>Três é pouco

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Randy Foye, trocado duas vezes na noite
de draft, sabe o que é ter um dia difícil

O Wolves já tinha uma coleção de escolhas de draft para dar um jeito de estragar na quinta-feira: a sexta (do próprio time), a décima oitava (do Heat, naquela troca patética do Ricky Davis) e a vigésima oitava (na troca do Garnett por metade da população mundial e mais quinhentas escolhas do Celtics). Pelo jeito, não era o suficiente. Depois da primeira troca da offseason, em que o Spurs conseguiu o Richard Jefferson na mamata e o Denis analisou ontem, o Wolves se empolgou e também conseguiu uma troca – por mais uma escolha de draft. Deve ser fetiche.

Quem topou a brincadeira foi o Wizards, que tinha a quinta escolha da noite. Junto com ela, mandaram o pivô-poeta (e com problemas cardíacos) Ethan Thomas, o tapa-buraco Darius Songaila e o primeiro Separados do Nascimento do Bola Presa, o Pecherov (deve ter sido o auge de sua carreira, ser humilhado num blog brasileiro de basquete, coitado). Em troca, o time de Washington recebe Randy Foye e Mike Miller, que são ao menos jogadores de verdade.

Nada diz mais que você quer reconstruir um time do que ter quatro escolhas de primeira rodada num draft. Dá pra mudar a cara de uma equipe, é praticamente um time inteiro titular acabando de chegar. Trocar dois jogadores que eram essenciais na equipe por mais uma escolha é justamente tacar o time na privada e começar de novo, com novas caras. O único problema é que o Wolves vai montar um time inteirinho novo – para disputar o campeonato universitário, claro. Na NBA eles não vão ter muitas chances com essa pirralhada toda.

Na prática, a equipe agora é Al Jefferson, Kevin Love, e mais um bando de fedelhos (quatro dos quais vão chegar quinta-feira com bonézinho de recém-draftados e espinhas na cara dignas de quem passou a noite anterior brincando com a Playboy da Francine). Quando o jogador mais experiente e líder da equipe tem 24 anos, como é o caso do Al Jefferson, dá pra perceber que os pais foram jantar e deixaram os bebês nas mãos da babá emo de 12 anos. As intenções podem até ser boas, mas alguém sempre vai sufocar com um saco plástico ou engolir uma peça de Lego.

Pro Wizards, a troca tem a intenção contrária. Ao invés de querer começar de novo, renovar o time, trazer sangue jovem, fica clara a certeza dos engravatados por lá de que o time está pronto para brigar pelo Leste. Contusões com Arenas, Butler, Stevenson e até o roupeiro estragaram a temporada passada, mas pelo jeito a crença é de que, se todo mundo estivesse saudável, o time teria chegado bem longe. Assim, justifica-se a atitude de trocar sangue novo por jogadores veteranos, calejados, que podem ajudar esse time a vencer imediatamente. Nada de esperar anos, fedendo, até que alguns calouros levantem o time. Com a suposta volta de Gilbert Arenas, retornando de contusão, imagina-se que esse time será grande e, portanto, precisa de apenas alguma ajuda para vencer agora, antes que o Arenas quebre o joelho e morra de vez. Eu até acho uma percepção um tanto ingênua, porque esse Wizards vai precisar de muito mais ajuda do que isso para realmente brigar pelo topo do Leste, mas a verdade é que a aposta pelo Arenas já foi feita e, então, o jeito é confiar nisso. É o famoso “pisou na merda, abre os dedos”: se eles acharam que dava pra vencer com o trio Arenas, Butler e Jamison e torraram muita bufunfa nisso, que encontrem um modo de melhorar o trio até que não dê mais certo mesmo, ao invés de ficar reconstruindo o tempo todo (tipo um certo Pacers por aí, que nunca decide o que diabos está fazendo).

O novo técnico do Wizards, o Flip Saunders, é um especialista na parte ofensiva e costuma exigir muito de seus armadores. Pela primeira vez na carreira, o Arenas vai ter que ser um armador de verdade, não mais escondido atrás do esquema tático da “Princeton offense” como um simples pontuador que não precisa armar o jogo para os companheiros. Ele já disse que, se quisesse, teria médias de 10 assistências por jogo sempre, que é a maior mamata, e deu realmente sinais disso no fim da temporada regular. Se assumir esse papel de armador nato, Randy Foye servirá bem para a equipe assumindo o papel de “armador combo”, que não é um armador que vem com refrigerante e batatas-fritas, é o armador que joga nas duas posições de armação e que, em geral, pode se focar mais em pontuar. Assim, substituirá o Arenas em quadra na armação quando ele for descansar e, quando os dois estiverem jogando juntos, poderão trocar de papéis o tempo todo.

Mike Miller, por sua vez, é um excelente arremessador de três pontos – algo que o Wizards perdeu com a saída do Roger Mason para o Spurs e a visita que os Monstars fizeram ao Deshawn Stevenson – e também muito competente na armação de jogo, algo que ele mostrou nos seus tempos de Grizzlies mas que muitos teimam em ignorar (imagine algo como uma versão paraguaia do Turkoglu armando para o Magic e você terá uma noção). É gritante a melhora que esses jogadores trarão à equipe, mas o garrafão ainda é frágil e cheio de dúvidas, depende muito da saúde do Brandon Haywood, e ao abrir mão de sua escolha do draft, o time estipula que deve vencer já e precisa ter pressa. A missão não será nem um pouco simples, mas já é um time bem mais respeitável que torna o Leste ainda mais divertido de se acompanhar.

O Wolves vai ser bacana de acompanhar só pra quem gosta de basquete universitário ou tem fetiche por teens, mas a diversão maior mesmo será ver como os lobinhos vão se virar na noite do draft. Usarão suas quatro escolhas em jogadores porcarias porque eles nunca sabem o que estão fazendo (vale lembrar que o Foye, que escapou do Wolves finalmente, foi trocado pelo Brandon Roy ainda na noite do draft)? Trocarão suas escolhas para conseguir uma escolha no topo do draft? Valeria a pena subir no draft para pegar quem, exatamente? Vamos cansar de ver o boné do Wolves na cabeça de uns pirralhos, mas vai ser divertido. É bem provável que eles façam mais algumas trocas e animem uma noite que já é divertida por natureza.

Como sempre, portanto, não percam o chat do Bola Presa na quinta-feira, ao vivo, pra gente acompanhar a brincadeira juntos – de olho no Wolves, porque vai que em uma das quatro escolhas, pelo menos, eles acertam.

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