Trocas, trocas, trocas

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Mo Williams e  Baron Davis tem ótimas fotos juntos. (Ex.1 ; Ex2

Meu deus, que suruba! Nunca vi tanto troca-troca em um só dia. A NBA já teve muitos momentos de movimentação intensa no passado, mas eu sinceramente não lembro de um com tanto jogador sendo trocado. Já falamos da troca do Carmelo Anthony que envolveu 12 jogadores e da do Deron Williams, que levou ele para o New Jersey Nets. Mas isso foi só o começo, hoje foram mais um milhão de transações que vamos demorar uns dias para analisar totalmente. Se não terminarmos é porque eu fui trocado para um outro blog, rumores indicam que eu possa começar a escrever no Mão Feita a partir de amanhã.

Algumas transações, como o botão de auto-destruição que o Boston Celtics apertou, merecem esperar pelo menos um dia para que a gente possa ter certeza de todos os desdobramentos e detalhes de todos os jogadores envolvidos. É um momento importante da temporada e não queremos falar bobagem! Antes de escolher as primeiras trocas a serem analisadas é hora de informar um pouco, já que está meio confuso de acompanhar. As trocas que aconteceram hoje, com nomezinhos coloridos, foram:

Boston Celtics envia: Kendrick Perkins e Nate Robinson
Oklahoma City Thunder envia: Nenad Krstic e Jeff Green

Boston Celtics envia: Luke Harangody e Semih Erden
Cleveland Cavaliers envia: Uma escolha de 2ª rodada de Draft

Boston Celtics envia: Marquis Daniels
Sacramento Kings envia: Grana

Oklahoma City Thunder envia: DJ White e Mo Peterson
Charlotte Bobcats envia: Nazr Mohammed

Portland Trail Blazers envia: Dante Cunningham, Sean Marks, Joel Pryzbilla e duas escolhas de 1ª rodada de Draft
Charlotte Bobcats envia: Gerald Wallace

Washington Wizards envia: Kirk Hinrich e Hilton Armstrong
Atlanta Hawks envia: Maurice Evans, Mike Bibby e Jordan Crawford

Sacramento Kings envia: Carl Landry
New Orleans Hornets envia: Marcus Thornton

Houston Rockets envia: Aaron Brooks
Phoenix Suns envia: Goran Dragic e uma escolha de 1ª rodada de Draft

Houston Rockets envia: Shane Battier e Ish Smith
Memphis Grizzlies envia: Hasheem Thabeet e uma escolha de 1ª rodada de Draft

Los Angeles Clippers envia: Baron Davis e escolha de 1ª rodada de Draft
Cleveland Cavaliers envia: Mo Williams e Jamario Moon

……
Pois é, temos assunto para um mês. Algumas dessas trocas podem não estar completas, faltam detalhes e não é em todas que sabemos ao certo que escolhas de Draft estão sendo enviadas. Ainda é tudo muito recente e vamos começar analisando as que a gente tem certeza de como aconteceram.

Começo com a última listada e a primeira confirmada do dia, a do Baron Davis por Mo Williams. Todo mundo sabe que o Clippers queria trocar o Baron Davis faz MUITO tempo, acho que no dia seguinte em que eles assinaram o cara eles provavelmente já estavam arrependidos. Em toda sua carreira o B-Diddy sempre foi um misto de muito talento, nenhum esforço, brigas com técnicos e desinteresse total. Foi assim no Hornets com Byron Scott (que será seu técnico de novo no Cavs!), no Warriors com o Don Nelson e no Clippers não só com Vinny Del Negro e Mike Dunleavy mas até com o dono Donald Sterling, que sentava na beira da quadra para ver o jogo e xingava o próprio atleta. Nos poucos momentos em que jogou pra valer era constantemente colocado em listas dos 3 ou 5 melhores armadores da liga, mas durava pouco.

O problema para trocar Baron Davis era o seu contrato monstruoso, mais de 13 milhões por ano até o fim da temporada 2012-13, além desse comportamento que acabei de citar, óbvio. Ninguém queria pagar tanto por problemas. A coisa mudou um pouco de figura quando eles encontraram o Cleveland Cavaliers, o atual pior time da NBA e que está desesperado por qualquer coisa que dê um mínimo de esperança para um futuro próximo ou nem tão próximo assim. O Clippers tinha o que oferecer, não Davis, claro, mas uma linda e cristalina escolha de 1ª rodada no Draft do ano que vem. Em um time quebrado, em um mercado pequeno e numa época em que as estrelas só querem jogar juntinhas em cidades famosas, o Cavs não tem esperança de voltar a ser relevante com espaço salarial e Free Agents, o negócio deles é buscar talento no Draft.

Sendo o pior time da temporada eles tem ótimas chances de ter a 1ª escolha no Draft do ano que vem e com todo o azar do mundo ficam pelo menos com a 4ª. Essa do Clippers, se nada de muito drástico acontecer, deve ficar entre a 7ª e 10ª. Ou seja, um ano após o término do namoro com o LeBron James eles tem uma escolha Top 5 e outra Top 10 para recomeçar um núcleo jovem no time, não é nada mal! O preço a ser pago não é barato, porém, o contrato pesadíssimo do Baron Davis aumenta a folha de pagamento do time em quase 5 milhões de dólares por temporada em relação ao que pagavam pelo Mo Williams, mas repito o que disse: eles não vão conseguir jogadores com espaço salarial, estão pagando para ter essa valiosa escolha de Draft. É rezar para não fazer bobagem com ela agora.

