>Uma carta aos fãs (se é que eles existem)

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Infelizmente o Kurt Rambis não será tão estiloso no banco do Wolves

Não é sempre que vemos isso, mas o novo General Manager do Timberwolves, David Kahn, fez uma carta aos torcedores da equipe em que explica como e porque escolheu Kurt Rambis como novo técnico da equipe.
O Kahn, apesar de algumas coisas já questionáveis que fez, do nome de vilão do Mortal Kombat e de goleiro alemão, está se saindo um dos managers mais comunicativos e interessantes dos últimos tempos. Ele não tem Twitter, não tem blog, mas sempre que questionam alguma atitude sua ele vai à imprensa dar a resposta. Logo no dia do draft explicou porque pegou tantos armadores, depois sempre foi atualizando a situação do Ricky Rubio e divulgou até as promessas de titularidade e minutos por jogo que tem feito para o espanhol.
Não sei exatamente se isso é bom ou ruim. Pra gente é bom, vendo as justificativas dos caras que tomam as decisões fica mais fácil dar uma opinião. Mas para ele não sei se essa super exposição é boa. Responder às críticas e questionamentos implicam em mais críticas e mais questionamentos que podem um dia transformar questões triviais em assuntos grandes. Para sorte dele, ele faz isso no Wolves e ninguém tá lá se importando muito com o que o Wolves faz ou deixa de fazer. Ter a mesma atitude no Knicks poderia ser mais problemático.
A primeira atitude questionável do David Kahn no comando do Wolves foi quando draftou Ricky Rubio e Jonny Flynn, ambos armadores, no draft. A sua justificativa era que ele achava que os dois, apesar de só jogarem na posição 1, poderiam jogar juntos, como jogavam Joe Dumars e Isiah Thomas no Pistons do começo dos anos 90.
Na teoria tá beleza, na prática não agradou muito o Ricky Rubio, que, receoso, talvez prefira passar mais tempo na Europa se enchendo de grana e sendo um jogador importante em seu time. Outra coisa é que na época o Wolves não tinha técnico e tinha dificuldade para achar um que agradasse, depois dessa escolha e das declarações do Kahn, a busca teria que ser por um técnico que também acreditasse que dois armadores jogando juntos pudesse dar certo. Pelo número de times que fazem isso regularmente na NBA, não seria tão fácil.
A busca durou meses e meses. Passou por inúmeros nomes até chegar em três finalistas: Mark Jackson, ex-armador do Pacers que atualmente é comentarista na TV, Elston Turner, ex-jogador dos anos 80 e assistente técnico do Houston Rockets, e por fim Kurt Rambis, ex-jogador do Lakers multi-campeão dos anos 80 ao lado de Magic, Kareen e cia. e que até a temporada passada trabalhava como assistente técnico do Phil Jackson no Lakers.
Até uma semana atrás o Mark Jackson parecia liderar a corrida. Eu não acreditava no Rambis porque, como o Danilo disse um tempo atrás, dizia-se que ele poderia herdar o cargo de técnico do Lakers na temporada que vem se o Phil Jackson se aposentasse, o que é bem provável.
Porém, o David Kahn conseguiu convencer o Rambis a abandonar a expectativa de treinar um time pronto pela chance de ser o responsável por erguer uma franquia quase que do zero. Nas palavras de Kahn em sua carta:
“Estou completamente confiante de que Kurt é o homem certo para ajudar a nos transformar em um time que possa brigar pelo título. Kurt foi treinado pelo Pat Riley e trabalhou com o Phil Jackson, os dois melhores técnicos da história da NBA. Ele está preparado para isso.”
Depois disso o Kahn lista as três coisas que o candidato à vaga teria que preencher para ganhá-la. Curiosamente acho que essa era a única vaga no mundo que não pedia “pró-atividade”, “saber trabalhar em grupo” e “Pacote Office”.
Vamos analisar as três coisas que ele diz na carta:

1- Eu quero que nossa franquia se torne líder em desenvolvimento de jogadores, e o desenvolvimento do jogador começa com o técnico. É seu trabalho executar essa função.

