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Antes de começar o All-Star Game, neste domingo, estava assistindo o “abre o jogo” da ESPN Brasil com comentários do Eduardo Agra e do nosso amigo Zé Boquinha. O Zé, como já virou clássico dele em All-Star Games, estava mostrando saudade dos tempos de Magic Johson, Larry Bird, Michael Jordan, Isiah Thomas e companhia. Mais de uma vez ele comentou como os jogos eram antes mais disputados, tinham mais rivalidade e que de uns tempos pra cá tudo ficou mais voltado para o show, para a diversão, sem a mesma intensidade.
Se era assim, agora não é mais.
Talvez sentindo falta dos jogadores que costumavam dar show nos últimos anos, todo mundo no All-Star Game resolveu jogar um pouco mais sério. Afinal, se você for ver as grandes jogadas dos últimos 5 ou 6 anos de jogo das estrelas, você verá muito Kobe Bryant, Shaquille O’Neal, Tracy McGrady e, principalmente, Vince Carter. Nesse ano somente Kobe estava lá e, como tinha dito antes, só deu um alô e já sentou no banco com o dedo machucado.
Para dar show não faltava gente, claro. Ainda estavam lá LeBron, Wade, Dwight, Nash, Paul. Mas não ia ser a mesma coisa. E não ia porque LeBron e Wade em especial parecem não gostar muito de jogar só pelo show. Eles fazem suas jogadas mais lindas quando os jogos estão mais tensos e disputados. Quando o jogo está fácil, só pra festa, eles parecem pegar mais leve. Mas pode ser só impressão minha também.
O Leste começou o jogo bem melhor. Fazendo as jogadas mais fáceis e finalizando bem. Enquanto isso, o Oeste estava com aproveitamento bem fraco nos arremessos e o Yao parecia mais sonolento que o de costume. Assim não foi difícil para o Leste abrir uma boa vantagem, que se manteve até o quarto período. O lógico seria pensar que nesse meio tempo, entre a vantagem aberta logo no início e o final do jogo, seria onde aconteceriam as jogadas mais marcantes do jogo. Mas não foi exatamente assim.
Teve um momento, de pouco mais de um minuto, feito de jogadas fora do comum. Ponte aérea do Kidd pro LeBron que ao invés de enterrar deu uma de Fernanda Venturini pro Howard. Depois foi o Howard que mandou pro LeBron. No meio disso o Chris Paul mandou uma ponte aérea pro Amaré Stoudemire e ainda sobrou tempo para uma outra ponte aérea do LeBron para o Howard. Foi de tirar o fôlego. Mas mais legal do que isso, mais marcante e mais empolgante, foi o quarto período.
O Oeste resolveu que não ia se entregar e que era hora de uma virada. Liderados por Chirs Paul e Nash e depois por Chris Paul e Brandon Roy, o Oeste começou a diminuir a diferença. Até, em uma bandeja de Dirk, virar a partida. Engraçado que depois do jogo o Paul disse que ele e o Roy, no ônibus indo para o ginásio, pareciam duas crianças, de tão nervosos que os dois estavam. Mas na hora não pareciam. Jogaram muito e com a ajuda de uma equipe alta, empataram o jogo. Ao lado dos dois armadores jogaram primeiro Dirk, Boozer e Amaré e depois Dirk, Duncan e Amaré. Enquanto isso, o Leste ia com um time pequeno com Kidd, Wade, Ray Allen, LeBron e Dwight. Tanto que duas vezes seguidas o Dirk foi marcado pelo Jason Kidd. Cena bizarra!
Quando faltavam pouco mais de 3 minutos para o fim do jogo, o placar estava empatado mas o clima estava a favor do Oeste. Quem mudou isso foi um cara que, se não fosse pela contusão do Caron Butler, estaria nas Bahamas descansando na hora da partida: Ray Allen.
Nesses 3 minutos ele marcou 14 pontos somando lances-livres e 3 bolas de três para acabar com o jogo. Também foi ele quem sofreu uma decisiva falta de ataque de Chris Paul com menos de um minuto no relógio. Agora me diga, que tipo de juiz é esse que marca uma falta de ataque em um corta-luz com o jogo em dois pontos de diferença no último minuto de um All-Star Game? Deixa os caras jogarem!
Essa jogada definiu o jogo e Ray Allen só não foi o MVP porque LeBron quase fez um triple-double com 27 pontos, 8 rebotes e 9 assistências e, também, porque ele deu a enterrada mais animal do jogo quando a partida estava empatada em 125 e com menos de um minuto no relógio. Também no finalzinho do jogo Wade fez uma jogada de 3 pontos maravilhosa; não estou tão doido assim em achar que eles jogam melhor quando o jogo está sério e disputado, estou? Foi o segundo troféu de MVP para LeBron e o outro tinha sido dois anos atrás em outra vitória bem apertada do Leste.
Eu, particularmente, estava torcendo para o Oeste. Nada contra o Leste e nada a ver com o fato do Lakers está no Oeste. Era porque queria ver a virada terminar em vitória e porque sabia que o MVP do jogo, caso o Oeste vencesse, seria o garoto da casa Chris Paul. Com muita personalidade, habilidade, velocidade, passes lindos à la Pete Maravich e até bolas de 3, o garoto merecia o troféu. 16 pontos e 14 assistências em seu primeiro All-Star não é pra qualquer um.
Pro ano que vem espero mais do que vi ontem. Jogadas de efeito, muitas enterradas e, no final, a rivalidade, disputa e desejo de ganhar. E não falo isso só pra agradar o Zé Boquinha não, aposto que todo mundo gostou de ver o Garnett, mesmo de terno atrás do banco, vibrando como se fosse um jogo de playoff.
Abaixo, um vídeo com quase todas as jogadas que você precisa ver: as pontes aéreas, os passes do Chris Paul, a bandeja de costas do Wade e, claro, a enterrada do Amaré em cima do Dwight Superman.
Só duas jogada que mereciam ser vistas não estão nesse vídeo. A primeira é a bola de três que o Rasheed fez usando a mão esquerda (depois de tentar várias vezes) e a segunda é o giro e fake do Yao Ming, no maior estilo Hakeen Olajuwon, pra cima do Howard, uma pena que ele apelou e fez a falta. Ninguém gosta de ser zoado por um branquelo no All-Star.
Amanhã sai o resultado da nossa promoção! Aguardem!