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Sem saber se o Nuggets continuará um bom time,
Carmelo faz como no banheiro: senta e espera
Enquanto a maioria dos times gastou seu precioso tempo de offseason buscando novas contratações, o Nuggets se preocupou basicamente em segurar Carmelo Anthony. Ao contrário dos seus companheiros de Draft de 2003, Dwyane Wade, Chris Bosh e LeBron James, quando Carmelo fez seu último contrato, fez um maior que o dos amiguinhos. Dá pra entender, enquanto os outros três estavam em franquias que naquela época despertavam dúvidas, o Melo estava muito bem no Nuggets, que é no mínimo um bom time desde sua chegada.
Isso quer dizer que se todos viraram Free Agents agora, Melo será somente daqui a um ano e ver todos esses grandes jogadores mudando de time para ter a chance de ganhar um título deve ter dado um cagaço monstruoso no time de Denver. Já ofereceram mais de uma vez extensões de contrato de mais 3 anos e 65 milhões de dólares.
O jogador ainda não aceitou e acho que nem deve aceitar. Não sou ninguém pra falar pra alguém recusar tanto dinheiro, mas é que ele não estaria recusando, mas adiando. Se ele acertar essa extensão fica “preso” ao Nuggets por mais três anos, torcendo para que o time volte a evoluir depois da queda de qualidade que teve a partir do meio da temporada passada. Se não aceitar, ganha mais um ano para analisar a situação do Nuggets e dos outros times que possam vir a oferecer outros contratos milionários. A não ser que aconteça um desastre e o joelho do Carmelo e
sfarele como o do Shaun Livingston, é certeza que ele vai receber ofertas riquíssimas daqui a um ano, não tem porque aceitar agora apenas por medo. E ele nem tem um histórico de contusões para temer alguma coisa mais grave.
Entre os times que devem ir pra cima do Melo com tudo estão o New York Knicks e o New Jersey Nets. O Knicks não gastou tudo o que podia nesse verão americano e para a temporada que vem ainda tem, finalmente, o fim do contrato do
Eddy Curry, que só não é maior do que a barriga do pivô. Já o Nets também não gastou tudo o que podia e
acabou de trocar por Troy Murphy, cujo contrato também se encerra na próxima temporada. E não é só porque os dois podem pagar que eles são fortes concorrentes, tem também o apelo emocional. Carmelo Anthony nasceu em Nova York, gosta da cidade e até fez universidade em Syracuse, lá pertinho. Ir para qualquer um dos time seria voltar para casa. O Knicks é o time mais famoso, glamuroso e conhecido, e o Nets deve se mudar para o Brooklyn dentro de alguns anos, exata região onde nasceu Melo.
Deu pra entender porque o Nuggets está desesperado para conseguir essa extensão, né? Faz muito sentido ele sair após a próxima temporada. E ainda tem mais: o Nuggets é um time experiente, com jogadores que ou estão no auge ou já estão passando dele.
Nenê ainda está em plena forma com 28, mas
Kenyon Martin e
Chauncey Billups, dois pilares da equipe, não são garantia de saúde e jogo em alto nível por muito mais tempo. Difícil concorrer por exemplo com o Nets de
Derrick Favors e
Brook Lopez ou o Knicks de
Amar’e Stoudemire e
Danilo Gallinari. Por fim, mais um ingrediente que deve ter mexido com a cabeça do jogador do Nuggets são os boatos dizendo que apesar da contratação de
Raymond Felton, o Knicks planeja um novo armador para a próxima temporada.
Chris Paul é o primeiro e principal alvo (
já contamos como ele está doido para ganhar um título e mantém uma relação estremecida com o Hornets) e
Tony Parker é o segundo, até a Eva Longoria, deliciosa mulher do francês, já está alimentando os rumores dizendo que adoraria o marido jogando em Nova York. Só espero que decidam logo pra eu saber se troco ou não o
George Hill no meu time de fantasy!
Por essas tentações de novos ares é que eu acho que o Carmelo não deve e nem vai assinar essa extensão, criando no Nuggets uma sensação de urgência parecida com a que existiu no Cavs no ano passado. E também, como o time do LeBron no ano passado, existem chances reais de título, embora vá ser bem difícil.