Mesmo se o Rubio não vier agora, o time ainda se baseia em Al Jefferson, Kevin Love, Jonny Flynn e Corey Brewer. Ou seja, alguém que não se comprometesse a desenvolver jovens jogadores estaria entrando numa completa fria.

2- Nós seremos um time rápido, de velocidade. Sim, haverá momentos em que teremos que confiar no Al Jefferson e em um ataque de meia-quadra, mas nossa identidade será a de um time de velocidade e contra-ataque.

Como jogador, Kurt foi membro do Lakers dos tempos do “Showtime”. Aquele time era veloz e mesmo assim sabia usar o jogo de meia-quadra quando necessário. Eles também jogavam uma defesa espetacular. Kurt está comprometido a colocar esse estilo de jogo.

Na teoria é perfeito. Usar como base um dos times de mais sucesso na história da NBA, um time que venceu 5 títulos nos anos 80 e que tinha defesa forte, velocidade e jogo de meia-quadra. Para a velocidade eles tem Flynn, Rubio e até o Kevin Love, que fez um tremendo sucesso no basquete universitário com seu “outlet pass”, aquele passe que o cara dá quando pega o rebote e já liga direto o ataque lá na frente.
O jogo de meia quadra passa todo nas mãos do Al Jefferson, um dos melhores pivôs da NBA atualmente. Uns bons arremessadores do lado dele podem fazer um bom estrago também (de arremessador nato eles tem o Quentin Richardson, mas estão dizendo que o Q-Rich pode ser trocado de novo nessa semana, seria a quarta vez que ele seria trocado desde a temporada passada!).
Achei bem legal o time se basear no Lakers dos anos 80. É realmente admirável que um time coloque um padrão tão alto como parâmetro. Pode parecer e ser um objetivo bem irreal, mas melhor se espelhar em um time espetacular e não conseguir do que se contentar em ser um time mediano. Se não desanimar com as derrotas e com a distância astronômica que estão hoje de um título, vai ser um desenvolvimento legal de assistir.
3- Os minutos distribuídos entre nosso núcleo jovem nos próximos dois anos devem ser feitos pensando no futuro e não apenas no curto prazo. Isso quer dizer que o técnico deve colocar os jovens jogadores para jogar constantemente e deixá-los aprender com seus erros, mesmo que isso signifique sacrificar uma vitória ou duas no caminho.
Essa é a parte mais importante de toda a carta e deve ter sido a que recebeu mais ênfase nas entrevistas para a vaga. Quando um pivete faz muita bobagem em quadra é normal uma chiadeira da torcida, o desespero no técnico e a falta de confiança do jogador. Mas quando se tem um time jovem é importante deixar eles lá se virando na fria que criaram.
Acho que o Rambis não deve ter problema com isso porque o Phil Jackson, com quem trabalhava até outro dia, é um grande adepto da filosofia de deixar os jogadores se virarem. No Lakers ele não pede tempo depois de tomar enterrada ou bola de três e não substitui a cada burrada. Ele gosta de ver como cada jogador se vira em situações adversas. E isso será importante para a pivetada do Wolves.
O Kahn só foi simpático e mentiroso demais ao dizer que essa insistência em jogar sempre os garotos podem render “uma derrota ou duas”. Na verdade vão resultar em umas 20 derrotas ou 30, mas tudo bem, ele não pode ser tão sincero assim em uma carta para a torcida.
Ano passado já dizia que, entre os piores, o Wolves era o de futuro mais promissor. Será mais ainda se o Ricky Rubio vier logo, mas de qualquer forma, com o espanhol ou não, ainda mantenho a minha opinião. Dos times fracos é o único que tem um pivô que domina jogos e um dos únicos com um plano de desenvolvimento organizado e com um técnico que, ao menos pelo que parece, não será mandado embora se vitórias não aparecerem logo de cara.
Vingança
Curiosamente o Kurt Rambis herdará a vaga de técnico deixada pelo Kevin McHale. Os dois eram rivais mortais nos anos 80 quando McHale jogava pelo Celtics e Rambis pelo Lakers. Você quer saber o quanto eles eram rivais? Dê uma olhada então na página Anti-McHale criada no site kurtrambis.com e no vídeo abaixo:

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