🔒Filtro Bola Presa #29

Foi uma semana estranha e sofrida, em que a comunidade esportiva de todo o mundo recolheu-se para um luto devido, nós inclusos. Mas agora voltamos com o Filtro Bola Presa, nossa humilde tentativa de encontrar, em meio a bagunça, alguma graça e sentido nas pequenas coisas da NBA, incluindo causos, estatísticas e mascotes. Já falei que tem mascotes?

Começamos com a maior aberração dessa temporada: a FORÇA DA NATUREZA conhecida vulgarmemente por aí como Russell Westbrook. Em sua última partida contra o Lakers, o Thunder estava perdendo por 14 pontos a apenas 6 minutos do fim jogando fora de casa. Mas o Westbrook não faz a menor ideia de QUAL É O PLACAR de um jogo, número é um conceito muito complexo, então ele só continuou arremessando como se não houvesse amanhã. Metade dos seus 34 pontos do jogo foram marcados no último período, incluindo a assustadora marca de SETE posses de bola seguidas, durante 4 minutos corridos, em que ninguém tocou na bola no ataque a não ser Westbrook.

Quatro. Minutos. É o bastante para os outros jogadores saírem para comprar um cachorro-quente e voltarem. E o mais fantástico é que o Thunder conseguiu a liderança no placar a 13 segundos do fim, até Nick Young estragar os planos do Thunder – e os planos do Lou Williams também, claro.


A cesta da vitória de Nick Young saiu de umas jogadas mais bizarras dos últimos tempos, com Nick Young roubando um passe que claramente ia para as mãos de seu companheiro de equipe Lou Williams.

Pra mim, a coisa mais engraçada da cena inteira é que Nick Young ainda dá uma OLHADINHA na direção do Lou Williams no meio da jogada, antes de arremessar, como se pra garantir que o alvo original do passe ainda está ali.
O que poderia ser uma jogada que DESTRÓI VESTIÁRIOS acabou sendo, nesse Lakers paz-e-amor, apenas motivo para muitas piadas. Primeiro teve o próprio Nick Young dizendo que a jogada deveteria ter rendido um roubo de bola para suas estatísticas.

Depois, Nick Young disse que seu arremesso decisivo da vitória se destaca entre os arremessos decisivos clássicos de Kobe, Horry e Derek Fisher porque nesse ele roubou a bola de seu companheiro.

Mas o próprio Lou Williams parece entender a BAGUNÇA que se passa na cabeça de seu colega. Postou em seu Twitter a conversa interna entre o bonzinho Nick Young (“Cara, espero que Lou acerte esse arremesso…”) e sua persona Swaggy P, o arremessador insano (“PRECISO DAR ESSE ARREMESSO”).

Aliás, já passou da hora de reconhecermos como PATRIMÔMIO IMATERIAL DA HUMANIDADE todos esses memes usando Caco, o Sapo, não é mesmo?

E pra coroar o absurdo da jogada, Nick Young, totalmente possuído por seu distúrbio de personalidade “Swaggy P”, saiu comemorando com o “Ice in my veins” que o D’Angelo Russell tornou popular. Mas pelo jeito, foi uma aposta do próprio D’Angelo, que DUVIDOU que o Nick Young fosse capaz de fazer igual.


Russell Westbrook pode não ter saído de quadra com a vitória contra o Lakers, mas atingiu na semana passada a marca de 44 triple-doubles na carreira, empatando com LeBron James na sexta colocação da lista de mais triple-doubles em todos os tempos. Mas o mais assustador é que Westbrook levou apenas 605 jogos para atingir essa marca, enquanto LeBron precisou de exatos 1.000 jogos.

Mais surreal ainda? Westbrook venceu 38 dos 44 jogos em que conseguiu um triple-double, enquanto LeBron venceu 35. Essa é pra quem acha que Westbrook está apenas “conseguindo números”.


Por falar em números, que tal os 136 pontos, 112 rebotes e 118 assistências de Westbrook numa ÚNICA partida essa semana? Conseguiu desbancar até mesmo os 93 pontos de Mozgov! Só espero que esses números tenham desbancado também o estagiário USUÁRIO DE DORGAS que anda cuidando dos números das transmissões da TNT.

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A FOTO DA SEMANA também é de Russell Westbrook, o incrível homem que atropela seus adversários parecendo um soldadinho de chumbo enquanto uma mulher pede carona animadamente lá atrás.

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Assim como Westbrook, Andre Drummond sofreu uma derrota traumática na semana passada. Perdendo para o meu Rockets por apenas 2 pontos a 4.6 segundos do fim, Drummond foi para a linha de lances livres e errou as duas tentativas. Terminou o jogo com uma derrota e apenas um lance livre convertido em 6 arremessados. Solução para isso? Drummond sequer voltou para os vestiários.

A foto mostra o pivô ainda na quadra, sem sequer trocar o uniforme, cobrando lances livres sem descanso por 38 minutos depois do fim da partida. Esse treino constante é um dos motivos para o pivô ter melhorado suas médias nessa temporada, acertando 51% depois do desastre que foi converter apenas 35% na temporada anterior. Mas ainda tem muito para melhorar.