Até agora a troca parece bastante certinha, certo? O Clippers está entupido até as orelhas de jovens e bons jogadores e não precisa de mais uma 10ª escolha, então a usou para se livrar do jogador que tentam trocar há quase 3 anos. Mas o que causou espanto na maioria das pessoas foi que a troca foi realizada bem na época em que, pela primeira vez em todos esses anos, o Baron Davis está jogando bem de verdade! Todas as críticas que eu citei acima são verdade, ele é desinteressado e joga quando quer. Chegou fora de forma no começo da temporada e foi afastado pelo técnico Vinny Del Negro, nos anos anteriores também estava gordo e jogava de um jeito desleixado, individualista e sem esforço algum. Suas bolas de três forçadas na transição deixariam até o JR Smith angustiado, pra mim parece um jogador de streetball no fim da pelada, quando já está cansado e continua em quadra tentando uns truques (que dão errado) só para não parar de jogar e ficar entediado.

Acontece que ele não é daqueles jogadores que lideram um time pelo exemplo e fazem todo mundo jogar bem, ele é o maria-vai-com-as-outras. Se o resto do time está motivado, tem talento e joga bem, aí ele quer participar. Foi assim naquele Warriors que surpreendeu o Mavs em 2007 e começou a ser assim quando ele se tocou que aquele novato Blake Griffin que estava no seu time era um fenômeno. Seus olhinhos brilharam como uma criança quando vê o novo Comandos em Ação e ele quis começar a brincar, entrou em forma (para o seu padrão), foi aceito pelo Del Negro e começou a dar assistências de todos os cantos da quadra para enterradas do Griffin. Passou a aparecer no Top 10 da NBA, a ser relevante, comentado, a transpirar confiança, falar mais em quadra, dar passes para enterrada dentro de carros e, de repente, foi trocado.

Trocar o Baron Davis fez todo o sentido do mundo por tanto tempo e bem quando passou a não ser tão óbvio assim eles puxaram o gatilho. Fizeram certo? Difícil afirmar com certeza, mas vou tomar coragem, dar um gole na birita, respirar fundo, sair de cima do muro e responder: sim, tinham que trocar. Em uma visão otimista o Clippers iria ter esse mesmo time que começou a jogar bem em dezembro no ano que vem e poderia lutar pelos Playoffs, mas em uma visão mais pessimista (o que faz todo o sentido para o Clippers), o Baron Davis poderia se machucar de novo ou simplesmente começar a sabotar o time como já fez outras vezes, só lembrar do também jovem e promissor Warriors que depois de um momento de encantamento despencou para a mediocridade. Ele simplesmente não é um cara confiável, já provou isso em 10 anos de carreira e o Clippers não tem motivo para dar esse voto de confiança. Os passes para ponte-aérea irão fazer falta, mas adeus.

Só reforçando, perder a escolha de Draft não foi legal, mas jovens talentos não são o problema do Clippers. Eles tem Blake Griffin, Al-Farouq Aminu, Eric Bledsoe, Eric Gordon, Randy Foye e DeAndre Jordan, pegar mais um pivete para não deixar ele ter espaço para se desenvolver seria inútil. E temos que pensar também na economia, o Mo Williams ganha 8.5 milhões de dólares por temporada no próximo ano contra os quase 14 de Baron Davis, depois disso Mo tem a opção de virar Free Agent (Player Option) mas não é provável que ele recuse ganhar mais 8.5 milhões, só se a vontade de mudar de time falar 10 vezes mais alto que essa fortuna. De qualquer forma o dinheiro que o Clippers poupa e o espaço aberto na folha salarial são importantes para esses mesmos jovens jogadores, que cedo ou tarde precisam de seus contratos renovados. Em dois anos eles precisam oferecer uma bolada para o Eric Gordon, depois uma extensão digna do talento do Blake Griffin. Ter o salário do lixo do Baron Davis atrapalhando seria um Epic Fail típico do Clippers, mas eles evitaram.

E é inteligente da parte deles pensar no futuro e não no agora. Com a decadência do Portland Trail Blazers depois das contusões de Brandon Roy e Greg Oden, as saídas de Carmelo Anthony e Deron Williams da conferência, podemos considerar que o Oeste tem quatro forças óbvias: LA Lakers, San Antonio Spurs, Dallas Mavericks e Oklahoma City Thunder. Os três primeiros estão no Top 5 de equipes mais velhas da liga, prontas para dar suas últimas cartadas atrás de um título antes de começar um novo processo de renovação. Quando isso acontecer o topo da conferência está nas mãos do Thunder e de quem conseguir montar um elenco bacana até lá, o Clippers está fazendo a sua parte para melhorar na hora certa.

Pensando a curto prazo o time deve dar uma piorada mesmo, é verdade, o Mo Williams vai dar uma melhorada no arremesso de três deles (Baron Davis chuta o mesmo número de bolas por minuto que Ray Allen, mas não chega aos 30% de aproveitamento), mas está longe de ser o cara que comanda o ataque como B-Diddy fazia. É bem provável até que Mo não atue como um armador principal o tempo todo, mas auxiliando no trabalho e jogando como arremessador, já que eles provavelmente vão querer dar espaço para o novato Eric Bledsoe, e seus outros companheiros de posição, Randy Foye e Eric Gordon, sabem quebrar um bom galho como armadores principais. Vão precisar de um tempo para se adaptar mas não é motivo para desespero.

Uma outra coisa que eu acho que vai ser bem interessante de acompanhar é o Baron Davis em Cleveland. Um cara eternamente desmotivado jogando pela franquia mais perdedora da temporada? Seria lindo ele usar seu talento e carisma (é um cara divertido, admitamos) para dar um boost na cidade, mas eu apostaria todas as minhas fichas que uma estranha contusão o tirará do resto da temporada. Não sei, devemos esperar o melhor das pessoas, mesmo quando parece bem improvável.
…..
Vamos tentar manter um ritmo acelerado de posts para comentar todas as trocas. Aguentem aí e tentem não enlouquecer!

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