>Varridas, maconha e lavadas

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22 pontos e 16 rebotes para o Dalembert em um jogo de playoff. Uau.

Todos estavam dizendo que esse seria o playoff mais disputado dos últimos tempos. E não dúvido disso, ainda pode ser mesmo. Mas o que estamos vendo nos últimos dias na verdade são times tomando um sapeca-ia-ia, umas lavadas, uns chocolates e qualquer outro termo que você queira utilizar.

Dá pra contar nos dedos as exceções até agora: teve o jogo 1 do Sixers, o jogo 1 do Spurs, o jogo 1 do Cavs, o jogo 2 do Orlando e o jogo 3 do Houston. Os outros 17 jogos ou foram lavadas excepcionais ou pelo menos um daqueles jogos que um time chega no fim com uma vantagem confortável e simplesmente a mantém. Mas isso quer dizer que as séries não estão disputadas?

Não, isso que é o estranho. O que acontece é que os times que estão jogando em casa estão realmente levando a sério o fato de ter que defender o seu território e estão jogando muito. Os resultados expressivos não variam, o que variam são os ganhadores. Faz meses que toda a imprensa e os fãs já anunciam esses playoffs disputados, definidos nos detalhes, então mais do que nunca o mando de quadra pode ser decisivo, pode ser o tal detalhe que defina uma série entre dois times que na verdade estão praticamente no mesmo nível.

A série em que isso ficou mais claro até agora foi a entre o Cavs e o Wizards. Depois de um primeiro jogo disputado, os outros dois foram lavadas humilhantes do time da casa e nessa série em especial, com as provocações entre os jogadores, ficou mais difícil ainda jogar fora de seus domínios, longe dos torcedores. Nos jogos em Cleveland o DeShawn Stevenson não podia pensar em tocar na bola que até o vendedor de pipoca tava vaiando ele, no jogo 3 até o querido rapper Soulja Boy apareceu por lá a pedido de DeShawn e com o apoio ele meteu 5 bolas de 3 pontos. E lógico que depois de todas as cestas ele fez o seu tradicional “I can’t feel my face” que, não sei porque, não foi ridicularizado por LeBron e Damon Jones no jogo em Washington.

Aliás, pra quem quer ver tudo isso, aqui estão os links:

DeShawn can’t feel his face

LeBron can’t feel his face

Damon Jones can’t feel his face

Você pode dizer que tudo isso é ridículo e que eles têm que calar a boca e jogar, pode dizer que isso só te distrai do jogo e que não leva a nada, pode até dizer que é infantil. Mas não pode dizer que não é divertido. Essas provocações são legais demais para o público!

Outro que sentiu o peso de jogar fora de casa foi o Orlando. Depois de duas atuações ótimas em casa com as bolas de 3 caindo e o Dwight Howard pegando 20 rebotes, o Orlando foi contido pelo Raptors. Foi a vez do time canadense acertar as bolas de longe e abrir uma diferença enorme. É difícil prever qualquer coisa no duelo dos dois times porque ambos dependem muito das bolas de longe. E bola de 3, como todo mundo sabe, é tipo a menstruação daquela sua namorada, não dá pra prever quando vem, às vezes vem quando não precisa e quando não vem de jeito nenhum você entra em desespero. E tem dia que o Keith Bogans acerta tudo que chuta e dia que o Jason Kapono dá airball. Se Chris Bosh e Dwight continuarem bem como estão nesses jogos, vão ser as bolas de 3 dos coadjuvantes que vão resolver a parada.

