>Numa de nossas recentes coberturas ao vivo da série Suns e Spurs, eu e vários leitores aqui do Bola Presa nos deparamos pela primeira vez, através da transmissão americana, com um comercial de uma nova campanha televisiva dos tênis de Michael Jordan. Prometi que iria encontrar a propaganda e colocá-la aqui, acompanhada de mais uma de minhas questionáveis traduções.
Estou aqui para cumprir a promessa. Mas, para minha surpresa, a campanha é composta por quatro propagandas diferentes. Uma mais impressionante do que a outra, aliás. O que mais me fascinou a respeito dessa campanha (“Become Legendary”, ou “Torne-se lendário”) foi como ela incentiva a descoberta da identidade própria de cada um, não apenas de jogadores, mas de todos os indivíduos. Já bati bastante nessa tecla aqui no Bola Presa: eu fico terrivelmente incomodado em ver como jovens jogadores, novos talentos, são obrigados a perder suas identidades e estilos de jogo porque são exigidos a jogar – seja pelos técnicos, seja por comparações de torcedores ou da mídia – como grandes estrelas do passado. Trata-se de uma eterna busca pelo “vamos ver de novo” ao invés do “vamos ver o novo”. Já escrevi aqui sobre como as comparações com o Jordan mudaram de fato o estilo de LeBron James, e postei recentemente sobre como deveríamos aproveitar a chance de ver LeBron jogar ao invés de compará-lo com outros astros. Pois essa campanha do Jordan parece falar justamente sobre isso, motivando cada um a ser único. Pra mim é um apelo, implícito, para que um dia as comparações terminem e possamos degustar a diferença, o novo, o original.
Acho que os comerciais falarão melhor por si mesmos. Para aqueles que em inglês só entendem “Big Mac” e “MVP”, deixo aqui minha tradução, mas sempre reiterando que ela tem uma pitada de livre e outra pitada de meia-boca. A gente faz o que pode, né? Abaixo de cada vídeo, portanto, encontra-se sua devida tradução.
Com vocês, Michael Jordan.
“Isso não é sobre os tênis. É sobre saber para onde você vai, sem se esquecer de onde você veio. É sobre ter coragem para falhar. Não quebrar quando você está quebrado. Pegar tudo que lhe foi dado e tornar algo melhor. É sobre trabalho antes da glória, e o que está dentro de você. É fazer o que eles dizem que você não consegue. Isso não é sobre os tênis. É sobre o que você faz neles. É sobre ser quem você nasceu para ser.”
…
“Olhe-me nos olhos. Tudo bem se você está assustado, eu também estou. Mas nós estamos assustados por razões diferentes. Eu estou assustado com o que eu não me tornarei, e você está assustado com o que eu poderia me tornar. Olhe pra mim, eu não vou me permitir terminar no lugar de que parti. Não vou me permitir acabar onde eu comecei. Eu sei o que está dentro de mim, mesmo que você não possa ver ainda. Olhe-me nos olhos. Eu tenho algo mais importante do que coragem, eu tenho paciência. Eu me tornarei aquilo que eu sei que sou.”
…
“Não existem Cinderelas.”
…
“Talvez seja minha culpa. Talvez eu tenha levado vocês a acreditarem que foi fácil, quando não foi. Talvez eu tenha feito vocês pensarem que meus melhores momentos começaram na linha de lances livres, e não no ginásio. Talvez eu tenha feito vocês pensarem que todos os arremessos que dei foram para decidir jogos, que meu jogo foi construído através de flashes, ao invés de fogo. Talvez seja minha culpa que vocês não tenham visto que falhas me deram força, que a dor foi minha motivação. Talvez eu tenha levado vocês a acreditarem que basquete é um talento dado por Deus, e não algo pelo qual trabalhei – todos os dias de minha vida. Talvez eu tenha destruído o jogo. Ou talvez vocês estejam apenas arrumando desculpas.”