Depois da dificuldade que deram para o Lakers na final do Oeste de 2009, o Nuggets entrou como um dos favoritos na temporada passada. Durante meio ano sustentou esse título por ficar em segundo no Oeste, ganhando de vários outros times grandes da liga, incluindo o próprio Lakers em Los Angeles. Mas no meio da temporada a maionese desandou. Primeiro foi a contusão do Kenyon Martin, o melhor jogador de defesa do time e grande reboteiro. Depois foi a volta do câncer do treinador George Karl, que teve que se ausentar durante muitas partidas, inclusive toda a série de playoffs contra o Jazz, quando tomaram uma surra de 4 a 1.
Os dois estão de volta para essa temporada, por isso não existe razão para não dizer que o time vai continuar sendo um dos melhores, mas a saída deles evidenciou algumas deficiências do time. Chauncey Billups já foi considerado o melhor armador da NBA na sua época de Pistons, mas claramente começa a viver a sua vagarosa decadência. Ele ainda é fora de série, mas no meio do caminho tem jogos discretíssimos, ele não consegue ganhar jogos quando dá na telha como fazia no Pistons, e na defesa, onde sempre foi ótimo, as pernas não acompanham mais. É só ver o baile que ele tomou do Deron Williams na última pós-temporada. Já que os dois são sempre comparados, foi o equivalente do Deron para o que o Chris Paul fez com o pobre vovô do Jason Kidd nos playoffs de 2008. Pois é, uma hora a juventude nos alcança e é hora de virar comentarista de TV, Chris Webber tá na NBA TV todo dia pra comprovar isso.
Em vários jogos em que o Billups não dava conta do recado, o Ty Lawson deu. Quando suas bolas não caíam, o JR Smith dava os arremessos mais imbecis da história do basquete (e eventualmente acertava) para dar a vitória ao Denver. Isso mostra que o time é bom, grande, mas que eventualmente depende de jogadores não muito confiáveis. É um time forte, mas como o Billups de hoje em dia, deixa sempre aquela dúvida no ar.
Outra questão que a contusão do K-Mart deixou clara foi a falta de profundidade do garrafão. Nenê, Chris Andersen e Kenyon Martin são o trio mais físico, tatuado e mal encarado da NBA na atualidade. Fazem uma rotação interessante e todos jogam nas duas posições do garrafão, mas e quando alguém se machuca? Dois são titulares e acabou. Sem banco para cobrir alguém cansado ou com problemas de falta. Isso machucou muito a equipe na temporada passada e para resolver o problema contrataram dois jogadores, o Shelden Williams e o Al Harrington.
Tem gente que até gosta do Shelden Williams, acho que o Danilo é um deles, mas eu acho um cara que não sabe fazer porcaria nenhuma numa quadra de basquete. A intenção de contratar um cara de garrafão foi boa, a escolha péssima. Sem querer pegar no pé do Shelden só porque o formato da sua cabeça me ofende, mas o DJ Mbenga seria mais útil. Já o Al Harrigton foi uma ótima adição. Ele arremessa de três e abre o jogo como o Linas Kleiza fez tão bem pelo Nuggets naquela campanha de 2009, sabe jogar de ala de força e quebra um galho nos rebotes. Não sei se gostaria de ver ele de titular em algum time, mas como reserva e em especial nesse time veloz que é o banco do Nuggets, ele é pefeito. Imagina eles correndo com Ty Lawson, JR Smith, Al Harrington e Chris Andersen ao mesmo tempo? Tem tudo para dar dor de cabeça para os bancos das outras equipes.
O Nuggets fez pouco para essa temporada, mas as peças estão lá para irem longe de novo. O armador experiente, o garrafão forte, um bom defensor de perímetro (o ótimo Arron Afflalo), o banco de reservas talentoso, um técnico experiente e que conhece o time e a estrela/cestinha, Carmelo Anthony. Fácil esquecer deles depois dos playoffs ridículos do ano passado, mas vamos dar mais uma chance. Embora seja, provavelmente, a última.