>Um doido que deu certo

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Quem disse que Duncan está sempre com a mesma cara? É só saber irritar…

Se no outro dia eu falei de um chamado doido, o JR Smith, hoje vou falar de outro: Manu Ginobili.

Não que ele seja ruim ou coisa do tipo, longe de mim pensar isso! Mas ele é meio pirado, temos que concordar. O próprio Poppovich, técnico do Spurs (e autor da nossa frase da semana), disse, anos atrás, que o seu coração acelerava assim que o argentino entrava na quadra. E não é à toa, no meio daquela máquina calculada que é o Spurs o Ginobili é um maluco, um insano, um descontrolado. Um ser criativo.

Desde a temporada passada, porém, ele não é o único criativo do time. Tony Parker por vários anos foi obrigado por Poppovich a usar sua velocidade menos vezes e a sempre procurar o passe primeiro. Enjoei de ver o Parker costurar a defesa pra depois mandar pra alguém arremessar na zona morta. Foi só na temporada passada que ele teve mais liberdade para tentar a cesta e o resultado foi ótimo, até o armador com mais pontos no garrafão ele foi.

Tudo isso que Parker faz, incluindo aquelas bandejas insanas, deve ter aprendido com Ginobili. Não acompanhei a carreira inteira de caras como Jordan e Dr.J, então não pretendo nunca usar a expressão “melhor da história” pra qualquer coisa, prefiro usar “melhor que eu já vi” e Manu é, sem dúvida, o melhor cara que eu já vi atacar a cesta. Amo o Kobe, pra mim ele é o MVP da temporada, LeBron é dominante, mas ninguém ataca a cesta como Manu Ginobili. As bandejas de Parker podem impressionar bastante hoje e já vi gente dizer que ele é o cara que melhor acerta bandejas difíceis, mas acho que só dizem isso porque se acostumaram a ver o Ginobili fazer o que faz. E tem outra grande diferença entre o argentino e o francês, que é o período do jogo em que eles fazem suas artes. Manu é o rei do quarto período no time de San Antonio e não tem coisa mais desesperadora do que torcer contra o Spurs e ver, nos minutos finais, o Ginobili isolado na cabeça do garrafão. Você sabe que ele vai dar algum drible maluco com aquela mão esquerda e que, não importa quantos pivôs, bloqueadores, atiradores de elite e gorilas existam na área pintada, ele vai dar um jeito de fazer a cesta.

Mas por que essa babação de ovo em cima do narigudo?

Simples. Ele foi um dos melhores, se não o melhor, jogador de toda a liga nas últimas semanas e não é à toa que junto com essas atuações o Spurs esteja em uma sequência de 7 vitórias seguidas, a segunda maior da NBA no momento, atrás apenas das 14 do Houston.

Foram 34 pontos e 15 rebotes contra o Toronto. 46 pontos e 8 assistências, junto com uma porrada de bolas de três contra o Cavs. Aí 44 pontos e mais a cesta da vitória contra o Minnesota e, pra terminar, uma atuação mais tranquila: 30 pontos e 12 assistências contra o Hornets.

Depois disso, eu sei, ele deu uma esfriada. Foi só eu começar a rascunhar o texto que ele quis me contrariar, tudo bem, não o culpo, eu sempre torci contra. Foram 13 pontos contra o Atlanta e 17 contra o Dallas. Mas não é como se esses times não conhecessem o cara que estavam enfrentando. O Dallas é freguês do Ginobili há anos e anos (os torcedores do Mavs que me desculpem, mas é verdade). E o Atlanta… bem, o Atlanta viu ele fazer 24 pontos SEGUIDOS em cima deles. Eu ficaria traumatizado.

Mas o que eu quero mesmo com esse texto, mais do que avisar todo mundo de que o Ginobili está pegando fogo (e bem quando os playoffs estão perto!) e dizer que o Spurs está longe de estar morto, é dizer que o JR Smith, assunto do último post, tem a fama de maluco por dois motivos: primeiro porque ele não segue as regras sociais fora da quadra, o que lhe dá uma imagem péssima; e segundo e principalmente, porque suas loucuras na quadra nem sempre dão certo. A grande diferença entre ele e Ginobili é que Manu parece ter muito mais noção do que faz (mesmo que não tenha, quem sou eu pra adivinhar se o cara tem noção do que faz!) porque na maior parte das vezes a bola cai e, nos minutos finais, caem mais ainda. A fama de qualquer um no esporte depende, acima de tudo, infelizmente, de resultados. Se a bola cai, você é gênio, se não cai, você foi apressado, doido e coisas do tipo. Ou seja, se você for ser arriscado, ousado, é bom que você seja bom o bastante para acertar. Ou lide com as consequências.

Como lado ruim do argentino campeão olímpico está o famoso “flop“. As cavadas de falta. Eu sei que ele não é o único a fazer isso e nem foi o primeiro. Mas irrita muito sim! Me tira mais ainda do sério porque um cara com o talento dele, com todos os recursos que ele tem, não precisava fazer isso. E são muitos recursos mesmo! Falei das bandejas, das infiltrações, mas não dá pra esquecer que ele é infernal na defesa, especialista em interceptar passes e que tem uma bola de 3 devastadora, além de ser capaz, se necessário, de jogar como armador principal por vários momentos do jogo. Um cara com todas essas características soa como um All-Star, não é?

Depois de não ser um All-Star nessa temporada, Manu disse: “Tudo bem. Eu sei quem eu sou.”
Será que essas atuações todas foram também uma resposta para quem o ignorou na votação? Pode ser, até porque ele é injustiçado há anos por alguns críticos, que pelo Spurs ser um time muito bom, o vêem apenas como um bom role player, que não seria capaz de liderar um time. Acho que a seleção da Argentina discorda, mas tudo bem.

Ele sempre ganha, está no time que sempre ganha, é um dos grandes responsáveis pelas vitórias e ainda é Argentino. Entendo perfeitamente quem o odeia! Mas o talento dele é de encher os olhos. Dá pra saborerar a criatividade dele no vídeo abaixo:

Notas:

– O mais novo papai da NBA é o ala Dorrell Wright, do Miami. Pelo nome do filho, ele será o melhor jogador de todos os tempos: Devin Quentin Dwyane Wright. E não é piada! Devin é o nome do moleque mesmo, nada a ver com o Devin Harris, mas ‘Quentin’ e ‘Dwyane’ estão no nome porque Dwyane Wade e Quentin Richardson são os padrinhos do filho. Sorte do pivete que o Zydrunas Ilgauskas ou o DJ Mbenga não são padrinhos dele.

– No vídeo que eu coloquei lá em cima com os 24 pontos seguidos do Ginobili contra o Hawks, prestem atenção na bandeja em cima do Josh Smith. Vocês também concordam que 98% dos jogadores da NBA tomariam um toco do Josh Smith naquela situação? E que os que não tomariam tentariam cavar uma falta? Só o Manu tentaria ficar de costas, fazer a bandeja e aí levar a falta.

– Dikembe Mutombo + Carl Landry ontem: 19 pontos, 16 rebotes e 4 tocos. É um Yao Ming, vai…

– No jogo de ontem entre Jazz e Hornets, o Jerry Sloan se recusou a colocar o Korver. Parecia o Jazz de antes da troca que tava tomando sapeca iá iá de todo mundo. E tomou outro.

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