E se a quinta-feira foi a vez do Toronto mostrar que está na série, ontem foi o dia do Dallas Mavericks mostrar que consegue segurar o Chris Paul abaixo dos 35 pontos e 15 assistências. Dessa vez foram só 16 pontinhos, 10 assistências e o garoto acertou apenas 4 dos 18 arremessos que tentou. É, o Dallas ainda lembra como se defende e no ataque Dirk e Jason Terry deram conta do recado. Mas quem continuou jogando abaixo da média foi o Josh Howard que ontem ganhou o prêmio Ronaldinho-Convulsão-em-98 de pior timing da temporada. O mané esperou o dia de um jogo que eles precisavam vencer de qualquer maneira pra não ficarem a beira da eliminação em uma série que ele está jogando muito mal pra dizer que fuma maconha regularmente fora da temporada da NBA.

Durante a temporada a NBA pode fazer testes com qualquer um, e a maconha é proibida. Mas durante as férias o jogador fuma o que quer, entope o nariz, bebe tudo o que vê e faz o diabo feliz. Em 2001, o ex-jogador Charles Oakley disse que pelo menos 60% dos jogadores da NBA devem usar maconha, já em 2005 uma pesquisa com alguns jogadores fez uma estimativa de que 30% fumam o baguio regularmente. Ou seja, não é novidade que fumam maconha na NBA. Mas é novidade um jogador admitir isso em público e é novidade e burrice o cara fazer isso no dia de um jogo importante.
A mídia caiu em cima dele, virou o assunto do dia em um dia que o Dallas não poderia pensar em nada além da vitória. Nada contra o Josh Howard, por mim ele fuma o que quiser, mas ele poderia ter atrapalhado o jogo de ontem e até o clima dentro da equipe, dependendo de como os outros jogadores poderiam encarar essa saída a público dele.

Quem eu acho que poderia admitir que usa drogas, que bebe demais, que joga Doom, que é a favor do aborto ou qualquer coisa polêmica assim eram os jogadores do Pistons. Todos. Ou um só, sei lá, qualquer um. O importante é desviar a atenção do que estão todos comentando, a derrota de ontem. Se você achou a derrota do Cavs pro Wizards humilhante é porque você não viu a pior atuação do Pistons nos últimos anos. Eles acertaram 2 arremessos de quadra no terceiro período, ultrapassaram o seu recorde de bolas desperdiçadas (eram 18, cometeram 23) quando ainda tinham 20 minutos de jogo e chegaram a errar 15 arremessos seguidos. Tudo isso no ataque, na defesa eles simplesmente tomaram um vareio do Reggie Evans, precisa falar mais?

Como previsto pela gente nas análises de cada série, a grande chance do Sixers vencer o Pistons era acabar com o ataque deles e usar os erros e rebotes pra botar a garotada pra correr. E foi isso elevado à décima potência que aconteceu ontem. Parecia que os jogadores do Pistons estavam com medo de arremessar só porque sabiam que bastava a bola tocar no aro que lá vinha contra-ataque. E na correria a defesa do Pistons não era aquela que conhecemos, era desorganizada, com gente baixa marcando gente alta, com gente alta ainda voltando do ataque e todo mundo procurando a bola. Foi uma lavada que eu percebi que não tinha volta quando o Rodney Carney entrou em quadra, pegou a bola e, sem pensar, chutou de 3 e acertou. Tipo de coisa que só acontece quando o time tá inspiradíssimo e jogando em casa. Será que o Sixers abre 3 a 1? Eu acredito que sim. Nesses playoffs disputados eu só aposto em vitória fora de casa se for naquela série esquisita do Rockets com o Jazz.

Notas:
– A revista Time usou a nova campanha da NBA, a “There can only be one”, aquela que tem metade do rosto de jogadores adversários, para fazer sua capa sobre os dois candidatos democratas à presidência americana, Hillary Clinton e Barack Obama. O resultado ficou legal e pode ser visto aqui.

– O texto sobre o fracasso do Suns está guardado para o dia do próximo jogo, o da varrida.

-E aqui tem um vídeo que eu achei por aí do Kobe. Pelo outro time na defesa parece que não é um jogo sério, deve ser um jogo treino que vazou por aí, vale a pena conferir.

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