Nenhuma propaganda sobre treinamento e foco funciona melhor do que lembrar de Michael Jordan. Nessa semana ele recebeu a medalha de honra máxima para civis no Estados Unidos das mãos do presidente Barack Obama, um agradecimento pelo que sua vida representou não apenas para o basquete, mas para seu país. O único problema é que, nessa geração, Obama tem que explicar que Jordan é mais do que uma marca de tênis e mais do que um meme de internet – o LENDÁRIO “crying Jordan” – e tenta torná-lo um adjetivo, dizendo que os melhores no que fazem são os “Michael Jordans das suas áreas”. Obama é torcedor maluco do Bulls, claro, mas é bonito de ver o nome de Jordan sendo colocado de volta em um jogador e não em uma marca – especialmente depois que, como já comentamos por aqui, pesquisas mostram que crianças sequer sabem que ele era um jogador importante de basquete.


Enquanto o legado de Michael Jordan é homenageado, JR Smith continua deixando o SEU legado na NBA: crianças agora possuem a melhor desculpa do mundo para tirar a camiseta quando bem entenderem – e elas estão muito, muito gratas por isso. E a sua família dizendo que você não aprende nada assistindo basquete, quando claramente consegue aprender, só nesse vídeo, sobre a importância da NUDEZ e da GRATIDÃO. E tudo isso acontece com o JR Smith se matando de rir no fundo.


Nowitzki também está construindo um sólido legado fora das quadras – que aliás, é onde ele mais tem passado essa temporada mesmo. No vídeo abaixo, ele faz uma versão mais… “concreta” da música mais sensacional dos últimos tempos.

E qual lição podemos aprender com esse vídeo, crianças? Que o mundo esportivo no Brasil e nos Estados Unidos é muito parecido: basta uma passadinha na página do Facebook com o vídeo para ver a enxurrada de gente indignada que o Nowitzki esteja fazendo isso enquanto seu time perde, e até mesmo algumas dizendo que É POR COISAS ASSIM que o Mavs está tão mal na temporada. É a versão gringa do nosso lendário “o time nessa situação e o cara jantando”.


Sou birutinha pela banda canadense Arcade Fire, eles já ganharam um Grammy de melhor álbum do ano, mas pelo jeito o líder da banda, Win Butler, fã incondicional de basquete e participante do último All-Star Game entre as celebridades, ainda é meio desconhecido.

Anthony Davis cumprimentou o músico após sofrer uma falta e converter uma cesta, mas disse depois que não fazia ideia de quem era aquela pessoa, apenas foi até lá cumprimentar alguém porque ele disse que faz parte da NBA os torcedores atrás da quadra pelo menos oferecerem um tapinha. Como ninguém ofereceu, Anthony Davis foi lá e resolveu TOMAR A INICIATIVA.


Quando a fase está difícil, parece que nada ajuda. John Wall e seu Wizards já estão vivendo uma pindaíba complicada, o talento do armador é consistentemente questionado por alguns fãs mais cruéis, e agora saíram vídeos dele sendo DESTRUÍDO pelo novato Sheldon McClellan, que SEQUER FOI DRAFTADO, num treino um-contra-um. Olha a dificuldade que John Wall tem para conseguir ficar na frente dele!


Por outro lado, precisamos lembrar que “não existe mais bobo no basquetebol”. Essa é uma Liga em que até carinhas como o Kris Humphries conseguem QUEBRAR UMA TABELA enterrando durante um treino comum pelo Hawks:


A gente sabe que essa semana não foi fácil pra ninguém ligado ao esporte, mas para Channing Frye foi ainda pior. Durante o Dia de Ação de Graças, tradicional dia de reunir a família nos Estados Unidos, Frye perdeu o seu pai – e isso apenas um mês após ter perdido também sua mãe para o câncer.

Frye está tendo cada vez mais espaço no banco do Cavs conforme sua porcentagem de arremessos de três tem aumentado, mas deve passar um tempo fora das quadras para colocar a cabeça no lugar e fazer o processo natural de luto. Força, Channing Frye!


Aliás, existe um perfil religioso no Twitter dedicado apenas a mandar força para os jogadores da NBA! Chamado “NBA Prayers“, o perfil direciona as rezas dos fãs para os jogadores que estão lesionados, passando por momentos difíceis, realizando cirurgias ou às vezes só fazendo aniversário mesmo. Por algum motivo desconhecido, Chandler Parsons é presença constante no perfil, né.


Uma das notícias mais felizes dessa semana, sem dúvidas, foi que Isaiah Austin, um dos pivôs mais cobiçados do draft de 2014 e que foi impossibilitado de jogar basquete, foi finalmente liberado pelos médicos. Austin possui a rara Síndrome de Marfan, uma questão genética que compromete alguns vasos e tecidos internos, já o deixou cego de um olho e lhe trouxe alguns problemas cardíacos. Na época, Adam Silver até fez o draft simbólico do jogador ao vivo para homenageá-lo, mas agora ele finalmente terá uma chance de jogar na NBA. Como um pivô com excelente arremesso do perímetro, certamente encontrará espaço em algum time.


