>Um time exposto

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Kobe grita por ajuda

Quase dois meses de temporada se passaram para o Lakers ganhar o topo da NBA com a melhor campanha das duas conferências e já três jogos de vantagem sobre o segundo colocado do Oeste, o surpreendente Mavs. Mas bastou uma semana, quatro jogos, para que toda essa aura em cima do atual campeão caísse e o time parecesse, de novo, mortal.

No começo da temporada o Lakers perdeu alguns jogos, mas todos justificáveis. Fora de casa, em dias consecutivos, com Artest ainda desentrosado e sem o Pau Gasol. Mas quando o espanhol voltou jogando como “o melhor jogador de garrafão da NBA”, nas palavras de Kobe Bryant, o Lakers pareceu invencível. Foram 14 vitórias e 1 derrota nos primeiros 15 jogos do espanhol.
Mas aí veio a derrota humilhante para o Cavs, a contusão do Ron Artest, que pateticamente caiu em casa e bateu a cabeça enquanto carregava caixas (!!!), a vitória apertada em duas prorrogações sobre o Kings, mais uma derrota embaraçosa para o Suns, que até outro dia era o mais fiel freguês do garrafão do Lakers, e ontem, para finalizar a cruel sequência de 4 jogos em 5 dias, uma vitória muito apertada sobre o Warriors.
Tá bom que o jogo do Suns teve suas pequenas aberrações, não dá pra esperar que o Jared Dudley, Robin Lopez e Goran Dragic joguem tão bem ao mesmo tempo alguma outra vez na próxima década, mas o jogo foi tão fácil que acho que o Suns ganharia mesmo se eles tivessem tido um jogo ruim.
O negócio é que o Lakers sempre teve seus defeitos (falei isso até depois do time ter sido campeão) e agora eles estão mais expostos do que nunca.
Dependência da movimentação de bola
O Lakers é um time que sabe espaçar bem os seus jogadores, esse é um dos princípios básicos do triângulo ofensivo do Phil Jackson. Todo mundo sabe se espalhar bem pela quadra para criar linhas de passe que vão levar a arremessos livres ou matchups que favoreçam o Lakers.
O Cavs na noite de Natal, como já tinha feito o Celtics nas finais de 2008, fez uma defesa pressionada muito bem executada que limitava os passes do Lakers. Isso fazia com que caras como o Fisher, Gasol e Odom passessem uma eternidade de tempo com a bola na mão procurando alguém pra passar. Eventualmente desistiam e ou forçavam um arremesso ou tentavam um passe de Steve Nash, o que rendeu uns milhões de contra-ataques para o Cavs.
Se você corta as linhas de passe do Lakers, você acaba com toda a fluidez ofensiva que faz deles um dos melhores ataques da NBA. Não é fácil, claro, mas é onde a defesa do outro time deve focar e alguns times já sabem disso.
As bolas de 3
Essa marcação pressionada se dá principalmente no jogador que faz o pivô. No triângulo, sempre um jogador fica na diagonal da cesta, um na zona morta e um faz o pivô. A bola passa por essa cara no garrafão e aí começam as movimentações que reagem de acordo com as decisões da defesa. Para isso dar certo o passe mais importante do ataque é o “passe de entrada“, aquele que vai colocar a bola na mão do pivô em uma boa posição. (Não custa lembrar que o cara que faz o pivô no triângulo não precisa ser um pivô. No Lakers, com exceção do Fisher, todo mundo faz essa função eventualmente).
Quando esse passe de entrada não dá certo o Lakers tem duas opções: arremessar de longe ou forçar uma infiltração. Qualquer uma das duas acaba saindo forçada, mas se dá resultado algumas vezes, abre a defesa. Acontece que o Lakers não tem bola de 3. O Odom acertou tudo nas finais do ano passado mas foi sorte de campeão, o Artest não arremessa e o Fisher só acerta se é um jogo decisivo de playoff.
Sobra a infiltração, que foi o que o Lakers tentou contra o Cavs e aí ficou na dependência de conseguir algumas faltas. Quando o outro time defende bem e não comete essas faltas, o ataque mais completo da NBA, de repente, parece previsível e limitado.
O banco de reservas
Eu disse isso ontem no Twitter e todo mundo concordou: quando o Lamar Odom é titular por causa de alguma contusão, o Lakers tem o pior banco de reservas da NBA. Não o pior entre os times bons, não o pior entre os favoritos, o pior da NBA.
Com o Odom de titular, como foi o caso contra o Suns, o banco do Lakers tinha Shannon Brown (a única parte boa, mas bem limitado), Jordan Farmar, Sasha The Machine, Adam Morrison, Josh Powell e DJ Mbenga. Sério, o banco do Nets com Rafer Alston, Terrence Williams e Josh Boone é melhor que isso.
Um dos motivos do Lakers estar tendo dificuldades nesses jogos é o cansaço. Como eu disse antes, foram 4 jogos em 5 noites. Todos os jogos foram tensos, estressantes, um teve duas prorrogações e ainda tiveram as viagens para Phoenix e Sacramento. Não é desculpa para as derrotas, óbvio, mas é em situações extremas que um time precisa se mostrar preparado. O Blazers se mostrou preparado para lidar com várias contusões, por exemplo, o Lakers não consegue lidar com o cansaço porque não tem banco.
Jordan Farmar é uma das maiores decepções do elenco. O Zé Boquinha odeia ele desde sempre, mas muitos, eu inclusive, viam um grande potencial nele. Triste que tantos anos depois dele ter entrado na NBA, parece não ter evoluido em nada o seu jogo. Não virou um grande passador, ainda é um arremessador bem mais ou menos e defende mal. Parece piada que anos atrás existiu uma discussão séria (rolou em alguns sites, fóruns e até no nosso chat, durante um jogo de playoff) sobre quem era melhor, Farmar ou Rajon Rondo. Hoje um é um reserva ruim e o outro o melhor armador do Leste.
Mas não é para nenhum torcedor do Lakers entrar em desespero. Hoje não existe nenhum time beirando a perfeição na NBA. Magic, Cavs, Celtics, Nuggets, Mavs, Spurs, todo mundo tem uma lista de defeitos, de buracos no elenco e que por isso podem ser consideradas no mesmo nível do Lakers mesmo durante a má fase do time de L.A.
O Lakers até pode ficar feliz de perceber que o time evoluiu em um aspecto em relação ao ano passado, quando foi campeão. O Phil Jackson conseguiu que o time jogasse bem na defesa não somente em alguns jogos, mas até contra os times mais fracos. No ano passado eu reclamava que o Lakers era preguiçoso na defesa quando enfrentava times sem expressão e tentava ganhar só no ataque, aí de repente se mostrava um time forte na defesa quando enfrentava o Spurs. Era falta de respeito, aquilo! Nessa temporada o Lakers tem defendido bem até em jogos já resolvidos e acho que pode-se creditar muito disso à presença do Ron Artest no elenco.
O calendário do Lakers agora tem uma revanche contra o Kings em Los Angeles e depois duas visitas vindas do Texas, o segundo colocado Dallas Mavericks e depois o Houston Rockets, time que já venceu o Lakers em Los Angeles. Será bom para medir o quanto dessa má fase foi por cansaço e excesso de comida no Natal e o quanto é porque os outros times já sacaram qual é a do Lakers.

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