Uns vão, outros vem

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Varejão mantém a fama dos brasileiros de
serem um povo caloroso e amigo

(enquanto seu cabelo mantém a fama
de que “o que aqui se planta, tudo dá”)

Assim é a vida: enquanto um perde, outro ganha; enquanto um sai da enfermaria, outro se contunde; enquanto um beija a Alinne Moraes, outro dá uns amassos na Preta Gil. É como se o Universo fosse uma equação tentando se balancear. Por isso, quando vi que, repentinamente, Monta Ellis voltaria de sua polêmica contusão para participar da partida de ontem contra o Cavs, fiquei preocupado. Alguém em algum lugar provavelmente iria se machucar feio, e as chances eram boas de que seria no Clippers, no Jazz ou no Houston.

O Clippers, como sabemos, é completamente macumbado e nada lá jamais pode dar certo. Baron Davis, Chris Kaman e Marcus Camby fazem turnos para ver quem fica contundido de cada vez, e se os três ficarem saudáveis ao mesmo tempo o espaço-tempo irá implodir. O Jazz não tem um histórico de contusões mas nessa temporada o negócio está feio, e não há oração mórmon que resolva: Carlos Boozer está de molho, Deron Williams passou um bom tempo fora, o surpreendente Paul Millsap volta e meia se machuca e o Kirilenko vez ou outra não pode sair do banco. Parece que todo mundo no elenco já passou algum momento dessa temporada na lista de contundidos, de verdade – mas dá preguiça de ir checar. Já o Houston não preciso nem falar, McGrady não teve um jogo saudável na temporada e resolveu descansar o joelho de vez, Ron Artest sofre com um tornozelo e Shane Battier com um pé inflamado. Não faz muito tempo em que comentei a fase do Houston como o eterno aguardo da derradeira contusão, a de Yao Ming, que cedo ou tarde teria que acontecer. Ou seja, Monta Ellis voltando para as quadras, meu Rockets enfrentando o Pacers, e tudo na mesma noite. Mal sinal.

Para provar que um raio cai quinze vezes no mesmo lugar, principalmente se esse lugar for um pivô chinês gigante, Yao Ming tomou uma trombada no joelho e, embora tenha tentado voltar pra quadra mesmo assim, nao conseguiu retornar para o segundo tempo. Embora os exames não tenham mostrado complicações, a pancada foi forte e todo mundo sabe que o chinês é feito em Taiwan, então tenho razões para me desesperar. As coisas até que estavam indo bem em Houston apesar das contusões, Yao estava tendo grandes partidas, o time estava usando o gigante como deveria e as vitórias estavam acontecendo. Mas pedir pra vencer o Pacers sem T-Mac, Artest e Yao é chutar o pau da barraca, quero ver o Spurs ganhar qualquer coisa sem Duncan, Parker e Ginóbili!

O causador de tudo isso foi Monta Ellis e sua recuperação alienígena, que obrigou o Universo a se balancear subitamente. De um dia pro outro, Ellis voltou a treinar com o time em jogos leves e, de repente, avisou que estaria em quadra contra o Cavs, foi titular e não sentava para descansar durante o jogo! Muito se falou, quando o Monta se machucou andando de motinho, do Warriors cancelar seu contrato milionário, principalmente porque existiam dúvidas sobre se sua condição física voltaria a ser a mesma. Então o sujeito foi de ter sua saúde em dúvida para jogar 34 minutos no primeiro jogo depois da sua contusão! Não importa quão bem o Monta Ellis esteja, não me interessa que ele esteja enterrando como nos velhos tempos, o Don Nelson deve ser retardado pra colocá-lo para jogar tantos minutos logo de cara. Ah é, tinha me esquecido: o Don Nelson É retardado, e a água é molhada. Continuemos.

O Monta Ellis começou o jogo um tanto enferrujado mas rapidinho voltou a ganhar ritmo e pareceu cada vez mais retomar a confiança no próprio físico, acelerando mais e mais o seu jogo, quase alcançando a velocidade da luz que lhe era tão comum uns tempos atrás. Mas o mais engraçado é que o Warriors fede tanto que, apesar de terem trocado por um armador principal (o Jamal Crawford) de modo que o Ellis não tivesse que ser improvisado na posição, como era a idéia original no começo da temporada, o Crawford se contundiu e a improvisação teve que acontecer mesmo assim. Parece que essa coisa de equilíbrio no Universo acontece lá dentro do próprio Warriors mesmo.

