>Trocas de último segundo

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LeBron comemora a vinda de Ben Wallace ou a ida de Larry Hughes?

Como tornar um post desatualizado em apenas uma lição básica: finalize-o uma hora antes do horário limite para trocas na NBA. Foi ali, na horinha final, que a maior troca da temporada até agora aconteceu. Não maior em importância, veja bem. Maior em quantidade de jogadores: tem mais gente envolvida do que o Pelé tem de filhos.

Pra não tacar os 11 nomes de uma vez e dar a todos nós um tempo pra respirar, vamos comentar a troca por partes, falando de um time de cada vez. A começar, porque eu quero que seja assim, com o Chicago.

O Bulls tem um problema crônico antigo que incomodou um pouco na temporada passada e simplesmente aniquilou o time nessa temporada. Falta à equipe uma força ofensiva no garrafão e todo mundo que veste um uniforme dos tourinhos fica bem longe do aro chutando de 3 pontos o dia inteiro. Ben Wallace é um jogador espetacular, mas só vai ser efetivo na parte ofensiva no dia em que air ball valer 1 ponto no placar (que tal sugerir essa regra para o David Stern?). A aquisição de Joe Smith foi até motivo de piada na época, porque se ele era a solução dos problemas do time, eu seria a solução para o Grizzlies. Mas a verdade é que o Joe Smith se saiu muito melhor do que se esperava e foi, por longos períodos de tempo, o melhor jogador do Bulls. Não que isso queira dizer alguma coisa, claro. Joe Smith faz pontos mas sua praia não é ficar de costas pra cesta.

Com Tyrus Thomas e Joaquim Noah, caras grandes e de mentalidade defensiva, Ben Wallace e seu contrato tão gordo quanto a pança do Eddy Curry eram dispensáveis – desde que em troca do jogador certo. No caso, talento para o garrafão. Então alguém me explica porque o Bulls mandou o Big Ben junto com um dos poucos pontos positivos dessa temporada, Joe Smith, em troca de Larry Hughes, Drew Gooden, Shannon Brown e Cedric Simmons.

Vamos aos poucos. Shannon Brown mostrou que pertence à NBA quando LeBron saiu machucado, mas seu talento é moderado e ele deve morar no banco de reservas. Cedric Simmons é um cara grande que não causa impacto algum, é só um corpo a mais para abrir o pote de picles, alcançar a panela em cima do armário e fazer faltas no Dwight Howard na hora dos playoffs. Larry Hughes até está em alta, mas é que simplesmente conseguir quicar uma bola de basquete já é alta para ele. Se o sujeito não consegue acertar um arremesso sequer no Cavs há anos, como é que vai acertar arremessos num time que está justamente com a menor porcentagem de aproveitamento nos arremessos em toda a Liga?

E então chegamos ao Drew Gooden. Eu gosto do cara, sabe, desde os tempos de Orlando Magic. Mas jura pra mim que o Bulls acha que o Gooden é o que faltava no garrafão? Um cara que fica dando arremessos de meia distância e que não é tão diferente assim do Joe Smith? Bem, assim é a vida. Uns levam Pau Gasol, outros levam Drew Gooden. Uns tem a Preta Gil, outros a Alinne Moraes. O ruim é se contentar com o Gooden e fingir que, agora, está tudo bem.

Para o Cavs, é tudo um paraíso. Se livrar do Hughes é tipo ganhar na loteria e, fora o Gooden, o Cavs mandou apenas peças de segunda linha de quem ninguém vai se lembrar em alguns meses. Com Gooden indo para o Cavs e Donyell Marshall indo para o Sonics, o Cavs fica com duas duplas interessantes no garrafão: Ben Wallace com Ilgauskas e Varejão com Joe Smith. Ou seja, duplas em que sempre um defende e o outro ataca. Acho muito difícil que Varejão e Big Ben estejam juntos em quadra (seriam recordistas em air ball de lances livres!), mas as quatro peças formam boas combinações, bem equilibradas.

