas. Não existe roteiro para a vitória.
O Spurs tentou primeiro a opção dos veteranos. Na temporada 2008-09 tinha Kurt Thomas, Fabricio Oberto, Michael Finley e Bruce Bowen no elenco. Não deu certo. No ano passado ainda insistiu nos mais velhos, afinal usava Antonio McDyess sempre que podia ao lado de Tim Duncan, mas o time só melhorava quando tinha bons momentos dos novinhos George Hill e DeJuan Blair.
Quando para muitos essa era a mensagem de que o time deveria ir pelo caminho da renovação, o Spurs entendeu que a mensagem era de que era hora de misturar. Afinal George Hill estava jogando bem, mas manteria o mesmo nível sem Ginobili e Duncan do seu lado? Os mais novos não são tão bons para bancar uma renovação (como seria o Rondo para o Celtics, se eles quisessem) e os mais velhos não dão conta do recado sozinhos. Era hora de misturar.
Mesmo antes do fim da temporada passada o time já fez um novo contrato com o Manu Ginobili, que quando esteve saudável na temporada passada mostrou que ainda pode alcançar o sétimo sentido durante alguns minutos de jogo e se tornar o melhor jogador da galáxia. Acontece com menos frequência do que antes, mas quando ele está pegando fogo não existe arma de fogo que possa pará-lo.
Depois disso veio o presente dos deuses. No ano passado o Spurs aceitou pela primeira vez em anos ultrapassar o limite salarial e pagar multas por excesso de salário. A extravagança foi para contar com Richard Jefferson, o ala que parecia ser o que faltava para o time. Parecia, acabou tendo a pior temporada da carreira, foi um zero à esquerda em muitos jogos e ainda tinha mais um ano de contrato ganhando 15 milhões de dólares. E não é que ele desistiu do contrato? Por motivos bem explicados pelo Danilo nesse post, preferiu sair dos 15 milhões para conseguir um contrato mais longo, e conseguiu: 38 milhões de dólares por 4 anos com o próprio Spurs.
Apesar do Jefferson não ser uma maravilha, eles não tinham conseguido ninguém para a posição dele entre os Free Agents. Então até que acabou sendo bom negócio manter o mesmo jogador mas pagando 8 milhões ao invés de 15.
Depois de manter o quarteto de Tony Parker, Manu Ginobili, Richard Jefferson e Tim Duncan, estava na hora da renovação. Ainda tem George Hill e DeJuan Blair, um ano mais experientes, e buscaram no draft o promissor James Anderson. Depois da Summer League, assinaram com o bom arremessador Gary Neal. A cereja do bolo foi trazer, finalmente, o brasileiro Tiago Splitter.
Muita gente fazia piada nos Estados Unidos dizendo que o Splitter não existia. Falam dele ir pra NBA desde que ele tem uns 18 anos e ele só foi agora, com 25! Uma vez ele desistiu de ir pro draft, depois adiou, depois foi escolhido mas decidiu ficar na Europa, foi uma novela gigantesca, mas podemos afirmar hoje que valeu a pena. O brasileiro ficou mais forte fisicamente, aprimorou sua técnica e até a liderança (era capitão no Caja Laboral) e ganhou mais nome ao sair da Espanha como MVP do campeonato nacional e campeão. Ele é a síntese do que o Spurs quer ser na próxima temporada: é novo, afinal é até um novato na NBA, mas tem mais bagagem e talento que muito veterano da liga.
E como diria o Polishop, não é só isso. Splitter também é o primeiro jogador em sei-lá-quantos anos a deixar o Tim Duncan voltar para a posição 4. É um bocado ridículo ter o melhor ala de força de todos os tempos no elenco e usá-lo fora de posição! Agora vão poder deixar o Splitter na posição cinco e o Duncan poderá sair mais do garrafão, onde poderá usar seu arremesso de meia distância usando a tabela (marca registrada) e onde tem mais opção, liberdade e espaço para usar seu arsenal infinito de jogadas ofensivas.
Dá pra dizer dessa vez com certeza que o Spurs voltou como dissemos no ano passado com o Richard Jefferson? Não, mas dá vontade.
Se eu fosse listar 5 coisas que o Spurs precisava melhorar do ano passado para esse, seriam defesa de perímetro, arremessos de 3, pivô, tocos e movimentação ofensiva.
A defesa de perímetro não melhora nada até o James Anderson provar o que alguns analistas dizem, que ele pode vir a ser um especialista na área. Mas se isso não acontecer nesse ano, não vai ser com Richard Jefferson ou Manu Ginobili que eles vão parar grandes jogadores de ataque. O arremesso de três deve melhorar com o próprio Anderson e o Gary Neal. Os dois são novatos, mas eu confio mais nos olheiros do Spurs do que na minha mãe. Sério, os caras não erram nunca. São muito bem pagos, viajam o mundo inteiro atrás de grandes talentos e não à toa o Spurs sempre acha alguém escondido no fim do draft, já foi assim com Tony Parker, Manu Ginobili, Luis Scola, Goran Dragic, Leandrinho, Tiago Splitter, DeJuan Blair, Beno Udrih, John Salmons, todos escolhidos depois da posição 20 em drafts recentes.
A parte do pivô é resolvida com o Tiago Splitter, que dá segurança para a posição, deixa o Duncan sair do garrafão e é um bom defensor, também dando uma ajuda nos tocos. O Spurs era um garrafão muito vulnerável quando tinha McDyess ou Matt Bonner em quadra.
A movimentação ofensiva ainda é um mistério. Deve melhorar com Duncan participando mais do jogo e Richard Jefferson deu sinais nos playoffs, em alguns jogos, de que pode ser muito útil quando se mexe ao invés de ficar parado para ser o arremessador que não sabe ser, mas vai entender a cabeça do Tartaruga Ninja.
O Spurs poderia ter tentado uma troca por um dos alas que estavam dando sopa e não saíram caro, como Ronnie Brewer, Josh Howard ou Matt Barnes, todos seriam mais úteis que o Richard Jefferson, então não dá pra dizer que a offseason foi perfeita. Também dava pra ter cogitado e feito propostas envolvendo o Tony Parker, que já deu sinais de que não ficaria nada ofendido com uma troca. Não foi perfeito, mas com bons nomes muito jovens para dar um gás nos veteranos, tem tudo para ser um time melhor que o do ano passado. O Spurs não voltou, mas pode voltar.
Duas novidades no Bola Presa
1- Temos uma promoção nova valendo uma camiseta do Leandrinho e uma bola. Confira aqui.
2- Finalmente colocamos no ar nossa pesquisa para saber quem são os jogadores frustrados que leem o Bola Presa. É mais legal que o Censo e pode ser vista e respondida aqui.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.