Com a volta do jogador que deveria ser sua estrela, o Warriors deu sinais de ânimo e teve uma boa partida contra um dos melhores times da NBA. Mas, quanto mais o jogo parecia destinado a um placar apertado, maiores eram as chances de derrota no quesito probabilidade: o Warriors vinha de derrota no último segundo para o Thunder num arremesso espírita do Jeff Green, e antes havia perdido também num arremesso de último segundo para o Kings, graças ao John Salmons, num jogo de três prorrogações. Como diria minha mãe depois de ler O Segredo, “a gente atrai aquilo de que a gente tem medo”, e eis que o Warriors se viu ganhando por um ponto mas com a última posse de bola nas mãos do Cavs. Parece até piada. Bola para LeBron, e o resultado vocês podem ver no vídeo abaixo:

Fora o arremesso, o vídeo tem tantos momentos bons que vou até dividir em ítens:
– o Turiaf marcando o LeBron, provavelmente porque ele é o único na equipe que sabe soletrar “defesa” e é capaz de levantar os braços
– o Varejão correndo pra cima do LeBron para comemorar e quase atropelando o Turiaf no processo
– a garota vestida de havaiana (não o chinelo, por favor!) empurrando os jogadores do Cavs e depois mandando eles embora, e tudo rindo
– o Maggette em sua pose “O Pensador
– o Andris Biedrins com sua moda “Jade
– o Monta Ellis e sua cara de “pra quê que eu fui voltar pra essa budega?” enquanto aguarda o replay

Ou seja, a volta do Monta Ellis foi ótima, seus 20 pontos foram impressionantes e ele mostrou ter um fator de cura mutante que ajudará a fazer valer o contrato estratosférico que ele assinou antes da temporada começar (se for demitido, pode tentar uma vaga nos X-Men). Mas ainda falta muita coisa para o Warriors ser um time e não um circo – quem sabe um pouco de consistência e menos narizes de palhaço?

Mas o Ellis não é o único que veio, e o Yao não é o único que foi. O técnico Marc Iavaroni, que estava apenas em sua segunda temporada no Grizzlies segurando um punhado de cocô na mão e tendo que fazer um bolo de chocolate, foi – pro saco. Eu até tinha uma certa vontade de conhecer o sujeito mas não deu tempo, alertamos sobre o potencial do Grizzlies e talvez por isso fosse importante passar a mensagem de que perder o tempo todo não será algo tolerado. Era inevitável, um técnico inexperiente guiando um time porcaria só poderia ser prejudicial para o próprio técnico, era uma situação em que ele só tinha como sair perdendo. Pro time, não fazia muita diferença mesmo quem estivesse no comando.

Já pelo lado dos que estão vindo – no caso, para os playoffs – acrescente o Bobcats. O Denis acabou de falar sobre a equipe e o impacto que tiveram nela Raja Bell e Boris Diaw. Ironicamente eu acabei de falar sobre o Suns e como eles viraram farofa recentemente, e aí está: um sobe, o outro desce. O Bobcats de Boris Diaw engoliu o Suns vivo, quer dizer, se você considerar que o Suns estava vivo depois de perder para o Knicks. O Shaq teve mais uma boa partida e ainda assim conseguiu ser pessimamente utilizado, o time tem menos identidade do que figurante da Malhação e até o Nash deu uma air ball que ficou mais perto de acertar a cabeça de um mesário do que de bater no aro, o que é sinal do fim dos tempos. Para o Universo se equilibrar, para um time lendariamente horrível como o Bobcats chegar aos playoffs, um time sensacional precisa ir para o lixo. Pois então chamem a vigilância sanitária, alguém precisa enterrar o Suns porque o corpo já tá fedendo. Nem meu Houston, que é amaldiçoado, passa tanta vergonha assim.

Mas, como sempre, vale finalizar relembrando que a maldição do Houston cada vez mais parece fichinha perto da maldição dos ladrões de franquia, o time outrora-conhecido-como-Sonics! Lembram como eles perderam trocentos jogos no último segundo como punição por terem se transformado no Thunder? Pois essa maldição vingativa consegue ser mais forte até do que a maldição do Clippers!

O primo amaldiçoado do Lakers jogou sem Zach Randolph, Baron Davis, Marcus Camby e Chris Kaman, todos machucados. Jogadores que estavam tapando buraco também se lascaram, como Brian Skinner, Mike Taylor e até o Mardy Collins, que saiu ainda no primeiro quarto contundido. Como ganhar um jogo assim? Pra piorar, Ricky Davis teve que ser o armador principal titular, e todo mundo sabe que sua simples presença em quadra significa milhões de arremessos sem sentido, nenhum passe para companheiros e uma derrota garantida no currículo. Some isso à melhor partida da carreira do Kevin Durant, com 46 pontos, 15 rebotes e 24 lances livres certos em 26 tentados, e teríamos uma vitória fácil para o Oklahoma! Não foi o bastante: o Ricky Davis causou fissuras no Universo errando todos os seus 6 arremessos mas dando 11 assistências (sem nenhum desperdício de bola!) e o novato Eric Gordon fez 41 pontos, acertando 12 de 19 arremessos. Não adianta, esse tal de Thunder não pode vencer. Mas é bom que o Eric Gordon saia do Clippers o mais rápido possível, ele é bom demais e, assim que um jogador voltar de contusão, é bem possível que o Eric Gordon acabe se lesionando. Isso ou o Shane Battier vai quebrar o cotovelo num acidente jogando peteca em Houston. Torcedor de time amaldiçoado sofre!

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Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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