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O Danilo comentou aqui quando o Thunder fez a troca pelo Kendrick Perkins dizendo que era exatamente o que eles precisavam e que tinha tudo para dar certo. O começo, com Perkins chegando em Oklahoma machucado, não foi dos mais fáceis, mas cerca de um mês depois dá pra dizer com bastante certeza que o experimento é mais que um sucesso.
Primeiro que o risco de ter trocado o Jeff Green por nada acabou logo, depois de recusar propostas de 22 milhões de dólares por 4 anos do Celtics, Perkins rapidamente aceitou uma proposta mais generosa do Thunder, 34 milhões pelo mesmo período de tempo. Não tinha porque negar: mais dinheiro, compatível com os absurdos que pagam hoje em dia para pivôs mais ou menos (alô, Nazr Mohammed, Brendan Haywood), e numa situação perfeita, em um time jovem, talentoso e que não é só promissor para o futuro como é também uma realidade já hoje. Tomar o pé na bunda da namorada Celtics foi doloroso, mas ele foi acolhido por uma bela super modelo russa, loira, rica e ninfomaníaca.
Nos primeiros jogos após a saída de Jeff Green, o Thunder pareceu mais frágil no ataque e não muito melhor na defesa. O lado defensivo era pela ausência da sua principal contratação, Perkins estava machucado, e o ataque simplesmente parecia menos perigoso e mais previsível (ainda mais isolações para Westbrook e Durant) sem Jeff Green para tirar o peso das costas das estrelas. Mas jogo após jogo, com paciência para implantar algumas mudanças importantes, o time começou a engrenar. O boost ofensivo veio de James Harden, ele continua vindo do banco e seus minutos por jogo nem mudaram muito, assim como sua função. Mas ele mesmo disse que viu a troca como um chamado para elevar o nível do seu jogo e está dando certo, começou a pontuar melhor e está jogando com a confiança que sua barba sempre pareceu lhe dar. O Harden não é espetacular em nada, não é o melhor arremessador, driblador ou nada do tipo no seu time, mas sabe fazer pontos e nesse momento é tudo de que precisam.
Mas o que faltava mesmo para o ataque melhorar, por mais bizarro que pareça, foi a volta do Perkins. Isso liberou o Serge Ibaka para ser menos pivô e mais ala de força, e mesmo com aquele tamanho todo e as enterradas, o Ibaka machuca as defesas adversárias quando fica longe da cesta e acerta aqueles improváveis arremessos de meia distância. Não parece que todos vão cair longe da cesta? Não sei se é a mecânica de arremsso, o tamanho dele ou só má fé minha, mas sempre acho que vai amassar o aro e quem erra sou eu. Ibaka não é, ainda, Jeff Green no ataque, mas seus arremessos longos às vezes tem o mesmo efeito de obrigar a defesa a abrir e se distanciar do garrafão. Pode-se fazer uma comparação desse Thunder com a troca do Orlando Magic de Rashard Lewis por Brandon Bass. Eles ganham em tamanho, defesa, e perdem um potencial arremessador de longe, mas nos dois casos os substitutos são bons arremessadores de meia distância, o que de certa forma é um bom tapa buraco para a estratégia não mudar tanto assim. Nos dois casos deu certo.
O que tem dado mais certo para o Thunder que para o Magic é que o Serge Ibaka é muito mais defensor que o Bass. Desde que virou titular Ibaka tem médias de 9.6 pontos, 9.8 rebotes e 3.1 tocos. É um absurdo de tanto toco! E sabe o que é mais insano ainda? Que ele está com média de 4 tocos desde que o Perkins voltou para ser seu parceiro de garrafão. Ao lado do Perk ele tem ainda 10.2 pontos e 9.8 rebotes também. Em outras palavras, com o crescimento de Ibaka e Harden, o Thunder conseguiu dar conta da ausência de Jeff Green e ainda por cima melhoraram muito na defesa.
Se o Perkins é o monstro defensivo que é hoje, muito deve-se ao Kevin Garnett, um dos melhores defensores da NBA quando o assunto é só basquete e um dos melhores defensores da humanidade quando o assunto é vontade, raça e em meter medo nos outros. Em uma catástrofe nuclear em que tivessemos pouquíssimos alimentos sobrando eu deixaria o Kevin Garnett defendendo o meu pratinho de sopa dos outros esfomeados. Essa mentalidade de que defender a cesta é mais importante que defender a vida das criancinhas (delas, aliás, Garnett bebe o sangue todas as manhãs) o KG passou para o Perkins, que em poucos anos se tornou um dos defensores mais temidos da NBA, certamente o pivô que menos tem medo de usar seu tamanho e força para descer a paulada. E agora ele está passando o seu conhecimento para o Ibaka, seu pupilo em Oklahoma.
O Kevin Durant afirmou que os dois treinam juntos, que o Perk está sempre no pé do Ibaka e que durante os jogos dá pra ouvir o pivô gritando coisas como “Serge, pega esse” e o Ibaka então salta para conseguir mais um de seus zilhares de tocos. Em um jogo contra o Wizards, ao ver o Ibaka deixando uma bandeja acontecer livremente, o Perkins simplesmente correu até lá e fez uma falta dura no coitado do atacante, encarando Ibaka depois. Em outro jogo, contra o Bobcats, Perkins deu um tapinha de “bom garoto” nas costas do seu pupilo depois que o Ibaka mandou um coitado para o chão sem que ele fizesse os pontos fáceis. O Thunder, que no ano passado foi eliminado pelo Lakers porque não conseguiu conter por muito tempo o seu adversário mais alto (foi eliminado com um rebote ofensivo do Gasol no último segundo do jogo 6) e que no começo desse ano sofria para conter os pontos perto da cesta, agora tem um ala de força que dá 4 tocos por jogo e um pivô que intimidaria o Chuck Norris se ele subisse para uma bandeja. Sente o drama de pegar os dois no fim de um jogo apertado:
E sabe o mais legal? O Serge Ibaka é um pirralho que está melhorando a cada mês desde que chegou na NBA, vai saber qual é o limite dele! E o Perkins nem está completamente em forma depois de 9 meses parado pela cirurgia no joelho. Os dois já estão arrasando com tudo e podem estar só no começo. E essa babação de de ovo toda na defesa é só pra não citar que eles tem Kevin Durant e Russell Westbrook metendo 30 pontos na cabeça de todo mundo quase toda noite. Eles também não sofrem com contusões nunca e todo mundo ainda é dente-de-leite! Sério, a única coisa errada nesse time é não estar em Seattle.
Para os que odeiam modinha e sempre torcem para os times que a imprensa não abraça, uma final entre Thunder e Bulls ao invés de Lakers e Heat seria a glória. Pois pelo que estamos vendo nas últimas semanas, além de gloriosa também não seria nada absurda. Mais fácil apostar nessa final para o ano que vem ou para daqui uns dois anos, é verdade, mas é uma possibilidade perturbadoramente real para daqui apenas alguns meses.