>Sucesso em Orlando

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O Kobe não acredita no Magic e acha o Dwight
Howard só uma ilusão de óptica

Meio na miúda, sem que ninguém percebesse, eis que o Magic venceu todas as partidas desta temporada contra duas potências do Oeste: o líder Lakers e o logo-atrás-do-líder Spurs. Como os times do Leste enfrentam apenas duas vezes os times do Oeste, o Magic sai invicto contra dois dos mais fortes candidatos ao título, e não estamos nem no meio da temporada ainda. Apesar do Denis ter escrito que é complicado acreditar no Magic e que ainda falta alguma coisa por lá, o que é mesmo verdade, talvez seja a hora de começar a dar uma acreditada, aos poucos, só pra ir aquecendo. Não que devamos mandar os anéis de campeão para o Magic pelo correio e irmos pra casa assistir Big Brother e esquecer do resto da temporada, mas é que se acreditarmos um pouquinho, um passo de cada vez, talvez não nos surpreendamos tanto se eles chegarem numa final do Leste.

Quando o Warriors venceu o Mavs naquela zebra nos playoffs retrasados, eles eram aloprados porque só existiam dois tipos de finalizações na equipe: enterradas e bolas de três pontos. Não havia qualquer sinal de jogo de média distância, nenhuma bandeja ou ganchos no garrafão. Eles apenas corriam como uns loucos e paravam no perímetro para arremessar de fora ou continuavam correndo mais um pouco até poder enterrar a bola. Aquela série contra o Mavs foi lendária justamente porque esse estilo de jogo deixava o pessoal de Dallas transtornado, eles não sabiam o que fazer, e o Baron Davis acertou bolas inacreditáveis lá do meio da rua. Tudo deu certo, eles eliminaram o então melhor time do Oeste, mas todo mundo – inclusive o próprio Warriors – sabia que aquele estilo não iria funcionar sempre, não dava resultado contra todos os times e que de modo algum seria capaz de lhes ganhar mais uma série de playoffs. Se por um lado o Warriors às vezes parecia matador, por outro era clara a fragilidade da equipe exatamente pela falta de opções. Dito e feito, eles foram eliminados em seguida e, sem Baron Davis, agora fedem pra burro.

Pra mim, o Magic é exatamente a mesma história, nos mesmos termos. Eles só enterram ou arremessam de trás da linha de três pontos. As enterradas são do Dwight Howard, os arremessos de fora são de todo o resto do elenco. Não dá pra confiar num estilo de jogo assim, com um cara lá no meio e todo o resto da molecada arremessando de longe, simplesmente porque uma hora as bolas precisam parar de cair, é questão de estatística (é como a morte de um time inteiro de baseball, eles viajam tanto de avião que uma hora uma equipe inteira vai ter que virar farofa). Mas às vezes funciona tão bem, mas tão bem, que não tem como reclamar.

Aconteceu algo parecido ontem na partida entre o Cavs e o Hornets, por exemplo. No segundo tempo de jogo, com Ilgauskas machucado e o Varejão com excesso de faltas, a equipe de Cleveland colocou quatro arremessadores no perímetro (Mo Williams, Daniel Gibson, Wally Szczerbiak e Sasha Pavlovic) e enfiou o LeBron no garrafão, pra jogar como o pivô da equipe. Pensando bem até faz sentido, já que ele é o único capaz de enterrar uma bola e tinha acabado de pegar 14 rebotes na derrota para o Bulls. A tentativa deu certo, as bolas caíram, e o LeBron pegou 14 rebotes outra vez, o que é um tanto débil mental. Jogar de pivô vai pro currículo dele, na listinha de “coisas para fazer antes de morrer para me igualar ao Magic Johnson” – só espero que “pegar AIDS” não esteja também nessa lista (Lembrem-se, crianças, usem sempre camisinha). Vale lembrar que a tática de deixar quatro arremessadores preparados com apenas uma presença no garrafão poderia ter funcionado ainda melhor para o Cavs se o Delonte West, que anda com a mira muito calibrada desde que saiu de um longo histórico de depressão, não tivesse se contundido tão feio na partida contra o Bulls. Além de abrir a cara, sangrar pra burro, tomar dois pontos e ficar parecendo o Rocky Balboa, ainda quebrou o pulso e vai ficar 6 semanas de fora. As imagens estão aí abaixo, mas antes tirem as crianças da sala:



