>Vingança

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Chuck Hayes salvou o Houston Rockets ao cometer várias faltas e ir pro banco logo

Cheguei uma hora atrasado no trabalho hoje mas tudo bem, nada que as dicas do Denis de como aproveitar os playoffs não resolvam – no meu caso, disse que acabou a luz e o rádio-relógio não tocou. Ninguém precisa saber que não tenho um rádio-relógio, afinal de contas.

Só não poderia era chegar com a maior cara de sono, um sorriso encrustado na cara, e dizer que ontem foi a noite em que meu Houston Rockets seguiu a tendências dos outros jogos – Raptors contra Magic e Wizards contra o Cavs – e se vingou das derrotas passadas. O Utah Jazz perdeu apenas 4 jogos em casa em toda a temporada regular (uma delas para o próprio Houston, no começo da temporada) e parecia pouco provável que perdesse a quinta partida para um Rockets fora de seu estilo habitual de jogo, graças a essa estranha tendência do técnico Rick Adelman de nos playoffs se afastar da fórmula que deu certo durante toda a temporada regular, parando assim de utilizar os coadjuvantes que foram justamente os responsáveis por transformar esse elenco catastrófico do Houston em uma sequência de vitórias para contar para os filhos. Pelo menos, para os meus filhos, que já vão nascer de vermelho e vão falar “Yao Ming” antes de “papai”.

Na surreal vitória em cima do Jazz na noite de ontem, você acha que o técnico Rick Adelman aprendeu com os erros do Jogo 2? Que nada. Steve Novak sequer colocou os pés em quadra, apesar dos protestos barulhentos de T-Mac a esse respeito na entrevista coletiva após a segunda derrota em Houston. E Carl Landry, o melhor pontuador do Houston no garrafão (e melhor reboteiro ofensivo!), será que recebeu mais minutos dessa vez? Sim, recebeu. Porque o Rick Adelman é um homem sensato? Não, foi porque o Chuck Hayes fede.

Não me entendam mal, eu realmente gosto do Hayes, ele é um excelente ladrão de bolas quando marca no garrafão homem-a-homem, incomoda bastante na defesa, mas na hora de atacar, é capaz de ele correr para a cesta errada. Num time sem Yao Ming e com nítidos problemas em pontuar, principalmente no final dos jogos, Hayes é um peso morto, um fardo. Já Carl Landry deita e rola quando o assunto é pontuar: digamos que ele lembra um Amaré Stoudemire que viveu uns meses no Rio e pegou dengue. Ou seja, assim como Amaré, ele não defende. Quer dizer, não defendia.

Se não bastassem os 11 rebotes que pegou (sendo 7 ofensivos) e os 7 pontos que fez, errando apenas um arremesso, Carl Landry salvou a temporada do Rockets jogando – pasmem! – na defesa. Antes de explicar, vamos recapitular. Rafer Alston voltou muito bem da contusão, acertando seus arremessos e realmente acreditando que sua ausência é o que faz a equipe perder, arremessou a torto e a direito tentando se tornar herói e acertou quatro bolas de 3 pontos. As bolas ridículas, forçadas, que ele errou no final, no entanto, mostram sua real natureza e quase colocaram o jogo a perder. Tracy McGrady, criticado por ter feito apenas 1 ponto somando os quartos períodos das partidas anteriores, também quis brincar de herói. Ele parecia estar realmente quente, tendo acertando um punhado de cestas seguidas, e nos minutos finais quis mostrar quem mandava naquela budega. Acabou não acertando nem aro num arremesso que definiria o jogo, a um minuto do fim. Então o Houston ganhava por 1 ponto e a posse de bola era do Jazz. Acompanhei o jogo aqui, no chat do Bola Presa, com vários torcedores vibrando junto comigo, foi emocionante e eu estava empolgado, mas meu grilo falante que aparece quando não tomo meus remédios já anunciava derrota: se o Houston não tinha impedido o Deron Williams de penetrar e pontuar até aquele momento, por que isso mudaria justamente naquela bola? Meu grilo falante e eu estavamos só aguardando a cesta da vitória de Deron Williams quando de repente surgiu Carl Landry – o novato, o homem, o mito, voando pelos ares tal qual Ícaro moderno – e deu um toco espetacular, humilhante, irreversível, que cravou a vitória do Houston. Sim, ainda faltavam 0.2 segundos para o fim, Scola foi pra linha de lances livres e acertou tentando errar de propósito, maior fracasso, para a indignação de T-Mac assistindo incrédulo. Mas quem se importa, meus olhos nem viram isso, meu cérebro abstraiu, tamanha a felicidade em saber que a série não acabou, quer a série vai ao menos voltar para Houston. E eu aguardo uma festa lá sem precedentes com aqueles texanos que cospem em potes, uma festa quer o Houston ganhe, quer o Houston perca: uma homenagem à altura das 22 vitórias seguidas de um elenco que não deveria ser capaz nem de ir comprar pão sozinho na esquina. De preferência com um strip da Lindsey Lohan no intervalo.

Tracy McGrady agora está sendo até mesmo elogiado pela vitória, quem diria. Olha, deve ser uma merda ser o T-Mac. Pra começar, ser o T-Mac pressupõe ser meio estrábico e ter ossos de vidro. E, como ele bem disse numa entrevista recente, tudo é sempre culpa dele: as derrotas do Houston, as falhas de todo o time, as derrotas do Suns, a fome na África e o nascimento do Gilberto Barros. Ele alegou não saber o que fazer: se resolve se guardar para o final do jogo, é acusado de ser omisso. Se joga a partida inteira carregando o time nas costas, chega ao quarto período exausto e não consegue mais produzir como lhe é exigido. Ele tem atuações idênticas em partidas com resultados diferentes e as críticas são completamente distintas, indo de gênio a chorão incapaz de decidir partidas. É muita bobagem. Parece que ninguém consegue entender que todos os jogadores do Universo conhecido têm seus desempenhos influenciados pelo resto do elenco. Será que eu já disse que o elenco do Houston fede? Ah, fede.

Falando em feder, o Wizards também se vingou do Cavs, vendo o LeBron jogar muito bem mas com o time de Washington jogando forte na defesa, como naqueles tempos em que estavam sem Arenas, e vendo contribuições de todo mundo no ataque (Roger Mason, Blatche, Haywood), como naqueles tempos em que estavam sem Arenas. Curiosamente, graças a uma pancada no joelho, o Wizards de fato jogou a maior parte do tempo sem Arenas. Ainda acho que a culpa é da atitude do time sem a sua presença, e não das atuações do próprio Gilbert, mas é cada vez mais óbvio que sem ele em quadra o time se esforça mais. Contra um time tão ridiculamente limitado como o Cavs, que fede pra burro, esforço pode ser a peça que falta para virar a série.

É com esforço que o Houston também pode avançar para a segunda rodada dos playoffs. Precisa ser um esforço coletivo, com todos jogando em alto nível. E precisa, acima de tudo, que Chuck Hayes saia rápido de quadra com 5 faltas. Ou será que alguém ainda acha que o Houston vai ganhar alguma coisa sem Carl Landry em quadra? Que Durant que nada, que Horford que nada taí o real calouro do ano pra vocês.

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