Por falar em gigantes com arremesso de perímetro, Kristaps Porzingis está tendo uma melhora surpreendente até para quem já estava convencido que ele era uma estrela na temporada passada. Desde que essa temporada começou, PorzinGOD já conseguiu 5 jogos com 25 pontos ou mais, igualando a marca que ele havia conseguido em TODA a temporada passada. E isso, claro, num time com muito mais armas de ataque e jogadores que tendem a passar mais tempo com a bola nas mãos. Não há muitas dúvidas de que o “Unicórnio” veio para ficar!


Zach Lavine conseguiu esses dias uma das enterradas mais IMPRESSIONANTES dos últimos tempos, um negócio pra louvar de pé:

E o que achou disso seu técnico Tom Thibodeau? Disse que não se empolga com esse tipo de coisa, que se importa com defesa e que espera que consigam chegar ao ponto de serem perguntados sobre as COISAS QUE GANHAM JOGOS ao invés desses espetáculos secundários. É oficial: Thibodeau secou por dentro, tragam um desfibrilador.


Dá até pra pedir o desfibrilador emprestado para Chris Paul, que resolveu usar com seu coleguinha-idoso Paul Pierce depois dele tomar um capote numa tentativa de enterrada. Como sabemos, pequenas quedas são muito perigosas para a terceira idade.


Tivemos também uma candidata cancelada à Jogada Bola Presa do Ano, que infelizmente não poderá concorrer por motivos de ELA DEU CERTO. Matt Barnes tentou uma ponte aérea e acertou o arremesso de três pontos mais feio do mundo desde Shawn Marion.

Minha coisa favorita no vídeo é o Barnes virando imediatamente depois de acertar o arremesso com uma cara de NÃO ACONTECEU NADA AQUI. É como se por um segundo ele tivesse fugido de dentro dele mesmo.


Já podemos falar do meu Houston Rockets, empolgar, dizer bobagem e apostar que eles ficam lá pro topo do Oeste? Se a gente descobriu que bolas de três pontos ganham jogos, e se o Rockets está tentando fazer isso HÁ ANOS e não conseguia um elenco capaz de tornar essas bolas de três uma realidade, agora finalmente parece que A COISA VAI.

A imagem abaixo é o mapa de arremessos do Rockets contra o Kings, quando a equipe bateu o recorde de tentativas de 3 pontos na NBA com CINQUENTA. Destaque da foto: Procure arremessos que não foram atrás da linha de três pontos ou dentro do garrafão e você só encontrarão UM. É Mike D’Antoni levando ao extremo o “basquete de eficiência” moderno.

O jogo acima foi apenas mais um dentro do recorde que o Rockets quebrou de 17 jogos seguidos com ao menos 10 bolas de 3 pontos convertidas! Warriors, tremei! Abaixo, uma coletânea das bolas de três pontos desses 17 jogos como homenagem:


Essas bolas de três mostram seus resultados abaixo, numa tabela que aponta quão acima ou abaixo da média cada time está em eficiência defensiva e defensiva na temporada. Lembrem-se que “eficiência ofensiva” não é número de pontos por jogo, que é um número INÚTIL porque alguns times possuem péssimo aproveitamento mas marcam muitos pontos porque arremessam mais do que os outros.

Vejam que o Rockets está no topo da tabela com um dos 5 ataques mais eficientes, mas também está entre as 5 piores defesas. O Magic, coitado, é disparado o pior ataque da NBA, lá embaixão na tabela, mas ao menos está no grupo dos melhores defensores. E no seleto grupo dos times que estão entre os melhores defendendo e entre os melhores atacando ao mesmo tempo, temos Warriors (tão no alto da eficiência ofensiva que quase saiu da tabela pra visitar a Lua), Clippers, Cavs, Spurs, a dupla Celtics e Hornets por pouquinho, e o Jazz com MUITA FOLGA, talvez a posição mais surpreendente do gráfico inteiro.


Mas agora vamos para o ranking que realmente interessa (quem quer saber de eficiência, não é mesmo?). É hora do sensacional…

MASCOTES POWER RANKING

Não tem como: os 10 pontos para o primeiro colocado dessa semana vão para o jantar de Ação de Graças do nosso amado Benny the Bull, que transformou o emoji do Instagram em refeição, comeu tudo sozinho e deixou sua família – MELHOR FAMÍLIA, aliás – só na vontade.

No segundo lugar, temos o Coyote do Spurs pelo conjunto da obra. Primeiro com esse look sensacional de calça de couro sexy rasgada no arame farpado…

…e depois minha descoberta atrasada de sua comemoração de aniversário, que embora não tenha lá muita participação do Coyote, serve pra gente saber que ele come ração de cachorro e que o Kawhi Leonard sabe sorrir.

O ranking até aqui está assim:

Raptor > 10
Moondog > 10
Grizz > 10
Hugo > 10
Rumble > 10
Benny > 10
Clutch > 5
Stuff > 5
Coyote > 5

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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