O que aprendemos com esse vídeo? Que nunca deve-se tentar dar um toco no Derrick Rose. E também, indiretamente, que o Cavs fede quando enfrenta o Bulls. Mas, mesmo com um arremessador a menos, o Cavs humilhou o Hornets com os arremessos de fora. Só que o que faz a equipe de Cleveland ser levada a sério é a possibilidade de variar o estilo de jogo, de ler a defesa adversária e modificar, nem que seja minimamente, as rotinas ofensivas. Não que isso seja mérito tático do técnico Mike Brown, que não sabe nem cutucar o nariz sozinho, mas a simples presença de LeBron cria toda uma gama infinita de possibilidades. Ele pode jogar em qualquer posição, dentro e fora do garrafão, com ou sem a bola nas mãos. Basta lhe dar na telha e o jogo muda completamente seu andamento. Quando é que o Magic, no desespero, muda seu planejamento tático? Qual estrela da equipe de Orlando tem a iniciativa de mudar o jogo? Na verdade, o Dwight Howard ainda tem algumas limitações técnicas e frequentemente é apagado do final dos jogos graças a marcações mais ousadas (coisas como “taca até a mãe em cima dele”) e falta de capacidade da equipe de se adequar à essa defesa (confesso, o Yao Ming e meu Houston também sofrem um bocado com esse problema). No Magic, em especial, se as bolas de fora não caem não há outro jogador que possa dominar o jogo por completo. Mas talvez isso esteja mudando, tudo culpa de Jameer Nelson.

Já faz um tempo que ele deveria ser um triple-double esperando para acontecer, depois que o Magic terminou muito bem a temporada 2005-06 com atuações incríveis do Nelson, fazendo de tudo em quadra. Desde então, quando ganhou o cargo de armador titular, vem fedendo bastante. A última temporada foi muito abaixo do esperado e volta e meia ele ia parar no banco de reservas, com o Carlos “eu só jogo bem na minha seleção” Arroyo assumindo o papel de titular. Mas nessa temporada o Jameer Nelson parece muito mais tranquilo e confiante em quadra. Além de acertar com enorme frequência suas bolas de três pontos, o que mantém o padrão da equipe e colabora para os recordes da equipe nesse quesito, também tem batido para dentro, criado espaços e mantido um jogo consistente nos arremessos curtos. Quanto mais confiante ele parece se sentir, mais criativo ele consegue ser e mais fora dos próprios padrões o Magic é capaz de jogar. O técnico Stan Van Gundy chama do banco quase todas as jogadas da equipe, mas agora seu armador está tomando cada vez mais decisões sozinho. Talvez essa seja a explicação para as variações ofensivas que vêm acontecendo aos pouquinhos e que foram tão essencias nas últimas vitórias. Resumindo, Jameer Nelson está jogando muito e o time depende muito mais de sua criatividade do que imaginava.

Sou capaz de enchergar uma melhora na parte ofensiva que acontece pouco a pouco e que talvez torne realmente o Magic uma incógnita para os adversários, ao invés de um episódio de novela no “Vale a pena ver de novo”. Mas na parte defensiva, não há espaço para melhora: eles já chutam traseiros e sequer sei dizer de onde veio tanta melhora de uma temporada para a outra. É nesse quesito, em que o Magic se encontra entre os melhores da NBA (ao menos nas estatísticas), que se encontra a resposta para as vitórias em cima de Lakers e Spurs. O Jameer Nelson ainda não defende nada e tomou até cuecão do Tony Parker, mas o resto do time sufocou o Spurs e manteve o Duncan sob controle. Contra o Lakers, o Kobe teve que suar um bocado contra o novato Courtney Lee (embora tenha enfiado um arremesso de esquerda na cara dele, numa jogada que o YouTube ainda não viu) e o garrafão marcou muito bem. O Kobe só fez a festa quando passou a ser marcado por JJ Redick, que finalmente tem um papel no Magic e está acertando (e muito) seus arremessos mas que acha que “defesa” significa jogar um par de dados no War. Fora ele, de um modo geral, a defesa do Magic está surpreendente, embora a vitória tenha vindo mesmo num erro do Kobe (que fez um triple-double) seguido por uma bola de três matadora do Jameer Nelson. Pois é, tudo nas mãos do garoto.

Ainda acho difícil imaginar o Magic vencendo Cavs e Celtics numa série de sete jogos nos playoffs, acho difícil até imaginá-los vencendo uns times piores como o Pistons. E é por isso que qualquer esperança de se dar bem na pós-temporada está nas mãos de Nelson, da criatividade, da profundidade do elenco. Dá pra vencer o Lakers, dá pra vencer o Spurs, mas será que dá pra manter o mesmo nível, todas as bolas caindo, durante muito tempo em jogos decisivos? O Magic precisa ser capaz de encontrar rotas alternativas. Da minha parte, vou começando a acreditar: talvez seja mesmo possível. Talvez o Jameer Nelson seja tudo que esperavam, talvez o Rashard Lewis tenha sido uma contratação bem acertada embora tenha dólares enfiados até na orelha. Mas se der tudo errado, não vai ser nenhuma surpresa – ainda.

Contagem regressiva para o Blazers se lascar

Não falta mais nenhum jogo! O Blazers está oficialmente lascado! Darius Miles entrou em quadra de novo pelo Grizzlies, dessa vez com 10 pontos, 7 rebotes, 1 roubo e 1 toco em 14 minutos de partida. É a segunda atuação do Miles desde que foi oficialmente contratado pelo time de Memphis e sua segunda boa partida, contribuindo no ataque com bom aproveitamento nos arremessos e marcando presença nos rebotes ofensivos. Se não fosse o lance abaixo, ele até conseguiria enganar a gente.

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