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Todo mundo aqui joga ou já jogou um bom basquetinho de rua. Não precisa ser aquele basquete de rua que o And 1 deixou famoso, com enterradas, dribles fora de série, basta ter sido aquele jogo descompromissado e sem posições muito definidas em que todo mundo só quer jogar e atacar. Durante alguns momentos dos jogo de ontem entre Spurs e Hornets, parecia que estava vendo um jogo desses de streetball.
Tudo culpa de dois dos armadores mais rápidos e criativos da NBA inteira, Chris Paul e Tony Longoria.
O jogo começou com o Paul já metendo 14 pontos no primeiro quarto pra mostrar quem manda naquela budega. Aliás, o Hornets começou o jogo já metendo 8 a 0, estragando o plano do técnico Gregg Popovich de começar o jogo com Manu Ginobili para já desde o início mostrar todo seu potencial ofensivo. Mas a estratégia não era tão importante assim, o Spurs nunca teve problemas pra se recuperar durante uma partida, ainda mais em casa. Com o passar dos minutos, o Ginobili começou a fazer o que sabe e aí começou a fazer parte do show de streetball dos armadores, aliás o Manu jogou muitos minutos como armador principal, quando Parker saia era ele que ia pra sua posição, nada de Damon Stoudamire ou o glorioso Jacque “hack-a-shaq” Vaughn.
Na área menos plasticamente agradável do jogo, o Hornets continuou com sua estratégia de asfixiar o Duncan com marcações, duplas, triplas e de quantos forem necessários. A diferença dessa vez foi que Bruce Bowen, Michael Finley e Manu Ginobili acertaram a mão e fizeram o Hornets pagar pelo risco. Foram 11 bolas de 3 no jogo todo.
Mas, embora as bolas de 3 tenham ajudado a matar o Hornets, eu acho que a vitória se deve às infiltrações de Tony Longoria e Manu Ginobili no maior estilo streetball. Eles, quando tinham a chance, saiam no contra-ataque, e quando não tinham aproveitavam todo 1-contra-1 pra castigar o Hornets. Nunca vi o Spurs abusar tanto do talento individual de seus jogadores como ontem. Se criticavam o Nash e o Suns por não impedir o Spurs de atacar a cesta, o Hornets não ficou muito atrás ontem não. O Jannero Pargo foi até mais destruido pelo Parker do que o Nash, deu dó.
Só não foi uma lavada porque como nos jogos de street, você nunca deixa quieto, você tem seu orgulho. Então era só o Parker fazer uma bandeja que o Paul ia lá e devolvia na mesma moeda. A atuação de ontem do Chris Paul, aliás, entra, pelo menos pra mim, como uma das melhores dos playoffs desse ano, mesmo com o time perdendo. Ele deu cada passe pro David West e pro Tyson Chandler que deixaria o Magic Johnson orgulhoso. Aliás, ontem os comentaristas da ESPN americana estavam justamente comparando Paul a Magic e a Isiah Thomas, mas dizendo que fisicamente ele é superior ao Isiah. O garoto não é brincadeira não, a série está aberta mas podemos ver na próxima semana um moleque em sua terceira temporada na NBA liderar um grupo de jogadores, que até outro dia era só mediano, a derrotar o atual campeão da NBA. Não é só porque eu torço contra o Spurs, mas a NBA merecia um duelo Kobe x Paul nas finais do Oeste, são os dois melhores jogadores da NBA hoje em dia.
Além dos passes, Paul fez miséria do Spurs nos pontos. Foram 35 e eles vieram em bandejas simples, reversas, tear drops (aquelas bandejas cheias de arco, estilo Tony Parker), arremessos de meia distância e, claro, bandejas à lá Streetball. A mais bonita delas veio logo depois de uma bandeja de esquerda linda do Parker, dêem uma olhada:
Infelizmente, porém, não achei o vídeo em que ele dá uma bandeja mais estilo “street” ainda, fingindo soltar a bola pra um lado e terminando em outro, enganando completamente o Tim Duncan.
Como a enquete aqui do lado está confirmando, a melhor série de playoff atualmente é essa entre Spurs e Hornets, tem defesa pra quem gosta de defesa, ataque pra quem gosta de ataque, jogadas de efeito, muitos craques e está imprevisível. Pensando bem, é muito mais legal que qualquer partida de alto nível de streetball, é um show mais completo.