Como se não bastasse, o Cavs ainda recebe o Wally Szcscjlshderbiak e o Delonte West. Vai por mim, o West vai ser titular ainda antes da Sabrina Sato tirar a pinta da testa. O Gibson que me perdoe, mas ele tem “reserva” tatuado na testa em Times New Roman tamanho 20. E o Pavlovic, que desde aquela polêmica com a renovação do contrato vem fedendo pra burro, deve perder mais e mais minutos para o Wally. Apesar de ter uns 70 anos, o veterano acerta arremessos de três pontos até dormindo e vai ser útil pacas no Cavs, além de ser legal ter uma camiseta com um sobrenome ilegível e impronunciável. Agora, LeBron, me escuta: o Kidd não veio mas teu elenco agora é mais completo e profundo do que jamais foi. Hora de ganhar um título!

Assim como naqueles grupos de cinco sujeitos coloridos de roupa colada japoneses, tipo os Power Rangers, em toda a troca tem que ter um participante babaca. Nessa troca, o babaca da vez é o Sonics. Receberam do Cavs o Ira Newble e o Marshall, e do Bulls o Adrian Griffin. O Griffin pode contar para os novatos boas histórias sobre os tempos em que os continentes da Terra ainda eram apenas um, porque o sujeito tem uns 60.000 anos. O Ira Newble fede, e do Marshall eu gosto bastante, mas ele precisa de esquemas favoráveis para seu jogo e de uns 5 anos a menos, coisas que só acontecem em filmes ruins da Sessão da Tarde. Essa troca para o Sonics significa apenas uma coisa: estamos nos livrando de quem não quer ficar, de quem é veterano, vamos perder o máximo possível e pegar uns bons novatos na temporada que vem. Bem, é um plano melhor do que trocar pelo Randolph, convenhamos.

Com toda essa bagunça acontecendo em Chicago e Cleveland, é bem fácil se esquecer de que o Raptors também fez algo para ficar melhor. Sem nenhum pivô reserva desde que draftaram o Baby (provavelmente foi um castigo divino, ou uma maldição indígena) o time da terra do hockey vem improvisando o Humphrey no garrafão. Ele até faz um bom trabalho, mas o Brezec veio do Pistons (e acabara de vir do Bobcats, coitado, deve ter cansado de se mudar) e é um pivô de verdade, capaz de acertar seus arremessos quando necessário. Em troca, o Raptors mandou para Detroit o armador Juan Dixon, amigo do Steve Blake, que é um bom reserva e estava descontente no Canadá, provavelmente porque lá só tem guarda florestal e urso. Ótimo, agora todo mundo fica feliz, mas na minha opinião é a equipe de Toronto que saiu ganhando nessa e agora é ainda mais profundo.

Como nota de rodapé, interessando apenas a mim e ao nosso leitor Rena McGrady, que comentou no post anterior, o Houston mandou o Kirk Snyder em troca do Gerald Green. O Snyder não é tão ruim, sabe? Digamos que ele fede moderadamente, sabe infiltrar e defender melhor do que uma chinchila, por exemplo. Não havia lugar para ele no Rockets mas ele pode ser um bom décimo-segundo reserva em algum lugar por aí, possivelmente na Europa. Já Gerald Green ia ser o novo Kobe uns anos atrás, ganhou conselhos do Bryant em pessoa, então acho que ter ele no time não vai fazer mal a ninguém, vai que de repente ele marca 81 pontos. Na pior das hipóteses, o Green pode ficar brincando de enterrar nos treinos e deixar os outros jogadores entretidos. Já é alguma coisa.

Em breve, vamos dar uma olhada mais uma vez em como cada time se sai com suas caras novas. E lembrando, claro, que o Houston ganhou sua décima partida seguida. O que tem isso a ver com o resto do post? Nada, mas deixa eu ser feliz, tá bom? Meu time não conseguiu nem o Kidd e nem o Gasol, poxa.

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